quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

O FATOR "FLASH” – LIÇÕES QUE APRENDI ASSISTINDO AO SERIADO “THE FLASH”




Há alguns dias tenho assistido a série do super-herói de Central City: THE FLASH. Como todos sabem, ele é o homem mais rápido do mundo, utilizando a força da aceleração para combater meta-humanos maus e diversos criminosos. Mas o que tem me chamado mais a atenção no Flash não é a sua super-velocidade e seus feitos heroicos, mas a sua humanidade, as suas fraquezas. Apesar de todos os seus poderes, em diversos momentos ele se revela confuso, incapaz, às vezes autossuficiente, em outras angustiado, irritado, desesperançoso. Com toda a sua velocidade, mal consegue lidar com problemas emocionais, como traições e a perda de seus pais. E o que isso tem a ver comigo e com você?

Vamos ver algumas lições importantes que o seriado do Flash nos traz.

Primeira. Apesar de ser um super-herói,  ele não trabalha só, mas tem toda uma equipe ao seu lado, apoiando-o, tanto em questões técnicas como emocionais. Não importa o tamanho da nossa força, sempre precisaremos de pessoas ao nosso lado para nos apoiar e nos sustentar, inclusive nos momentos de dificuldade. Ninguém é autossuficiente. Mas a ajuda só vem quando reconhecemos a nossa pequenez e que somos seres interdependentes. Por isso, Deus nos fez corpo. Somos membros uns dos outros. Crescemos juntos e juntos lutamos nossas guerras. O nosso poder vem da cabeça que comanda todo o corpo: Jesus Cristo. Ele é a força que produz nosso perfeito metabolismo.

Segunda. A cada falha ou queda, o Flash aprende lições que o tornam mais forte e o ensinam onde e como não errar mais. Isso se chama RESILIÊNCIA. Assim também somos nós: aprendemos algo novo todos os dias, o que deve nos tornar mais sábios e capazes. Somos empoderados com a sabedoria que vem do Alto, com o poder do Espírito Santo, com a Palavra de Deus e a sua graça maravilhosa. Deus usa pessoas e situações para nos provar, corrigir e aperfeiçoar, inclusive as adversidades.

"E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte" (2 Co 12:9,10).

Sócrates escreveu que uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida. De fato, não podemos "julgar todas as coisas", conforme o apóstolo Paulo ordenou (1 Ts 5:21), se não refletirmos a respeito delas. Refletindo, não só poderemos discernir entre o que é bom ou ruim, como poderemos tirar boas lições de tudo para a nossa vida. Ou seja: é possível extrair importantes aprendizados assistindo a um seriado como THE FLASH. O lado ruim é a filosofia ateísta e pragmática. É a exaltação da ciência em detrimento da soberania de Deus. Mas há certa ordem no caos. Deus nos dá inteligência para extrair lições de tudo. Podemos até aprender com o diabo. A sua existência e ações nos ensinam tudo o que não devemos ser nem fazer. Assim sendo, prossigamos com as lições do Flash.

Terceira. Por diversas vezes o Flash volta no tempo para tentar concertar seus erros ou evitar alguma tragédia. O resultado é que ele altera a linha do tempo, criando um ponto de ignição que piora as coisas ainda mais. Não podemos voltar no tempo para desfazer nossos erros ou evitar nossas tragédias. O que podemos fazer é construir coisas novas no lugar e aprender a conviver com o que for inevitável. Deus não nos ordena reconstruir o passado, mas nos deixa obras para fazermos hoje (Ef 2:8-10). É preciso fazer as pazes com o passado, perdoar e nos perdoar. É um peso que não precisamos carregar, pois Cristo já o carregou por nós na cruz. Vivamos o hoje enquanto construímos o amanhã.

Quarta. O Flash não nasceu herói. Ele se tornou após ser atingido pela explosão de um acelerador de partículas. A partir daí, com todos os seus poderes, a sua vida se transformou. E junto com grandes poderes, vieram grandes responsabilidades. Nós fomos revestidos do poder de Deus quando recebemos o Espírito Santo. E qual a nossa grande responsabilidade? Testemunhar de Cristo (At 1:8). Não fomos redimidos para ficarmos sentados,  salvos e satisfeitos. Estamos aqui para sermos salvos, santos e servos. Fomos atingidos pela graça de Deus para salgar e iluminar o mundo. Temos um propósito: glorificar a Deus com a totalidade da nossa existência. Se não estamos fazendo nada disso, não estamos sendo responsáveis com o poder que nos foi dado.

Quinta. De fato, para quem está disposto a aprender, a vida é uma escola. Qualquer ensino é um processo no qual nos envolvemos com disposição para fazer a nossa parte para que aconteça o aprendizado. E é esta uma das lições importantes que o Flash nos traz. Não basta conhecer nossas habilidades, é preciso desenvolvê-las, trabalhá-las até que sejamos capazes de dominá-las e dar o nosso melhor. O Flash aprendeu que não bastava ter velocidade, era preciso saber como utilizá-la estrategicamente. Da mesma forma, devemos conhecer os dons e talentos que Deus nos deu e aprimorá-los para que sejam utilizados da maneira correta, e jamais desperdiçados. Não basta ter o dom de ensino, por exemplo, mas é preciso esmerar-se (Rm 12:7). Ou seja: dedicação. A cada novo problema que surge, Flash e sua equipe precisam buscar novos conhecimentos para lutar e se adequar a alguma nova realidade.

Sexta. O Flash é o homem mais rápido do mundo. O que demoramos horas ou até dias para fazer, ele realiza em questão de segundos. Mas algo ele tem aprendido que pode nos ensinar: existem coisas que demandam tempo, que obedecem a um processo que pode ser longo. Esquecer uma tragédia, conquistar a confiança, desenvolver relacionamentos significativos, perdoar, aceitar as pessoas como elas são, mudar nossa realidade interior (mente e coração), tornar-se perito em algo. Não adianta correr contra o tempo, é preciso aproveitá-lo ao máximo. Paulo escreveu aos crentes de Éfeso: "Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porquanto os dias são maus" (Ef 5:16,17). Precisamos de sabedoria e paciência para dar um passo de cada vez. Se não fizermos isso, acabaremos pulando etapas importantes. É preciso também evitar a procrastinação.

Sétima. Finalizando nossas reflexões sobre o Flash, ele não é o único na série com poderes especiais. Muitos outros foram atingidos pela explosão e desenvolveram capacidades extraordinárias. Entretanto, parece que a maioria está interessada em usar seus poderes em proveito próprio, para destruir, roubar ou se vingar dos seus desafetos. Isso nos chama a atenção para uma verdade: ao contrário do que se diz, o poder não corrompe ninguém, apenas revela a verdadeira natureza de cada um. A pessoa íntegra continuará íntegra de posse do poder. Quem é humilde, permanecerá humilde. Nada que é externo pode mudar a nossa essência. Se você era "bom" e de repente se tornou mau quando subiu de posto na empresa, na verdade você era um mau enrustido, esperando uma oportunidade para se revelar. Embora cheio de defeitos, o Flash manteve a mesma natureza de quando ainda não possuía poderes especiais.

Oitava. Talvez a lição mais marcante do seriado THE FLASH seja a importância da família e dos amigos. Todos os personagens principais da trama formam uma única unidade afetiva que comporta diferenças e singularidades. De alguma forma, todos estão sempre dando apoio um ao outro, procurando ajudar a corrigir suas distorções, dando apoio moral, estando presentes, agindo em conjunto, perdoando as falhas, protegendo-se mutuamente. Quem dera as famílias fora da ficção também fossem assim! Quem dera todas as igrejas fossem assim! Não podemos perder de vista o amor de Deus que nos salvou e nos reuniu como família divina. Somos um em Cristo. Não devemos ter em vista somente o que é nosso, mas devemos levar as cargas uns dos outros. A igreja é um grupo terapêutico onde crescemos juntos.

É claro que não seremos jamais super-heróis nos moldes da ficção. Nem precisamos ser "supercrentes". O que devemos ser é pessoas totalmente dependentes de Deus e da sua graça, obedientes, santos e servos. Em tudo somos mais que vencedores em Cristo. De Deus vem a nossa força e a nossa suficiência. Devemos ser rápidos como o Flash para amar, perdoar, evangelizar e fazer o bem. Já temos o divino poder do Espírito Santo para manter a nossa integridade e dar frutos para o Reino. Já temos a nossa armadura espiritual para lutarmos contra nosso inimigo: Satanás. Somos os "heróis" empoderados por Deus para amar o próximo e socorrer os aflitos. Somos enviados com a mais nobre de todas as missões: proclamar as boas-novas da salvação. Avante!

AUTOR: Mizael de Souza Xavier

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sábado, 14 de dezembro de 2019

O PODER TRANSFORMADOR DA PALAVRA DE DEUS


O PODER TRANSFORMADOR DA PALAVRA DE DEUS

INTRODUÇÃO

Leia: Efésios 1:13

Pense e responda: Ler a Bíblia já é suficiente para transformar a vida de alguém? Se sim, por que muitos ateus, cientistas, filósofos e historiadores a leem e releem, mas mesmo assim morrem na incredulidade? E por que tantas pessoas que estão dentro das igrejas jamais se deixam transformar pela Palavra, ao ponto de serem chamadas de joio, falsos irmãos, falsos apóstolos, falsos profetas e falsos mestres? Terá a Palavra de Deus falhado? Será possível resistir a um Deus Todo-poderoso e Soberano?

Neste estudo, tentarei elucidar essas e outras questões referentes ao poder transformador da Palavra de Deus. Podemos começar questionando nesta introdução que tipo de transformação estamos falando. Não é preciso nem mesmo crer em Deus para utilizar os ensinamentos bíblicos para alcançar alguma retidão moral. De fato, estudiosos e fiéis de outras religiões consideram Jesus um mestre, um grande modelo de bondade e de caráter. Alguns até procuram seguir seus exemplos. Mas pergunte a qualquer um deles se creem em Cristo como Deus, Senhor e Salvador que a resposta será negativa. Então já percebemos que ser transformado pela Palavra de Deus é mais que crer na Bíblia como um manual de modelos e práticas éticas, morais e espirituais. Ela não é um livro qualquer.

Por outro lado, em muitas igrejas cristãs, a Bíblia parece não passar de um mero manual de autoajuda ou um simples manancial de bênçãos e vitórias. A superficialidade da fé de alguns irmãos não os permite ir mais além. A sua fé não ultrapassa as barreiras das suas ambições pessoais nem parece mudar o seu caráter. Eles não enxergam a pessoalidade de Deus, muito menos a eternidade. Não sabem sequer explicar as doutrinas mais básicas da fé cristã. Como ter práticas corretas sem o conhecimento necessário? Que transformação eles têm experimentado? Ela é bíblica? Se não, que transformação a Palavra de Deus nos traz e como ela acontece? É o que veremos nas próximas mensagens.

Dever de casa: Estude sobre este tema e aprofunde o seu conhecimento da Bíblia Sagrada.


A NATUREZA DA BÍBLIA

Leia: 2 Timóteo 3:16

O Evangelho é poder de Deus (Rm 1:16). Isso pode ser comprovado na história da Igreja e das Missões. Por exemplo: o que o grande doutor da Igreja, Agostinho, bispo de Hipona (354-430 d.C), e o reformador Martinho Lutero (1483-1546 d.C) têm em comum? Ambos experimentaram uma transformação radical em suas vidas ao lerem as Sagradas Escrituras. Não por coincidência, foram iluminados pelo mesmo livro: Romanos (13:13,14 e 1:17, respectivamente). Para o cristão reformado ou evangélico, a Bíblia é a única fonte da revelação escrita de Deus (2 Tm 3:16,17; 2 Pe 1:19-21). Os católicos acrescentam a Tradição e o Magistério da Igreja (Dei Verbum n. 8, 9 e 10; Lumen Gentium n. 60 e 61). A Bíblia contém expressamente a natureza de Deus, o seu caráter e a sua vontade para a humanidade (Hb 1:1-4; 1 Sm 3:4; 1 Rs 9:9,13). Nela estão seus mandamentos, promessas e profecias. Todo o plano de salvação, incluindo o julgamento final, a subida dos crentes ao céu, a descida dos ímpios para o inferno e o reinado eterno de Cristo estão nas suas páginas (Hb 9:27; Ap 21:1-8). A derrota de Satanás também está clara em suas revelações (Ap 12:10-12; 20:10). Ela é a nossa única regra de fé e prática. Ela nos revela Jesus como o Deus encarnado e o Salvador daqueles que nele creem (Jo 1:1-14; 3:16,36). A Bíblia é um misto de loucura para os que se perdem e de poder de Deus para a redenção dos que creem (1 Co 1:18).


A transformação que buscamos é aquela efetuada pela Palavra de Deus.  Nenhuma outra pode ser mais legítima e perene. A Bíblia é a Rocha que mantém segura e firme a vida de quem sobre ela está edificado (Mt 7:24-27). Mas essa transformação vai muito além do caráter e do comportamento humanos. Ela não diz respeito a práticas ritualísticas como frutos da fé. Também está muito acima da espiritualidade religiosa e tradicionalista (veja Isaías 1:10-17). Uma vida transformada com uma nova natureza não é o objetivo, mas consequência da transformação que a Palavra de Deus opera na alma do pecador. Essa Palavra poderosa e irresistível, divinamente inspirada e cheia da graça de Deus aponta para algo mais além: a eterna glória vindoura no céu. Infelizes são aqueles que buscam na Bíblia apenas soluções para seus problemas terrenos e temporais! É como beber apenas um gole de uma fonte inesgotável de vida e felicidade eternas. Jesus tem vida em abundância para nos dar (Jo 10:10).

Mas eis a grande questão. A maioria das pessoas que bebem da Bíblia não experimenta a sua verdadeira essência. Que essência é essa? Podemos ver na resposta de Pedro quando o Senhor Jesus questionou seus apóstolos se eles o abandonariam como fizeram os demais: "Senhor, para quem iremos? Só tu tens as palavras de vida eterna"(Jo 6:60-71). Esta é a essência da Palavra de Deus, de Gênesis a Apocalipse: a eternidade em Cristo (Jo 5:24; 17:2,3; 1 Jo 5:13). Todo o conteúdo da Bíblia, palavras e atos de Deus Pai, Filho e Espírito Santo pode ser resumido na seguinte declaração do apóstolo João a respeito do ministério de Jesus: "Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome" (Jo 20:31). Então persiste a pergunta inicial: basta ler a Bíblia para ter a vida transformada? Lendo os evangelhos teremos vida eterna? Prossigamos com nosso estudo. Ainda temos muito que aprender.

Dever de casa: Pesquise e leia sobre a vida de Santo Agostinho e Martinho Lutero.


A NATUREZA HUMANA CAÍDA

Leia: Romanos 3:23-26

Já vimos que a Bíblia é a Palavra poderosa de Deus que deseja efetuar uma transformação radical na nossa vida, e que essa transformação diz respeito à vida eterna. Mas por que precisamos desta Palavra e da vida eterna que ela nos revela? Eis o motivo que leva muitos leitores da Bíblia ao engano e ao inferno: eles a veem como um livro religioso, histórico e filosófico, mas não como Palavra de Deus que revela o pecado do homem e a necessidade de salvação (1 Co 6:9,10; Gl 3:22; Rm 5:8; 1 Tm 1:15). Como escreveu Paulo aos romanos, todos somos pecadores. Carregamos o pecado original por causa da Queda do primeiro casal, Adão e Eva. Fomos separados de Deus, recebemos uma natureza totalmente depravada e condenada à morte e ao inferno. Nascemos mortos em nossos delitos e pecados, filhos da ira e da desobediência (Ef 2:1-5). Somos por natureza inimigos de Deus, amigos do mundo, servos das trevas. Não há bem algum em nós que não provenha da graça de Deus.

Então, a primeira e maior transformação que precisamos obter é de posição diante de Deus: de condenados a salvos (Jo 5:24; Rm 8:1,2), de pecadores a santos, de filhos do diabo a filhos de Deus (Jo 1:12,13), de amigos do mundo a amigos de Deus (Jo 15:15). Mas como isso é possível se nossos pecados fazem separação entre nós e Deus? Pela nossa própria natureza e vontade, somos incapazes de ir até Deus. Na verdade, não queremos. Foi o que Jesus disse aos judeus: "Não quereis vir a mim para terdes vida" (Jo 5:40). Foi preciso Deus vir nos buscar, e Ele fez isso por meio de Cristo, que morreu e ressuscitou para nos dar a vida eterna. O que jamais poderíamos fazer por nós mesmos, Jesus fez na cruz, dando-nos livre acesso à presença de Deus e entrada gratuita no céu. Em Cristo, os nossos pecados são perdoados e apagados. Ficamos livres de condenação (Rm 8:1,2).

Mas aqui voltamos àquela questão: basta ler a Bíblia e saber dessas coisas para que sejamos salvos? O simples conhecimento da nossa condição depravada e da necessidade de vida eterna garante para nós um lugar no céu? Essa pergunta já foi parcialmente respondida no parágrafo anterior: não queremos ir! Leia Romanos 3:9-20. E mesmo se quiséssemos, não teríamos tal capacidade. Não basta conhecer o Sagrado: é preciso penetrar nele. Mas como? Algumas correntes teológicas, como o "Arminianismo", defendem que o perdido é capaz de, por si só, buscar e contribuir para a sua própria salvação (sinergismo). Mas a Bíblia é enfática ao ensinar que a salvação do pecador é um ato exclusivo de Deus (monergismo; Rm 3:20-24; Ef 2:8,9). O que compete a nós fazermos? Este será o tema do próximo capítulo.

Dever de casa: Pesquise e estude na Internet ou em um dicionário de teologia os seguintes temas: justificação, expiação, sacrifício vicário e propiciação.


A OBRA DO ESPÍRITO SANTO

Leia: João 16:7-11

Precisamos ser transformados por Deus para termos a vida eterna, mas sozinhos não podemos. Não podemos ir a Ele se Ele não nos chamar e atrair (Jr 31:3). Não podemos ir até Cristo se pelo Pai não formos levados (Jo 6:37). É aí que o Espírito Santo opera na vida do pecador, regenerando-o e dando-lhe a fé necessária para crer (Ef 2:8,9). Poucas palavras são necessárias para descrever todo o processo de salvação. Basta lermos o primeiro capítulo da carta de Paulo aos Efésios. Fomos eleitos, predestinados, feitos herança de Deus e selados com o Espírito Santo. Não pela nossa vontade ou obras, mas pelo beneplácito da soberana vontade de Deus. Não é todo leitor da Bíblia que alcança essas bênçãos espirituais, mas aqueles que são chamados de acordo com os propósitos eternos de Deus. Quem "se converte" continua perdido. Mas aquele que "é convertido" pelo Espírito Santo tem a vida eterna.

Assim, a Palavra de Deus opera em conjunto com o Espírito Santo: lemos ou ouvimos as palavras de vida eterna e o Espírito nos convence do pecado por meio delas (Jo 16:7-11). Ele retira as escamas que encobrem os nossos olhos espirituais e nos faz entender que somos pecadores miseráveis, carentes de salvação. Além disso, produz o arrependimento e nos faz crer no sacrifício vicário de Cristo para que sejamos salvos. Esses são os elementos essenciais da conversão genuína (At 3:19; 17:30,31; 26:20; Lc 3:3; 2 Pe 3:9). Nesse exato momento, somos santificados, separados do pecado e do mundo e consagrados a Deus (Dt 14:2; 2 Ts 2:13,14). É uma santificação posicional e instantânea. Somos de Deus, selados pelo Espírito Santo, feitos seus filhos (Jo 1:12,13; Rm 8:14-16; Gl 3:26,27; 4:7; 1 Jo 3:1), tornados novas criaturas (2 Co 5:17). Não somos mais de nós mesmos. Podemos afirmar como o apóstolo Paulo: "Já não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim" (Gl 2:20). O perdão de Deus é transformador!

Então, esta é a maior e a principal transformação efetuada pela Palavra de Deus: a justificação. Paulo escreveu aos crentes de Roma que a fé vem pelo ouvir da Palavra de Deus pregada (Rm 10:17). E o Senhor Jesus disse: "Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida" (Jo 5:24). Ouvir e crer não é para todos. A prova é que muitos que ouvem, não creem. Mas aqueles que o Senhor chama, ouvirão a sua voz e irão até Ele, porque são suas ovelhas e ouvem a sua voz (Jo 10:27). E quando seguem o seu Pastor, essas ovelhas já não são mais as mesmas. Elas são novas criaturas que experimentam uma transformação diária trazida pela Palavra de Deus. É sobre essa transformação que falaremos na próxima mensagem.

Dever de casa: Pesquise e estude sobre a graça e a soberania de Deus.


TRANSFORMAÇÃO PROGRESSIVA

Leia: Oseias 4:6 e 6:3

Falamos no capítulo anterior sobre santificação, que nada mais é que uma mudança instantânea de posicionamento diante de Deus: de perdidos para salvos (1 Co 6:11; Hb 13:12). Não pelas nossas obras desprezíveis de justiça, mas somos justificados pela graça apenas, por meio da fé em Cristo (Is 64:6; Rm 5:1-12; Ef 2:1,2,8,9; Tt 3:3). Podemos chamar isso de "novo nascimento" (Jo 3:1-21), quando nos tornamos novas criaturas (2 Co 5:17) e templos do Espírito Santo (1 Co 6:19,20). Como pecadores regenerados, somos estimulados pela Palavra e pelo Espírito Santo a viver diariamente num processo de crescimento espiritual (santificação progressiva), desenvolvendo a nossa salvação com temor e tremor (Fp 2:12-16). Perceba bem: não é nos desenvolver "para sermos salvos", mas "porque já somos salvos". Quanto mais conhecemos a Deus por meio da sua Palavra e nos relacionamos com Ele, mais vamos sendo por Ele transformados, servindo-o mais e melhor. E isso envolve amar e servir as pessoas (1 Jo 3:14-18,23; Rm 12:10; Ef 5:2; Gl 6:2,10,13).

Até aqui já respondemos a questão levantada na introdução deste estudo. O Senhor Jesus orou a respeito dos seus discípulos: "Santifica-os na verdade; a tua palavra é verdade" (Jo 17:17; leia o capítulo inteiro). A Palavra de Deus transforma o perdido em salvo e continua a transformá-lo por toda a sua vida, até a vinda de Cristo. Esta é uma obra que Deus inicia em nós, conduz a sua continuidade e é fiel para completá-la (Fp 1:6). Ela se baseia na verdade revelada. Esse processo de transformação estimulado pelo Espírito Santo é efetuado por Deus, que opera em nós o querer e o realizar, segundo a sua vontade (Fp 2:13). Se queremos nos entregar a esse processo, devemos nos transformar pela renovação da nossa mente, o que envolve a inconformidade com este mundo (Rm 12:2). Tudo isso está ligado à Palavra de Deus, a qual precisamos obedecer piamente. O Senhor Jesus declarou: "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele" (Jo 14:21).

Percebe como o conhecimento que transforma não é meramente intelectual? A Palavra de Deus precisa ser verdade na vida daquele que se aproxima dela, produzindo o conhecimento de Deus baseado num relacionamento íntimo com Ele, o que só é possível por meio da obra da regeneração. Espírito, Palavra, conhecimento e transformação estão intimamente ligados e não podem ser desassociados uns dos outros. Eles formam as engrenagens de uma única estrutura sólida e santa. Nosso papel é beber todos os dias dessa fonte de água viva, guardando no coração as Sagradas Escrituras para não pecar contra Deus (Sl 119:11). A falta de conhecimento nos faz errar o alvo e nos tira do centro da vontade do nosso Pai celestial. Como conhecer o que nosso Senhor espera dos seus servos sem ler e estudar a sua Palavra? Como nos tornaremos crentes maduros e obreiros aprovados que manejam bem a Palavra da verdade (2 Tm 2:15) se não nos dedicarmos a meditar nela de dia e de noite (Sl 1:1,2)? Onde está o seu prazer?

Dever de casa: Pesquise na sua Bíblia e leia os seguintes textos: 1 Ts 4:4-7; 5:23; Hb 2:11; 10:10-14; 12:14; 13:12; 2 Co 7:1; 1 Pe 1:15,16; 2 Tm 1:9; Sl 139:23,24; Fp 2:14-16; Ef 1:4; 5:3; Rm 12:1; 6:22; Mt 5:48.


O CERNE DA TRANSFORMAÇÃO

Leia: Romanos 12:1,2

Com tudo o que já aprendemos aqui, resta-nos uma última questão: O que precisa ser transformado? Creio que cada pessoa que busca a Deus em oração ou no culto tem uma visão pessoal do tipo de transformação que deseja para a sua vida. Pode ser a vitória sobre o sofrimento causado por uma vida atribulada, um relacionamento em crise, uma grave crise financeira, problemas de ordem familiar, doenças diversas, traumas e complexos, ansiedade e medo, depressão ou algum outro igualmente trágico. O mundo também precisa de transformação: aquecimento global, violência, corrupção, misérias, doenças e guerras. A igreja também urge mudanças urgentes: apatia, materialismo, depravação, individualismo, teologia da prosperidade, teologia egocêntrica, suicídio de pastores, alienação teológica. São muitas questões. Todavia, todas têm um ponto em comum: não são a doença, mas apenas os sintomas de um único mal chamado "pecado". O profeta Jeremias bem disse: "De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados" (Lm 3:39). E se o problema da humanidade é o pecado, a única solução é a salvação. Para o crente, que já está salvo, santificação e confiança em Deus.

O que buscamos em oração ou no culto talvez não seja o tratamento para a doença, mas apenas um paliativo para o nosso sofrimento. E as igrejas modernas estão peritas em oferecer tais paliativos, formas de aliviar a dor sem tratar profundamente aquilo que a está causando. As pregações triunfalistas não somente culpam o diabo por todas as mazelas humanas, como também oferecem bênçãos e vitórias que pretendem resolver a questão. Mas não cuidam do principal: o coração, o caráter. A grande questão é que "atenuando os sintomas, podemos ocultar a verdadeira enfermidade" (LLOYD-JONES, 2008, p. 33). Deus nos escolheu para sermos santos e irrepreensíveis (Ef 1:3; cf. Cl  1:21-23 e Rm 8:29). Não adianta uma transformação aparente, tratando dos sintomas. O problema persistirá e se agravará ainda mais. A quem estaremos enganando? Não adianta oásis de felicidade se a nossa vida continuar um deserto. Não adianta nada que nos traga uma sensação falsa de vitória, quando tal vitória é meramente terrena e não envolve as coisas celestiais nem a eternidade. São paliativos. São máscaras que ocultam o pecado que traz todas as crises que enfrentamos ou a maneira equivocada com a qual lidamos com elas.

A Palavra de Deus é poderosa para nos transformar de dentro para fora. Ela deseja atingir o nosso ego para submetê-lo a Cristo (Gl 2:20), retirando a máscara da religiosidade através de uma transformação estrutural, e muitas vezes dolorosa, do nosso caráter. Ela requer um alto grau de humildade em reconhecer  onde e como estamos errando, pois fomos resgatados para uma vida nova (Rm 6:3-7). É claro que não me preocupo aqui com a transformação da conta bancária, mas da vida espiritual, da nossa relação com Deus e com as pessoas. Essa é uma transformação moral. É preciso ir ao cerne da questão, avaliar nossas motivações, rever nossas atitudes ou a ausência delas. Daí surgirão respostas para nossas crises interiores, conjugais, familiares, ministeriais, profissionais, etc. No texto supracitado de Romanos (12:1,2), Paulo fala de transformação do centro das nossas escolhas e decisões: a mente. São nossos pensamentos que geram sentimentos, produzindo ações que trarão consequências. O que é como temos pensado? Como isso tem afetado nosso modo de viver, de lidar com as tentações e os problemas? Até que ponto nossos pensamentos glorificam ou não a Deus? É essa a transformação que devemos buscar todos os dias. Renove-se!

Dever de casa: Faça um autoexame sincero e meticuloso. Desnude-se diante de Deus e assuma o que precisa ser transformado dentro de você. Deixe-se moldar por Ele.


CONHECIMENTO ESPIRITUAL

Leia: 1 Coríntios 2:9-16

Quem nos transforma é Deus. Precisamos conhecê-lo. Mas não há como conhecermos a Deus se Ele não se revelar a nós (Êx 3:1-14; Is 46:9,10; Dt 6:4; Jo 14:6; Ap 22:12). Ele fez isso por meio de três revelações: GERAL, que é a natureza ou tudo que foi criado (Sl 19:1; Rm 1:20); ESPECÍFICA, que é a sua Palavra, a Bíblia (Hb 4:12; 2 Tm 3:16,17); e ESPECIAL, a sua encarnação como Filho, Jesus Cristo (Jo 1:1-14; Fp 2:6-8; Hb 1:1-4). Mesmo Deus se revelando dessa maneira, nem todos são capazes de enxergá-lo. Alguns olham para a natureza e a veem como um deus ou os seus elementos como deuses (os astros, os animais, etc.). Outros não veem a Bíblia como revelação divina inspirada, mas como um livro humano que serve aos propósitos de um seguimento religioso judaico-cristão. Quem olha para Jesus, nem sempre o vê como Deus, mas como um demiurgo, mestre, filósofo ou psicólogo (veja no discurso de Pedro, em Atos 2:14-36, a incredulidade dos judeus). Os incrédulos jamais veem Jesus como Criador e Senhor de tudo e de todos. Então, não basta apenas Deus se revelar, é necessário uma visão espiritual e correta do Deus que se revela. E isso não é algo que todos possuem. Muitos jamais irão possuir (2 Co 4:4). A Palavra de Deus só atua com eficácia na vida daqueles que creem em Cristo para a salvação (1 Ts 1:9,10; 2:13; 1 Pe 1:23-25).

O nosso conhecimento de Deus é parcial (1 Co 13:9-12) e envolve somente o que Ele quis relevar, e já é suficiente para nós (Rm 11:33-36). Além disso, ideias distorcidas moldam e maculam nossa visão. Para conhecermos Deus e entendermos a sua vontade, precisamos da mente de Cristo, como lemos em 1 Coríntios 2:9-16. Para entender a Bíblia e experimentar a transformação que ela opera, é necessário que o Espírito Santo abra os nossos olhos espirituais (At 26:28). Leia em sua Bíblia estes dois exemplos: Lucas 24:44-46 e Atos 16:14. Até os dias de hoje, os judeus possuem seu entendimento cego e são incapazes de reconhecer em Jesus Cristo o Messias prometido em todo o Antigo Testamento (2 Co 3:14-18; 4:4-6). Aqueles que estão em Cristo possuem o conhecimento dado por Ele para o reconhecimento da verdade revelada (1 Jo 5:20). Embora uma das características da Bíblia seja a perspicuidade, é a sabedoria do Alto que fará a diferença para conhecermos o que Deus nos revela (Tg 3:17; Ef 1:17; Cl 2:2).

Tudo isso já nos ajuda a entender algumas questões. Por que muitos leem a Bíblia e não a entendem nem apreendem seu conteúdo espiritual? Por que tantos acham difícil ou mesmo impossível cumprir o que ela ordena? Por que inúmeros cristãos têm sua Bíblia aberta em casa no Salmo 91, bem ao lado de um bar ou de imagens de escultura? Por que, mesmo dizendo acreditar na Bíblia, tantos crentes se deixam levar pelo ensino mentiroso dos falsos profetas? Por que muitos que leem a Bíblia vivem no pecado? Se o Espírito Santo não nos guiar, a Palavra não nos transformará. Sem uma visão espiritual, o sobrenatural de Deus não se revela (veja 2 Reis 6:15-17). Sem a regeneração efetuada pela graça de Deus, nossos esforços serão inúteis. Quem não é morada do Espírito, está ainda perdido. Mas aquele que é templo do Espírito Santo, deve viver sob sua dependência, pedindo sabedoria e iluminação espiritual para entender a vontade de Deus e praticá-la. É Isto que demonstra que verdadeiramente somos transformados por Cristo: se guardamos os seus mandamentos (1 Jo 2:3-6). Afinal, este é o objetivo de ler e entender a Bíblia: encarnar suas verdades e vivê-las. A fé sem obras é morta (Tg 2:18-26).

Dever de casa: Pesquise na Internet ou em um livro de teologia sobre a revelação de Deus. O que é a Bíblia? Como ela chegou até nós? Quem a escreveu? Como? Qual a sua importância?


CONHECIMENTO E PRÁTICA

Leia: Jó 42:1-6

Embora este estudo seja apenas a ponta do iceberg de tudo que há para aprender sobre o tema proposto, podemos concluí-lo afirmando que sem a intervenção poderosa do Espírito Santo é impossível haver conhecimento de Deus e da sua Palavra, muito menos salvação e transformação integral de vida. Tudo é um processo que se iniciou ainda no Paraíso, e teve seu ápice na cruz e na subida aos céus do Cristo ressurreto. Como participantes dessa gloriosa benção, crescemos na medida em que avançamos, prosseguindo rumo à perfeição, como o apóstolo Paulo (Fp 3:12). Deus trata nossos pecados e limitações. Ele nos aperfeiçoa diariamente, provando-nos e provando-nos (Tg 1:2-4,12; 1 Pe 1:6,7; 4:12-14). Eis a diferença que a Palavra opera na vida do crente: ela o santifica. E o fato se sermos santos revela a nossa natureza regenerada. Conforme escreveu J. C. Ryle, em seu livro "Santidade" (ed. Fiel, 2002): "Devemos ser santos, porque essa é a única evidência segura que possuímos fé salvadora em nosso Senhor Jesus Cristo" (p. 67).

Lembre-se: embora a fé deva ser exercida com o uso da razão, o conhecimento de Deus e a fé em Cristo não partem de um assentimento meramente intelectual, mas são uma obra produzida pelo Espírito Santo. Podemos chamar Jesus de Senhor sem jamais tê-lo conhecido (Mt 7:21). A verdadeira transformação operada pela Palavra de Deus só é possível e conduz à vida eterna quando é o Espírito que atua na vida do perdido. Não somos nós que deliberadamente o escolhemos, mas é Deus quem nos escolhe (Jo 15:16). Sendo escolhidos e regenerados pela Palavra da verdade (Ef 1:13; Cl 1:5; Tg 1:18), podemos experimentar sensíveis transformações diárias do nosso caráter, temperamento, ideologias, relacionamentos e vocações. Além disso, somos transformados com propósitos bem específicos: praticar as boas obras (Ef 2:8-10), salgar e iluminar o mundo (Mt 5:13-16), dar frutos (Jo 15:15,16), testemunhar de Cristo (At 1:8), amar com o amor com que fomos amados (Gl 6:2; Tg 2:8; Jo 15:12), ensinar e discipular outros (Mt 28:19,20).

Deus se revela para que o obedeçamos (Dt 29:29). O conhecimento de Deus através da sua Palavra nos torna pessoas melhores: pais, filhos, patrões, empregados, crentes, etc. Esse conhecimento deve ser correto: a sã doutrina (1 Tm 4:6,7; 2 Tm 4:2-4; 6:3; Tt 1:9). Mas não deve ficar só no conhecer. É preciso praticar. E a prática da Palavra se resume em um único verbo: amar. Não existe espiritualidade cristã e vida íntegra sem coerência entre aquilo que cremos (ortodoxia) e aquilo que praticamos como fruto dessa crença (ortopraxia).  O Senhor Jesus nos ensinou: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13:35). Ser discípulo de Cristo envolve crer nele; ser conhecido como seu discípulo envolve a prática do amor. A mensagem do Evangelho é uma mensagem de amor, de fé, de perdão, de restauração, de reconciliação, de esperança, de abandono do pecado, de obediência, de adoração e de serviço a Deus. A transformação se dá por meio do amor e gera amor. Se amamos com o amor de Deus, a transformação já aconteceu e continuará a acontecer.

Dever de casa: Ore. Frequente os cultos de ensino da sua igreja e a escola bíblica dominical. Leia a Bíblia diariamente. Leia livros de teologia. Participe de seminário teológico ou grupos de estudo da Palavra de Deus.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao fim do nosso estudo. Espero que você tenha aprendido bastante sobre o poder transformador da Palavra de Deus. Esta Palavra não é somente inspirada, mas também é útil (2 Tm 3:16,17). Ela existe para cumprir seu propósito no mundo, na Igreja e na vida de cada crente individualmente. Mas não basta saber, é preciso aplicar a verdade bíblica de maneira contextualizada à nossa realidade atual. Não basta ter fé, é preciso ter a fé salvífica despertada pelo Espírito Santo. Desejo finalizar com alguns pontos que mostram a importância da Bíblia para nós e o poder que ela exerce sobre a vida daquele que, pela graça de Deus, tem fé em Jesus Cristo.

Ela é divinamente inspirada, não contém erros nem mentiras. Podemos confiar plenamente no seu conteúdo (2 Tm 3:16,17; 2 Pe 1:19-21).

Ela é a Revelação específica de Deus para nós. Ela mostra quem Deus é (sua natureza e seu caráter) e qual a sua vontade para a humanidade e para a Igreja (Hb 1:1-4; 1 Sm 3:4; 1 Rs 9:9,13).

Ela nos mostra Cristo e nos torna sábios para a salvação (Jo 14:6; 20:30,31; At 4:12; 2 Tm 3:15).

Ela nos mostra o nosso pecado e se mostra como poder de Deus para a salvação daquele que crê em Jesus. Fora das Escrituras Sagradas não existe possibilidade de salvação (Gl 3:22; Rm 1:16).

Ela é a única fonte divina de fundamento da nossa fé e nos protege das heresias. Tudo o que precisamos saber a respeito daquilo que cremos está na Bíblia (Gl 1:6-10). Ela é a nossa fonte da verdade (Jo 17:17).

A Bíblia nos fornece todos os elementos essenciais para uma vida espiritual sadia e prática, transformando o nosso caráter e nos capacitando para a obra do Senhor, mostrando-nos os princípios de Deus (Gl 5:22,23; Hb 4:12; 2 Tm 3:16).

Através da Bíblia somos ensinados, corrigidos, repreendidos e educados por Deus (2 Tm 3:16). Somos também advertidos por Ele (1 Co 10:10-12; Sl 19:11).

Conhecer a Palavra de Deus nos traz alegria, esperança, gozo, sabedoria e entendimento (Jr 15:16; Sl 19:7-10; 2 Pe 3:18; Rm 15:4). Ela é uma fonte de ricas bênçãos para quem a obedece (Lc 11:28). Não basta ler a Bíblia e as bênçãos nos perseguirão: é preciso nos comprometer com seu conteúdo.

Ele nos dá direção. Por ela somos preservados do erro (Sl 119:11,105).

Temos a nossa vida purificada e somos levados à maturidade e equipados para a vida (Jo 15:3; 2 Tm 3:17). Ela é fonte de crescimento (Jo 15:3; 1 Pe 2:2).

A Palavra de Deus nos sustenta nas dificuldades (Sl 119:92).

A Palavra de Deus é a nossa fonte segura de poder (Rm 1:16).

Dever de casa: Pesquise e estude HERMENÊUTICA. Ela o ajudará a compreender melhor o texto bíblico, sob a direção do Espírito Santo.

AUTOR: Mizael de Souza Xavier

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quarta-feira, 30 de outubro de 2019

A PARALISIA DO SONO NA BATALHA ESPIRITUAL




Existe um fenômeno que atinge milhares de pessoas no mundo inteiro e que pode ser facilmente confundido com opressão demoníaca ou visões. Chama-se “paralisia do sono”. O que caracteriza a paralisia do sono é um estado momentâneo de imobilidade corporal logo após o despertar, podendo ocorrer com menos frequência imediatamente antes de adormecermos. Esse distúrbio acontece geralmente numa fase do sono chamada REM (Rapid Eye Movement, ou movimento rápido dos olhos), que é quando os sonhos se tornam mais vívidos, ocorrendo no momento de transição entre o sono e o estado de vigília. Nesta fase, os olhos se movimentam rapidamente, como ocorre quando estamos acordados. Durante essa terrível experiência, a pessoa acorda, mas não consegue se mexer nem falar; ela tenta se levantar ou gritar, mas os seus músculos não respondem ao seu comando. Esse momento pode durar alguns segundos ou até cinco minutos, quando finalmente a pessoa consegue despertar do seu “transe” e levantar-se. A paralisia do sono acontece porque as funções da consciência voltam ao despertarmos, mas a estrutura do sono REM permanece parcialmente funcionando. Ou seja: o cérebro desperta antes do corpo.
            Esse tipo de distúrbio pode trazer inúmeros problemas para a nossa saúde psíquica e física, ou pode ser fruto de noites mal dormidas. Ele também pode estar ligado à narcolepsia, um distúrbio do sono caracterizado pelo excesso de sono durante o dia, mesmo que tenhamos dormido bem à noite. Os episódios da paralisia do sono também estão associados à depressão, hipertensão e distúrbios convulsivos. A ansiedade também pode ser um fator de predisposição à sua ocorrência. Além da paralisia em si, esse estado pode ser acompanhado de alucinações hipnagógicas, que estudamos anteriormente, que podem ser visuais, auditivas, olfativas e táteis. Assim, durante a paralisia, o indivíduo pode ver, ouvir e sentir coisas que não estão ali, mas que foram transportadas dos seus sonhos ainda latentes para o ambiente onde ele se encontra dormindo. Além de ouvir passos, ruídos ou vozes, é possível sentir cheiros desagradáveis. A ignorância a respeito das questões relacionadas à paralisia do sono pode levar a uma compreensão equivocada daquilo que se vê, sente e ouve quando ela ocorre, o que está diretamente ligado à batalha espiritual, uma vez que esses fenômenos sensoriais podem ser interpretados como uma presença maligna, opressão ou visões proféticas.
            As pessoas que sofrem com a paralisia do sono afirmam que costumam ver coisas, como vultos, pessoas, seres estranhos ou espíritos malignos. Essas visões, dependendo da crença do indivíduo, podem remeter a seres extraterrestres, fantasmas ou demônios. Entretanto, a paralisia do sono não está ligada a nenhuma questão espiritual voltada para o mundo dos demônios. Ela acontece porque, durante o sono, o nosso cérebro relaxa todo o nosso corpo, para evitar que façamos movimentos bruscos enquanto estamos dormindo, reproduzindo o que sonhamos. Ou seja: sonhar que está lutando e desferir golpes enquanto dorme, ou sonhar que está correndo e de fato sair correndo. Ao acordar com a paralisia do sono, o indivíduo sabe que acordou, mas continua vendo as coisas que estavam presentes no seu sonho, o que pode lhe causar alguma confusão mental. Ou seja: a realidade inconsciente é transportada para a realidade consciente. Parte daquilo que estávamos sonhando parece se materializar diante de nós (sons, imagens, cheiros, toque, etc.), quando, na verdade, estão apenas dentro da nossa cabeça. Essas alucinações são produzidas pelo pavor que sentimos quando percebemos que estamos acordados e não conseguimos nos mexer, quando vultos começam a aparecer do nosso lado ou escondidos no ambiente.
            Aqueles que sofrem com esse tipo de condição, relatam a presença de seres malignos sentados do seu lado, caminhando ao seu redor e, o que é mais assombroso, encima delas, enforcando-os. O filme Mara, ou O demônio do sono (2018), dirigido por Clive Tonge, retrata uma dupla realidade: a questão científica buscada pelos especialistas para a paralisia do sono e as questões espirituais, dando-nos uma versão demoníaca de como seria se este fenômeno estivesse realmente ligado às questões sobrenaturais. No filme, os personagens são atormentados por um demônio chamado Mara, que ataca as suas vítimas quando elas estão imóveis após despertarem do seu sono. Além de aterrorizá-las com visões, ela se ajoelha sobre elas e as esgana, até que morrem terrivelmente. Em um mundo neopentecostal, onde o movimento de batalha espiritual toma emprestado das religiões espiritualistas africanas as explicações para as suas teorias, a presença desse demônio pode ser real, ou a única explicação para quem sofre com a paralisia do sono, quem vive na ignorância e busca a ajuda de igrejas neopentecostais para resolver o seu problema.
            Este ponto nos chama a atenção para o cuidado que devemos ter com supostas infestações demoníacas, mesmo dentro de casa. O membro da família que sofre com a paralisia do sono pode ser considerado um canal de ligação entre o mundo das trevas e o nosso mundo, como “sensitivo” ou endemoninhado. Ao invés de tentar cuidar do seu distúrbio, seus familiares podem tratar a questão como espiritual, levando-o a centros espíritas, rituais de exorcismo católicos ou sessões de descarrego em igrejas evangélicas. Para a Igreja, o risco de espiritualizar a paralisia do sono pode significar, ainda, o aprisionamento em tudo o que temos visto aqui, incluindo supostas revelações trazidas durante esse período. Como as alucinações hipnagógicas envolvem estímulos auditivos, aquilo que o indivíduo estava sonhando pode transportar-se para o seu despertamento, produzindo vozes que repetirão o conteúdo dos seus sonhos. O grande risco é tomar isso como revelação de Deus ou mensagens demoníacas, levando-as para a igreja ou transformando-as em doutrinas. Não são poucos os relatos que ouvimos de irmãos que afirmam ter tido visões, dando a certeza de que estavam acordados, que viram e ouviram Deus falar ou mesmo o diabo. Eles podem ver pessoas e situações em suas alucinações, transmitindo à igreja como algo da parte de Deus, como uma mensagem divina específica.

Mizael Xavier

Este estudo faz parte do capítulo “Lutando a batalha errada: sonhos e visões”, do meu livro:

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terça-feira, 24 de setembro de 2019

RAZÕES PARA NÃO DESISTIR DA VIDA




RAZÕES PARA NÃO DESISTIR DA VIDA

            Hoje você está vivendo uma realidade totalmente contrária daquela que outrora idealizou, caso esteja saindo de uma relação com alguém que você ainda ama muito. O fim de um relacionamento não significa a mesma coisa para todas as pessoas, pois nem todos o encaram da mesma maneira, e isso precisa ser respeitado e levado em conta. Para as pessoas proativas e resilientes, que não se deixam influenciar negativamente pelas circunstâncias, mas agem da maneira assertiva e transformadora, o fim de um relacionamento é encarado mais assertivamente. Embora elas se entristeçam, como é normal acontecer, aproveitam as situações de crise para aprender com elas e se fortalecer. Ainda que o fim de uma relação amorosa nem sempre possa ser previsto, elas encaram a situação com serenidade, entendendo que não podem controlar todos os eventos da sua vida, por isso terão que aprender a lidar com a situação de perda e conviver com ela. Se o mundo todo fosse feito somente de pessoas assim, haveria menos ansiedade e depressão. Todos nós teríamos mais amor próprio, uma boa autoestima e nos sentiríamos felizes e seguros.
            Mas existe outro grupo, talvez bem mais numeroso, que não consegue agir dessa maneira. Ele é composto por pessoas reativas e passivas, totalmente influenciáveis pelas circunstâncias que as cercam, geralmente incapazes de responder de maneira assertiva aos problemas que surgem, entregando-se a eles de corpo e alma. Ao invés de apagarem o incêndio, elas ficam correndo desesperadas em torno dele, gritando: Fogo! Fogo! Para esse grupo de pessoas, o fim de uma relação amorosa significa a perda do chão que as mantinha de pé e seguras. Elas depositaram toda a sua felicidade nas mãos da pessoa amada, por isso ficam atordoadas, sem saber o que fazer para serem felizes novamente. Foram condicionadas a uma situação que agora mudou completamente. Possuíam planos, sonhos e projetos que foram desfeitos ou que nem deu tempo de realizar. Elas só conseguiam se enxergar a partir do olhar e da aprovação da pessoa amada; agora não sabem mais quem são. A vida perdeu completamente o sentido quando perderam o seu amor. A reação mais extrema a essa perda de sentido é a desistência da própria vida por meio da autoaniquilação, com o uso de entorpecentes, o abuso do álcool, a depressão e até mesmo a criminalidade. Em um nível mais drástico, o suicídio é tido como uma saída para quem já considera a sua existência totalmente desnecessária.
            Há alguns dias, meu colega de trabalho relatou uma experiência que presenciou quando servia o exército. Seu colega de farda tinha perdido naquele dia a namorada. Certa hora da madrugada, ele foi encontrado no dormitório com uma faca encostada contra o peito na tentativa de tirar a própria vida. Após muito esforço, conseguiram tirar a faca das suas mãos e o levaram á carceragem, onde ficou preso o resto da noite, até o dia seguinte, com a chegada dos seus pais. Durante muito tempo, aquele rapaz teve acompanhamento psicológico, e o cuidado era redobrado com ele no quartel: nada de faca, pistola ou fuzil. Essa é apenas uma dentre tantas histórias de tentativas de suicídio como resultado da perda da pessoa amada. Outras histórias, infelizmente, envolvem a morte do suicida. Em muitos casos, antes de se matar, o indivíduo mata o ex antes de tirar a própria vida. Algumas vezes matam também os filhos e depois de matam. Tudo isso por causa do fim de um namoro, o término de um noivado ou o fim de um casamento.
             O suicídio é um ato, mas envolve inúmeros eventos anteriores, a começar pela falta de estrutura psicológica e espiritual. Pode ser que alguma vez tenha passado pela sua cabeça que não vale mais a pena viver, que a dor é insuportável e jamais passará, que não é possível existir em um mundo onde você e o seu amor não estejam juntos e felizes. Pode ser que você esteja pensando isso agora! Não quero aqui questionar os seus motivos, mas me permita lhe oferecer uma oportunidade de repensar a sua situação, valorizar esta jóia preciosa que Deus fez – você! – e descobrir que vale a pena continuar vivo. Leia com atenção essas razões, para que você permaneça vivo.


Você é maior que o seu relacionamento

            Para por um instante e reflita: você tinha uma história antes de aparecer essa pessoa na sua vida. Você tinha sonhos e planos que não a envolviam. Pela lógica, se a sua vida sem ela não existe, na verdade você nunca existiu. Mas já que você existe e vive desde o dia em que nasceu, está vivo até hoje e continuará vivo até quando Deus quiser. Dizer: “Eu não vivo mais sem ele(a)” é uma tremenda contradição , pois se você diz isso, significa que está vivo, pois os mortos não falam! A sua vida não começou quando você a conheceu nem terminou quando ela lhe deixou. O seu relacionamento era apenas mais um retalho na grande colcha da sua vida. O que lhe parece ser mais sensato: costurar um novo retalho no buraco que ficou ou jogar a colcha inteira fora? O que tem mais valor para você: a sua própria vida, os sonhos e planos que você ainda pode realizar, a sua família e amigos que te amam ou alguém que deixou bem claro que não se importa com você? Ou que foi sincera o suficiente para por fim a uma relação que não estava dando certo.
            Enxergue a sua vida por outro ângulo, mude a perspectiva. Olhe ao seu redor: você não é somente um namorado ou namorada, um noivo ou noiva, um marido ou esposa. Você estuda em alguma escola ou faculdade, faz algum curso. Você é funcionário de uma empresa ou empresário. Você é membro de uma Igreja ou sócio de um clube. Você é pai, mãe, tio, tia, sobrinho, sobrinha, colega. Você torce por algum time, pratica algum esporte, é fá de algum artista. Ou quem sabe o artista é você: canta, dança, pinta, esculpe, escreve, costura, representa. Você possui talentos, vocações, alguma ideologia política, manias, um hobby. Você passeia, vai ao cinema, à praça, à praia, ao shopping, a alguma festa. Percebe como você e a sua vida são muito maiores que o seu relacionamento? Por causa de um fato da sua vida – o fim do relacionamento amoroso – você vai abrir mão de tudo o que você é e faz? Por causa de uma pessoa que não lhe ama mais, você desperdiçará o amor de tantas outras? A sua vida é muito maior que um relacionamento, muito mais abrangente. E mais importante!


Deus se importa com você

            Deus criou cada um de nós com um propósito, com uma missão a cumprir. Você acredita realmente que o propósito de Deus para a sua vida é que ela acabe tragicamente de forma tão prematura? Tenho certeza que não! Você conhece a história de Jó? Ele era um homem muito rico, com uma grande família e temente a Deus. Jó foi provado em sua fé com a permissão de Deus, vindo a perder todos os seus bens, incluindo os mais preciosos: os seus filhos. Feridas purulentas e fétidas cobriram todo o seu corpo. A sua situação era tão terrível que a sua própria esposa lhe disse: “Ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre” (Jó 2:9). Ela queria que Jó, diante de todas as suas desgraças e dores, desistisse de Deus e da sua própria vida. Mas aquele homem de Deus lhe respondeu: “Falas como qualquer doida; temos recebido os bens de Deus, e não receberíamos também o mal?” (v. 10). Mesmo sofrendo, Jó compreendia que aquele aparente mal não poderia lhe destruir, porque Deus não faz nada sem nenhum propósito. O mesmo pode estar acontecendo com você agora. Talvez você não conheça o propósito de Deus para a sua dor, mas se esperar com paciência nele, verá que as lágrimas que você derrama hoje são as sementes da sua vitória.
            A história de José também é bastante significativa. Ele caiu nas graças do seu pai e de Deus, o que despertou a inveja e a ira dos seus irmãos, que o venderam como escravo quando ele tinha apenas dezessete anos. Seu destino traçado por Deus o levou a uma vida num país distante, o Egito, onde foi vítima de calúnia e esteve preso por treze anos. José jamais desistiu de si mesmo, jamais abandonou o seu propósito, pois sabia que Deus era Senhor na sua vida e que a sua vida era importante para Ele. Alguns anos após ser levado cativo, José se tornou governador de todo o Egito e teve a oportunidade de reencontrar seus irmãos e seu pai e de perdoar tudo o que fizeram com ele. Se José tivesse desistido quando todas as coisas pareciam cooperar para a sua destruição, não teria vivido uma história vitoriosa nem salvado o seu povo da fome que se abateu sobre aquela religião. Ele confiou em Deus e experimentou o poder do perdão. O que você está passando é uma consequência natural de estar vivo, mas Deus está no controle da sua história e com certeza tem preparado algo especial para você. Não desista de si. Aprenda a perdoar. Fique firme.


O ex viverá feliz sem você

            Eis um fato que todas as pessoas na sua situação precisam pensar sobre ele e levá-lo em conta antes de qualquer atitude impensada: enquanto você desiste da sua própria vida, o seu ex está feliz sem você e continuará feliz se você se for. E mais: nos braços de outra pessoa! Isso é duro de ouvir, mas é uma verdade que pretende impactar o seu coração, sacudir a sua mente e te acordar para a vida. Pense bem: o que acontece com os ex-companheiros de pessoas que se suicidam após o fim de um relacionamento? São enterrados junto com eles? Passam o resto da vida sozinhos e de luto em homenagem ao falecido? Claro que não! Eles continuam vivendo felizes, porque fizeram a escolha certa. Enquanto você destrói a sua vida entregando-se ao álcool ou às drogas, o seu ex está saudável, reconstruindo sua vida, recomeçando ao lado de outro amor. Não se iluda achando que se autodestruir irá despertar pena nele ou forçar uma volta. Não vai! E se ele voltar, será por pena, não por amor. Quanto tempo irá durar a relação? Existe uma frase bem popular, que diz: “De nada vale ser infeliz por alguém que é feliz sem você”. Isso não deve lhe causar ainda mais tristeza ou revolta, mas alimentar a sua convicção de que você é melhor do que isso, maior que o seu relacionamento, importante para Deus e merece algo muito melhor.


A fuga pode demonstrar egoísmo

            Como afirmei, você é muito maior que o seu relacionamento que não deu certo. Você é, inclusive, maior que o sentimento que carrega dentro de si. Ele precisa acabar; você, não. Existem mais pessoas na sua vida, além daquela que te abandonou. São pessoas que te amam e se importam com você, mesmo que você jamais tenha enxergado ou valorizado. Além disso, também existem pessoas que precisam de você. Desistir de si mesmo significa, também, desistir delas. Elas são seus pais, irmãos, filhos, sobrinhos, amigos, netos, avós, colegas, irmãos da igreja e até mesmo seus vizinhos. Todos têm muito a perder se você se perder. Ame-se e se importe consigo mesmo até perceber o valor que você tem para essas pessoas, o quanto elas te amam e precisam de você. Não pense apenas em si mesmo e na sua própria dor, mas também na dor que irá causar àqueles que te amam. Será que pela vida deles não vale a pena seguir em frente? Se para você é difícil perder alguém que continua vivo e feliz, imagine o quanto será difícil para tantas pessoas te perder para a morte ou para vícios e atitudes destruidoras. Percebe o quanto está em jogo?


A fuga pode demonstrar covardia

            As pessoas reativas não são corajosas. Elas evitam a dor e o sofrimento, pois não conseguem lidar com eles. Fugir da responsabilidade pela sua própria vida e transferir para os outros a culpa por seus infortúnios é a saída de quem não quer se envolver na construção da sua própria história. Essa passividade também se manifesta em momentos de grande tensão emocional, como aquela causada pela perda de um grande amor. Assim como o paciente em estado terminal no hospital escolhe parar o tratamento e desligar os aparelhos que o mantém vivo para aliviara a sua dor, algumas pessoas preferem se desligar da vida ou desligar a própria vida por não suportar o sofrimento causado pela rejeição e pelo abandono. A grande diferença é que você não está em estado terminal na UTI da vida, mas apenas atravessando um momento difícil que com fé em Deus e muito trabalho poderá ser superado. Não se acovarde, não busque a saída mais rápida e fácil. Lembre-se: os vícios poderão acabar com você, sem oferecer chance de retorno. E se você escolher a morte, retornar é ainda menos certo. Após a morte, segue-se o juízo (Hb 9:27). Busque a Deus e lute! Deus jamais desiste de você. Não desista de si próprio.


A superação é possível

            Desistir agora irá lhe privar da oportunidade de vivenciar uma verdade irrefutável quando se trata de relacionamentos que chegam ao fim: a dor passa e a superação vem. Vou revelar aqui algo que jamais compartilhei com ninguém. A dor da perda da minha amada no meu último relacionamento foi tão intensa, que pensei lá no fundo do meu coração que não havia mais razão alguma para continuar vivo. Eu estava vivendo um momento muito conturbado da minha vida, com problemas de todos os tipos, tristezas, desilusões e frustrações. Dar um fim à minha vida seria um alívio tremendo. Eu sentia um amor intenso por ela e um carinho verdadeiro. Ela era o meu céu e o meu chão. Ou seja: quando tudo terminou, fiquei sem céu e sem chão. Mas ao invés de insistir em pensar em razões para dar um fim à minha vida, procurei voltar meu foco para as razões que eu tinha para continuar vivendo. As primeiras foram meus filhos, Thiago e Milena. O que eu ganharia com isso? Nada! O que ela perderia? Nada, pois eu não tinha importância alguma na sua vida. Mas eu perderia a presença dos meus filhos, a realização de sonhos que ainda esperava realizar. A minha família me perderia, todos ficariam tristes e abalados.
            Então escolhi ficar, acreditar no poder de Deus e no meu valor. Isso me deu a oportunidade de passar pelo processo da superação, da cura e da libertação. Se minha escolha tivesse sido diferente, este livro não existiria nem todas essas coisas que você está lendo e que podem salvar a sua vida. Escrevi lindos poemas, fiz belas amizades, consegui um emprego e uma casa para morar com minha filha. Não vivo mais angustiado nem melancólico. Deus está trabalhando no meu coração, curando as feridas, aplacando o amor que um dia me fez achar que não existia vida além daquela pessoa. Ela teve a sua importância e o seu valor. Ela foi maravilhosa, proporcionou-me momentos preciosos de grande alegria, mas acabou. Ela merece ser feliz, recomeçar a sua vida sem mim, encontrar o seu verdadeiro amor. Eu também! Não desistirei jamais da minha vida. Não desista também da sua.


Outra oportunidade virá

            Se você optar por se aniquilar, perderá a chance de viver uma nova oportunidade, que com certeza virá. Não estou dizendo que pode ser que você encontre alguém, mas que você VAI ENCONTRAR alguém. Se você desistir agora, este alguém deixará de te amar, porque nunca teve a chance de te conhecer. O término de um relacionamento não é o fim, mas uma porta que se abre para uma nova história, um amor mais maduro, seguro e duradouro. Portanto, reinicie a sua vida ao invés de terminá-la. Faça uma pausa nas questões amorosas até estar total ou ao menos parcialmente curado, mas jamais se desligue. Se você não é marinheiro de primeira viagem no amor, com certeza deve saber que a frase “Eu nunca mais vou amar ninguém” é mentirosa, porque você amou outra ou outras vezes. Este é um dos grandes temas deste livro: levá-lo a ter esperança de que é possível viver uma história de amor e ser feliz. Aceite a sua atual situação como algo que está além do alcance do seu controle. É como uma grande inundação: não dá para salvar a sua casa enquanto a de todos os seus vizinhos fica debaixo d’água. Ânimo! Continue a ler este livro, absorvendo as importantes lições que ele traz e que farão uma grande diferença na sua vida. Permita-se prosseguir e superar.


Enxergue-se a partir de si próprio

            Se passa pela sua mente aniquilar-se aos poucos ou erradicar-se de vez, você está olhando a situação do ponto de vista errado. Pode ser que para você a sua vida não tenha o menor valor e tanto faz estar vivo ou não. Acredite, em diversas circunstâncias pensei assim. Mas saiba que você tem um valor intrínseco, algo que faz parte de você e que não depende das influências externas, da apreciação das pessoas ou de ser amado por quem te abandonou. Nada que lhe digam ao contrário ou que de contrário você pense a respeito de si mesmo mudará essa verdade. Um grande erro que cometemos ao amar alguém é nos fundir com ele. O que somos e temos passa a existir e a ter valor em função da pessoa amada. Nós apenas somos algo em relação ao que somos enquanto ela fizer parte da nossa vida. Se ela se vai, o que somos vai com ela, perdemos o nosso valor, damos adeus à nossa existência. Talvez seja por isso que muitos amantes desiludidos cometem suicídio: eles deixam de existir para si mesmos e tirar a própria vida é apenas um pequeno detalhe, já que a sua alma já fora arrancada. Não permita que isso aconteça com você. Traga-se de volta ao seu coração, à sua mente, aos seus cuidados, à sua importância. Você é alguém especial e tem muito valor para Deus.


Todo apoio é bem-vindo

            Outra lição muito importante que este livro traz é que você não precisa passar sozinho por tudo isso, mas pode buscar socorro na ajuda de pessoas idôneas que o ajudarão a compreender mais claramente a sua situação e buscar os meios corretos e eficazes de resolvê-la. Se você faz parte de alguma igreja, procure o seu líder e se abra com ele. As igrejas geralmente possuem diversos ministérios – ou pastorais – com os quais você pode se identificar: crianças, adolescentes, jovens, casais, senhoras, senhores, etc. Converse com os dirigentes desses ministérios/pastorais e exponha as suas dores e sentimentos de derrota. Busque, também, o apoio da sua família. Permita que ela conheça a sua situação, para que possa acolhê-lo e ajudá-lo. Se achar melhor, busque ajuda em um profissional de psicologia. O importante é que você não carregue todo esse peso sozinho, mas divida com os outros o seu fardo. Você encontrará pessoas que enfrentaram o mesmo problema e conseguiram superar. Eu sou um delas. Conte comigo.


Cuidado com as armadilhas mortais

            Como vimos, a dor revela quem são as pessoas. Um dos atos desumanos mais cruéis que tenho conhecimento, é daquelas pessoas que incentivam o suicídio e ensinam como podemos fazer para acabar de vez com a nossa dor por meio da morte. Existem sites na Internet especializados em ensinar várias formas de suicídio. Alguns vídeos – como o caso recente da boneca Momo – e jogos virtuais são produzidos para induzir ao suicídio, inclusive de crianças. O que passa na minha mente diante disso, é que existe algo muito diabólico por detrás dessas pessoas e suas intenções. Os indivíduos que investem em formas de ensinar as pessoas a tirarem a sua própria vida não são seres humanos comuns. Você precisa se manter longe de tudo isso. Não existe bondade alguma nessas ações. Não há a preocupação com o seu bem-estar, com o alívio da sua dor, mas apenas o desejo cruel de praticar o mal. Mesmo que as palavras de apelos sejam bonitas, mesmo que lhe garantam que tudo ficará bem, jamais acredite, acima de tudo porque você tem uma alma imortal que irá prestar contas diante de Deus.
            Os momentos de crise com grande peso emocional podem nos levar a praticar ações que não fazem parte da nossa maneira natural de ser. O desespero nos induz a muitos erros. Muitos casos, na verdade, revelam quem realmente somos por dentro – violentos, egoístas, cruéis, vingativos. Mas uma grave crise emocional pode desencadear pensamentos, sentimentos e ações que nos conduzirão a caminhos tortuosos, muitas vezes sem volta. Quando os nossos impulsos nos levam a praticar o que é errado – contra nós mesmos, contra o ex ou qualquer outra pessoa envolvida na história – sempre haverá pessoas e meios para tornar esse erro possível. Um exemplo simples é de um dono de bar que não se importa quando o seu cliente vai afogar as suas mágoas na cachaça. Não importa o quanto ele beba, o quanto gaste ou o quanto isso irá lhe prejudicar, o que importa é que pague no final. Por pior que seja o seu problema, sempre haverá alguém disposto a lhe oferecer alguma saída – álcool, drogas, crimes, prostituição, etc. – que fará com que você fique ainda pior. Ame-se mais do que a sua própria dor. Valorize-se mais do que o seu relacionamento. Ele pode morrer, você não!



CAPÍTULO DO LIVRO “NINGUÉM MORRE DE AMOR” DE AUTORIA DE MIZAEL DE SOUZA XAVIER. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. ADQUIRA O SEU E-BOOK PELA AMAZON




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