terça-feira, 24 de julho de 2018

O JOIO E O TRIGO: PODEMOS OU NÃO PODEMOS JULGAR?




            Uma das grandes estratégias de Satanás na sua luta contra a verdade e a fé cristã, é contar com a tolerância que acabamos desenvolvendo às heresias que se infiltram na Igreja e certos movimentos que se dizem espirituais, mas que são uma vergonha e uma afronta ao Evangelho de Cristo. Para não sermos chatos ou taxados de arrogantes e donos da verdade, acabamos permitindo que essas coisas façam parte da comunidade, influenciando nossa teologia e nossa prática. Em nome da “liberdade do Espírito”, aceitamos que indivíduos preguem blasfêmias contra Deus e a sua Palavra, que utilizem o púlpito para profetizar o que o Senhor não mandou profetizar, determinar bênçãos que Ele não prometeu e revelar coisas que Ele não revelou. Felizmente, as igrejas que praticam um cristianismo sério e comprometido com a verdade não abrem as suas portas nem entregam o microfone para esse tipo de pessoas. Entretanto, ainda que de forma dissimulada, elas insistem em penetrar entre os fiéis, apregoando mentiras, causando divisões e discórdias. Às vezes, numa simples discussão pela cor da farda do coral das senhoras já se pode perceber a atuação do inimigo com o intuito de desestruturar o grupo e dissipá-lo. Uma fofoca na esquina sobre um problema pessoa do irmão, pode desencadear um problema de grandes proporções.
            Além disso, existe o cuidado para não machucar, magoar ou afastar a ovelha da comunhão com os irmãos. Então, esconde-se a sujeira debaixo do tapete, esperando que ela permaneça lá sem causar nenhum problema. Essa tolerância é destruidora, acima de tudo quando falamos numa batalha em que o inimigo ataca sem piedade. O diabo não cultiva nenhum tipo de emoção positiva pelas pessoas, mas tão somente deseja destruí-las. Ele não se importa em espalhar a discórdia, separar casais, destruir famílias, levar pastores ao suicídio, esvaziar templos. Satanás não possui nenhuma tolerância pelo bem; ele só deseja o mal. Por isso a Bíblia, especialmente o Novo Testamento, trata de maneira radical esta situação, exigindo a exclusão de tais indivíduos da comunhão da comunidade cristã. Havia uma razão para Deus não permitir que o povo de Israel se contaminasse com as outras nações. O resultado da desobediência a esta regra, trouxe toda sorte de pecados para o meio do povo, incluindo a idolatria tão abominável. O livro de Juízes retrata muito bem isso, como, por exemplo, em 3:7: “Os filhos de Israel fizeram o que era mau perante o Senhor e se esqueceram do Senhor, seu Deus; e renderam culto aos baalins e ao poste-ídolo”.
            A contaminação da Igreja não é combatida apenas no seu envolvimento com as coisas do mundo (1 Jo 2:15,16; Rm 12:2; Tg 1:27; Ef 2:1-3; 1 Co 6:18-20). Ela também é um cuidado constante com as impurezas que se apresentam em sua própria estrutura. O apóstolo Paulo não apresenta a mesma tolerância da Igreja moderna. Ele entendia as consequências de se permitir que pessoas com intenções malignas permanecessem no meio dos santos. Um exemplo está na sua primeira carta aos crentes de Corinto, onde ele reprova diversas atitudes carnais daqueles irmãos que, apesar dos seus dons espirituais, viviam na imoralidade, ao ponto de haver quem se atrevesse a possuir a mulher do seu próprio pai (5:1). A orientação dada pelo apóstolo é que fosse retirado do meio da comunhão da igreja aquele que estava praticando tal pecado (vs. 2-5). Ele escreve: “Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento leveda toda a massa?” (v. 6). O velho fermento precisa ser lançado fora! Ele escreve, ainda: “Já em carta vos escrevi que não vos associeis com os impuros; refiro-me, com isto, não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois neste caso, teríeis de sair do mundo. Mas agora vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem sequer comais” (vs. 11,12).


As sete Igrejas e os falsos ensinos

            Está claro que a associação de que Paulo fala é para praticar as mesmas coisas. Todavia, ao invés de disciplinar essas pessoas e excluí-las da Igreja, tendemos a tolerá-las, deixando-nos levar por seus pecados e permitindo que as suas práticas infames influenciem o ambiente da comunidade. Outra coisa que fica bastante clara nesse texto, é que tais pessoas não são irmãos verdadeiros, mas “se dizem irmãos”. Os seus frutos demonstram totalmente o contrário. Escrevendo a Tito, Paulo também o exorta a respeito de pessoas desse tipo que estavam infiltradas na Igreja (Tt 1:10-16). O contexto desta exortação parte das qualificações dos ministros que, entre outras coisas, deveria se apegar à palavra fiel, “que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem” (v. 9). Ao denunciar o caráter desses falsos mestres (vs. 10,16), suas ações e sua hipocrisia (v. 16), o seu péssimo testemunho no mundo (vs. 12,13), Paulo deixa claro que o objetivo deles é enganar as pessoas por meio de ensinos errados, movidos por sua ganância. Esses indivíduos demonstravam uma imensa incoerência entre a fé que professavam e a sua prática de vida, o que os tornava abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra (v. 16).
            A solução de Deus para essas pessoas não é a tolerância. Paulo afirma: “É preciso fazê-los calar” (v. 11). As suas doutrinas não devem ser ouvidas, seus ensinamentos não devem ser permitidos, mas é necessário repreendê-los severamente, para que sejam sadios na fé (v. 13). Ele exorta mais adiante: “Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo primeira e segunda vez” (3:10). Por trás dessas práticas carnais e dos falsos ensinos, como já aprendemos, está a influência de Satanás. Quando não infiltra seus soldados no meio da Igreja, utiliza seus próprios membros para espalhar a destruição. Esses membros são os crentes carnais, que não se firmam na fé e também não procuram aprender a verdade para obedecê-la. Atualmente, muitos ensinos e práticas contrários à Palavra de Deus têm sido aprendidos na Internet e reproduzidos no meio da Igreja. A liderança não pode ser permissiva, mas deve tratar com seriedade esta situação, porque um pouco de fermento pode levedar realmente toda a massa.
            A forma correta de agir é por meio do discipulado, do ensino e da aplicação correta da disciplina, com o intuito de preservar a unidade e a santidade dos membros da Igreja. Esses três elementos juntos – discipulado, ensino e disciplina – fornecem aos membros do corpo a edificação necessária para crescerem saudáveis, conduzindo-os à obediência a Cristo. Para aqueles que andam de forma desordenada, tanto em questões de comportamento como de doutrina, a disciplina é importante para corrigir suas ações e trazê-los de volta à verdade evangélica. O Novo Testamento deixa bastante clara a aplicação da disciplina na Igreja (Mt 16:19; 18:18; Jo 20:23; 1 Co 5:2,7,13; 2 Co 2:5-7). A ideia primária da disciplina é fazer com que o insubordinado se arrependa e seja liberto (2 Ts 3:14,15; Tt 3:10). Embora a cura seja o ideal, haverá casos em que ela não surtirá nenhum efeito, principalmente quando estivermos lindando com um falso crente. Após um processo de exortações e admoestações, caso o indivíduo insistir em suas práticas, a sua exclusão da comunhão com a Igreja deve ser aplicada (Mt 18:17; 1 Co 5:13; Tt 1:10,11; 3:10; 1 Tm 1:20). O objetivo da excomunhão nos casos descritos na Bíblia, é para que o pecado irresoluto ou os falsos ensinos não contaminem o restante do corpo. Se essa excomunhão não for devidamente aplicada, corre-se o risco de uma infecção generalizada, que poderá fazer desviar os membros que estavam sadios. Este é o objetivo de Satanás.
            Uma Igreja doente não prega o Evangelho, não ora, não ensina a Palavra de Deus, não influencia o mundo com a luz e o sal de Cristo, não pratica as boas obras, não busca o Reino dos céus, não anseia pela volta de Jesus. Tal Igreja assemelha-se à igreja de Sardes, para a qual o Senhor escreveu: “Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto. Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus” (Ap 3:1,2). A solução para o problema daquela igreja era lembrar-se do que recebera e ouvira, guardá-lo e arrepender-se. Isto é: relembrando e praticando a doutrina correta, aquela igreja voltaria ao seu estado original de santidade. As outras igrejas descritas no Apocalipse enfrentavam seus próprios problemas, e muitos envolviam questões de desvio moral e desvio doutrinário. A igreja de Éfeso estava numa luta constante contra os falsos apóstolos, homens mentirosos que se infiltraram na comunidade, embora eles mesmos tivessem abandonado seu primeiro amor (2:1-7). A igreja de Esmirna enfrentava a influência de alguns que se declaravam judeus, mas que eram, na verdade, da sinagoga de Satanás, o que mostra a ação do inimigo na igreja por meio de pessoas (2:8-11).
            A igreja de Pérgamo, apesar de não ter negado a fé mesmo diante da idolatria daquela cidade (2:13), tolerava alguns indivíduos que sustentavam duas doutrinas heréticas; a de Balaão e a dos nicolaítas (vs. 14,15). Vemos na igreja de Tiatira uma tolerância declarada pelo próprio Senhor (2:18-29). Aquela igreja possuía muitos pontos positivos: obras, amor, fé, serviço, perseverança e um progresso visível, porque as suas últimas obras eram mais numerosas que as primeiras (v. 19). Todavia, o Senhor afirma: “Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos” (v. 20). Este fato apenas confirma aquilo que dissemos no decorrer deste estudo: o ataque do inimigo é contra a verdade; ele introduz ensinos mentirosos nas igrejas para desviar os crentes da sã doutrina e levá-los a pecar. Quantos profetas e profetisas hoje estão espalhados pelas igrejas, pregando e ensinando mentiras, trazendo novas revelações e doutrinas de demônios, sendo tolerados e reverenciados por quem não suporta a verdade. No v. 24 fica bastante claro que o ensino e as ações daquela Jezabel estavam diretamente ligados a Satanás.
            A igreja da Filadélfia parece ter sido a única que de fato guardou a Palavra do Senhor (3:7-13). Percebe-se como estar certo ou errado, em santidade ou em pecado, no caminho certo ou no caminho errado, firme na fé ou desviado, do lado de Deus ou do lado de Satanás está sempre ligado a pregar e viver a verdade. Apesar de a igreja em Filadélfia ter pouca força, ela guardava a Palavra do Senhor e não negava o seu Nome (vs. 8,10). Ali também havia a influência de indivíduos da sinagoga de Satanás, que se declaravam judeus, mas mentiam; entretanto, aqueles irmãos permaneciam firmes na verdade que lhes fora revelada. A igreja de Laodicéia (3:14-22) é contada como uma igreja morna, capaz de fazer o Senhor vomitar (vs. 15,16). Aquela era uma das cidades mais ricas da Ásia Menor. A riqueza daquela igreja levou-a à soberba, a crer que já possuía tudo, quando não possuía nada (v. 17). O Senhor convida aqueles irmãos a valorizarem o que de fato importava: as riquezas espirituais e celestiais capazes de lhes devolver a visão (v. 18). Nos dias de hoje, vemos muitas igrejas, acima de tudo as neopentecostais, pregarem a conquista de bens e riquezas materiais, esquecendo-se das celestiais. Elas transformam a fé num instrumento de barganha com Deus, reduzindo a espiritualidade cristã a uma busca constante por felicidade e prosperidade neste mundo. Jesus está batendo à porta dessas igrejas, querendo transformar vidas que ali estão enganadas por Satanás e pelo seu próprio desejo ganancioso. Ele deseja transformar o culto a si mesmo num culto verdadeiro a Deus.


O joio e trigo: não devemos julgar?

            O desenvolvimento dessa tolerância cega e destruidora pode estar ligado à falta de compreensão de dois textos bíblicos. O primeiro é a parábola do joio e do trigo, em Mateus 13:24-30. O segundo é o ensino de Jesus a respeito do julgamento: “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mt 7:1). Com base nestes dois textos, têm-se o seguinte pensamento: “Os falsos crentes sempre existirão a Igreja, e não cabe a nós julgarmos quem são os falsos e os verdadeiros, mas a Deus. Somente no dia do Grande Julgamento é que poderemos saber quem é o joio e quem é o trigo”. Essa afirmação, entretanto, parte de uma visão limitada e distorcida da Bíblia, que não leva em conta o ensino geral das Escrituras, onde muitos textos, como já vimos, nos ensinarão a identificar os falsos irmãos, a discipliná-los e, se for o caso, excluí-los da comunhão da Igreja. Como se diz no jargão teológico: texto fora do contexto é um pretexto para a heresia. E é este o desejo de Satanás: destruir a fé cristã por meio das heresias e da tolerância irracional aos falsos ensinos.
É necessário afirmar que os falsos crentes não são apenas pessoas que na igreja são uma benção e fora dela vivem uma vida de pecado. Alguns são ainda mais perigosos, porque influenciam o restante dos irmãos com o seu pecado e com suas falsas doutrinas. Logo, não se trata simplesmente de não julgar o coração dos irmãos, algo que de fato pertence somente a Deus, mas de observar as suas obras e perceber o que eles são de fato. A árvore dá-se a conhecer pelos seus frutos (Lc 6:43-45). A pergunta que deve ser feita é: ao identificarmos um falso irmão pelas suas atitudes e ensinamentos, devemos deixar que ele permaneça livremente no meio da igreja até que o Senhor venha e separe o joio do trigo ou devemos exercer a disciplina e praticar a excomunhão? Já aprendemos até aqui que a disciplina bíblica deve ser aplicada e, nos devidos casos, efetuada a exclusão do membro. Então, resta-nos entender a verdade por trás dos textos referentes ao joio e ao trigo e ao julgamento.
Em primeiro lugar, a parábola de Jesus não está se referindo à exclusão de membros da Igreja, mas ao entendimento que somente Deus pode ter a respeito daqueles que de fato lhe pertencem. Muitos passarão a vida inteira na Igreja, exercerão ministérios, farão grandes obras, mas no final das contas não irão para o céu, porque não faziam parte do rebanho do Senhor e não eram convertidos verdadeiramente. Essas pessoas podem ser exemplos de integridade de caráter entre os santos, mas ainda assim não eram crentes nem santos no sentido bíblico do termo. O Senhor conhece os que lhe pertencem (2 Tm 2:20). Muitos, naquele dia, comparecerão diante dele declarando as suas obras (Mt 7:22), mas o Senhor lhes dirá: “Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade” (v. 23), pois “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (v. 21). Muitos estão na igreja e não foram até Jesus, porque Deus não os enviou. Muitos são chamados, mas poucos os escolhidos (Mt 22:14). Somente aqueles que Deus leva até Jesus são verdadeiramente convertidos e serão ressuscitados no último dia (Jo 8:44; 6:65). Como saber quem são estes? Como julgar quem foi convertido e quem apenas se convenceu de que faz parte do Reino sem jamais ter sido? Este entendimento pertence somente a Deus. Somente Ele sabe quem são os seus escolhidos.
Entretanto, se não podemos identificar o joio no meio do trigo, o joio pode ser bastante sincero consigo mesmo e se autodescobrir como tal. Embora isso não seja toda a questão, mas é parte dela: o que nos motivou a aceitar a Jesus e frequentar uma igreja? A conversão genuína ocorre quando o pecador é regenerado pelo Espírito Santo, que lhe dá a fé necessária para aceitar a verdade do Evangelho, reconhecendo-se pecador e carente de salvação. Através da mediação da Palavra de Deus, o Espírito convence o perdido do seu pecado e o conduz, por meio da graça, a uma nova vida pela fé em Jesus Cristo. Em suma, a conversão é uma resposta positiva do pecador, estimulado pelo Espírito Santo, ao chamado de Deus. Sendo convertido, ele passa a fazer parte do corpo de Cristo, que é a Igreja, transformando-se em cidadão do céu. Como têm sido os apelos à conversão nas igrejas atuais? Eles são, na verdade, um chamado para a resolução de problemas pessoais por meio da fé, prometendo ao pecador-sofredor que, ao aceitar a Jesus, terá todos os seus problemas resolvidos e gozará de uma vida próspera e feliz. Estando já na igreja, toda a sua vida girará em torno disso: conquistar as bênçãos divinas. Isto não é conversão. Isto é ser joio.
            Então chegamos à conclusão de que devemos, sim, julgar todas as coisas. As coisas não existem por si só, mas há uma motivação por trás da sua existência, uma intenção que fez com que elas viessem a existir. Para reter o que é bom, precisamos avaliar e julgar o que não é. O texto “julgai todas as coisas, retende o que é bom” (1 Ts 5:21), está ligado a outros dois versículos: “Não desprezeis as profecias” (v. 20) e “abstende-vos de toda forma de mal” (v. 22). Isto significa que nem tudo que ouvimos na Igreja é necessariamente bom, por isso tudo deve ser julgado para que possamos nos abster do mal. Se não julgássemos os profetas e as suas profecias, incorreríamos em grave erro e correríamos o risco de tolerar heresias sem discerni-las (1 Co 14:29-40). Se alguém traz deliberadamente um falso ensino, o seu caráter já está manifesto. As suas próprias obras o denunciam. Escrevendo a Tito, Paulo diz que o homem faccioso deve ser “evitado” (Tt 3:10). Como evitá-lo sem julgá-lo faccioso? E como julgá-lo? Observando as suas atitudes que causam a facção, que está ligada aos ensinos mentirosos, às heresias que dividem a Igreja. Somente por meio da observação é possível conhecermos a verdadeira natureza das pessoas (Lc 19:22; Jo 8:9-11).
É preciso avaliar tudo que chega aos nossos olhos e aos nossos ouvidos, as motivações por trás das ações, o que inclui comportamentos e palavras, de acordo com a Palavra de Deus. A obediência aos nossos guias recomendada em Hebreus 13:17, por exemplo, não é cega. Mas a própria Palavra coloca parâmetros para o caráter desses guias: eles velam pela nossa alma. Se devemos avaliá-los antes de dar-lhes a liderança da Igreja, como prescreveu o apóstolo Paulo para a escolha dos diáconos e dos bispos (At 6:1-7; 1 Tm 3:1-13), porque não o continuaremos fazendo quando já estiverem nela? Como identificaremos os obreiros fraudulentos sem submetê-los a um julgamento? Somente observando as ações de certas pessoas nas igrejas, o apóstolo Paulo poderia emitir o seguinte julgamento: “Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo” (2 Co 11:13). Estaria Paulo “julgando mal” os seus irmãos? O apóstolo Pedro, em sua segunda epístola, capítulo segundo, descreve os pormenores do caráter dos falsos mestres, como também denuncia as suas obras e profere contra eles um juízo. Ao pensar em escrever a respeito da nossa comum salvação, Judas se viu obrigado a exortar os irmãos a batalharem pela fé evangélica, visto que muitos falsos mestres haviam se infiltrado na Igreja para destruí-la. Ele cita algumas das suas características: “Os tais são murmuradores, são descontentes, andando segundo as suas paixões. A sua boca vive propalando grandes arrogâncias; são aduladores dos outros, por motivos interesseiros” (v. 16). Imaginemos um desses falsos irmãos perguntando a Judas: “Quem é você para me julgar?”.
Como pudemos ver, Judas, além de denunciar as obras daqueles falsos irmãos, indicou a sua motivação interior: “motivos interesseiros”. Como ele chegou a esta conclusão? Com certeza porque aquelas pessoas murmuravam, viviam descontentes, andavam segundo as suas paixões, eram arrogantes e adulavam os outros para suprir seus próprios interesses. Não podemos julgar os motivos do coração, algo que pertence somente a Deus, mas as práticas, estas sim podemos julgar. E esses motivos do coração se deixam transparecer na prática de vida, porque se a boca fala do que o coração está cheio (Mt 12:34), as atitudes também. Jesus conhecia o coração dos fariseus, mas denunciou o seu pecado pela observação das suas obras (Mt 23:1-12). O apóstolo Paulo, escrevendo aos crentes de Roma, falou a respeito dos judeus que se gloriavam na Lei, mas que possuíam práticas totalmente contrárias àquelas que eles mesmos ensinavam (Rm 2:17-24). E que motivo pode haver em um coração de conhecer a verdade e praticar o contrário? Esse tipo de julgamento além de não ser incorreto, é necessário para manter a Igreja sadia e livre de influências carnais e malignas.
Então quando não devemos julgar? O que a Palavra de Deus condena é o julgamento temerário, que é aquele em que criamos critérios para os outros e nós mesmos não obedecemos. Foi o que Jesus quis dizer ao ensinar: “Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também” (Mt 7:1,2). Como já vimos, os judeus são por diversas vezes advertidos no Novo Testamento por sua religiosidade hipócrita: ensinavam e cobravam o que eles mesmos não praticavam, usando dois pesos e duas medidas. Não podemos julgar as atitudes de alguém quando nós mesmos praticamos o que reprovamos. Para nos tornarmos aptos a “tirar o argueiro” do olho do irmão, é preciso que primeiro tiremos o do nosso, isto é, que estejamos seguros de estar acertando onde acusamos o irmão de estar errando. Por exemplo: se mentimos, como vamos julgar quem mente? Se murmuramos, como julgaremos quem murmura? Além disso, o que está em vista é entendermos que podemos não pecar na área em que o irmão peca, mas pecamos em outra. Logo, ao julgar alguém, devemos estar cientes de que também erramos, por isso não podemos usar o pecado dos outros para nos sentir bem com nós mesmos ou minimizar nossos próprios pecados. Se não formos capazes de julgar da maneira correta, não poderemos cumprir o que Jesus nos ensinou após falar sobre o julgamento: “Não deis aos cães o que é santo, nem lancei ante os porcos as vossas pérolas, para que não a pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem” (Mt 7:6). Sem julgar, como identificaremos os cães e os porcos? E quando os identificarmos, não estaremos pecando os considerando como tais.
Em suma, é preciso haver um constante julgamento entre os irmãos, não segundo a ideia que cada um tem do que é certo ou errado, mas segundo a reta justiça (Jo 7:24). O que deve fundamentar nossos critérios de avaliação é a Palavra de Deus. Neste processo, é importante o desenvolvimento de algumas virtudes que nos ajudarão a santificar as nossas relações e a fortalecer a nossa fé, protegendo-a contra as influências malignas do diabo e dos seus servos infiltrados no nosso meio. Escrevendo aos colossenses, Paulo recomenda que eles se revistam de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão e de longanimidade, suportando e perdoando uns aos outros, estando alicerçados sobre o amor (Cl 3:12-14). O que deveria reger as ações daqueles irmãos era a paz de Cristo (v. 15). Por meio dessa paz, estamos prontos para praticar o que é certo e julgar retamente aqueles que agem de forma contrária a essas virtudes. Em todas essas coisas, a justiça presente na Palavra de Deus deve ser a base das nossas ações: “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instrui-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão em vosso coração” (v. 16). E todas estas coisas devem visar tão somente a glória de Deus, dando a Ele graças por tudo (v. 17; cf. 1 Co 10:31-33)

mizael xavier

OBSERVAÇÃO:

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segunda-feira, 16 de julho de 2018

A IGREJA É UM HOSPITAL?




“Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós” (1 Co 3:9).

A Bíblia utiliza diversas expressões e figuras para se referir à Igreja do Senhor Jesus, como, por exemplo: assembleia, corpo de Cristo, noiva do Cordeiro, entre outros. O crente é chamado de filho de Deus, filho da luz, templo do Espírito Santo, membro do corpo de Cristo, servo, obreiro, apenas para citar alguns. Em lugar algum das Escrituras a Igreja é comparada a um hospital ou o crente a um doente em tratamento terapêutico. A Igreja não pode ser um hospital nem o crente um paciente por um motivo óbvio: quem faz parte da Igreja já está curado, não precisa de terapia intensiva, porque Jesus já levou sobre si todas as suas dores, isto é, pecados, como vemos em Isaías 53. Se temos problemas, doenças e outros tipos de perturbações, não estamos na Igreja para sermos curados dessas coisas, pois isso significaria que, após a cura, poderíamos ter alta e sair da Igreja. Na verdade é o que muitos fazem: eles buscam a Deus adoecidos dos seus problemas e sonhos; quando recebem a cura, isto é, a vitória, voltam para suas vidas sem Deus até o próximo acidente ou doença. O Senhor Jesus disse que somente os doentes precisam de médico (Mt 9:12). Ele é a cura! Hospital não é lugar de gente curada, mas de gente doente. Se buscamos na Igreja um hospital, estamos no lugar errado. Se existe alguém fraco ou doente na Igreja, como havia na igreja de Corinto (cf. 1 Co 11:30), o caminho é o arrependimento.

Existem duas imagens que demonstram o que a Igreja é e que hoje não se assemelham ao tipo de reunião que temos visto por aí. Em primeiro lugar, a Igreja é uma família onde todos são irmãos, possuem um só Senhor, uma só fé, um só batismo e um só Deus (Ef 4:5,6). Eles comungam das mesmas bênçãos, compartilham do mesmo amor e devem cuidar uns dos outros. Paulo escreveu aos Efésios que somos da família de Deus (2:19). Se a Igreja é um hospital e Deus é o médico, Ele trata de cada um individualmente. Mas se a Igreja é uma família, Deus cuida de todos comunitariamente. Um irmão é usado para ajudar os outros, sendo ele mesmo ajudado por eles. A Igreja não cura um membro, ela cura a si mesma, porque um membro não é contado como um doente que vai embora e que não tem comunhão com o hospital, mas como parte integrante da família. Se ele sofre, todos os outros membros sofrem com ele. Paulo escreveu aos Coríntios que a Igreja é um corpo coordenado por Deus “para que não haja divisão no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros. De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, e um deles é honrado, com ele todos se regozijam” (1 Co 12:24-26). Devemos, então levar as cargas uns dos outros (Gl 6:2), alegrar-nos com os que se alegram e chorar com os que choram (Rm 12:15), ofertar com amor e liberalidade, pedir e ofertar perdão; corrigir, ensinar e disciplinar; servir uns aos outros (Gl 5:13), confessar os nossos pecados uns aos outros e orar uns pelos outros (Tg 5:16), amar incondicionalmente uns aos outros (Jo 15:12), evitar contendas e divisões (1 Co 12:25), ser hospitaleiros (1 Pe 4:9), ministrar os dons e serviços, praticar a misericórdia e a humildade, entre tantas outras ações que nos identificam como verdadeiros discípulos de Jesus. Isto é ser Igreja, isto é ser família, isto é ser cristão. Na família do Senhor, um membro não deixa o corpo quando recebe a cura, mas permanece nele, porque fora do corpo, morre. No hospital, os profissionais saudáveis e conhecedores das artes médicas tratam de pessoas sem saúde. Na Igreja somos todos iguais: somos médicos e pacientes ao mesmo tempo. Cuidamos e somos cuidados. Somos pecadores curados que ainda manifestam alguns sintomas da Queda de Adão, mas que não estão mais adoecidos pelo pecado.


A visão de hospital surge e se afirma quando olhamos para uma igreja em que os seus membros estão doentes, sofrendo toda sorte de perturbações emocionais e espirituais. O que comumente se chama de “cura”, podemos, na verdade, chamar de “restauração” ou “santificação” diária. O que são as enfermidades espirituais que trazemos a este ambiente que chamamos de hospital? Se fôssemos compreender a partir da Palavra de Deus, a Bíblia, veríamos que as nossas enfermidades espirituais se resumem em uma coisa: pecado. Lemos no livro das Lamentações de Jeremias: "De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados. Esquadrinhemos os nossos caminhos, e provemo-los, e voltemos para o Senhor. Levantemos os nossos corações com as mãos para Deus nos céus, dizendo: Nós transgredimos, e fomos rebeldes; por isso tu não perdoaste" (Lm 3:39-42). A vida do rei Davi, seu pecado, suas dores físicas e emocionais tinham um único motivo: o seu próprio pecado (por exemplo, o Sl 51). Durante a nossa vida, sofremos traumas, carregamos complexos e enfermidades que poderiam ser resolvidas por meio do arrependimento e da confissão de pecados. De repente, não é um pecado que nós cometemos, mas que cometeram contra nós, como o abuso sexual, por exemplo. Daí entra o perdão, esquecer o passado, caminhar no presente rumo ao futuro. As enfermidades físicas nós resolvemos no médico ou Deus pode operar de maneira sobrenatural a cura. Mas para as doenças espirituais, de onde provêm muitas doenças emocionais, a grande maioria, o remédio não é milagre, não é unção, não é culto, não é missa, não é oração, não é campanha disso ou daquilo. O remédio é: arrependimento, confissão e abandono do pecado. 

Meditemos e respondamos a esta questão: A Igreja evangélica como a vemos hoje, com indivíduos que buscam a Deus apenas por causa das suas bênçãos, com tantas brigas, divisões e escândalos, assemelha-se a uma família? Pode ser que alguém diga: Ora, mas em todas as famílias há problemas. Então respondamos a outra questão: É isso que Deus quer? Não devemos nos espelhar no modelo de família do mundo para definir o que é ser Igreja, mas naquilo que a Bíblia diz sobre o que é e como é ser Igreja. O que impera na Igreja é a interdependência, a solidariedade, a comunhão, o “uns aos outros”, a partilha, a empatia entre os seus membros. Qualquer modelo de ajuntamento que não se assemelhe a uma família cheia de amor, não é uma Igreja. Na família de Deus, os membros têm tudo em comum. Eles são apenas um em Cristo.

Outra imagem que a Bíblia utiliza a respeito da Igreja e que escapa ao conhecimento da grande maioria dos cristãos, é que ela é um exército, Deus é o general e nós somos os seus soldados. Isto destrói ainda mais a visão de um hospital. Num hospital, vamos para receber; num batalhão, entramos para dar! A grande maioria das pessoas que se intitulam “crentes”, vive uma fé totalmente passiva. Elas estão na Igreja sentadas, salvas e satisfeitas, quando deveriam ser salvas, santas e servas. Algumas nem acreditam que são salvas! Quando vão ao culto, afirmam que estão indo “receber algo da parte do Senhor”. Talvez não se recordem das palavras do Senhor Jesus que o apóstolo Paulo jamais esquecia: “Mais bem-aventurado é dar que receber” (At 20:35). Se pararmos para prestar atenção, todos os mandamentos da Bíblia expressam uma ação, algo que devemos fazer e que nos coloca em movimento. Não fomos chamados para ficarmos como aquelas aves que acabaram de nascer e esperam de boca aberta que sua mãe às alimente. Toda a fé cristã se baseia em coisas que devemos fazer porque já recebemos bênçãos espirituais da parte de Deus. Somos conduzidos aos verbos amar, orar, perdoar, pregar, ensinar, resistir, evangelizar, batalhar, suportar, ofertar, levar, deixar, abandonar, falar, ouvir, entre tantos outros verbos que indicam que estamos em movimento, que fomos salvos para as boas obras (Ef 2:8-10), para dar frutos (Jo 15:8), para salgar e iluminar (Mt 5:13-16), para lutar como soldados numa guerra. Quem acha que ser crente é frequentar uma denominação evangélica, cumprir alguns preceitos religiosos, praticar certos rituais, orar para receber algo de Deus, cantar alguns louvores e depois ir para casa, ainda não entendeu quem é Jesus, muito menos o que significa pertencer a Ele.

Voltando para a imagem da Igreja como um exército e do crente como um soldado, fomos salvos para produzir algo para o Reino de Deus, para guerrearmos numa batalha que já foi vencida pelo Senhor na cruz, mas que faz parte do nosso cotidiano como seus soldados. O nosso campo de guerra se divide em três frentes de batalha: a carne, o mundo e o diabo. Ao estimular Timóteo no combate pela fé, Paulo diz: “Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo” (2 Tm 2:3). A nossa luta é contra o pecado que faz guerra dentro de nós, mortificando diariamente a carne para submetê-la ao Espírito. Nesta guerra, na verdade, não é a carne que luta contra si própria, mas o Espírito que luta contra ela para mortificá-la (Gl 5:17; Rm 8:13). Paulo esmurrava o seu próprio corpo para não ser desqualificado (1 Co 9:27). Também lutamos contra o mundo e os seus valores geradores de morte, contra a sedução dos seus prazeres e riquezas, contra este inimigo de Deus que tenta nos tragar (Tg 4:4). Ainda travamos uma batalha contra os principados e potestades, contra o nosso grande inimigo e adversário, que é Satanás (Ef 6:12). Lutamos vitoriosos em Cristo para resistir às suas investidas diabólicas que existem para roubar, matar e destruir (Jo 10:10). Lutamos, também, pela verdade do Evangelho contra as mentiras do diabo, contra as heresias dos falsos mestres e dos falsos profetas. Lutamos para defender a verdade evangélica que nos foi entregue pelo Senhor Jesus. Judas escreveu em sua epístola: “Amados, quando empregava toda diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 3). Quantas músicas nós temos escutado nas mídias com esse tema? Quantos sermões têm sido pregados sobre a defesa da fé?

Meditemos e respondamos a estas perguntas: Nós nos reconhecemos como soldados de Cristo no campo de batalha ou negamos a existência desta guerra e nos acomodamos a uma fé sem sal e sem luz? Uma das grandes gírias evangélicas é chamar o irmão ou a irmã de “vaso”. Quando se fala assim, está-se querendo afirmar que o irmão ou a irmã são “vasos de honra usados por Deus ou que Deus deseja usar”. Mas usar para quê? Qual a finalidade?

Não quero terminar este breve estudo com certezas prontas, mas lançando muitas dúvidas na sua mente. São as dúvidas que nos levam a estudar ainda mais para alcançarmos as certezas. Então, leia e estude a Bíblia. Pergunte-se a respeito de si mesmo se você é um eterno paciente deitado num leito de hospital, recebendo medicamentos e cuidados, com uma fé praticamente em coma, que não o deixa sair para viver a sua vida cristã lá fora, onde estão as obras que você deve praticar. Pergunte-se se você se sente membro de uma família, com irmãos e irmãs que você deve amar, cuidar e respeitar, ou como membro de um clube onde vai passar algumas horas, receber alguns bônus e depois vai para casa, sem compromisso algum com este clube, a não ser o pagamento de uma mensalidade: o dízimo. Pergunte-se quem Deus é para você, se Ele é aquele paizão que está no céu disposto a lhe encher de bênçãos e vitórias ou um Deus soberano a quem você deve temor e obediência. Você se vê como soldado de Jesus? Está lutando contra a carne, o mundo e o diabo? Você tem batalhado pela fé cristã ou tem praticado a filosofia diabólica e mundana do “politicamente correto”, achando que cada um crê naquilo que deseja e ninguém tem nada a ver com isso? Você é capaz de responder sobre a razão da sua esperança, da sua fé, utilizando uma base bíblica sólida ou apenas repete a velha frase “eu acho que”? Leia 1 Pedro 3:15; 2 Timóteo 2:15 e 4:1-5.

Eu sou membro da Igreja de Cristo. Eu não estou num hospital, mas faço parte de uma família. Eu não sou a terra que fica imóvel recebendo a chuva, mas quero ser a nuvem que faz a chuva cair para molhar a terra. Não quero ser um paciente doente em um leito, mas um soldado no campo de batalha. E você, quem é?

Mizael  Xavier

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