Anteriormente,
vimos como fazer para não entrar numa fria ainda maior. Uma das formas de
fazermos isso é utilizando parâmetros que nos ajudarão a definir que tipo de
pessoa queremos para estar na nossa vida, para ser o nosso amor. E também para
definir quem temos condições de amar e fazer feliz. Neste capítulo apresentarei
uma lista de parâmetros justos como uma boa margem de segurança que podem lhe
ajudar a se permitir amar e ser amado. Como “parâmetros justos” quero dizer que
você não deve aceitar qualquer pessoa ou situação que possa lhe prejudicar, mas
também que não deve exigir grau máximo de perfeição de ninguém. Além disso,
você nunca poderá exigir aquilo que também não estiver disposto a dar. Como
margem de segurança, refiro-me a buscar o melhor das pessoas, mas entendendo
que elas, assim como você e eu, são falhas. Também significa, por exemplo, não
se envolver com alguém agressivo, que possua um histórico de abusos em outros
relacionamentos, caso você já tenha vivido essa situação – ou mesmo que não
tenha vivido, claro.
Priorize os valores
A pessoa ideal para uma relação amorosa sadia é aquela que possui valores morais e espirituais elevados. Esses valores refletirão o seu caráter e o seu pensamento com relação ao amor e ao relacionamento a dois. Esse pensamento definirá o comportamento da pessoa com relação a você e ao relacionamento amoroso (objetivos, papéis, responsabilidades, etc.). Os valores elevados e verdadeiramente sólidos estão na Bíblia. Eu costumo dizer: escolha para amar alguém que se tivesse que escolher entre você e Deus, escolheria Deus. O temor do Senhor é o princípio da sabedoria (Pv 9:10), inclusive a sabedoria necessária para conduzir corretamente uma relação afetiva. Aquele que está em Cristo é nova criatura e produz os frutos do Espírito Santo, que tem o amor como fundamento, trazendo segurança ao casal. Alguém sem esses valores, não transmite segurança.
Se você deseja ter ao seu lado alguém que
queira viver uma linda história de amor com você, não busque uma pessoa que não
tema a Deus e que se envolva com coisas erradas. Desenvolva em si mesmo os
valores corretos e busque-os: justiça, honestidade, respeito, retidão, verdade,
amor próprio, humildade, solidariedade, amor à família. Relacionar-se amorosamente
com pessoas já comprometidas fere muitos desses valores. Alguém que não
valoriza a família, que faz uso de substâncias que prejudicam a si mesmo e quem
está à sua volta, que não respeita as leis de trânsito, que não se importa em
fazer gato na energia ou na TV a cabo, que não honra os seus pais, que não
gosta de trabalhar, que é desleal com os colegas e amigos, que não gosta de
servir, que não se envolve em nada que beneficie a outros, também já indica que
tipo de valores cultiva. Alguém assim será um bom marido ou esposa? Uma pessoa
preocupada apenas em consumir e manter-se belo terá valor pelas coisas
espirituais e emocionais? Se alguém não ama a si mesmo nem aos seus, o que fará
por você?
Busque um parceiro
Muitas pessoas se aproximam de nós com o desejo de se relacionar conosco, mas são poucas que desejam se tornar verdadeiras parceiras na relação. Amar implica em doação e partilha, em entrega e companheirismo, em dedicação e cuidado, em estar presente e fazer a diferença. Nós nos damos e também recebemos. Uma relação a dois é feita pelos dois, não apenas por um dos dois. Devemos desejar e buscar para a nossa vida alguém que seja parceiro em todas as horas: nas alegrias e nas tristezas, na responsabilidade pelo sucesso da relação, na solução dos problemas, nas atividades cotidianas, mesmo as mais chatas. Precisamos de alguém que seja positivo, que nos anime e nos impulsione, que nos incentive e aplauda as nossas conquistas ou nos console nas nossas derrotas. Mas também alguém sincero, capaz de nos corrigir quando errarmos e nos ajudar a acertar. Precisamos de alguém disposto a crescer ao nosso lado, a dar tudo de si, assim como daremos tudo de nós. Precisamos ser parceiros também.
Cuidado com os
opostos
Em se tratando de uma relação amorosa, a única verdade por detrás da falácia “os opostos de atraem” é a questão do gênero sexual: o homem é atraído pela mulher e vive-versa. Ainda assim, é totalmente errado falar em “sexo oposto”. O homem não é o oposto da mulher e nem a mulher é o oposto do homem. Aqueles que se opõem entre si jamais poderão caminhar juntos. Não somos o oposto um do outro, apenas carregamos um gênero sexual diferente. O oposto seria algo contrário a nós: nossa essência, nossa fé, nossa filosofia de vida, nossos sonhos, nossos gostos e preferências. Quanto mais uma pessoa é oposta a nós, maiores serão os problemas que enfrentaremos numa relação amorosa com ela. Se jamais encontraremos alguém que seja 100% parecido conosco, viver ao lado de quem é 100% diferente não fará bem para nenhum dos dois.
Existem alguns opostos que podem ser
relevados e que não influenciam negativamente no relacionamento, embora
apresentem alguns desconfortos. Por exemplo: torcer por times de futebol
diferentes e ainda por cima rivais. Muitos casais convivem bem com isso, mas
como a esposa santista irá com o marido ao estádio numa final de campeonato
contra o Corinthians? Ter uma filosofia político-partidária diferente e
divergente também gera situações incômodas: um é de extrema-esquerda, outro de
extrema-direita. Sempre haverá muitos atritos e discussões. A questão é: até
que ponto o casal é capaz de conviver bem com os opostos e manter uma relação
amigável? Um bebe e o outro odeia bebida; um fuma e o outro odeia cigarro; um
só se realiza saindo todo final de semana para uma festa diferente, o outro é
muito caseiro; um diz que o forró é a sua alma, o outro não consegue nem
escutar o som de uma sanfona; um quer estudar e se formar, o outro não sai do
baile funk; um é advogado de defesa, o outro é promotor; um não vive sem
barulho, o outro é fã do silêncio.
Não estamos falando de gostos
diferentes, mas de gostos opostos. Nem sempre dará certo buscar algum tipo de
equilíbrio ou concessão. Sustento a opinião – e você tem todo o direito de
discordar – que devemos procurar para nos relacionar pessoas que compartilhem o
máximo de pontos comuns conosco. Isso evita muitos atritos e transtornos
desnecessários. Eu, por exemplo, abomino cigarro. Como poderei me casar com
alguém que fuma e ter que conviver com o cheiro de cigarro pelo resto da minha
vida? Se não sou uma pessoa da noite, como me darei bem com uma mulher que quer
estar a cada final de semana num bar diferente curtindo forró? Se prezo pela
moral e pelos bons costumes, como aceitarei do meu lado alguém que vive
totalmente o contrário? Sentir-se atraído por alguém que detesta tudo o que
gostamos e gosta de tudo o que detestamos é uma opção de cada um.
Uma questão delicada é a religiosa.
Desde o antigo povo hebreu, Deus proíbe que o seu povo se envolva maritalmente
com pessoas de outras religiões, como vemos em Deuteronômio 7:3,4. Embora não
pertençamos mais ao povo hebreu nem estejamos mais sujeitos à lei de Moisés, o
princípio permanece: envolver-se amorosamente com alguém que não obedece à lei
de Deus, aos seus princípios e, em alguns casos, é contrário a elas e ao
próprio Deus. Este, claro, é um parágrafo para o leitor que professa uma fé em
Deus, acima de tudo o cristão evangélico. Namorar pessoas de outras crenças é
incoerente. Isso não significa intolerância religiosa, mas justamente de
coerência. Como alguém crente em Cristo Jesus poderá se casar com uma pessoa
praticante do candomblé? Ele quer ir ao culto, ela quer ir ao terreiro; ele
serve a Jesus, ela serve a diversas entidades; ele invoca o Senhor nas suas
orações, ela, bem ao lado, invoca algum exu; ele serve ao Deus único, ela
mantém na sala imagens de diversos santos e entidades da sua religião. Quais as
chances dessa relação dar certo? Como um cristão estará casado com um ateu?
Além da questão religiosa, as
diferenças sociais, culturais e intelectuais também podem atrapalhar bastante
se forem opostas. Não estou afirmando que não devemos jamais dar oportunidade a
alguém que é diferente de nós, mas que precisamos estar certos de que essas
diferenças não nos trarão problemas, não envolverão o casal em conflitos
diversos durante toda a sua vida juntos. Se estivermos dispostos a suportar
tudo o que virá, a escolha é nossa. Questões de caráter e temperamento também
são muito delicadas. Não podemos buscar para nos relacionar apenas pessoas que
tenham o mesmo temperamento que nós, assim provavelmente morreríamos sós. Como
já afirmei, nós nos completamos um no outro. Entretanto, se sou um indivíduo
melancólico e aceito me relacionar com uma mulher de temperamento colérico, ou
vice-versa, em alguns momentos a nossa relação não será fácil. Ou eu a desanimo,
ou ela me enlouquece. Repetindo: não estamos falando de pessoas diferentes de
nós, porque todas são, mas de pessoas em tudo – ou quase tudo – divergentes de
quem somos e do que fazemos.
Mantenha a vigilância
Infelizmente, vivemos em um mundo em que parece haver mais pessoas dispostas a nos fazer o mal ao invés do bem, a errar mais do que acertar, a enganar mais do que viver a verdade. Muito longe de ser uma visão pessimista da vida, essa constatação deve nos servir de alerta de que nem sempre o que reluz é ouro. Como já afirmei, se não podemos nos permitir cometer os mesmos erros que atrapalharam o nosso relacionamento passado, não é justo permitir que os outros cometam certos erros conosco. Não encontraremos pessoas perfeitas pelo caminho: se o novo amor não é insensível e irascível como o anterior, mas carinhoso e racional, pode ser que, por outro lado, ele seja ciumento e controlador. Ou não! A questão é que não devemos nos dar ao luxo de sofrer passivamente as mesmas dores, de aceitarmos abrir mão de novo do nosso amor próprio para sustentar uma pessoa egoísta e, assim, continuarmos mais uma vez infelizes. Isto serve, acima de tudo, para quem viveu uma relação abusiva. Abuso nunca mais!
Já relatei sobre minha ex-noiva que
morria de ciúmes da minha filha e não suportava bem a ideia de que eu passasse
alguns finais de semana com meus filhos. Todo o meu tempo livre deveria ser
devotado a ela. Esta é uma situação que não aceito mais viver. Precisamos saber
o que estamos dispostos a aceitar e até onde temos condições de ir em um
relacionamento amoroso. Assim, evitaremos a declaração descabida: “Quando você
me conheceu, já sabia que eu era assim”. Ou seja, a pessoa reconhece que o que
ela é está interferindo negativamente na relação, mas deixa bastante claro que
não está disposta a mudar. Quem quiser, que aguente! Muitas vezes nos
sujeitamos a certos desvios de caráter, temperamentos complicados, vícios e
manias indesejáveis porque estamos apaixonados, porque temos esperança de que o
tempo mude todas as coisas. Quando uma pessoa crente se casa com um descrente,
acostumado aos bailes e bebedeiras da vida, tem esperança de que o seu amor e o
amor de Deus farão a obra no devido tempo, e virá uma conversão, o que, creio
eu, não acontece na maioria das vezes. O marido agressor segue agressor até o
fim. A mulher adúltera prossegue adulterando.
Não podemos negar as grandes
conversões. Se Deus tem um plano na vida desta ou daquela pessoa, não importam
o seu caráter, temperamento ou vícios, porque ela irá se converter. Deus pode
operar milagres na vida de qualquer um que Ele queira, trazendo-o das trevas
para a luz. A grande questão é que, apesar da nossa fé e da nossa confiança
inabalável em Deus, não sabemos se a pessoa que escolhemos para amar foi
escolhida por Deus para a salvação, se está em seus planos transformar a vida
daquele pecador. Muitos morrem na incredulidade. Muitas mulheres sofrem violência
doméstica até serem mortas a espera desse milagre. Mais uma vez: não se trata
de buscar alguém perfeito, mas de fazer a leitura correta da situação, de saber
com quem iremos nos relacionar para avaliar se teremos condições de suportar o
que está por vir. Reconheço que não é uma tarefa fácil, acima de tudo porque
muitos se revelam somente após o casamento. Mas nunca é tarde.
O melhor que podemos fazer é orar,
ter paciência e manter uma constante vigilância, mas sem nos tornar neuróticos.
Alguns sinais visíveis podem nos ajudar a determinar o caráter e o
comportamento de alguém. A presença ou a ausência de diálogo, de atenção, de
carinho e de respeito falam bastante sobre uma pessoa. A sua maneira de lidar
com as pessoas mais simples, se ríspido ou educado, pode nos dar um vislumbre
de como lidará conosco. O uso que ele
faz do seu tempo livre, a forma como lida com as suas finanças, a maneira como
trata os animais e o valor que dá à família também revelam muito do seu
caráter. Acima de tudo, devemos observar como é o seu relacionamento com Deus,
suas práticas espirituais, seu compromisso com o Evangelho e os valores da
Palavra de Deus. Quem não se importa em desobedecer a Deus e desonrá-lo,
provavelmente não dará atenção aos princípios éticos, morais e espirituais
elevados de que um relacionamento saudável e duradouro necessita.
OBSERVAÇÃO: Este é um trecho do
livro “Ninguém morre de amor”, de Mizael Xavier, à venda em formato e-book pela
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Verdades e mentiras sobre o amor
PARTE 2: ANTES QUE CHEGUE AO FIM
A arte de prevenir incêndios
PARTE 3: DO FIM À SUPERAÇÃO
Tudo acabou. E agora?
Encarando a realidade
Primeiro passo: reprograme-se
O caminho da cura
Atitudes que transformam
Aprendendo a lidar com os sentimentos
Revendo a nossa relação com o ex
Possibilidades
Superando uma relação abusiva
Da superação à continuidade
PARTE 4: DA SUPERAÇÃO AO NOVO AMOR
Os problemas de transição
É possível viver um novo amor
Empoderando-se para o amor
A quem se entregar?
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Eu concordo com tudo o que você escreveu. Penso exatamente assim. Às vezes há quem acredita que é possível mesmo alguém, como um passe de mágica, mudar e se tornar a pessoa ideal, mas eu prefiro acreditar que devemos buscar alguém que tenha bastante pontos em comum conosco. Talvez por isso tem sido difícil encontrar alguém que se encaixe naquilo que tanto aprecio.
ResponderExcluirÉ difícil mesmo.. Mas isso é uma busca constante, com paciência, sabedoria e muita fé em Deus
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