INTRODUÇÃO
Todos os seres humanos parecem nascer
com uma centelha dentro de si, uma chama que arde por encontrar alguém para
formar um par, um casal. Em algum momento de nossas vidas, nós nos
perguntaremos: Onde, como e quando encontrarei o meu grande amor? Quem será
ele?
Como saber, dentre as mais de 200
bilhões de pessoas que vivem no planeta Terra, quem é a pessoa certa para nós,
o nosso amor verdadeiro, aquela com quem, talvez, viveremos juntos para sempre?
Existe a pessoa certa, predestinada
para nós? Se existe, como saber quem é? Se não existe, como encontrar a pessoa
ideal para amarmos e nos relacionarmos?
ALMAS
GÊMEAS
Esse
pensamento está ligado ao conceito de “predestinação”, que
pode envolver, inclusive, a ideia de “vidas passadas”.
Ou seja: estamos destinados a alguém que está destinado a nós, possivelmente
alguém que já nos acompanha há várias encarnações. Cabe
a ambos se encontrarem.
Se
pararmos para pensar, o conceito de “alma gêmea” é bastante egocêntrico. Quando alguém está em busca da sua alma
gêmea, está, na verdade, procurando a si próprio na personalidade de outra
pessoa. No fundo, o que desejamos é encontrar alguém
parecido conosco, como uma extensão do nosso ego; alguém que pense e
sinta como nós, que possua os mesmos gostos e preferências, que tenha o mesmo
temperamento, que nos compreenda e nos complete naquilo que determinamos que
estamos precisando.
Qualquer desvio daquilo que idealizamos, afirmamos que não é
ou não era a nossa alma gêmea, que foi engano,
alguém que tem um temperamento que não toleramos, manias que não aceitamos,
torce por um time diferente, vota num partido oposto, não tem a mesma fé em
Deus. Não pode ser a nossa alma gêmea, afinal de contas, é muito complicado,
cheio de defeitos, repleto de problemas, abarrotado de limitações. Não está tão
disponível quanto gostaríamos nem realiza os nossos desejos como planejamos.
Será
que paramos para pensar que se todos estiverem
procurando a sua alma gêmea, ninguém jamais irá se encontrar? Eu estarei
me procurando em você e você estará se procurando em mim. Como acontecerá o
nosso encontro? Como iremos nos relacionar se eu jamais serei você nem você
jamais será eu?
A primeira regra na busca por um novo amor é: esqueça totalmente a
ideia de almas gêmeas, porque elas não existem. Se queremos um relacionamento de
sucesso, precisamos aceitar que as pessoas são e sempre serão diferentes de
nós, jamais o nosso reflexo no espelho. Não precisamos, por isso, embarcar em
qualquer aventura com qualquer pessoa, mas respeitar as diferenças e conviver
com elas. Quando essas diferenças se mostram nocivas, aí podemos parar de
insistir. Se você tentar encontrar a sua alma gêmea, encontrará somente
frustração, pois nem as pessoas gêmeas são totalmente idênticas por dentro. Não
projete uma imagem idealizada sobre ninguém. Permita que cada um seja aquilo
que é, o que pode ser um pouco ou muito diferente de você, mas que poderá lhe
fazer feliz. Invista nos seus pontos fortes enquanto o ajuda a melhorar nos
seus defeitos. Somos com a pessoa amada duas almas que vão se encaixando uma na
outra aos poucos.
QUEM
É A PESSOA CERTA PARA NÓS?
Um
dos grandes mistérios do universo dos relacionamentos amorosos é quando e onde
encontrar a pessoa certa para nós. Já vimos que não adianta procurarmos a nossa
alma gêmea, porque ela definitivamente não existe. Mas
será que existe mesmo esta “pessoa certa”? Se ela existe, como saber quem é a
nossa pessoa certa em meio a tantas pessoas erradas?
Assim
como a vida, o ser humano é uma caixinha de surpresas. Hoje, uma mulher conhece
um homem sensível, carinhoso, romântico, prestativo; amanhã se casa com ele e
vê o “lado negro da força” se revelar egoísta e violento. Aquele homem santo
acaba se revelando um terrível carrasco ou no mínimo uma pessoa infiel e
imprestável. Não podemos prever com exatidão o caráter e o comportamento de
alguém a longo prazo, mas podemos prever algumas situações desagradáveis se
agirmos com sabedoria, sem atropelos, permitindo-nos conhecer melhor a pessoa
com quem queremos nos relacionar antes de nos entregarmos totalmente a uma
relação mais séria.
É necessário ter os nossos próprios parâmetros que definiam o tipo
de pessoa com quem estamos dispostos a nos relacionar. Eu acho isso
bastante razoável, afinal de contas, somos nós que teremos de conviver com a
pessoa com quem aceitamos manter uma relação amorosa profunda. A nossa vida não
é qualquer coisa. Ela deve ser um solo para se cultivarem lindas flores e
árvores frutíferas, não um aterro sanitário.
PESSOA CERTA OU
ADEQUADA?
Pode ser que a pessoa certa não exista, porque sempre acabaremos
descobrindo algo indesejável nela, algo incômodo e fora dos nossos padrões.
Não que não possamos eleger alguns padrões, mas sempre tendo em mente que algo
pode se encaixar perfeitamente aqui, mas ficará sobrando ou faltando ali. Um
dos grandes riscos é viver o relacionamento inteiro tentando moldar a pessoa de
maneira injusta, reclamando o tempo todo, criando caso por tudo. Não existe a
tampa que se encaixa perfeitamente na nossa panela.
Vamos, então, trabalhar com o conceito de “pessoa adequada”. Esta pessoa não será
um ser humano perfeito ou fruto dos nossos interesses, mas alguém no mínimo
compatível conosco, o que inclui qualidades e defeitos. A pessoa adequada é
alguém com quem possuímos algumas afinidades e que podem ser decisivas para o
sucesso da relação. É o inverso daquelas que possuem muitos pontos divergentes
que poderão afetar negativamente a relação, independente dos pontos positivos
que possa haver.
Não existem duas pessoas totalmente compatíveis. Quando duas pessoas
com pouca ou nenhuma afinidade tentam se relacionar amorosamente, encontram
inúmeros problemas pela frente, pois nem sempre é possível adequar-se à
realidade do outro, acima de tudo quando há incompatibilidade.
Um dos motivos apresentados como justificativas para uma separação é
a “incompatibilidade de gênios”. Creio que em muitos casos isso não passa de
uma desculpa para quem não ama mais nem deseja mais se relacionar com alguém, e
procura alguma justificativa para terminar o relacionamento. A
incompatibilidade de gênio está ligada ao termo “diferenças de personalidade”
É um direito seu escolher quem é ou quem não é compatível com você. Não
são os seus amigos ou a mídia que irão determinar com que tipo de pessoa você
deverá se relacionar. A grande questão aqui é, repito, viver uma relação com
alguém diametralmente diferente de nós, em tantos sentidos que se torna
impossível haver uma relação saudável.
CARACTERÍSTICAS
FAVORÁVEIS
Quero lhe oferecer algumas características importantes que, creio
eu, devem estar presentes em qualquer candidato a amor da nossa vida. Não se trata de time
ou filosofia partidária, nem de prato preferido ou opções de lazer. Essas
características envolvem traços importantes que todas as pessoas devem ter para
serem muito mais que adequadas e ter chances reais de nos fazer felizes. É
sempre importante valorizar a essência de cada indivíduo, a sua singularidade.
Alguém que nos aproxime de Deus. O modelo ideal de pessoa para amar não tem a ver com
denominação religiosa, mas com conversão sincera a Cristo, com temor a Deus.
Aquele que busca o Reino de Deus em primeiro lugar e a sua justiça, com certeza
saberá nos respeitar, ser fiel e companheiro. Ao contrário, qualquer pessoa que
queira lavá-lo para longe dos caminhos do Senhor não é alguém com quem você
deve se relacionar para casar. Não estou afirmando que o crente é uma pessoa
perfeita e que o casal não enfrentará problemas, mas que ele é alguém que, em
tese, tem compromisso com Deus, o que é importante até mesmo quando ele erra.
Alguém com um padrão moral elevado. Se você possui padrões morais elevados, não se contente
com menos. A pessoa adequada para um relacionamento amoroso de qualidade não é
amoral nem imoral, mas possui valores morais que dignificam a sua vida e que
lhe permitem procurar sempre o que é bom, justo e verdadeiro. Quem valoriza a
boa moral não se deixa levar por aquilo que é errado, o que beneficia o
relacionamento, porque inclui não ser infiel, não mentir, não adulterar, não
tratar o outro com indiferença e não ser agressivo.
Alguém disponível para o amor. Se queremos investir em um relacionamento sério e
duradouro, a pessoa adequada é aquela disponível para amar e ser amada. Como
disponível quero dizer solteira, livre, o que é óbvio. Mas disponível também
envolve um coração aberto para o amor, mesmo que essa pessoa ainda traga marcas
do passado. É também disposição na agenda. Muitos estão ocupados demais com os
seus sonhos e conquistas profissionais, com seus projetos pessoais de vida, e
não dispõem de tempo para se dedicar como deveriam a uma relação amorosa
profunda, para um amor de qualidade.
Alguém que planeje conosco o futuro. Alguém adequado para viver ao nosso lado um grande amor é
alguém que tenha perspectiva de futuro, que não pense na relação como um
acontecimento, mas como uma história, onde vários acontecimentos prosseguem por
um longo e interminável período de tempo. Quem não planeja um futuro onde
também estejamos, não é a pessoa ideal para nós. É claro que isso acontece após
os dois terem certeza de que se amam e querem construir uma vida juntos.
Alguém que nos aceite. Imagina que você
conhece alguém que passará o tempo todo tentando lhe mudar. Nada nunca estará
bom, ele sempre estará insatisfeito, e o que é pior: sempre irá lhe comparar
com outras pessoas e elegê-las como um padrão de como você deveria ser. Que
precisamos mudar sempre que necessário não restam dúvidas. Mas uma pessoa
adequada para uma relação amorosa também é aquela que nos aceite como somos,
com a nossa história de vida, a nossa condição física e emocional, as nossas
dificuldades e limitações, os nossos dons e talentos, a nossa filosofia de vida
e os nossos ideais. Existe aqui um parêntese: devemos lembrar que precisamos
ser o que esperamos que o outro seja, assumindo em nós mesmos o padrão que
queremos encontrar no outro. Não podemos desejar que nos aceitem se não
estivermos dispostos a aceitar também o outro.
Alguém que ame a nossa família. Já vi e ouvi histórias de mulheres que foram privadas por
seus maridos do contato parcial ou total com os seus familiares, sendo
proibidas de visitá-los ou recebê-los em casa. Numa situação mais amena, o
marido não impede o contato, mas evita a aproximação ou não se dá bem com os
familiares da esposa, o que inclui os seus filhos. Não gosta de alguns, briga
com todos, vive se metendo em confusão. É claro que isso também pode partir da
esposa, especialmente com relação à sogra. A pessoa
adequada nos aceitará integralmente, por dentro, por fora e nos nossos relacionamentos
familiares.
SEJA TAMBÉM A PESSOA
ADEQUADA
Você já percebeu que geralmente usamos o relacionamento amoroso como
um espelho?
Quando olhamos para o nosso relacionamento como um todo, queremos que ele
reflita a nossa imagem, que ele tenha a nossa cara. Ou seja: que ele tenha a
cor que pintamos, as formas que moldamos, o nosso jeito de ser e de fazer as
coisas. Queremos que ele reflita os nossos ideais, supra as nossas
necessidades, cumpra as nossas perspectivas, adéque-se aos nossos esquemas mentais,
emocionais, físicos e sociais; desejamos enxergar realizados nele os nossos
sonhos e projetos. E já que o relacionamento significa o envolvimento com outra
pessoa, ela também se torna o espelho em que queremos enxergar a nossa imagem.
Assim, projetamos sobre a pessoa amada todas as nossas expectativas sobre quem
e o que ela deve ser e fazer. Ela deve refletir quem somos: nossos pensamentos,
desejos, temperamento, comportamento e expectativas. Quando percebemos que a
imagem está distorcida, ficamos frustrados, culpando o outro por não ter
conseguido reproduzir a imagem que idealizamos para ele no relacionamento.
Então começamos a nos questionar se aquela era realmente a pessoa certa para
nós. Na verdade, ninguém nunca será enquanto agirmos dessa maneira.
Quem deve decidir sobre a imagem certa? Não existe uma imagem certa,
mas adequada,
como já vimos no início deste capítulo. O eu
e o tu devem se fundir para dar à luz
ao nós; o meu e o seu precisam se
unir para moldar o nosso. Se houver
diálogo e consenso, ambos os artesãos poderão criar a imagem de um lindo cavalo
com asas de águia, montado por seu cavaleiro, que fere um dragão com a sua
espada. Pense a respeito dessas coisas antes de embarcar numa nova história.
Não permita que o seu ego se imponha sobre a relação. Saiba do que abrir mão e
de quando e como fazê-lo. Por isso é preciso repetir: tenha parâmetros e saiba
o que está disposto a enfrentar. Existem imagens que cabem em todos os
relacionamentos e devem ser admiradas e praticadas por todos: fé em Deus, amor,
respeito, fidelidade, verdade, carinho, altruísmo, compreensão, humildade e
perdão.
Mizael Xavier
Este estudo é um resumo do capítulo “A
quem se entregar”, do livro NINGUÉM MORRE DE AMOR, de Mizael Xavier, à venda
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