terça-feira, 26 de maio de 2015

O NEVOEIRO - Parte 1 – Uma cidade cheia de fé



No ano de 1685, numa cidade situada no interior
As pessoas não imaginavam que viveriam grande terror
Existindo em suas vidas normais nem podiam perceber
Que coisas muito estranhas estavam por acontecer.

Havia ali uma igreja onde o padre celebrava a missa
Seguir cegamente a Sé, esta era a sua premissa
Também havia uma delegacia com guardas e suas espadas
Encarregados de manter tudo em suas coordenadas.

Nesta cidade pacata havia um pequeno hospital
Para onde todos os doentes iam se tratar de algum mal
O comércio não era grande e pouco era o necessário
As pessoas naquela cidade se contentavam com o ordinário.

O prefeito da cidadezinha era de uma família abastada
Revezando-se na política e com o poder acostumada
O juiz era apelidado de “homem sanguinolento”
Julgava ricos e pobres segundo o seu entendimento.

Diferente de outras cidades pequenas daquelas redondezas
Ali havia um teatro, com artistas e suas proezas
Também havia uma praça que à noite era muito frequentada
Aos domingos, no fim da missa, sempre estava lotada.

Nada podia ser mais normal na vida daqueles moradores
Com a rotina jamais invadida, com suas alegrias e suas dores
Absortos em suas preocupações, entretidos em seus afazeres
Executando as suas tarefas, satisfazendo os seus prazeres.

Naquela cidade pequena havia uma peculiaridade:
As pessoas eram sérias e zelosas em sua religiosidade
Defendiam os bons costumes, a família e a moral
Consideravam-se pessoas boas, desprezavam todo o mal.

Honravam as suas tradições e seus rituais religiosos
Puritanos e ascéticos, da pureza eram desejosos
Não toleravam qualquer novidade que atentasse contra sua crença
Rechaçavam os presunçosos, condenavam a descrença.

As autoridades da cidade, embora justamente empoçadas
Não tinham a última palavra, estavam sempre devotadas
A um homem cuja tirania fazia do povo o seu serviçal
O seu nome era Alexandre, mais conhecido como Cardeal.

Eram tempos tenebrosos onde a superstição dominava
O medo subjugava as almas, embora a fé se declarava
Mas todos viviam bem se todas as regras fossem seguidas
Caso contrário podiam considerar suas almas perdidas.

E assim todos iam vivendo em uma aparente perfeição
Sufocando as suas angústias, adornando o seu coração
Era preciso manter a paz, a calma e a normalidade
O viajante que ali chegava não encontrava nenhuma maldade.

CONTINUA NO LIVRO:


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quinta-feira, 21 de maio de 2015

JESUS CRISTO É JEOVÁ: a natureza divina de Cristo na Bíblia


JESUS CRISTO É JEOVÁ

A) Nomes Divinos: 

1) Deus (Jo.1:1; Jo.1:18(ARA); Jo.20:28; Rm.9:5; Tt.2:13; Hb.1:8). 
2) Filho de Deus (Mt.8:29;16:16;27:40; Mc.14:61,62; Jo.5:25;10:36; 
3) Alfa e Ômega (Ap.1:8,17;22:13; Is.44:6). 
4) O Santo (At.3:14; Is.41:14; Os.11:9). 
5) Pai da Eternidade e Maravilhoso (Is.9:6; Jz.13:18). 
6) Deus Forte (Is.9:6; Is.10:21). 
7) Senhor da Glória (ICo.2:8; Tg.1:21; Sl.24:8-10). 
8) Senhor (At.9:17;16:31; Lc.2:11; Rm.10:9; Fp.2:11). O termo "Senhor" em grego é Kúrios, e significa Chefe superior, Mestre, e como tal era empregado à pessoas humanas, aos imperadores de Roma. Entretanto eles eram considerados deuses, e somente à eles era permitido aplicar este título, no sentido de divindade (At.2:36; IICo.4:5; Ef.4:5; IIPe.2:1; Ap.19:16).

B) Pelo culto divino que Lhe é atribuido:

1) Somente Deus pode ser adorado (Mt.4:10). 
2) Jesus aceitou e não impediu Sua adoração (Mt.14:33; Lc.5:8;24:52). 
3) O Pai deseja que o Filho seja adorado (Hb.1:6; Jo.5:22,23; compare Is.45:21-23 com Fp.2:10,11). 
4) A Igreja primitiva o adorou e orava Ele (At.7:59,60; IICo.12:8-10). 

C) Pelos ofícios divinos que Lhe foram atribuídos: 

1) Criador (Jo.1:3; Hb.1:8-10; Cl.1:16). 
2) Preservador (Cl.1:17). 
3) Perdoador de pecados (Mc.2:5,7,11; Lc.7:49).
4) Jesus é Jeová Encarnado (Compare Is.40:3,4 com Jo.1:23; Is.8:13,14 com
IPe.2:7,8 e At.4:11; IPe.2:6 com Is.28:16 e Sl.118:22; Nm.21:6,7 com
ICo.10:9(ARA = Senhor; ARC = Cristo; no grego = Criston); Sl.102:22-27 com
Hb.1:10-12; Is.60:19 com Lc.2:32; Zc.3:1,2). 

D) Pela associação de Jesus, o Filho, com o nome de Deus Pai (IICo.13:14;  ICo.12:4-6; ITs.3:11; Rm.1:7; Tg.1:1; IIPe.1:1; Ap.7:10; Cl.2:2; Jo.17:3; Mt.28:19).

E) Atributos divinos Lhe são atribuídos: 

1) Atributos Naturais: 
a) Onisciência (Jo.1:47-51;4:16-19,29;6:64;16:30;8:55; Jo.10:15;21:6,17;
Mt.11:27;12:25;17:27; Cl.2:3). 
b) Onipresença (Jo.3:13;14:23 Mt.18:20;28:20; Ef.1:23). 
c) Onipotência (Mt.8:26,27;28:28; Hb.1:3; Ap.1:8). 
d) Eternidade (Jo.8:58;17:5,24; Cl.1:17; Hb.1:8;13:8; Ap.1:8; Is.9:6; Mq.5:2). 
e) Vida (Jo.10:17,18;11:25;14:6). 
f) Imutabilidade (Hb.1:11;13:8; Sl.102:26,27). 
g) Auto-Existência (Jo.1:1,2). 
h) Espiritualidade (IICo.3:17,18).
2) Atributos Morais:
a) Santidade (At.3:14;4:27Jo.8:12; Lc.1:35; Hb.7:26; IJo.1:5; Ap.3:7;15:4;
Dn.9:24). b) Bondade (Jo.10:11,14; IPe.2:3; IICo.10:1). c) Verdade (Mt.22:16;
Jo.1:14;14:6; Ap.19:11;3:7; IJo.5:20). 


F) Títulos dados igualmente a Deus Pai e a Jesus Cristo: 

1) Deus: Deus Pai (Dt.4:39; IISm.7:22; IRs.8:60; IIRs.19:15; ICr.17:20; Sl.86:10; Is.45:6;46:9; Mc.12:32), Jesus Cristo (Compare Is.40:3 com Jo.1:23 e 3:28; Sl.45:6,7 com Hb.1:8,9; Jo.1:1; Rm.9:5; Tt.2:13; IJo.5:20). 
2) Único Deus Verdadeiro: Deus Pai (Jo.17:3), Jesus Cristo (IJo.5:20). 
3) Deus Forte: Deus Pai (Ne.9:32), Jesus Cristo (Is.9:6). 
4) Deus Salvador: Deus Pai (Is.45:15,21; Lc.1:47: Tt.3:4), Jesus Cristo (IIPe.1:1; Tt.2:13; Jd.25). 
5) Jeová: Deus Pai (Ex.3:15), Jesus Cristo (Compare Is.40:3 com Mt.3:3 e Jo.1:23). 
6) Jeová dos Exércitos: (ICr.17:24; Sl.84:3; Is.51:15; Jr.32:18;46:18), Jesus Cristo (Compare Sl.24:10 e Is.6:1-5 com Jo.12:41; Is.54:5). 
7) Senhor: Deus Pai (Mt.11:25;21:9;22:37; Mc.11:9;12:29; Rm.10:12; Ap.11:15), Jesus Cristo (Lc.2:11; Jo.20:28; At.10:36; ICo.2:8;8:6;12:3,5; Fp.2:11; Ef.4:5).
8) Único Senhor: Deus Pai (Mc.12:29; Dt.6:4), Jesus Cristo (ICo.8:6; Ef.4:5). 
9) Jeová e Salvador, Senhor e Salvador: Deus Pai (Is.43:11;60:16; Os.13:4), Jesus Cristo (IIPe.1:11;2:20;3:18). 
10) Salvador: Deus Pai (Is.43:3,11;60:16; ITm.1:1;2:3; Tt.1:3;2:10;3:4; Jd.25), Jesus Cristo (Lc.1:69;2:11; At.5:31; Ef.5:23; Fp.3:20; IITm.1:10; Tt.1:4;3:6). 
11) Único Salvador: Deus Pai (Is.43:11; Os.13:4), Jesus Cristo (At.4:12; ITm.2:5,6). 
12) Salvador de todos os homens e do mundo: Deus Pai (ITm.4:10), Jesus Cristo (IJo.4:14). 
13) O Santo de Israel: Deus Pai (Sl.71:22;89:18; Is.1:4; Is.45:11), Jesus Cristo
(Is.41:14;43:3;47:4;54:5). 
14) Rei dos reis, Senhor dos senhores: Deus Pai (Dt.10:17; ITm.6:15,16), Jesus Cristo (Ap.17:14;19:16). 
15) Eu Sou: Deus Pai (Ex.3:14), Jesus Cristo (Jo.8:58).
16) O Primeiro e O Último: Deus Pai (Is.41:4;44:6;48:12) Jesus Cristo (Ap.1:11,17;2:8;22:13). 
17) O Esposo de Israel e da Igreja: Deus Pai (Is.54:5;62:5; Jr.3:14; Os.2:16),
Jesus Cristo (Jo.3:9; IICo.11:2;; Ap.19:7;21:9). 
18) O Pastor: Deus Pai (Sl.23:1), Jesus Cristo (Jo.10:11,14; Hb.13:20).
1) Criou o mundo e todas as coisas: Deus Pai (Ne.9:6; Sl.146:6; Is.44:24;
Jr.27:5; At.14:15;17:24), Jesus Cristo (Sl.33:6; Jo.1:3,10; ICo.8:6; Ef.3:9;
Cl.1:16; Hb.1:2,10). 
2) Sustenta e preserva todas as coisas: Deus Pai (Sl.104:5-9; Jr.5:22;31:35),
Jesus Cristo (Cl.1:17; Hb.1:3; Jd.1) 
3) Ressuscitou Cristo: Deus Pai (At.2:24; Ef.1:20), Jesus Cristo
(Jo.2:19;10:18). 
4) Ressuscitou mortos: Deus Pai (Rm.4:17; ICo.6:14; IICo.1:9;4:14), Jesus Cristo (Jo.5:21,28,29;6:39,40,44,54;11:25; Fp.3:20,21). 

5) É o Autor da regeneração: Deus Pai (IJo.5:18), Jesus Cristo (IJo.2:29).

Este estudo não é de minha autoria, mas me foi enviado há alguns anos.

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sexta-feira, 15 de maio de 2015

EU MATEI O MEU PAI




Ele se sentou em um banco de praça segurando uma rosa em uma das mãos. O seu olhar por alguns instantes contemplou o vazio intenso do movimento daquele fim de tarde cinzento e úmido. O sol estava se ponto, riscando o céu de vermelho e laranja do horizonte. Após flutuar por alguns instantes na linha tênue entre a razão e a inconsciência, voltou os olhos para a rosa. Mesmo longe da roseira que lhe deu a vida, ela parecia estar bem, viçosa, radiante e perfumada. Ele a cheirou. Lembrou-se de 20 anos atrás, quando uma enorme coroa de flores feita de rosas vermelhas enfeitaram o caixão de seu pai, antes de vê-lo abraçando as profundezas da morte a sete palmos dos viventes.
            Quando o seu pai morreu, ele não estava em casa. O seu pai tivera um infarto e desmaiou, batendo fortemente a cabeça na mesa de centro. Os médicos disseram que ele agonizou cerca de meia hora antes de morrer. Onde ele estava naquele momento? Havia deixado o seu pai já avançado em idade aos cuidados do acaso, numa noite de sexta-feira, enquanto varria as esquinas em busca de aventuras soturnas. Ele nunca foi o melhor filho, mas os seus outros irmãos não tinham condições de cuidar do velho, e como ele tinha acabado de se divorciar e estava morando só, foi o escolhido. Mas naquele dia ele não estava em casa para tomar conta do seu pai, para socorrê-lo, e isso martelava-lhe a mente como o ferreiro em sua bigorna amassando e esticando o aço.
            A última vez que ele viu o seu pai, ele estava deitado em sei leito de morte rumo ao destino final de todo aquele que é vivo e caminha sobre a terra. Também foi a última vez que viu qualquer rosto conhecido antes de perder-se pelas ruas e becos em busca de sanar a dor cortante do remorso em seu coração. De bar em bar, ele tentava afogar as suas mágoas, como se alguma bebida contivesse o elixir do esquecimento, a poção mágica do perdão. No fundo, ele desejava abraçar a morte e encontrar com o seu pai no além vida para, quem sabe, ganhar o seu perdão. “Eu matei o meu pai”, ele sempre repetia como um mantra ou como a fale de uma peça teatral que há 20 anos ele tentava decorar sem jamais haver conseguido. “Eu não estava lá”, não cansava de dizer a si mesmo em seu lamento, que significava, para ele, a sua sentença de morte em plena vida. Ele jogou a rosa no chão e pisou-a, amassando as suas delicadas pétalas vermelhas como o sangue. Ele só queria morrer, mas era covarde demais para acabar com a própria vida. Haveria de se matar aos poucos
            Conforme o véu da noite cobria a cidade, a escuridão da sua vida aumentava. A vida na rua cobrava o seu preço: a criminalidade, a solidão, o abandono, o perigo, o frio. Há 20 anos não via o seu único filho. A primeira coisa que ele perdeu quando decidiu se entregar ao desatino de esquecer-se de si mesmo e da própria vida, foi a identidade. Conforme vagava sem destino, esquecia o seu nome, a sua família, as pessoas que apesar de tudo o amavam, o seu propósito. Quanto mais longe ia, mais distante o passado ia ficando. Já não tinha mais senso de missão ou razão de existir na face da terra. Era apenas um verme. Não lembrava mais se algum dia possuíra qualquer valor, se em algum momento da sua vida a sua existência teria valido a pena. Ele era um nada cercado de coisa alguma por todos os lados. Ao menos era esta a certeza que ele carregava no seu coração.
            Todas as vezes que contemplava num espelho a sua face suja e marcada por anos entregues à sua rotina de autoaniquilamento, não mais se reconhecia. “Qual o meu nome?”. Nem mesmo documentos havia, uma carta, um bilhete, nada que pudesse relembrá-lo do ser humano que um dia ele foi. Apenas uma única lembrança, uma única verdade gritava dentro dele como um louco preso por cadeias flamejantes: “Eu matei o meu pai. Eu não estava lá”. Sim, ele não estava lá quando o seu pai morreu, e agora ele próprio também estava ausente de si, mesmo sem perceber a realidade inquestionável de que há muito tempo morrera para a vida; há muito tempo, qualquer névoa de esperança esvaiu-se do seu pensar. Não tinha sonhos, não traçava planos, apenas repetia mecanicamente a rotina da sobrevivência em meio à selva gélida de concreto. Ele apenas existia como um zumbi em um filme de terror, em busca de cérebros humanos para devorar e assim poder acabar com o odor e a dor do verme da morte que corrói a carne sem oferecer descanso.
            Ele levantou-se do banco com dificuldade. Suas juntas enferrujadas pela idade e maltratadas pelas ruas já não correspondiam bem ao comando do seu cérebro. Tirou um maço de cigarros amassado do bolso e um isqueiro. Puxou um cigarro e acendeu-o com as mãos trêmulas. A sua alma era sacudida pelo terremoto de anos de solidão. Algumas gotas de chuva começaram a cair sobre a sua cabeça. As chuvas lembravam lágrimas. Ele gostava quando chovia. Não se importava em se molhar. Ao menos podia aproveitar o momento da chuva para chorar sem que ninguém notasse as suas lágrimas escorrendo como um rio caudaloso pela sua face, lágrimas amargas que se misturavam à chuva que caía e eram levadas para bem longe. A chuva ao menos fazia germinar da terra a planta para dar frutos, mas as suas lágrimas possuíam algum sentido? Elas poderiam trazer de volta o seu pai? Elas poderiam devolver a paz ao seu coração? Eram apenas lágrimas tristes, remendos de um passado que insistia em abraçar como um parasita o seu presente, destruindo o seu futuro.
            Ele atravessou a rua. Do outro lado havia uma marquise onde ele, na companhia de outros mendigos e moradores de rua, dormia sobre um papelão qualquer, coberto com um velho cobertor que levava em uma mochila surrada que encontrara no lixo. Naquele dia ele não havia comido nada e sem nada comer iria tentar dormir. Antes de fechar os olhos para dormir, ele se lembrava de Deus e pedia que aquela fosse a sua última noite, que o destino armado até os dentes viesse ao seu encontro e selasse de vez a sua sina, casando-o para sempre com a morte, a mesma que levou o seu pai e que todos os dias o persegue implacável. Este era o seu único desejo, o seu íntimo anseio: abraçar a morte e o esquecimento. Um dia ele ouvira alguém falar que os mortos não contam histórias. Morrer era a única forma de esquecer as suas histórias, a sua existência, a sua dor.
            Após alguns cigarros e uma garrafa de vodka barata, ele finalmente adormeceu, seu único momento de paz, quebrado apenas pelos pesadelos que não o deixavam esquecer jamais quem ele era. Em todos eles a figura do seu pai estava presente. Ele geralmente sonhava com o seu pai caindo num profundo abismo enquanto chamava pelo seu nome. O seu pai caía, mas ele nunca aparecia para socorrê-lo. Quando acordava, às vezes no meio da madrugada assustado, ele recordava do sonho e começava a chorar. Algo que ele tentava sempre lembrar era o seu nome no sonho, mas não consegui lembrar enquanto acordado. A sua vida era um livro em branco, esperando ser preenchido por uma história jamais contada. Ele já tinha a sua história, mas se pudesse, rasgaria todas as páginas do seu passado para não sofrê-las nunca mais.
            Ele não sabia, mas aquela noite seria uma noite diferente. Por volta da meia-noite, uma viatura da polícia estacionou bem em frente à marquise onde ele estava dormindo. Ao verem três policiais descendo da viatura, os outros que estavam ali dormindo, se drogando ou bebendo correram o mais depressa que lhes foi possível. Como ele estava muito bêbado e sonolento demais para perceber isso, permaneceu deitado e roncava. Era um homem indefeso, presa fácil nas mãos de qualquer predador. Os policiais se aproximaram com pistolas e fuzis em punho. Descobriram-no e o viraram de rosto para cima. O capitão da equipe observou-o atentamente e afirmou: “É ele mesmo. Podem ir buscar o rapaz na viatura”. O policial foi rapidamente e voltou trazendo um rapaz que ficara esperando dentro da viatura até terem certeza de que tudo estava seguro. O rapaz se aproximou e se abaixou para olhá-lo melhor e também poder identificá-lo. Era ele mesmo.
            O rapaz sacudiu-o na tentativa de despertá-lo. Após nova tentativa, ele acordou assustado. Ao ver os policiais armados, tentou fugir, mas foi rapidamente alcançado e agarrado, chegando a cair ao chão enquanto os policiais tentavam contê-lo. Ele gritava: “Me soltem, eu não fiz nada!”, mas ninguém lhe dava ouvidos. Foi quando o rapaz se aproximou e disse: 

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quarta-feira, 13 de maio de 2015

A PALHAÇA GORDA






Ela sentou-se no chão e chorou. Assim que as suas lágrimas começaram a cair borrando toda a sua maquiagem, as pessoas finalmente começaram a rir. Primeiro um borburinho aqui e outro ali. De repente, alguém deu uma grande risada e disse: “Olhem só, ela está chorando!”. E aos poucos toda a plateia estava unida num sinfonia inquietante de gargalhadas, enquanto apontavam para ela ali, estática. Ela colocou as duas mãos tapando o rosto por alguns instantes. Queria estar em outro lugar que não ali, talvez em um buraco profundo e escuro.
            Ao passo em que as risadas aumentavam, ela foi se erguendo lentamente, até ficar totalmente de pé no meio do picadeiro. Apenas a sua cabeça permanecia abaixada num misto de vergonha e frustração. Mas quando erguia os olhos e olhava ao seu redor, podia ver o resto das pessoas rindo como jamais haviam rido em toda a sua vida. Até que sentiu uma pancada nas costas e viu uma fruta podre qualquer caindo ao chão. Lentamente inclinou-se para a plateia e agradeceu, como fazem os grandes artistas após um belo espetáculo, enquanto são ovacionados e recebem flores. Depois saiu lentamente ao som das risadas estridentes, que logo se transformaram em vaias, urros e palavras tão desprezíveis que ela jamais esqueceria, ainda que vivesse cem anos.
            Na coxia, a caminho do seu camarim, os seus amigos e colegas que tanto lhe deram força, tentaram consolá-la, mas não havia no mundo bálsamo capaz de curar a imensa dor que transpassava o seu coração ferido. A sua alma estava desfigurada pela amargura e pelo desprezo daqueles que ela desejara simplesmente divertir, levar motivos para fazer a alegria brotar como uma flor reluzente num asfalto duro e frio. Ela, que tentou levar um pouco da alegria que sempre fez parte da sua vida, mesmo dos momentos mais tristes, sentia-se frustrada. Já no camarim, sentada diante de um imenso espelho, ela pôde contemplar o seu rosto outrora radiante e risonho, e agora manchado pelo triste pranto. O panquêque branco da face misturava-se ao vermelho de redor da sua boca, como sangue escorrendo e manchando as folhas de um caderno. Pegou um lenço umedecido e começou a se limpar. Haveria de se livrar daquela pintura, que não passava de um símbolo amargo da ousadia de sonhar, da ilusão de achar que poderia fazer aquilo que todos afirmaram que ela jamais conseguiria. Ela pensou: “Eles têm razão, eu sou um fracasso, uma grande e gorda piada”.
            Mas o que teria saído errado? Durante a sua vida até ali ela tinha sido alvo de piadas. As pessoas se divertiam tanto com a sua figura, que ela começou a fazer graça, a ser a palhaça da turma. Passou a vinda inteira se escondendo por trás de uma máscara cômica para sofrer menos, para fingir que os apelidos que colocavam nela eram parte de um grande circo em que ela era a grande personagem principal. Preferia rir de si mesma ao ter que enfrentar a realidade de que era apenas um objeto de escárnio, era desprezada, abominada. Alguns diziam: “Lá vem a palhaça gorda!”. E foi o que ela tentou fazer: ser a palhaça gorda. Então, o que tinha saído errado? Por que quando ela se vestiu como uma palhaça, se pintou como uma palhaça e se apresentou no circo como uma palhaça as pessoas não riram? Por que elas riram apenas da sua dor, da sua vergonha, das suas lágrimas, da sua desgraça? Por que a maior diversão do público naquela noite de grande espetáculo tinha sido rir vendo a palhaça gorda chorando?
            Ela voltou para o seu lar, o vigésimo andar de um apartamento no subúrbio. Ao menos a sua família, os seus pais, se importavam com ela. Jamais deixaram de amá-la, de lhe dar ânimo para vencer tantos obstáculos impostos pela vida, pelas pessoas que a vida lhe trazia. Beijou a sua mãe, abraçou o seu pai, pediu-lhes a bênção. A sua mãe lhe perguntou: “O que houve, minha filha? Você parece triste?”. Ela respondeu: “Não é nada mãe. Só estou um pouco cansada”. Poucos minutos depois ela estava na varanda do apartamento. Colocou um banquinho próximo à grade que a protegia de cair lá em baixo. As risadas e os xingamentos ainda ecoavam em sua mente e atordoavam o seu coração. Mesmo ali, sozinha, ela podia ver cada rosto, cada expressão de desprezo, cada dedo apontado na sua direção.
Enquanto mais lágrimas caíam dos seus olhos e se lançavam ao solo, ela subiu lentamente no banco, passou as pernas para o outro lado da grade e se sentou sobre ela, apoiando-se com as duas mãos. Os carros e as pessoas transitando metros a baixo dos seus pés, pareciam minúsculas formigas indo e vindo. Ela então abriu os braços no desejo de abraçar a morte, fechou os olhos e respirou fundo. Com certeza as gargalhadas iriam cessar e ninguém nunca mais ia rir à custa da palhaça gorda. Seria aquele o seu último ato, a cena crucial e derradeira da sua vida e da sua carreira. Ele se inclinou para frente para permitir que o seu corpo se entregasse nas mãos implacáveis da lei da gravidade e pudesse encontrar no seu fim o começo para uma nova vida. A última lágrima caiu...

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OBS: Foto meramente ilustrativa copiada da Internet. Esta história não diz respeito à vida da pessoa na foto.
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