ESTE TEXTO É PARTE INTEGRANTE DO MEU LIVRO: "MISSÃO INTEGRAL: EVANGELISMO E RESPONSABILIDADE SOCIAL NA DINÂMICA SOLIDÁRIA DO REINO DE DEUS". À VENDA NA AMAZON EM E-BOOK. COMPRE AQUI: MISSÃO INTEGRAL E-BOOK
Ser solidário
não significa sair distribuindo pão aleatoriamente, matando a fome dos famintos
da Igreja e do mundo. A solidariedade nada tem a ver com assistencialismo
social ou paternalismo. Quando tratamos os problemas sociais apenas
superficialmente, acabamos deixando escondidos os reais motivos que levam as
pessoas a sofrer. Se toda semana dermos uma cesta básica a um irmão pobre da
Igreja ou um prato de comida todos os dias ao faminto que bate à nossa porta, o
que estamos fazendo além de perpetuar a sua pobreza e causar-lhes dependência
de nós? Às vezes é isto que queremos: criar cidadãos dependentes da nossa
caridade, como uma forma de manter o poder e a influência sobre eles de modo a
manipulá-los. A Igreja parece se sentir “onipotente” quando pode contar com um
grande número de pessoas que dependem socialmente dela. O assistencialismo
social transforma-se em apenas um meio de propaganda denominacional.
A solidariedade precisa ser libertadora,
deixando de olhar para os sintomas, como a fome e o desemprego, e passando a
atacar o vírus causador do mal social. O que causa a fome, ou quais os motivos
de haver desemprego? Se a erva daninha que adoece e mata as plantações não for
cortada pela raiz, em breve reaparecerá e em maior quantidade, continuando a
causar os seus males. Os problemas devem ser tratados onde eles estiverem, e
não de maneira periférica. É do centro para as bordas, conforme nos mostram Cacciari
e Martini (2003, p. 11):
Não
basta, certamente, uma solidariedade qualquer que não acabaria servindo para
nada e para ninguém. Na realidade, sobretudo hoje, exige-se uma forte
solidariedade capaz de reintegrar com plenos direitos na sociedade aqueles
indivíduos que dela foram “excluídos” e que, na prática, acabamos abandonando à
margem da vida, esquecendo-nos deles quase que totalmente, deixando-nos
absorver exclusivamente pelo nosso bem-estar.
A economia
solidária do Reino de Deus pode muito mais que alimentar o ser humano por
alguns dias, ela pode dar-lhe condições de alimentar a si mesmo por toda a sua
vida, todos os dias. Ela deve nos tirar da nossa inércia e do nosso comodismo,
onde sentimos que não é da nossa conta os problemas dos irmãos e daqueles que
estão oprimidos no mundo, os pobres e os necessitados, tão amados e defendidos
por Deus na Bíblia. Mais adiante veremos mais detalhadamente como podemos
praticar a economia solidária com inteligência e eficácia ao tratarmos de
responsabilidade social.
Dessa
forma, a solidariedade não deve dar lugar à impulsividade. Toda impulsividade é
infrutífera e serve apenas como um paliativo para os problemas. As questões
sociais, tanto na nossa realidade eclesiástica como do mundo que nos cerca e no
qual labutamos, precisam ser pensadas e debatidas antes de tomarmos qualquer
posição no sentido de tratá-las. Esta compreensão inteligente da realidade é
apenas o primeiro passo para a ação. Tudo aquilo que fica apenas no campo das
ideias, dos sentimentos, acaba se transformando em discurso teológico,
sociológico; em teorias e estatísticas. Somente a ação pensada e planejada
estrategicamente pode contribuir para a transformação da realidade. O contrário
disso é o mesmo que orar pelo perdido para que ele se converta sem jamais
pregar-lhe a Palavra de Deus.
A
dimensão do alcance da solidariedade que busca transformar a realidade das
pessoas e dar-lhes uma nova identidade de cidadãos plenos e socialmente
atuantes é quase impossível de se apreender. O efeito multiplicador causado a
partir de uma vida ou de toda uma comunidade impactada pelo amor solidário de
Deus pode repercutir de maneira profunda no espaço e no tempo. No espaço porque
estamos contribuindo para uma sociedade mais justa e igualitária, com pessoas
plenamente restabelecidas e capazes de continuar construindo a sua própria
realidade a partir das suas habilidades e talentos dados por Deus. Ações
sociais bem planejadas e executadas sob a orientação de Deus, principalmente se
envolvem políticas públicas, ajudarão na diminuição das taxas de mortalidade
infantil, desemprego, consumo de drogas, violência doméstica e urbana,
corrupção, conformismo, etc.; elas tratarão de questões ligadas à educação,
saúde pública, saneamento básico e segurança.
Nesta
transformação espacial, o individuo que é resgatado das drogas e reinserido na
sociedade e no mercado de trabalho, desencadeará mudanças na sua própria
realidade, na da sua família e na da sua comunidade. Da mesma forma, o pai de
família que antes estava desempregado agora pode capacitar-se através de cursos
profissionalizantes, podendo exercer uma profissão, deixando de ser pesado para
a sua família, para a Igreja e para a sociedade. Como uma pedra que é atirada em
um grande lago, formando ondas que transformam a realidade a partir do centro
até chegar às margens, assim é a vida de alguém que foi alcançado pela
solidariedade do Reino de Deus.
No
tempo porque aquilo que plantamos hoje, colheremos no futuro, e os frutos do
nosso investimento poderemos colher durante muito tempo, indefinidamente.
Também, porque o futuro será transformado pelo presente. Um exemplo disto é a
consciência ecológica. Todos sabemos que o ser humano está destruindo o planeta
que Deus fez para que ele cuidasse. Daqui há alguns anos, muitos não poderão
usufruir de alguns recursos que temos hoje. Cuidar da natureza significa dar um
futuro melhor ao planeta e deixar um legado para que as próximas gerações
possam aproveitar. Na nossa geração existem animais que daqui a poucos anos não
poderão mais ser vistos senão nas revistas e livros.
Investir
no presente é construir o futuro. No mundo, milhares de pessoas morrem de fome
e de doenças por ano, acima de tudo crianças. São vidas ceifadas, privadas do
futuro. A nossa inconsciência e dureza de coração sempre coloca a culpa em
Deus: a criança morreu porque Deus quis assim. Na verdade, ela morreu porque
nós quisemos assim, pela nossa falta de amor, de compaixão, de misericórdia, de
solidariedade; resumindo: nossa falta de Deus. Repensar esta questão significa
permitir que os pobres e os oprimidos tenham um futuro e possam construí-lo
diariamente, de maneira digna e humana.
CONHEÇA E ADQUIRA OS MEUS E-BOOKS COM TEMAS TEOLÓGICOS, ESPIRITUAIS, POESIA, TEATRO, CONTOS E MUITO MAIS! ACESSE O SITE OU O APLICATIVO DA AMAZON E ADQUIRA OS SEUS. VEJA ALGUNS DOS PRINCIPAIS TÍTULOS QUE ESTÃO DISPONÍVEIS:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por favor, jamais comente anonimamente. Escrevi publicamente e sem medo. Faça o mesmo ao comentar. Grato.