quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

OS VÁRIOS MEIOS DE SALVAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA - oitava parte


OITAVA PARTE


9 O verdadeiro perdão e a verdadeira salvação


            São diversas as formas encontradas pelo catolicismo romano para obter a salvação para o seu fiel. Todas elas têm um ponto comum: estão todas diretamente ligadas à necessidade de pertencer a igreja católica romana e todas dependem de seus dogmas e do poder dos seus líderes, acima de tudo do papa. Mas será mesmo que o batismo salva? Será verdadeiramente necessário morrer agarrado a um escapulário ou a uma medalha forjados pelas mãos humanas para obter a salvação da alma? Foi realmente o “sim” de Maria o ato mais importante da obra da salvação, sem o qual estaríamos eternamente desgraçados? E as indulgências e o purgatório? Se Deus já nos perdoou em Cristo e cancelou o escrito de dívida que havia contra nós, se o sangue de Cristo nos purifica de todo pecado, o que mais há a ser purgado?
            Vamos dividir esta última etapa do nosso estudo em duas partes. A primeira falará a respeito do sim de Maria e mostrará a verdadeira consistência da salvação. A segunda abordará o perdão de Deus e refutará de uma só vez a doutrina das indulgências e do purgatório.


9.1 O sim de Maria e a perfeita salvação de Cristo


            É nos Evangelhos que encontramos as provas irrefutáveis de uma Maria humilde e carente de salvação. Os evangelistas, principalmente Lucas, nos apresentam uma serva do Senhor que, apesar dos seus temores, soube compreender e aceitar os desígnios de Deus para a sua vida e, mais profundamente, para o destino de toda a humanidade. Ele, o Deus todo-poderoso, criador dos céus e da terra, autossuficiente; ela, a mulher finita, limitada, pecadora, agraciada para ser o receptáculo da semente divina.
            Como os planos de Deus não podem ser frustrados jamais (cf. Jó 42:1), as profecias a cerca do nascimento de Jesus haveriam de se cumprir no tempo por Ele determinado, sem a interferência de homem algum. Dentre as muitas virgens do povo de Israel, da descendência de Davi, Maria, que vivia em Nazaré da Galileia, noiva de um carpinteiro chamado José, foi a escolhida para dar à luz ao Salvador do mundo. Talvez não importasse para Deus o nome e o endereço da virgem, mas simplesmente a sua linhagem e o seu estado virginal para que os homens vissem o poder de Deus e tivessem ainda mais certeza e confiança na veracidade da profecia que haveria de se cumprir. À Maria cabia apenas aceitar os desígnios inquestionáveis da vontade soberana de Deus.
            Nos ensinamentos católicos romanos que temos acompanhado, entretanto, a vinda do Filho de Deus ao mundo dependeria estritamente do consentimento da sua criatura. Porém, Maria jamais poderia ter dito não a Deus e mesmo que tivesse dito, Deus ainda assim cumpriria nela a sua vontade, como sempre fez durante toda a história da humanidade, independente da vontade humana. Deus queria salvar a cidade de Nínive e para lá mandou seu profeta Jonas (Jonas 1:2). E que Jonas fez? Fugiu para Társis (v. 3). O relato bíblico nos mostra que, mesmo com a rebeldia de Jonas em não querer obedecer à ordem divina, Deus cumpriu o seu propósito e a cidade de Nínive alcançou a salvação (3:5-10). Ainda que Jonas se entristecera com esta situação (4:1-5), os planos do Senhor foram executados, independente da vontade do profeta.
            O “sim” de Maria é apenas uma prova de que Deus está no controle de todas as coisas, pois Ele mesmo providenciou este sim. A resposta positiva partiu primeiramente de Deus à humanidade, quando Ele disse na eternidade SIM ao homem e para reconciliar-se com ele enviou seu Filho ao mundo para lhe salvar. Maria compreendeu a vontade de Deus e, repleta do Espírito Santo, alegrou-se no Senhor e assumiu a sua vontade, mesmo diante das consequências que poderiam lhe sobrevir. Mas se Deus dissera que o Messias iria vir ao mundo por meio dela, Ele cumpriria o prometido independente dos obstáculos impostos pelo homem.
Contra os argumentos oferecidos pela Tradição romanista, devemos simplesmente atentar para aquilo que a Palavra de Deus nos diz a cerca da redenção verdadeira oferecida por Cristo no Calvário, a cerca do seu perdão e da sua imensa graça. Basta-nos este pequeno estudo para sabermos com certeza que a salvação é para todos os homens que pela fé se entregam a Cristo Jesus e que a vontade de Maria em nada influencia nesta salvação.
Primeiro, a salvação está em aceitar a Cristo pela fé. Uma vez que obtemos a salvação não podemos perdê-la. Esta salvação é apresentada na Bíblia como sendo:

·         ÚNICA: a salvação efetuada por Cristo no Calvário foi única, isto é, não haveria mais necessidade de sacrifícios pelos pecados; o seu sacrifico foi único e providencial. O “sacrifício” de Maria durante a vida pública de Jesus e sua Paixão em nada lhe confere o título de salvadora ou corredentora com insistem em afirmar os doutores e santos da igreja romana (cf. 1 Pedro 3:18; Atos 4:12; Hebreus 10:12-14).
·          SUFICIENTE: Por ser única, a salvação oferecida por Deus aos homens é também suficiente para nos livrar da morte e do pecado, sendo necessária tão somente a fé neste sacrifico e obediência à Palavra de Deus, como consequência da conversão. Nenhum outro elemento é necessário e nada mais há que reste a ser feito para que adentremos pelas portas do Paraíso vindouro, muito menos a mediação e a vontade de Maria (cf. Gálatas 5:1-12).
·         PERFEITA: A salvação única e suficiente de Deus é também perfeita. O Cordeiro santo, puro e perfeito fez o que os rituais judaicos jamais conseguiram: oferecer um sacrifício perfeito a Deus pelos nossos pecados. Se ainda devêssemos alguma coisa a ser paga por Maria após a nossa morte, este sacrifício não teria sido perfeito (cf. 1 Pedro 1:19-21).
·          TOTAL: Por ser perfeita, esta salvação é total. A nossa conta com Deus é paga no momento em que nele cremos. Não há mais o que ser conquistado, pois tudo Cristo já conquistou na cruz. O desenvolvimento desta salvação virá através do temor a Deus e da santificação diária; após a sua morte, o crente gozará da glória de Deus nos céus (cf. Hebreus 7:25-27).
·         DEFINITIVA: Tão grande salvação (Hebreus 2:3), única, suficiente, perfeita e total, é também definitiva. O crente é salvo para sempre, sem necessidade de sacrifícios diários ou medo de perder aquilo que Deus lhe deu: a vida eterna. Uma vez salvo, sempre salvo. Para o crente perder a salvação, tudo o que foi dito anteriormente teria de ser mentira (cf. Hebreus 5:9; João 6:39,40; 18:9; 10:28; Romanos 8:1).
·         PESSOAL: Esta salvação que nos é oferecida é pessoal, uma escolha de cada um. Não há possibilidade para alguém nos conseguir a salvação sem que a tenhamos buscado e aceitado, principalmente depois da nossa morte: ou se morre com Cristo para a vida eterna, ou se morre sem Ele para a condenação eterna. A mediação de Maria em favor de suas almas benditas em nada contribui para mudar esta situação (cf. João 3:36).

Segundo, a ideia de graça que a Bíblia nos traz é totalmente diferente daquela que vimos estudando através dos textos marianos e não encontra lugar no seio de Maria e na sua vontade, no seu “sim” ou “não”. Sabemos que Deus é o Deus de toda graça (1 Pedro 5:10) e Ele a doa aos homens (Tiago 1:17). Esta graça não foi derramada abundantemente apenas em Maria, mas Deus a derrama naqueles que pela fé aceitam a Jesus Cristo como Senhor e Salvador (cf. João 1:16,17; Romanos 5:15; 1 Coríntios 1:4). Deus não a dá insuficientemente, mas na medida certa. A obra de Deus é completa em nós por meio dela (2 Tessalonicenses 1:11,12). Nela devemos nos firmar (Hebreus 13:9), fortalecer (2 Timóteo 2:1), crescer (2 Pedro 3:18) e falar (Efésios 4:29; Colossenses 4:6). A graça de Deus é grande (Atos 4:33), soberana (Romanos 5:21), rica (Efésios 1:7; 2:7), superabundante (2 Coríntios 9:14), multiforme (1 Pedro 4:10), toda suficiente (2 Coríntios 12:9), toda abundante (Romanos 5:15; 17:20), gloriosa (Efésios 1:6) e é outorgada aos homens pecaminosos (1 Timóteo 1:12,13). É ela que salva (Atos 15:11; Efésios 2:8,9) e justifica (Romanos 3:24).
            Tudo isso descarta completamente a necessidade de qualquer obra que Maria ou outra pessoa pudesse fazer por nós. Deus não depende do seu consentimento para doar-se em amor pela salvação da humanidade, depende somente de Si e do seu sacrifício altruísta pela humanidade (cf. ainda: Romanos 5:2; 4:16; 11:6; Atos 15:11; 18:27; 2 Coríntios 4:15; 6:1; 8:9; 9:8; 12:9; 13:13; Efésios 1:7; 4:7; Filipenses 1:7; Tito 2:11; 3:7; Hebreus 4:16; 10:29; 5:12). A maravilhosa graça de Deus é somente o que precisamos para ter o perdão total dos nossos pecados e a salvação definitiva para a nossa alma.
Terceiro, Deus nos perdoa em Cristo quando sinceramente nos arrependemos e o buscamos em espírito de humildade e oração. O sim de Maria, a sua humildade, as suas dores e a sua intercessão em nada influenciam o perdão de Deus. Deus olha para seu Filho morrendo na cruz e não para Maria que chora aos seus pés, pela qual Ele também morreu (cf. Salmo 130:4; Daniel 9:9; Números 14:18; Mateus 6:12-14; Romanos 4:7; Efésios 4:32; Colossenses 2:13; 3:13; 1 João 1:9). É Cristo pregado na cruz, não Maria; é Cristo ressuscitando ao terceiro dia, não Maria; é Cristo subindo glorioso aos céus para sentar-se à destra de Deus, não Maria; é Cristo quem voltará para levar os que são seus e julgar os vivos e os mortos, não Maria.
            Concluímos ser digno de fé que Maria não tem nenhuma participação na redenção efetuada por Cristo na cruz. Quem necessita de graça senão aquele que é pecador e carente de salvação? Se Maria era abundante de graça como atestam os católicos romanos, é porque ela abundava em pecado (cf. Romanos 5). Se a graça veio para justificar o homem diante de Deus dos seus pecados e conduzi-lo com segurança à morada celeste, o que dizer de Maria que, segundo nos atestam seus fiéis, era mais abundante em graça que todas as criaturas da terra? Assim afirma Ligório (1987, p. 259): “A graça que adornou a Santíssima Virgem sobrepujou não só a de cada um em particular, mas a de todos os santos reunidos”.  Passemos, então, a imaginar quão grande pecadora devia ser Maria! Pessoalmente não creio assim. Na verdade acredito que ele era pecadora, mas uma santa serva do Senhor.

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