quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

REVELAÇÃO: O CONHECIMENTO DE DEUS




(Jo 17:3; Cl 1:27; Ef 3:5; Os 6:3; Jó 42:5; Is 55:8)

                Desde os primórdios o ser humano alimenta um desejo, ainda que muitas vezes insconsciente, de obter explicações que satisfaçam aos seus anseios interiores, à inquietude da sua alma; explicações que vão além da sua compreensão humana e limitada. Por isso ele criou a religião e inventou sua maneira própria de cultuar o “sagrado” (At 17:23). Mas esse sagrado, transcendente, que entendemos por Deus, não pode ser conhecido pela mente do ser humano finito. Então, como conhecer a Deus e nos relacionar com Ele? Só existe uma maneira: através da REVELAÇÃO. Mas nenhuma revelação é suficiente para se conhecer Deus, pois Ele é infinito.


O que é a Revelação? (Ef 1:17; Rm 1:18-27; 2:14-16; Sl 19)

                Revelação é um ato de Deus através do qual Ele torna a Sua pessoa e a Sua vontade conhecidas ao homem. O conteúdo da revelação é o próprio Deus, tendo dois pontos focais: os propósitos de Deus e a pessoa de Deus. Antes que o homem conheça a Deus, é preciso primeiro que Deus se revele a ele. O homem não pode ver a Deus (Jo 1:18; 1 Tm 6:16; Ex 33:20), nem encontrá-lo, por mais que o tente (Jó 11:7; 23:3-9), nem ler os seus pensamentos mediante habilidosas teorias (Is 55:8ss). Por ser pecaminoso, o homem possui seus poderes e sua capacidade de percepção embotadas por satanás (2 Co 4:4) e pelo pecado (1 Co 2:14).
                A revelação é classificada de duas formas:

Revelação geral. Deus, como criador, tem se revelado a todos os homens, em todos os tempos através da revelação geral, por meio da natureza (Sl 19:1; Rm 1:20), da História e da própria constituição do homem, com sua capacidade mental, suas qualidades morais e seus valores espirituais. A humanidade possui uma natureza religiosa. A revelação geral torna o homem inculpável, porém, não nos conduz a um conhecimento completo de Deus, apenas oferece uma luz. Por isso Deus se revela de uma forma mais específica:

Revelação especial. A  revelação especial é a revelação bíblica e a revelação especial de Deus em Jesus Cristo. Ela se expressa no trabalho redentor de Israel e na obra redentora de Cristo. É uma revelação pessoal de Deus se revelando através de pessoas (Moisés, Noé, Abraão, Isaque, os profetas). A Bíblia é o registro dessa revelação geral, onde Deus apresenta a Si mesmo, sua pessoa e vontade. A revelação especial substitui a revelação geral. Ela ocorreu através dos eventos históricos, das palavras do Senhor (Hb 1:1) e na encarnação de Cristo, que é a revelação final de Deus (Jo 14:9).


Qual a imagem que temos de Deus? (Rm 1:23; Sl 115:1-9)

                Mesmo com a revelação geral e a revelação especial, cada povo, cada pessoa tende a construir para si a sua própria imagem de Deus, inclusive esculpindo-a, por isso existem tantas religiões e tantos credos diferentes, mesmo no meio evangélico.
                Como é o Deus que nós cremos? Será que a imagem que temos de Deus corresponde a realidade do Deus que se revela no universo criado, na História, na Bíblia e em Cristo? Nem sempre! Tendemos a fazer uma imagem de Deus segundo a imagem que temos no nosso coração e que projetamos sobre Ele. E essa imagem que formamos dentro de nós é que decide como estaremos na presença de Deus. Uma visão distorcida de Deus é um reflexo dos nossos valores distorcidos. Muitas vezes estamos usando essa imagem que construimos de Deus para justificar muitos de nossos pecados e heresias. Isto é: estamos usando Deus.


O Deus que se revela em Cristo (Jo 1:1-18; Ex 3:14; Sl 23:1; Jo 10:11,14)

                Quando encontramos a Deus verdadeiramente temos de decidir se ficamos com o Deus do encontro ou com o Deus da imagem que construimos. Paulo ficou com o Deus do encontro (cf. At 9 e Fp 3:7,8). E esse Deus chama-se Jesus Cristo. Só podemos conhecer a Deus perfeitamente através de Jesus. Ele é a imagem do Deus invisível (Cl 1:15) e a Sua glória é a glóra de Deus revelada na Sua face (2 Co 4:4-6). Se quisermos ver Deus, precisamos olhar para Jesus (Hb 1:3; Jo 14:9). Jesus é a revelação final e perfeita de tudo aquilo que Deus realmente é. Esse Jesus não é aquele das religiões, mas o Unigênito do Pai.
                Entretanto, nem sempre a imagem que temos de Jesus é aquela verdadeira. O Jesus que é pregado em muitas igrejas varia de acordo com os valores e as necessidades de cada um. Para muitos Ele não passa de um curandeiro e nele buscam apenas aliviar as suas dores físicas. Para outros Ele é apenas um cartão de acesso ao céu, um bilhete de fuga do inferno. Outros, amantes do dinheiro e dos bens materiais, enxergam em Jesus a chance para prosperar na vida. E muitos o veem como fonte inesgotável de poder: poder para curar, poder para expulsar demônios, poder para obter bênçãos, poder sobre as outras pessoas.
                Essas coisas, porém, não produzem no coração do crente algo essencial no seu encontro com Deus, como houve com Paulo: obediência e submissão. Crer em Jesus dessa forma não traz temor e compromisso com a Sua Palavra, com a Sua igreja, com os irmãos, com o próximo; não leva esses “crentes” a crescer na fé, se santificar, evangelizar, buscar os dons espirituais e ministérios onde possam ser úteis no Reino de Deus. Eles são comprometidos com Cristo enquanto estão recebendo bênçãos; se as bênçãos não aparecem, eles somem. Conheceram o Cristo cheio de Poder, mas não o Cristo com Autoridade. Jesus não é Senhor de suas vidas. Exaltam o Deus de misericórdia, por isso sempre vivem pecando, sem se importar com o Deus de justiça e de juízo. Ainda não entenderam o que de fato é “graça”: Rm 6:1-8.


O Deus que Cristo revela (Mt 21:5; Lc 23:46; 1 Jo 4:8,16)

                O que os judeus esperavam de Jesus? Um libertador político que livrasse Israel do jugo romano. Talvez esperassem rever o que aconteceu no Egito, com as dez pragas sendo lançadas sobre os romanos; ou talvez Jesus rodearia Roma até que as suas fortalezas caissem, como aconteceu em Jericó. Mas Jesus mostra um Deus diferente: um Deus poderoso, adorado, majestoso, etc., mas não no sentido que os homens construíram, pois tudo isso que Deus é, o é do modo que Jesus é. Deus é poderoso sim, mas o Seu poder em Cristo se revela através do amor.
                Encontramos o Deus apresentado por Jesus em João 13:1-20. A visão do Deus todo-poderoso era a visão de um cordeiro como se estivesse sido morto. O Deus que Jesus apresenta é totalemente diferente do nosso. Jesus, o verbo que se fez carne (Jo 1:14), o Deus único e verdadeiro (1 Tm 1:17) apresenta-se como servo e lava os pés dos seus discípulos. O Deus que se apresenta em Jesus é um Deus de amor (Jo 3:16), preocupado com os seus discípulos, disposto a dar a sua própria vida por eles (Fp 2:8).
                Quando nos deparamos com essa nova visão de Deus e a aceitamos, a nossa vida e as nossas ações são transformadas. Não andamos mais em busca de poder e bênçãos materiais, mas desejamos servir uns aos outros. Jesus como Senhor e Mestre lavou os pés dos seus discípulos, portanto devemos fazer o mesmo. Essa aceitação do Deus que Cristo revela não deve ser apenas de palavras, mas de ação cheia de temor, ela nos leva a enxergar o próximo.

Quem é Deus para você? Você está disposto a seguir o Deus que Jesus pregou, mesmo que isso signifique abrir mão de si mesmo para doar-se aos outros? Você deseja o poder que Deus tem para te dar? E também deseja servir como o Deus Jesus serviu? Deus não é somente um Deus de aliança e de promessas, mas é Deus de Autoridade. Ele é o Senhor! Ele é o seu Senhor?

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