sexta-feira, 26 de março de 2021

A PAZ DE CRISTO NAS AFLIÇÕES (João 16:33)

 


 A PAZ DE CRISTO NAS AFLIÇÕES (João 16:33)

            Quanto mais os teólogos da prosperidade insistem em pregar um falso evangelho, que diz que o cristão fiel não sofre, tanto mais a realidade se encarrega de nos revelar justamente o contrário. Quando se fala em paz, têm-se a ideia de uma total ausência de conflitos, crises e sofrimentos. Talvez tenhamos de falar que, após cessar qualquer guerra, os soldados voltam para os seus lares repletos de traumas causados por tanto terror e morte que causaram e presenciaram. Então, onde está a sua paz? A paz verdadeira, a paz resiliente, é aquela que nos leva a manter a mente sã, mesmo em meio às guerras cotidianas, bem como após muitas das batalhas que travamos e que nos ferem profundamente. Precisamos voltar os nossos olhos para o entendimento correto das Sagradas Escrituras e entender o ponto de vista de Deus a respeito do sofrimento. Ele, com certeza, anda na contramão do pensamento mundano e das mirabolantes teologias atuais. Um exemplo claro está no texto bíblico supracitado, em que o Senhor Jesus não nos dá garantias de que, ao crermos, teremos todas as nossas dores sanadas, mas que devemos, em meio a elas, manter o ânimo, porque Ele venceu.
            No capítulo 16 do Evangelho segundo João, o Senhor Jesus nos apresenta um paradoxo. Em primeiro lugar, Ele se declara abertamente como o enviado de Deus (vs. 25-30); depois fala do momento em que os seus discípulos seriam dispersos, quando a sua hora chegasse (v. 32). Se lermos os capítulos anteriores, veremos os últimos momentos de Jesus, que antecedem a sua Paixão: “Ora, antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (13:1). Com certeza foram momentos de grande tristeza para os discípulos, que em breve iriam se despedir do seu Mestre. Mas Jesus os confortou: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim” (14:1). Então, após falar do Pai, do amor, do Consolador e da resposta às orações, o Senhor afirmou: “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim” (v. 33a). De fato, o Senhor é a nossa paz, a nossa alegria, o nosso consolo, a nossa vitória e a nossa glória eterna. Ele é o nosso Deus, nosso Bendito Salvador. Somente Ele tem paz para nos dar. Mas será esta a mesma paz que procuramos? Será a mesma pregada nos sermões triunfalistas de tantos templos cristãos?
            Aqui vemos o que, na nossa mentalidade caída, parece ser um paradoxo. Será que a paz que o Senhor tem para nós significa ausência de conflito? Será que essa paz é fruto de uma vida financeiramente próspera, de saúde total e de felicidade plena, isenta de qualquer resquício de sofrimento? Provavelmente não, como certamente a promessa de que mau algum chegaria à “sua tenda” dizia respeito ao povo de Deus do passado. O próprio Senhor continua: “No mundo, passais por aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (v. 33b). Portanto, após nos garantir que teríamos a sua paz, o Senhor nos desvenda uma realidade sempre presente (realidade para os discípulos há tantos séculos e para nós ainda hoje): no mundo sempre teremos aflições. Ele não especificou que tipo de aflições teríamos, porque é grande a adversidade de tribulações e provas que diariamente enfrentamos. Porém, no meio dessas aflições (não à parte delas), temos a paz que Ele nos legou: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (14:27). Todos os discípulos foram perseguidos, torturados e mortos após a subida de Jesus para o céu e a descida do Espírito Santo. Somente o apóstolo João não experimentou o martírio, mas ainda assim morreu de velhice, aprisionado na ilha de Patmos. Então, onde estaria a paz que o Senhor lhes prometeu? Nos açoites? Nas prisões? Nos dentes das feras das arenas romanas? No fio da espada? Nos apedrejamentos? Sim, ela estava presente a todo instante! A paz efetuada por meio da ressurreição, quando todos justificados e tiveram paz com Deus. A paz do Consolador, da certeza da vida eterna, do amor a Deus e a sua obra. A paz dos discípulos, que é também a nossa, estava aliada àquela dos heróis da fé listados em Hebreus 11: a certeza de morar na glória com o Senhor. Logo, a nossa breve passagem por este mundo traz aflições, mas aflições que jamais serão maiores que a paz que carregamos por meio de Cristo.

            Então, não existe paradoxo, não há nenhuma incoerência: Jesus nos dá a sua paz em um mundo em constantes guerras, inclusive aquelas travadas na nossa mente e no nosso coração. A Bíblia está repleta de exemplos de pessoas que adoeceram, que passaram por inúmeras provações e tribulações, que sofreram toda sorte de infortúnios. Como negá-los? Vejamos alguns destes exemplos:
 
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