quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

COMO SUPERAR A PERDA DE UM GRANDE AMOR?

COMO SUPERAR A PERDA DE UM GRANDE AMOR?
Mizael de Souza Xavier

Há alguns anos, lancei no Facebook a proposta de que meus seguidores sugerissem temas para um novo livro. A maioria escolheu o "amor". Eu pensei em tudo que já havia escrito sobre o amor em tantos textos e poemas, que imaginei sobre o que mais poderia escrever a respeito do tema. Logo me surgiu uma pergunta na mente: como sobreviver à perda de um grande amor? Ótima pergunta! Como? Comecei a fazer algumas anotações e, por fim, escrevi um dos meus maiores e mais importantes livros, sob diversos aspectos: "Ninguém morre de amor". Para escrevê-lo, uma das minhas fontes de pesquisa e inspiração foi a minha própria história, além do testemunho de outras pessoas e de inúmeros aconselhamentos que dei ao longo dos anos. Na época (e ainda algum tempo depois, confesso), eu ainda lutava para superar a perda do grande amor da minha vida, uma história conturbada, que deixou grandes e boas marcas e cuja única tristeza foi o seu fim. A escrita do livro foi, para mim, uma terapia intensiva. Cresci e amadureci bastante com tudo que ensinei aprendendo e com tudo que aprendi ensinando.

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Como então sobreviver à perda de um grande amor? Como superar o que, no fundo do nosso coração, jamais deveria ter acabado? Como aceitar que não temos mais espaço na vida daquela pessoa que um dia prometeu que iria nos amar para sempre? Como se conformar com a ausência de tudo aquilo que fazia parte de nós, que nos fazia bem e nos trazia felicidade? Como suportar viver os dias sem ter do nosso lado a pessoa amada, a quem dedicamos dias felizes, com quem fizemos lindos planos e a quem ofertamos o nosso melhor? Eu sei que essas perguntas geram sofrimento para quem ainda está no início do fim, para quem ainda nem conseguiu acreditar nem aceitar que tudo acabou. Mas acredite: este é o primeiro e decisivo passo rumo à superação: reconhecer e aceitar a perda. Enquanto não fizer isso, você não estará pronto para dar os passos seguintes, para viver a resiliência e chegar ao ponto de se abrir para uma nova e derradeira história de amor. Enquanto insistirmos que a doença não existe ou não é tão grave assim, rejeitaremos todos os tipos de tratamentos.

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Não é fácil lidar com nenhuma perda, mas quando quem partiu deixou bastante claro que não mais voltará, superar transforma-se em uma questão de sobrevivência. Durante algum tempo, lutei para ter de volta o meu precioso amor; depois, parei de lutar, mas decidi viver sozinho, na esperança de que ela um dia voltasse. Se voltasse, eu não poderia estar com alguém, precisava estar só para recebê-la de volta. Então aprendi sobre o outro passo: deixar ir quem não quer ficar. A nossa vida é maior que um relacionamento, por mais maravilhoso que ele seja ou tenha sido. Não devemos existir em função dele, mas apesar dele e sem ele se houver a necessidade. Como diz o título de um livro: "Eu te amo, mas posso ser feliz sem você". Se não podemos ser felizes sem alguém, isso não é amor, mas um apego doentio, é dependência emocional. Precisamos lembrar que existimos fora da pessoa que não nos quer mais dentro da vida dela, que vivíamos antes de conhecê-la e continuaremos a viver agora que ela partiu.

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Não, nada disso é simples. Não creio na autoajuda e suas fórmulas mágicas de resolução de problemas. Eu creio no poder de Deus e no processo. Diz certo ditado que uma longa caminhada começa com um primeiro passo. Já eu prefiro achar que a caminhada começa antes disso, quando temos consciência de que precisamos partir e planejamos o caminho, com metas e objetivos claros. A nossa meta é superar o fim de uma relação amorosa e proteger nossa mente, nossas emoções e nossa espiritualidade. É enfrentar o processo sem carregar mágoas, frustrações ou qualquer outro tipo de sentimento negativo e autodestrutivo. Fazemos isso aprendendo a perdoar e a nos perdoar, a cultivar o amor próprio e a esperança, a permitir que o passado leve o que não tem mais espaço no nosso presente, muito menos no nosso futuro. Haverá momentos em que as lembranças nos arrancarão lágrimas, mas se formos fortes e sobrevivermos a elas, cada lágrima será como as mãos do oleiro e moldar o nosso coração, até que alcancemos a nossa verdadeira forma. Bem mais fortes seremos!

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Na minha idade, já enfrentei muitos revezes nas questões do coração. Em cada uma delas, pensava: agora chegou o meu fim, nunca mais amarei novamente. E aqui estou contando esta história. Esta é uma lição importante: vamos esquecer! Da mesma forma que não creio na autoajuda, também desacredito de deixar que o tempo resolva tudo. Não, ele não resolve, ele apenas passa e não está preocupado com a nossa dor. O que resolve é atitude, é não alimentar lembranças, evitar coisas e lugares que remetam à pessoa amada, não afogar nossas mágoas nos vícios, buscar ajuda em pessoas amigas e idôneas, mudar antigos hábitos, preencher nosso tempo com atividades construtivas e, acima de tudo, confiar na graça e no poder de Deus. Se queremos nadar, não podemos fazer isso com um peso amarrado aos pés. Se desejamos voar, não podemos cortar nossas próprias asas!

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No livro que escrevi, falo sobre como lidar com a fera chamada solidão, o terror de muitas pessoas que, após o fim de uma relação e por não superarem ficar sozinhas, lancam-se logo em outra relação (ou em outras relações) sem antes haver superado a anterior. Além de muitos problemas e de iludir muitas pessoas, quem age dessa maneira esvazia-se cada vez mais, enquanto procura preencher seu vazio. Ao contrário do que tantos falam, não superamos um relacionamento que chegou ao fim mergulhando em outro, ao menos não imediatamente. É como usar a outra pessoa. E se, por fim, não conseguimos nos apaixonar por ela, mas ela se apaixonar por nós? Estaremos levando para a vida do outro o mesmo sofrimento que tentamos tirar da nossa. Como falei: acredito no processo, na resiliência, em dar os passos necessários e fazer com que as coisas aconteçam no tempo certo e da maneira certa, sempre agindo.

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O momento da perda é um momento de fragilidade emocional e espiritual, por isso é preciso atenção com os erros que podemos cometer. Um deles é o mecanismo de sublimar a dor, de negá-la ou amenizá-la para não senti-la com tanta força. A dor faz parte de todos nós e se soubermos tirar proveito dela, sairemos da luta bem mais empoderados que entramos. A dor tem seu propósito, ela nos lembra que estamos vivos e nos indica as áreas críticas que precisam ser trabalhadas. Se a negamos, maquiamos ou abafamos, perdemos uma grande oportunidade de nos tornar pessoas melhores e mais assertivas. A dor dói, mas deixe que ela doa! Sinta-a até que ela consuma a si própria por inteiro. Mas não faça isso em um quarto escuro ou envolvido em coisas erradas, mas vivendo, caminhando, mantendo as tarefas cotidianas dentro da normalidade. Sinta a dor indo à igreja, gozando de bons momentos com a família e com os amigos. Sinta a dor caminhando na praia, orando e lendo a Palavra de Deus. Não sinta a dor sendo companheiro da dor, mas alguém que se despede dela aos poucos.

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Enquanto passamos pelo processo da cura, é importante mantermos distantes da pessoa amada, o que nem nem sempre é possível quando há família e filhos envolvidos. Mas podemos manter uma distância emocional e aceitar apenas o contato que for essencial. Não deve haver espaço para perseguições, demonstrações de ciúmes nem concessões. Há pessoas que se submetem à humilhação de se tornarem amantes do ex ou da ex apenas para tê-los por perto, para promover uma possível reaproximação afetiva ou para se vingar de alguma forma. É como dar um tiro no escuro sem saber se a arma está apontada para a nossa própria cabeça. Veja bem: não estou falando de uma crise conjugal ou da separação de um casal que, no fundo, ainda se ama muito. Creio que Deus pode restaurar esse relacionamento. Falo de algo que está claro que chegou ao fim e não tem mais volta, além de certas relações abusivas que, pelo nosso bem e daqueles que amamos, precisamos nos libertar. Mas este é outro tema para uma próxima mensagem. Também falo sobre isso no livro.

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Enfim, como superar a perda de um grande amor? Basta viver um milagre por dia, com fé em Deus, oração e convicção. E isso é uma decisão: decidimos superar e superamos. Não sei em que ponto da sua vida você está em relação ao fim do seu relacionamento, mas sei que em qualquer ponto é sempre uma oportunidade para se permitir dar a volta por cima. Não se deixe vencer pelo desânimo, não alimente recaídas; saiba dizer não às sanguessugas emocionais, que não te querem, mas não te deixam ir embora e te iludem com falsas promessas. Seja sempre humilde, mas não se humilhe por migalhas de atenção. O seu objetivo deve ser o de alcançar o nível mais elevado da superação da perda amorosa: dizer não se um dia seu ex ou sua ex vier mais uma vez te procurar na intenção de te fazer sofrer ainda mais. Se existir a oportunidade de retomar uma relação verdadeira, onde o amor de ambos não se apagou e a separação foi apenas um pequeno desvio de percurso, vá em frente. Mas se o fim era inevitável e bom para todos, se o amor era unilateral e se o ex-amor não quer nada além de iludir e enganar, não se permita mais isso. Por outro lado, devemos entender o lado da pessoa que não conseguiu nos amar como gostaríamos, afinal de contas, o amor não acontece quando e como imaginamos. Um dia, chegará a nossa vez.

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