terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

QUEM É A PESSOA CERTA PARA NÓS?

 


INTRODUÇÃO

 Todos os seres humanos parecem nascer com uma centelha dentro de si, uma chama que arde por encontrar alguém para formar um par, um casal. Em algum momento de nossas vidas, nós nos perguntaremos: Onde, como e quando encontrarei o meu grande amor? Quem será ele?

 Como saber, dentre as mais de 200 bilhões de pessoas que vivem no planeta Terra, quem é a pessoa certa para nós, o nosso amor verdadeiro, aquela com quem, talvez, viveremos juntos para sempre?

 Existe a pessoa certa, predestinada para nós? Se existe, como saber quem é? Se não existe, como encontrar a pessoa ideal para amarmos e nos relacionarmos?

 

ALMAS GÊMEAS

 Esse pensamento está ligado ao conceito de “predestinação”, que pode envolver, inclusive, a ideia de “vidas passadas”. Ou seja: estamos destinados a alguém que está destinado a nós, possivelmente alguém que já nos acompanha há várias encarnações. Cabe a ambos se encontrarem.

 Se pararmos para pensar, o conceito de “alma gêmea” é bastante egocêntrico. Quando alguém está em busca da sua alma gêmea, está, na verdade, procurando a si próprio na personalidade de outra pessoa. No fundo, o que desejamos é encontrar alguém parecido conosco, como uma extensão do nosso ego; alguém que pense e sinta como nós, que possua os mesmos gostos e preferências, que tenha o mesmo temperamento, que nos compreenda e nos complete naquilo que determinamos que estamos precisando.

 Qualquer desvio daquilo que idealizamos, afirmamos que não é ou não era a nossa alma gêmea, que foi engano, alguém que tem um temperamento que não toleramos, manias que não aceitamos, torce por um time diferente, vota num partido oposto, não tem a mesma fé em Deus. Não pode ser a nossa alma gêmea, afinal de contas, é muito complicado, cheio de defeitos, repleto de problemas, abarrotado de limitações. Não está tão disponível quanto gostaríamos nem realiza os nossos desejos como planejamos.

 Será que paramos para pensar que se todos estiverem procurando a sua alma gêmea, ninguém jamais irá se encontrar? Eu estarei me procurando em você e você estará se procurando em mim. Como acontecerá o nosso encontro? Como iremos nos relacionar se eu jamais serei você nem você jamais será eu?

A primeira regra na busca por um novo amor é: esqueça totalmente a ideia de almas gêmeas, porque elas não existem. Se queremos um relacionamento de sucesso, precisamos aceitar que as pessoas são e sempre serão diferentes de nós, jamais o nosso reflexo no espelho. Não precisamos, por isso, embarcar em qualquer aventura com qualquer pessoa, mas respeitar as diferenças e conviver com elas. Quando essas diferenças se mostram nocivas, aí podemos parar de insistir. Se você tentar encontrar a sua alma gêmea, encontrará somente frustração, pois nem as pessoas gêmeas são totalmente idênticas por dentro. Não projete uma imagem idealizada sobre ninguém. Permita que cada um seja aquilo que é, o que pode ser um pouco ou muito diferente de você, mas que poderá lhe fazer feliz. Invista nos seus pontos fortes enquanto o ajuda a melhorar nos seus defeitos. Somos com a pessoa amada duas almas que vão se encaixando uma na outra aos poucos.

  

QUEM É A PESSOA CERTA PARA NÓS?

 Um dos grandes mistérios do universo dos relacionamentos amorosos é quando e onde encontrar a pessoa certa para nós. Já vimos que não adianta procurarmos a nossa alma gêmea, porque ela definitivamente não existe. Mas será que existe mesmo esta “pessoa certa”? Se ela existe, como saber quem é a nossa pessoa certa em meio a tantas pessoas erradas?

 Assim como a vida, o ser humano é uma caixinha de surpresas. Hoje, uma mulher conhece um homem sensível, carinhoso, romântico, prestativo; amanhã se casa com ele e vê o “lado negro da força” se revelar egoísta e violento. Aquele homem santo acaba se revelando um terrível carrasco ou no mínimo uma pessoa infiel e imprestável. Não podemos prever com exatidão o caráter e o comportamento de alguém a longo prazo, mas podemos prever algumas situações desagradáveis se agirmos com sabedoria, sem atropelos, permitindo-nos conhecer melhor a pessoa com quem queremos nos relacionar antes de nos entregarmos totalmente a uma relação mais séria.

 É necessário ter os nossos próprios parâmetros que definiam o tipo de pessoa com quem estamos dispostos a nos relacionar. Eu acho isso bastante razoável, afinal de contas, somos nós que teremos de conviver com a pessoa com quem aceitamos manter uma relação amorosa profunda. A nossa vida não é qualquer coisa. Ela deve ser um solo para se cultivarem lindas flores e árvores frutíferas, não um aterro sanitário.

 

 PESSOA CERTA OU ADEQUADA?

 Pode ser que a pessoa certa não exista, porque sempre acabaremos descobrindo algo indesejável nela, algo incômodo e fora dos nossos padrões. Não que não possamos eleger alguns padrões, mas sempre tendo em mente que algo pode se encaixar perfeitamente aqui, mas ficará sobrando ou faltando ali. Um dos grandes riscos é viver o relacionamento inteiro tentando moldar a pessoa de maneira injusta, reclamando o tempo todo, criando caso por tudo. Não existe a tampa que se encaixa perfeitamente na nossa panela.

 Vamos, então, trabalhar com o conceito de “pessoa adequada”. Esta pessoa não será um ser humano perfeito ou fruto dos nossos interesses, mas alguém no mínimo compatível conosco, o que inclui qualidades e defeitos. A pessoa adequada é alguém com quem possuímos algumas afinidades e que podem ser decisivas para o sucesso da relação. É o inverso daquelas que possuem muitos pontos divergentes que poderão afetar negativamente a relação, independente dos pontos positivos que possa haver.

 Não existem duas pessoas totalmente compatíveis. Quando duas pessoas com pouca ou nenhuma afinidade tentam se relacionar amorosamente, encontram inúmeros problemas pela frente, pois nem sempre é possível adequar-se à realidade do outro, acima de tudo quando há incompatibilidade.

 Um dos motivos apresentados como justificativas para uma separação é a “incompatibilidade de gênios”. Creio que em muitos casos isso não passa de uma desculpa para quem não ama mais nem deseja mais se relacionar com alguém, e procura alguma justificativa para terminar o relacionamento. A incompatibilidade de gênio está ligada ao termo “diferenças de personalidade”

 É um direito seu escolher quem é ou quem não é compatível com você. Não são os seus amigos ou a mídia que irão determinar com que tipo de pessoa você deverá se relacionar. A grande questão aqui é, repito, viver uma relação com alguém diametralmente diferente de nós, em tantos sentidos que se torna impossível haver uma relação saudável.

 

 CARACTERÍSTICAS FAVORÁVEIS

 Quero lhe oferecer algumas características importantes que, creio eu, devem estar presentes em qualquer candidato a amor da nossa vida. Não se trata de time ou filosofia partidária, nem de prato preferido ou opções de lazer. Essas características envolvem traços importantes que todas as pessoas devem ter para serem muito mais que adequadas e ter chances reais de nos fazer felizes. É sempre importante valorizar a essência de cada indivíduo, a sua singularidade.

 Alguém que nos aproxime de Deus. O modelo ideal de pessoa para amar não tem a ver com denominação religiosa, mas com conversão sincera a Cristo, com temor a Deus. Aquele que busca o Reino de Deus em primeiro lugar e a sua justiça, com certeza saberá nos respeitar, ser fiel e companheiro. Ao contrário, qualquer pessoa que queira lavá-lo para longe dos caminhos do Senhor não é alguém com quem você deve se relacionar para casar. Não estou afirmando que o crente é uma pessoa perfeita e que o casal não enfrentará problemas, mas que ele é alguém que, em tese, tem compromisso com Deus, o que é importante até mesmo quando ele erra.

 Alguém com um padrão moral elevado. Se você possui padrões morais elevados, não se contente com menos. A pessoa adequada para um relacionamento amoroso de qualidade não é amoral nem imoral, mas possui valores morais que dignificam a sua vida e que lhe permitem procurar sempre o que é bom, justo e verdadeiro. Quem valoriza a boa moral não se deixa levar por aquilo que é errado, o que beneficia o relacionamento, porque inclui não ser infiel, não mentir, não adulterar, não tratar o outro com indiferença e não ser agressivo.

 Alguém disponível para o amor. Se queremos investir em um relacionamento sério e duradouro, a pessoa adequada é aquela disponível para amar e ser amada. Como disponível quero dizer solteira, livre, o que é óbvio. Mas disponível também envolve um coração aberto para o amor, mesmo que essa pessoa ainda traga marcas do passado. É também disposição na agenda. Muitos estão ocupados demais com os seus sonhos e conquistas profissionais, com seus projetos pessoais de vida, e não dispõem de tempo para se dedicar como deveriam a uma relação amorosa profunda, para um amor de qualidade.

 Alguém que planeje conosco o futuro. Alguém adequado para viver ao nosso lado um grande amor é alguém que tenha perspectiva de futuro, que não pense na relação como um acontecimento, mas como uma história, onde vários acontecimentos prosseguem por um longo e interminável período de tempo. Quem não planeja um futuro onde também estejamos, não é a pessoa ideal para nós. É claro que isso acontece após os dois terem certeza de que se amam e querem construir uma vida juntos.

 Alguém que nos aceite. Imagina que você conhece alguém que passará o tempo todo tentando lhe mudar. Nada nunca estará bom, ele sempre estará insatisfeito, e o que é pior: sempre irá lhe comparar com outras pessoas e elegê-las como um padrão de como você deveria ser. Que precisamos mudar sempre que necessário não restam dúvidas. Mas uma pessoa adequada para uma relação amorosa também é aquela que nos aceite como somos, com a nossa história de vida, a nossa condição física e emocional, as nossas dificuldades e limitações, os nossos dons e talentos, a nossa filosofia de vida e os nossos ideais. Existe aqui um parêntese: devemos lembrar que precisamos ser o que esperamos que o outro seja, assumindo em nós mesmos o padrão que queremos encontrar no outro. Não podemos desejar que nos aceitem se não estivermos dispostos a aceitar também o outro.

 Alguém que ame a nossa família. Já vi e ouvi histórias de mulheres que foram privadas por seus maridos do contato parcial ou total com os seus familiares, sendo proibidas de visitá-los ou recebê-los em casa. Numa situação mais amena, o marido não impede o contato, mas evita a aproximação ou não se dá bem com os familiares da esposa, o que inclui os seus filhos. Não gosta de alguns, briga com todos, vive se metendo em confusão. É claro que isso também pode partir da esposa, especialmente com relação à sogra. A pessoa adequada nos aceitará integralmente, por dentro, por fora e nos nossos relacionamentos familiares.

  

SEJA TAMBÉM A PESSOA ADEQUADA

 Você já percebeu que geralmente usamos o relacionamento amoroso como um espelho? Quando olhamos para o nosso relacionamento como um todo, queremos que ele reflita a nossa imagem, que ele tenha a nossa cara. Ou seja: que ele tenha a cor que pintamos, as formas que moldamos, o nosso jeito de ser e de fazer as coisas. Queremos que ele reflita os nossos ideais, supra as nossas necessidades, cumpra as nossas perspectivas, adéque-se aos nossos esquemas mentais, emocionais, físicos e sociais; desejamos enxergar realizados nele os nossos sonhos e projetos. E já que o relacionamento significa o envolvimento com outra pessoa, ela também se torna o espelho em que queremos enxergar a nossa imagem. Assim, projetamos sobre a pessoa amada todas as nossas expectativas sobre quem e o que ela deve ser e fazer. Ela deve refletir quem somos: nossos pensamentos, desejos, temperamento, comportamento e expectativas. Quando percebemos que a imagem está distorcida, ficamos frustrados, culpando o outro por não ter conseguido reproduzir a imagem que idealizamos para ele no relacionamento. Então começamos a nos questionar se aquela era realmente a pessoa certa para nós. Na verdade, ninguém nunca será enquanto agirmos dessa maneira.

 Quem deve decidir sobre a imagem certa? Não existe uma imagem certa, mas adequada, como já vimos no início deste capítulo. O eu e o tu devem se fundir para dar à luz ao nós; o meu e o seu precisam se unir para moldar o nosso. Se houver diálogo e consenso, ambos os artesãos poderão criar a imagem de um lindo cavalo com asas de águia, montado por seu cavaleiro, que fere um dragão com a sua espada. Pense a respeito dessas coisas antes de embarcar numa nova história. Não permita que o seu ego se imponha sobre a relação. Saiba do que abrir mão e de quando e como fazê-lo. Por isso é preciso repetir: tenha parâmetros e saiba o que está disposto a enfrentar. Existem imagens que cabem em todos os relacionamentos e devem ser admiradas e praticadas por todos: fé em Deus, amor, respeito, fidelidade, verdade, carinho, altruísmo, compreensão, humildade e perdão.

 

Mizael Xavier


Este estudo é um resumo do capítulo “A quem se entregar”, do livro NINGUÉM MORRE DE AMOR, de Mizael Xavier, à venda pela Amazon. Todos os direitos reservados.




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