O CRISTÃO E OS MECANISMOS DE DEFESA DO EGO
Mizael de Souza Xavier
Com o relato da criação antes da Queda, entende-se que os seres humanos não foram criados para sofrer. Eles (homem e mulher, Gênesis 1:27) foram feitos à imagem e semelhança de Deus e colocados em um jardim de delícias, um ambiente existencial onde nada lhes faltaria, com poder para dominar sobre toda a criação e a missão de cuidar dela. Além disso, o primeiro casal, Adão e Eva, possuía comunhão contínua com Deus e se relacionava com Ele de maneira perfeita e direta. Entretanto, a desobediência de Adão e Eva levou-os a serem expulsos do paraíso, trouxe o pecado e a morte para o mundo (Romanos 5:12) e quebrou a sua comunhão com Deus. Agora o ser humano estava no mundo, longe de Deus, sujeito à sua própria realidade caída e depravada. As crises conjugais, a inveja, a ganância, a mentira, o ódio, a morte, o trabalho árduo, a idolatria, as limitações múltiplas e uma vida distituída da glória de Deus (Romanos 3:23) passaram a fazer parte dessa realidade caída.
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O ser humano não estava preparado para sofrer, não havia sido “programado” para isso, embora tenha sido criado com a possibilidade de pecar. Mas após a sua queda, ele se viu inserido em um contexto de sofrimento, fruto de um mundo contaminado pelo pecado, pela rebeldia contra o Pai Criador. E agora, o que fazer? Deus proveu através da Lei e dos sacrifícios pelos pecados uma oportunidade para que o ser humano se voltasse para Ele. Em Cristo, muito mais perfeitamente, pela sua obra expiatória, o próprio Deus se fez porta (João 10:9-18) para conduzir todos os que creem de volta ao paraíso, ao céu. Mas nem todos entram por essa porta, e os que entram, ainda carregam a sua natureza caída e pecaminosa, sujeita a erros e carentes da graça divina constantemente, sem a qual nada podem fazer (João 15:5). É a graça de Deus que salva o pecador, quem o conduz em santidade e o mantém firme até o Dia do Senhor. Tudo o que somos em Cristo, somos pela graça de Deus, no poder do Espírito Santo.
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O ser humano nem sempre consegue aceitar essa condição nem entender a si próprio, os seus sentimentos e emoções, mesmo aquele que já teve um encontro pessoal com Jesus Cristo e conhece a Palavra de Deus. Em vez de encarar os seus problemas, as suas dores, as pessoas geralmente buscam formas dissimuladas e inconscientes de anestesiar-se, mentindo para si mesmas. O sofrimento é negado enquanto realidade humana. Uma das formas que se encontra de negar o sofrimento é a utilização de “mecanismos de defesa”: “Sigmund Freud designa por esse termo o conjunto das manifestações de proteção do eu contra as agressões internas (de ordem pulsional) e externas, suscetíveis de constituir fontes de excitação e, por conseguinte, de serem fatores de desprazer.” (Dicionário de Psicanálise – Elisabeth Roudinesco e Michel Plon, Jorge Jahar Editor, RJ, 1994).
Entretanto, negar o próprio sofrimento é negar a realidade existencial humana, onde Jesus também sofreu (Hebreus 5:8; 1 Pedro 4:1). Essa negação traz uma ilusória sensação de alívio e segurança, ao passo que produz uma vida infrutífera e isenta de crescimento em todos os níveis (intrapessoais, interpessoais e sociais) e áreas (racional, emocional, espiritual e fisiológica). Negar o sofrimento é negar a si mesmo num sentido errado do termo. Quanto mais o ser humano nega a sua realidade, mais ele se projeta para um plano existencial paralelo, onde a vida é uma ilusão e ele vegeta à margem da própria história ou cria uma história para si, onde tudo acontece apenas na sua mente e as suas relações se transformam em cenas dessa história, onde as pessoas não entendem que são apenas personagens criados e manipuláveis.
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Os vários mecanismos de defesa
Os mecanismos de defesa fazem parte da nossa realidade. Apresentamos a seguir alguns pontos* que nos fornece um resumo desses mecanismos de defesa para tentarmos entender a sua problemática:
1. Repressão: a repressão impede que pensamentos perigosos ou dolorosos cheguem à consciência. Por exemplo: esquecer de abuso sexual na infância.
2. Sublimação: a sublimação significa descartar desejos desmedidos ou impulsos inaceitáveis por meio de atividades construtivas. Por exemplo: canalizar o desejo sexual para a arte, música, esporte ou hobbies.
3. Negação: na negação, o indivíduo tenta proteger-se de uma realidade desagradável recusando-se a admiti-la. Por exemplo: alcoólatras que se negam a aceitar sua dependência.
4. Racionalização: significa substituir ações e pensamentos baseados em motivos inaceitáveis por razões socialmente aceitáveis. Por exemplo: justificar a cola em uma prova dizendo que “todo mundo faz isso.”
5. Intelectualização: significa ignorar os aspectos emocionais de uma experiência dolorosa concentrando-se em pensamentos abstratos, palavras ou idéias. Por exemplo: ignorar a dor emocional enquanto discute academicamente as razões do seu divórcio.
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6. Projeção: na projeção as motivações ou impulsos inaceitáveis são transferidos para outros. Por exemplo: não admitir nem para você mesmo que acha alguém atraente, ao mesmo tempo em que mostra ciúme exagerado de seu parceiro.
7. Formação reativa: significa recusar-se a admitir necessidades, pensamentos e sentimentos inaceitáveis exagerando o estado oposto. Por exemplo: mostrar-se arrogante, espalhafatoso e convencido quando se sente inferior e com baixa auto-estima.
8. Regressão: significa responder a uma situação ameaçadora de forma apropriada a uma idade ou nível de desenvolvimento anterior. Por exemplo: ter um acesso de fúria quando um amigo não quer fazer o que você gostaria que ele fizesse.
9. Deslocamento: significa substituir um impulso ou objeto original por outro menos ameaçador. Por exemplo: gritar com um colega após ter sido criticado por seu chefe.
* Fonte: Psicologia – Karen Huffman, Mark Vernoy e Judith Vernoy, ed. Atlas, SP, 2003, pg. 507 (adaptado).
A psicologia e a psicanálise, principalmente na pessoa de Sigmund Freud, Carl Gustav Jung e outros estudiosos da psiquê humana, trazem à luz esses mecanismos de defesa mais utilizados pelo ser humano. Friedman e Schustack trazem a seguinte justificativa para esses mecanismos, além daquilo que já lemos sobre Freud:
"Os desafios do ambiente externo e de nossas pulsões internas, que nos ameaçam por meio da ansiedade, podem ser conflitos com pessoas íntimas ou ameaças à nossa auto-estima (constrangimento, culpa, autodecepção e assim por diante). O ego, governado pelo princípio da realidade, tenta lidar realisticamente com o ambiente. Entretanto, às vezes precisamos distorcer nossa realidade para proteger o ego contra as pulsões dolorosas ou ameaçadoras que provém do id. Os processos que distorcem a realidade para proteger o ego são chamados de mecanismos de defesa."
(Teorias da Personalidade – Howard S. Friedman e Miriam W. Schustack, ed. Perason Education do Brasil, SP, 2007).
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Mas como tratar essa realidade quando falamos de pessoas lavadas e remidas no sangue de Cristo? Será que pelo fato de possuírem o Espírito Santo, o Consolador, os crentes não estariam imunes a utilização dos mecanismos de defesa do ego? Sim e não. Sim, deveriam estar, porque uma vida no Espírito produz o amor, que é o vínculo da perfeição (Colossenses 3:14). Por ele não estar mais destituído da glória de Deus, mas debaixo da sua maravilhosa graça, podemos presumir que o crente tenha todas as condições de andar na verdade, de assumir as suas falhas, de enfrentar as suas dores e sofrimentos de uma maneira diferente daqueles que estão no mundo, sem Deus. Paulo, diante da limitação imposta por Deus em vistas ao seu aperfeiçoamento, não criou mecanismos para se defender ou justificar-se, mas acreditou que a graça do Senhor seria suficiente para lhe dar o poder necessário à vitória diária (2 Coríntios 12:1-10). Como ocorreu com Paulo, a graça de Deus deveria nos bastar.
E não, porque a realidade humana continua presente na vida dos que se convertem, através da carne e de suas limitações. Deus não nega essa realidade, não despreza as emoções dos seus filhos, mas espera que eles alcancem a maturidade espiritual, o que demanda tempo e um processo muitas vezes lento e doloroso, o que dependerá da atitude de cada um em viver em obediência e santidade. A Palavra de Deus pede que o crente se desarme dos seus mecanismos de defesa do ego e dê lugar aos mecanismos de santificação do Espírito Santo. Por isso, é necessário curar-se desses mecanismos para trazer ao nível consciente as situações vividas para serem tratadas. Sem consciência da doença, não há como buscar a cura.
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Quando falamos em usar os mecanismos de santificação do Espírito no lugar daqueles que usamos para proteger o nosso ego, não estamos falando em negar a dor, pois seria esse mais um mecanismo (como veremos adiante em “A fé como fuga da realidade”). O crente em Cristo Jesus possui algo que as pessoas que ainda estão carentes da glória de Deus não possuem: um estímulo sobrenatural e divino para tratar as suas crises existenciais. Ainda que o conselheiro deva tratar cada problema separadamente, jamais de maneira generalizada, cremos que somente pelo poder do Espírito Santo de Deus é que o ser humano pode libertar-se dos seus mecanismos de defesa para tratar de forma direta e sadia o seu ego. O apóstolo Paulo escreveu aos gálatas: "Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer" (Gálatas 5:16,17).
Sem uma intervenção divina sobre a natureza pecaminosa do ser humano, qualquer tentativa de regeneração será frustrada. Os psicólogos seculares possuem o seu mérito em estudar, pesquisar e trabalhar de maneira séria e aprofundada as questões existenciais do ser humano, buscando encontrar respostas que possam aliviar a sua dor. Mas somente Deus conhece com profundidade verdadeira o coração e a alma humana, somente Ele é capaz de tratar e libertá-la através da verdade, dia após dia. Por isso, o aconselhamento cristão, embora tratando da realidade de cada um e embasando-se nas teorias existenciais seculares, tem como sua base primária a Bíblia. Para todas as resostas da alma humana, a Palavra de Deus tem uma direção, uma maneira de tratar cada problema. Como o verdadeiro problema do ser humano é o seu pecado (aquele que ele comete deliberadamente e aquele que ele comete em resposta a agressões sofridas), é a partir daí que a cura deve ser pensada. Podemos propor várias terapias para tratar as nossas crises, mas nenhuma delas é eficaz como uma transformação estrutural no nosso caráter e nas nossas emoções.
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A fé como fuga da realidade
Ainda que pareça um paradoxo, a mesma fé que pode libertar o ser humano de sua crise existencial, pode transformar-se em mais um mecanismo de defesa, de fuga da realidade. Muitas pessoas abraçam a fé cristã, crendo em Deus e na Sua Palavra, não porque foram impactadas com o Evangelho e entenderam a necessidade de se arrepender-se dos seus pecados para alcançar a salvação das suas almas; não porque entenderam que precisam conhecer a Deus e vivenciá-lo através de um compromisso sincero e irrestrito com Ele, fazendo a sua vontade e cumprindo os seus mandamentos. O que move essas pessoas a Deus é o desejo de encontrar na fé, na religião, uma forma de anestesiar a sua ansiedade, de transportar para o sobrenatural as suas responsabilidades frente aos problemas e sofrimentos da vida.
Este pensamento concorda com a crítica de Karl Marx ao tratar a religião como “o ópio do povo”, uma vez que o homem busca nela uma forma de fugir da sua realidade concreta. Para Marx, o ser humano não é espiritual, mas concreto, e todas as suas vivências dizem respeito ao campo “das relações de produção, das condições que determinam seu posicionamento em determinada classe social.” (Religião, psicopatologia e saúde mental – Paulo Dalgalarrondo, ed. Artmed, SP, 2008, pg. 33). Para Marx, ainda, a religião não passa de uma “projeção do interior do homem em uma ‘realidade fantasmagórica do céu’, mas, fundamentalmente, uma ‘consciência invertida do mundo’”. (idem). Não é à toa que a filosofia socialista abomina a fé cristã e procura destruí-la. O seu interesse é na revolução aqui e agora, não na busca pelo sobrenatural, por um Reino celestial que está por vir.
A despeito dessa crítica marxista – uma ideologia diabólica, propagada por quem jamais teve um encontro real com Deus – é perfeitamente possível encontrar na fé um mecanismo de defesa das agressões interiores e exteriores, uma tentativa de negar a própria realidade e fugir dela, ao invés de enfrentá-la. Este entendimento é consequência de algumas situações:
1. O mundo caído e opressivo transtorna o ser humano e as suas relações, consequência da maldição adâmica e da realidade pecaminosa de cada indivíduo (Salmo 14:3). O ser humano, ansiando por viver mais uma vez no paraíso, busca na fé a solução para os seus problemas mais imediatos, entendendo a religião como uma forma de sublimação da sua condição. Isto poderia indicar arrependimento e uma volta consciente à comunhão com Deus, mas o que o ser humano quer, na verdade, é fugir do sofrimento e entende que Deus promove essa fuga.
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2. As pessoas que assim agem, enxergam em Deus apenas uma forma rápida e poderosa de aliviar as suas dores, como se Deus fosse um comprimido. Elas tomam o “lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade” (1 Pedro 5:7) como uma forma de transportar para Deus todos os seus infortúnios e não mais precisar lidar com eles, pois Deus tudo fará (cf. Isaías 61:1-3; Salmo 37:5). Elas desejam que Deus resolva todos os seus problemas, isentando-as de qualquer esforço, operando “o milagre”.
3. A fé traz para o ser humano – num pensamento equivocado, é claro – a chance de transferir para o mundo sobrenatural a sua culpabilidade e a sua responsabilidade diante dessa culpa e do sofrimento por ela causado. É a lei do “autoengano” (cf. 1 João 1:8). Em primeiro lugar, há que se culpar a Deus, porque poderia livrá-lo do mal e não livrou. Deus é o seu bode expiatório. Em segundo lugar, ele culpa o diabo – o devorador, o mentiroso, o inimigo, o tentador – pelos seus pecados e tenta justificar-se diante de Deus, fazendo-se de mera vítima. A teologia neopentecostal aposta nisso e associa toda dor e sofrimento humanos a algum tipo de influência demoníaca.
4. Muitas pessoas se escondem por detrás da máscara da fé, utilizando a sua crença para esconder algo podre que existe dentro de si. (cf. Mateus 23:27). É o que podemos observar em certos pastores extremamente moralistas que se veem envolvidos em escândalos de adultério, prostituição e corrupção. Eles vivem uma vida incompatível com a sua fé, reprimido os seus impulsos pecaminosos através de uma pregação veemente contra essas práticas (Friedman e Schustack, pg. 85).
5. A fé parece operar também como uma fonte inesgotável de alegria, surgindo daí a crença de que crente não sofre, de que ele com Jesus sempre será feliz, um falso evangelho propagado pela Teologia da Prosperidade. Se no culto o pastor pergunta se alguém está feliz com Jesus, todos levantam as suas mãos, mas muitos que ali estão não são felizes verdadeiramente. Eles têm Jesus na sua vida, mas também passam por tribulações, por tristezas que acabam sendo mascaradas por medo ou por vergonha. Esse tipo de pensamento impede que muitos crentes encarem suas mazelas existenciais e resolvam seus problemas interiores.
6. Por fim, a fé oferece ao ser humano soluções para os seus maiores anseios, e isso é um fato. O problema está na forma como se busca essa fé, na sua motivação. Em vez de buscar o Deus que pode lhes proporcionar a solução (não mágica), o ser humano se concentra apenas na solução, sem se importar com Deus de fato. Deus é apenas um meio, um instrumento para a satisfação do seu ego. A compreensão é esta: Se tenho Deus, não tenho mais o que temer, todos os meus problemas se acabaram. Deus é o “grande ego”, ou, por assim dizer, o “super-ego”.
Entendemos que Deus é poderoso para fazer muito mais do que tudo que pedimos ou pensamos, segundo a sua vontade (Efésios 3:20). Ele mesmo nos exorta a buscar e pedir para sermos abençoados (Mateus 7:7), porque sente prazer em nos dar boas coisas (Mateus 7:11). Mas não podemos usar a fé com o único objetivo de aliviar as nossas dores, resolver os nossos problemas, fugir da realidade, sublimar o nosso sofrimento. Muitos pregadores têm oferecido essa solução imediata e fácil para os problemas mais profundos do ser humano, apresentando um Deus que está a mercê da vontade do homem, disposto a fazer com que ele jamais sofra novamente. Em muitas teorias (e não teologias), por exemplo, é dito que crente não adoece!
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Uma realidade imutável
Por um lado temos o ser humano que busca fórmulas simples e rápidas para amenizar a sua dor, fórmulas que lhe apresentem esquemas eficazes de como ser feliz sem muito esforço. Por outro lado, existem muitos teólogos e autores de autoajuda que apresentam essas fórmulas, que enganam as pessoas com a ilusão de que é possível viver num mundo sem dor, de que, como num passe de mágica, é possível resolver as questões mais complexas e profundas da existência humana. Há muitos manuais para isso no mercado livreiro e na Internet. Muitos pastores têm aberto mão da pregação do Evangelho da graça de Deus para oferecer aos fiéis palestras de autoajuda no estilo coach, onde as pessoas são sempre as vítimas das circunstâncias e os objetos da inteira preocupação de Deus.
Entretanto, devemos nos ater à realidade de que o sofrimento existe e é necessário. Ao contrário do que se prega em muitas igrejas, sofrer não é errado, mas faz parte da dinâmica do ser humano. Mas também não é errado querer ser feliz, desejar resolver as crises que aparecem, os problemas que nos cercam. O erro está na forma incorreta como encaramos o sofrimento e nos tipos de soluções que procuramos. O sofrimento bem compreendido e bem administrado é benéfico. Ele é como um elevador: entramos nele e podemos escolher para onde ele vai nos levar, se para cima ou para baixo. Quanto mais dependentes da graça de Deus nos reconhecermos, mais para cima esse elevador nos levará.
Muitas pessoas confundem a alegria e a espiritualidade com ausência de sofrimento. E onde elas buscam essa alegria? Em que base alicerçam a sua espiritualidade? Normalmente, a alegria é buscada naquelas coisas que são passageiras, na satisfação dos prazeres pessoais, na conquista de bens materiais, na saúde perfeita. A espiritualidade torna-se uma negação da realidade humana, dos sentimentos inerentes a todos nós, sentimentos esses que nos fazem ser o que somos. Não existem promessas na Bíblia sobre o fim de todo sofrimento e de todas as nossas crises nesta vida, mas há uma promessa de plena alegria e satisfação no Senhor na vida eterna no céu. O Senhor Jesus disse: "Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo" (João 16:33).
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O ego controlado pelo Espírito
Deus nos dá a capacidade de, em alguns acontecimentos da nossa vida, enxergar a realidade e saber discerni-la. Embora tenhamos a Palavra de Deus em mãos e sejamos exortados a confiar plenamente nela e no seu poder, ela não garante que as soluções para os nossos problemas serão da maneira que entendemos. Portanto, ao lidar com as nossas crises, muito mais que usar a Bíblia como um escudo ou uma arma de ataque contra as nossas agressões existenciais, devemos conhecê-la profundamente (Colossenses 3:16). Nela encontraremos as respostas que precisamos, quando interpretadas e aplicadas corretamente. Isso não é algo que se faça sozinho, mas é importante a mediação de um conselheiro espiritual, como o pastor, por exemplo. A vida cristã acontece a partir da comunhão entre irmãos, jamais de maneira isolada e independente. Somos membros uns dos outros (cf. Romanos 12:5; 1 Coríntios 12:27).
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A igreja do Senhor precisa estar atenta à realidade da condição humana, da sua incapacidade de crescer por si só, fornecendo meios de crescimento aos seus fiéis. O aconselhamento cristão é um poderoso instrumento quando entendido e aplicado da maneira correta. As pessoas se convertem, mas chegam com as suas dificuldades que precisam ser compreendidas e tratadas. O seu vazio existencial precisa ser preenchido por Deus através de um relacionamento íntimo com o Espírito Santo. Sem esse relacionamento, sem esse estar diante de Deus, não há crescimento adequado. Quanto mais próximos estivermos de Deus, mais nos veremos como realmente somos, com todos os nossos pecados que acumulam crises sobre nós e que, pela graça de Deus e no poder do Espírito Santo, podem muito bem ser tratadas.
Para cada crise haverá um questionamento e uma direção diferente em busca de uma solução – se essa realmente existir. Uma depressão pós-parto será tratada de maneira diferente de um abuso sexual; a frustração em um casamento não será tratada da mesma maneira que a frustração de um adolescente ao perder a sua primeira namorada. Cada problema é único e especial. Mas algo encontra um ponto comum entre todas as crises: a realidade muda quando o ego é controlado pelo Espírito Santo. O Espírito não trabalhará de maneira irracional na vida de cada um, mas seguindo uma dinâmica santa, levando em conta cada realidade, trabalhando medos, frustrações, dúvidas, iras, mecanismos de defesa, enquanto transforma o homem na imagem e semelhança de Deus, através da Sua maravilhosa graça, do seu mover poderoso.
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Uma observação, começando uma leitura de freaud e jung, quanto a este ultimo, não me pareceu que principalmente jung tenha levado mais de 60 anos de pesquisa no campo da piscologia analitica, com intenções de refutar ou derrubar os pilares do cristianismo.
ResponderExcluirÈ certo que jung tenha observado as religiões de todo o mundo ocidental e oriental, e concluido que maifestações estraordinarias não passavam de fenomenos piscologicos.
Acredito que jung, apesar dos fundamentalistas ve-lo como um mistico neurotico, era uma personalidade que melhor entendeu a espiritualidade, que muitos religiosos donos da verdade absoluta.
Jung não era religioso apesar de ser filho de pai protestante, rompeu com freaud viajou pelo mundo conheceu tribos e culturas que lhes surpreenderam quando alguma delas lhe mostraram que ali, naquele mundo esquecido pelo deus pessoal dos ocidentais, um chefe indigena explicara a jung e sua assitente: " não, nós não pensamos com a cabeça e sim com o coração."
Eu não sei como o prof c g jung ultrapassava as fronteiras da consciencia e pisava em territorios desconhecidos da maioria das pessoas comuns. Como lidou com suas personagens-fantasias e depois transformou todo um material mistico em cientifico.
Eu só sei que enquanto a DOUTRINA do "Pensar com a cabeça e não com o coração", a Doutrina da pisque do Ego etc... estiver em vigor, cada vez mais religiões vão surgir, falsos profetas e messias equivocados.
O Deus cristão precisa ser liberto das grades do cristianismo , se libertar dos arquetipos, atravessar a atmosfera da terra e fazer o que sempre fez: dedicar-se ao macro-universo infinito e imcompreendido pela micro-mente humana. Dar a opotunidade de outros reinos e outros mundos, outros apriscos e outras ovelhas de conhecer esse MAGNIFICO criador de criaturas inteligentes e ignorantes.