Pecadores nas Mãos de um Deus Irado
por
Jonathan Edwards
Sermão pregado em 08 de Julho de 1741 em Enfield, Connecticut - EUA
“... A seu tempo, quando resvalar o seu pé” (Deuteronômio 32.35).
Nesse versículo os
ímpios e incrédulos israelitas, que eram o povo visível de Deus, e que
viviam debaixo de Sua graça, são ameaçados com a vingança do Senhor.
Apesar de todas as obras maravilhosas que Deus operara em favor desse
povo, este permanecia sem juízo e destituído de entendimento, como está
escrito no versículo 28. e mesmo sob todos os cuidados do céu produziram
fruto amargo e venenoso, conforme verificamos nos dois versículos
anteriores.
A declaração que
escolhi para meu texto, "A seu tempo, quando resvalar o seu pé", parece
subentender as seguintes questões, relativas à punição e destruição que
aqueles ímpios israelitas estavam sujeitos a sofrer:
1. Que eles estavam
sempre expostos à destruição , assim como está sujeito a cair todo
aquele que se coloca de pé, ou anda por lugares escorregadios. A maneira
como serão destruídos vem aí representada pelo deslize de seus pés. A
mesma citação encontramos no Sl 73.18-19, "Tu certamente os pões em
lugares escorregadios, e os fazes cair na destruição".
2. Faz supor também que estavam sempre sujeitos a uma súbita e inesperada destruição,
à semelhança daquele que anda por lugares escorregadios e a qualquer
instante pode cair. O ímpio não consegue prever se, num momento, ficará
de pé, ou se, em seguida, cairá. Quando cai, cai subitamente, sem aviso,
como está escrito, também, no Sl 73.18-19, "Tu certamente os põe em
lugares escorregadios, e os fazes cair na destruição. Como ficam de
súbito assolados! Totalmente aniquilados de terror!"
3. Outra coisa
implícita no texto é que os ímpios estão sujeitos a cair por si mesmos,
sem serem derrubados pelas mãos de outrem, pois aquele que se detém ou
anda por terrenos escorregadios não precisa mais do que seu próprio peso
para cair por terra.
4. E também a razão
pela qual ainda não caíram, e não caem, é por não haver chegado ainda o
tempo determinado pelo Senhor. Pois está escrito que quando este tempo
determinado, ou escolhido, chegar, seu pé irá resvalar. E então
serão entregues à queda, para a qual já estão predispostos por causa do
próprio peso. Deus não os susterá mais em lugares escorregadios, mas
vai deixá-los sucumbir. Então, nesse exato momento, cairão em
destruição, à semelhança daqueles que transitam em terrenos
escorregadios, à beira de precipícios, e não conseguem se manter de pé
sozinhos,caindo imediatamente e se perdendo ao serem abandonados.
Eu insistira agora num
exame maior das seguintes palavras: não há nada, a não ser a boa vontade
de Deus, que impeça os ímpios de caírem no inferno a qualquer momento.
Por mera boa vontade de
Deus, me refiro à sua vontade soberana, ao seu livre arbítrio, o qual
não é restringido por nenhuma obrigação, nem tolhido por qualquer tipo
de dificuldade. Em última análise, sob qualquer aspecto, nada, exceto a
vontade de Deus, tem poder para preservar os ímpios da destruição por um
instante sequer.
A verdade dessa observação transparecerá nas seguintes considerações:
A verdade dessa observação transparecerá nas seguintes considerações:
1. Não falta poder
a Deus para lançar os ímpios no inferno a qualquer momento. A mão dos
homens não é suficientemente forte quando Deus se levanta. O mais forte
deles não tem poder para resistir-lhe, e ninguém consegue se livrar de
suas mãos.Ele não só pode lançar os ímpios no inferno, como pode fazê-lo
com a maior facilidade. Muitas vezes, uma autoridade terrena encontra
grande dificuldade em dominar um rebelde, o qual acha meios de se
fortalecer e se tornar mais poderoso pelo número de seguidores que
alicia. Mas com Deus não é assim. Não há força que resista ao seu poder.
Mesmo que as mãos se unam, e que enormes multidões de inimigos do
Senhor juntem suas forças e se associem, serão todos facilmente
despedaçados. São como montes de palha seca e leve diante de um furacão,
ou como grande quantidade de restolho perto de chamas devoradoras. Nós
achamos fácil pisar e esmagar uma lagarta que se arrasta pelo chão.
Achamos fácil também cortar ou chamuscar um fio de linha fino que segura
alguma coisa. Então, é simples para Deus, quando lhe apraz, lançar seus
inimigos no inferno profundo. Quem somos nós, que imaginamos poder
resistir Àquele ante cuja repreensão a terra treme, e perante quem as
pedras tombam?
2. Eles merecem
ser lançados no inferno. Assim, a justiça divina não se interpõe no
caminho dos ímpios; nem faz objeção pelo fato de Deus usar seu poder
para destruí-los a qualquer momento. Muito pelo contrário, a justiça
fala assim da árvore que produz frutos maus: "... pode cortá-la; para
que está ela ainda ocupando inutilmente a terra?" (Lc 13.7). A espada da
justiça divina está o tempo todo erguida sobre suas cabeças, e somente a
mão de absoluta misericórdia e a mera vontade de Deus podem detê-la.
3. Os ímpios já estão debaixo da sentença de condenação
ao inferno. Eles não só merecem ser lançados ali, mas a sentença da lei
de Deus, esse preceito de eterna e imutável retidão que o Senhor
estabeleceu entre si mesmo e a humanidade, também se coloca contra eles,
e assim os mantém. Portanto, tais homens já estão destinados ao
inferno. "...o que não crê já está julgado." (Jo 3.18). Assim, todo
impenitente pertence, verdadeiramente, ao inferno. Ali é o seu lugar,
ele é de lá, como temos em João 8.23: "vós sois cá debaixo" e para lá é
destinado. Este é o lugar que a justiçam, a Palavra de Deus e a sentença
de sua lei imutável reservam para ele.
4. Assim sendo, eles
são objetos da ira e da indignação de Deus, que se manifesta através dos
tormentos do inferno. E a razão de não descerem ao inferno agora mesmo
não é pelo fato do Senhor, em cujo poder se encontram, estar menos irado
com eles no momento, ou, pelo menos, não tão encolerizado como está com
aquelas miseráveis criaturas a quem ele atormenta no inferno, as quais
experimentam e sofrem ali a fúria de sua indignação. Sim, Deus se acha
muito mais furioso com um grande número de pessoas que está vivendo na
terra agora, talvez de modo mais tranqüilo e confortável, do que com
muitos daqueles que estão experimentando as chamas do inferno. Portanto,
a razão porque Deus ainda não abriu a sua mão e os liquidou, não é por
ele não se importar com suas iniqüidades, ou não se ofender. O Senhor
não se parece com eles, embora pensem que sim. A fúria de Deus arde
contra eles, sua condenação não demora. O abismo está preparado, o fogo
está pronto, a fornalha incandescente está ardendo, pronta para
recebê-los. As chamas vermelhas queimam. A espada luminosa foi afiada e
pesa sobre suas cabeças. O inferno abriu a sua boca debaixo deles.
5. O diabo está pronto a
cair sobre os ímpios, para apoderar-se deles como coisa sua, no momento
em que Deus o permitir. Eles lhe pertencem, suas almas encontram-se em
seu poder e sob seu domínio. As Escrituras os apresentam como
propriedade de satanás (Lc 11.21). Os demônios os espreitam, estão
sempre ao seu lado, à sua direita, esperando por eles como leões
esfaimados e enfurecidos que vêem a presa, aguardando a hora de
agarrá-la, mas são restringidos por enquanto. Se Deus retirasse sua mão,
a qual os refreia, eles cairiam sobre suas pobres almas num instante. A
velha serpente está pronta a dar o bote. O inferno escancara sua boca
para recebê-los. E se Deus permitisse, seriam rapidamente engolidos e
consumidos.
6. Nas almas dos
pecadores reinam aqueles princípios diabólicos que os faria arder agora
mesmo no inferno, se não fosse a restrição imposta por Deus. Existe na
própria natureza carnal do homem uma potencialidade alicerçando os
tormentos do inferno. Há aqueles princípios corruptos que agem de
maneira poderosa sobre eles, que só dominam completamente, e que são
sementes do fogo do inferno. Esses princípios são ativos e poderosos, de
natureza extremamente violenta, e se não fosse a mão restringidora do
Senhor sobre eles, seriam logo destruídos. Iriam arder em chamas da
mesma forma que a corrupção e a rebeldia fazem arder os corações das
pessoas condenadas, gerando nelas os mesmos tormentos. As almas dos
ímpios são comparadas nas Escrituras com o mar agitado (Is 57.20). Por
enquanto Deus controla as iniqüidades deles pelo seu imenso poder, como
faz com as ondas enfurecidas do mar, dizendo: "virão até aqui, mas não
prosseguirão." Mas se Deus retirasse deles seu poder refreador, seriam
todos tragados por elas. O pecado é a ruína e a miséria da alma. Ele é
destrutivo pela própria natureza. E se Deus o deixasse sem controle, não
seria preciso mais nada para tornar as almas humanas absolutamente
miseráveis. A corrupção no coração do homem é algo cheio de fúria
incontrolável e sem freio. Enquanto os pecadores viverem aqui, essa
fúria será como fogo reprimido pelas restrições divinas. Ao passo que,
se fosse liberada, incendiaria o curso natural da vida. E como o coração
é um poço de pecado, este mesmo pecado iria imediatamente transformar a
alma num forno incandescente ou numa fornalha de fogo e enxofre, caso
não fosse restringido.
7. O fato de não haver
sinais visíveis da morte por perto, não quer dizer que haja, por um
momento, sequer segurança para os ímpios. O fato do homem natural ter
boa saúde, de não prever que poderia deixar este mundo num minuto por um
acidente, de não haver perigo visível à sua volta, nada disso lhe ser
vê de segurança. Contínuas e inúmeras experiências humanas, em todas as
épocas, nos mostram que não existem provas de que o homem não esteja à
beira da eternidade, ou de que seu próximo passo não venha a ser no
outro mundo. Os caminhos e meios, invisíveis e imprevistos, de chegar lá
são incontáveis e inconcebíveis. Os homens não convertidos caminham por
cima das profundezas do inferno, sobre uma superfície frágil onde
existem varias áreas quebradiças, também invisíveis, as quais não
conseguirão agüentar o seu peso. As flechas da morte voam ao meio-dia
sem serem vistas. O olhar mais atento não pode distingui-las. Deus tem
muitas maneiras diferentes e misteriosas de tirar os homens pecadores do
mundo e despachá-los para o inferno. Não há nada que faça crer que o
Senhor precise de ajuda de um milagre, ou que necessite se desviar do
curso natural de sua providência para destruir qualquer pecador, a
qualquer momento. Desde que todos os meios para fazer os ímpios deixarem
este mundo estão de tal forma nas mãos de Deus, tão absoluta e
universalmente sujeitos ao seu poder e determinação, segue-se que a ida
dos pecadores para o inferno, a qualquer momento, depende simplesmente
da vontade de Deus � quer usando meios ou não.
8. O cuidado e a
prudência dos homens naturais em preservar suas vidas, ou o cuidado de
terceiros em preservá-las, não lhes dá segurança por um momento sequer. A
providência divina e a experiência humana testificam isso. Existem
evidências claras de que a sabedoria dos homens não lhes é segurança
contra a morte. Se não fosse assim, haveria uma diferença entre a morte
prematura e inesperada de homens sábios e prudentes, e dos demais. Mas, o
que realmente acontece? "Como morre o homem sábio? Assim como um tolo."
(Ec 2.16).
9. Todo o esforço e artimanha
dos ímpios para escaparem do inferno não os livram do mesmo, nem por um
momento, pois continuam a rejeitar a Cristo, e portanto permanecem
ímpios. Quase todos os homens naturais que ouvem falar do inferno
alimentam a ilusão de que vão escapar dele. Quanto a sua própria
segurança, confiam em si mesmos. Vangloriam-se do que fizeram, do que
estão fazendo e do que pretendem fazer. Cada um traça seu próprio plano,
pensa em evitar a condenação, e se vangloria e que irá tramar tão bem
todas as coisas que seu esquema, com certeza, não falhará. Na verdade,
eles ouvem dizer que poucos se salvam, e que a maior parte dos homens
que já morreram foram para o inverno; mas cada um deles se imagina capaz
de planejar melhor a própria fuga, do que os outros puderam fazer.
Dentro de si mesmos dizem que não pretendem ir para esse lugar de
tormento, e que pretendem tomar todo o cuidado necessário,
esquematizando as coisas de tal forma na ao terem possibilidade de
falhar.
Mas os insensatos filhos dos homens iludem-se miseravelmente quanto a seus próprios planos. A confiança que depositam na própria força e sabedoria é o mesmo que confiar na fragilidade de uma sombra. A maior parte daqueles que antes viveram debaixo da dispensação da graça, e agora estão mortos, sem dúvida alguma foram para o inferno. E não é por terem sido menos espertos do que os que ainda estão vivos, nem por terem planejado as coisas de tal forma que não lhes assegurou o escape. Se pudéssemos falar com eles, um a um, e perguntar-lhes se, quando vivos, esperavam ser vítimas de tamanha miséria, sem dúvida ouviríamos todos dizer: "Não, eu nunca pensei em vir para cá. Eu tinha esquematizado as coisas de maneira bem diferente. Pensei que iria conseguir algo melhor para mim, que meu plano era adequado. Pensei em me precaver melhor, mas tudo aconteceu de maneira tão repentina. Não esperava por isso naquela época, e nem daquela maneira. Mas tudo veio como um ladrão. A morte foi mais esperta que eu. A ira de Deus foi rápida demais para mim. Oh!, maldita insensatez! Eu me gabava, e me deleitava em sonhos vãos quanto ao que faria no futuro. E justamente quando eu mais falava de paz e segurança, me sobreveio uma súbita destruição."
Mas os insensatos filhos dos homens iludem-se miseravelmente quanto a seus próprios planos. A confiança que depositam na própria força e sabedoria é o mesmo que confiar na fragilidade de uma sombra. A maior parte daqueles que antes viveram debaixo da dispensação da graça, e agora estão mortos, sem dúvida alguma foram para o inferno. E não é por terem sido menos espertos do que os que ainda estão vivos, nem por terem planejado as coisas de tal forma que não lhes assegurou o escape. Se pudéssemos falar com eles, um a um, e perguntar-lhes se, quando vivos, esperavam ser vítimas de tamanha miséria, sem dúvida ouviríamos todos dizer: "Não, eu nunca pensei em vir para cá. Eu tinha esquematizado as coisas de maneira bem diferente. Pensei que iria conseguir algo melhor para mim, que meu plano era adequado. Pensei em me precaver melhor, mas tudo aconteceu de maneira tão repentina. Não esperava por isso naquela época, e nem daquela maneira. Mas tudo veio como um ladrão. A morte foi mais esperta que eu. A ira de Deus foi rápida demais para mim. Oh!, maldita insensatez! Eu me gabava, e me deleitava em sonhos vãos quanto ao que faria no futuro. E justamente quando eu mais falava de paz e segurança, me sobreveio uma súbita destruição."
10. Deus não se sujeita a nenhuma obrigação,
nem a nenhuma promessa de manter o homem natural fora do inferno por um
momento sequer. Ele não fez absolutamente nenhuma promessa de vida
eterna, ou de libertação ou proteção da morte eterna, senão àquelas que
estão contidas na aliança da graça � as promessas concedidas em Cristo,
no qual todas as promessas são o sim e o amém. Mas obviamente os que não
são filhos da aliança da graça não têm interesse na mesma, pois não
crêem em nenhuma das suas promessas, e nem têm o menor interesse no
Mediador dessa aliança.
Portanto, apesar de
tudo que os homens possam imaginar ou pretender sobre promessas de
salvação, devido suas lutas pessoais e buscas incessantes, deixamos
claro e manifesto que qualquer desses esforços ou orações que se façam
em relação à religião, será inútil. A não ser que creiam em Cristo, o
Senhor, de modo nenhum Deus está obrigado a conservá-los fora da
condenação eterna.
Então, os homens
impenitentes estão detidos nas mãos de Deus por cima do abismo do
inferno. Eles merecem o lago de fogo e para ele estão destinados. Deus
se acha terrivelmente irritado. Seu furor para com eles é tão grande
quanto para com aqueles que já estão agora sofrendo o suplício da fúria
de sua ira no inferno. Esses ímpios não fizeram absolutamente nada para
abrandar ou diminuir sua cólera, portanto o Senhor não está de modo
algum preso a qualquer promessa de livramento, nem por um momento
sequer. O diabo espera por eles, o inferno já escancarou a sua boca para
tragá-los. O fogo latente em seus corações agrava-se agora querendo
explodir. E como continuam sem o menor interesse no Mediador, não
existem meios, ao alcance deles, que lhes possa dar segurança. Em suma,
eles não têm refúgio e nada onde se segurar. O que os retém a cada
instante é a absoluta boa vontade divina e a clemência sem compromisso,
sem obrigação, de um Deus enraivecido.
Aplicação
Essa mensagem pode
despertar as pessoas não convertidas para o significado do perigo que
estão correndo. Isso que vocês escutaram é o caso de todo aquele que não
está em Cristo. Esse mundo de tormento, isto é, o lago de enxofre
incandescente, está aberto debaixo de vossos pés. Ali se encontra o
terrível abismo de chamas que ardem com a fúria de Deus, e o inferno com
sua imensa boca escancarada. E vocês não têm onde se apoiarem, nem
coisa alguma onde se segurarem. Não existe nada entre vocês e o inferno,
senão o ar, e só o poder e o favor de Deus podem vos suster.
Provavelmente vocês não têm consciência dessas coisas, acham que vão conseguir se livrar do inferno, e não vêem nisso tudo a mão de Deus. E olham as coisas ao seu redor, como o bom estado de vossa saúde física, os cuidados que tomam de vossas vidas, e os meios que usam para vossa própria preservação. Mas essas coisas não representam nada. Se Deus retirasse sua mal, elas de nada valeriam para impedir-vos a queda; elas valem tanto como a brisa tênue que tenta sustentar uma pessoa no ar.
Vossas iniqüidades vos fazem pesados como chumbo, pendentes para baixo, pressionados em direção ao inferno pelo próprio peso, e se Deus permitisse que caíssem vocês afundariam imediatamente, desceriam com a maior rapidez, e mergulhariam nesse abismo sem fundo. Vossa saúde, vossos cuidados e prudência, vossos melhores planos, toda a vossa retidão, de nada valeriam para sustentar-vos e conservar-vos fora do inferno. Seria como tentar segurar uma avalancha de pedras com uma teia de aranha. Se não fosse a misericórdia de Deus, a terra não suportaria vocês por um só momento, pois são uma carga para ela. A natureza geme por causa de vocês. A criação foi obrigada a se sujeitar à escravidão, involuntariamente, por causa da vossa corrupção. Não é com prazer que o sol brilha sobre vocês, para que sua luz vos alumie para pecarem e servirem a satanás. A terra não produz de bom grado os seus frutos para satisfazer vossa luxuria. Nem está disposta a servir de palco à exibição de vossas iniqüidades. Não é voluntariamente que o ar alimenta vossos corpos, mantendo viva a chama dos vossos corpos, enquanto vocês gastam a vida servindo os inimigos de Deus. As coisas criadas por Deus são boas e foram feitas para o homem, por meio delas, servisse ao Senhor. Não é com prazer que prestam serviço a outros propósitos, e gemem quando são ultrajadas ao servirem objetivos tão contrários à sua finalidade e natureza. E a própria terra vomitaria vocês se não fosse a mão soberana d'Aquele a quem vocês tanto tem ofendido. Eis aí as nuvens negras da ira de Deus pairando agora sobre vossas cabeças carregadas por uma tempestade ameaçadora, cheia de trovões. Não fosse a mão restringidora do Senhor, elas arrebentariam imediatamente sobre vocês. A misericórdia soberana de Deus, por enquanto, refreia esse vento impetuoso, do contrário ele sobreviria com fúria, vossa destruição ocorreria repentinamente, e vocês seriam como palha dispersada pelo vento.
A ira de Deus é como grandes águas represadas que crescem mais e mais, aumentam de volume, até que encontram uma saída. Quanto mais tempo a correnteza for reprimida, mais rápido e forte será o seu fluxo ao ser liberada. É verdade que até agora ainda não houve um julgamento por vossas obras más. A enchente da vingança de Deus encontra-se represada. Mas, por outro lado, vossa culpa cresce dava dez mais, e dia a dia vocês acumulam mais e mais ira contra si mesmos. As águas estão subindo continuamente, fazendo sua força aumentar mais e mais. Nada, a não ser a misericórdia de Deus, detém as águas, as quais não querem continuar represadas e forçam uma saída. Se Deus retirasse sua mão das comportas, elas se abririam imediatamente e o mar impetuoso da fúria e da ira de Deus iria se precipitar com furor inconcebível, e cairia sobre vocês com poder onipotente. E mesmo que vossa força fosse dez mil vezes maior do que é, sim, dez mil vezes maior do que a força do mais forte e vigoroso diabo do inferno, não valeria nada para resistir ou deter a ira divina.
O arco da ira de Deus já está preparado, e a flecha ajustada ao seu cordel. A justiça aponta a flecha para vosso coração, e estica o arco. E nada, senão a misericórdia de Deus � um Deus irado! � que não se compromete e a nada se obriga, impede que a flecha se embeba agora mesmo do vosso sangue. Assim estão todos vocês que nunca experimentaram uma transformação real em vossos corações pela ação poderosa do Espírito do Senhor em vossas almas � todos vocês que não nasceram de novo, nem foram feitos novas criaturas, ressurgindo da morte do pecado para um estado de luz, e para uma vida nova nunca experimentada antes. Por mais que vocês tenham modificado a conduta em muitas coisas, e tenham possuído simpatias religiosas, e até mantido uma forma pessoal de religião com vossas famílias e em particular, indo à casa do Senhor, sendo até severos quanto a isso, mesmo assim vocês estão nas mãos de um Deus irado. Somente sua misericórdia vos livra de ser, agora, neste momento, tragados pela destruição eterna. Por menos convencidos que vocês estejam agora quanto às verdades ouvidas, no porvir serão plenamente convencidos. Aqueles eu já se foram, e que estavam na mesma situação que a vossa, percebem que foi exatamente isso que lhes aconteceu, pois a destruição caiu de repente sobre muitos deles, quando menos esperavam, e quando mais afirmavam vier em paz e segurança. Agora eles vêem que aquelas coisas nas quais puseram sua confiança para obter paz e segurança eram nada mais que uma brisa ligeira e sombras vazias.
O Deus que vos mantém acima do abismo do inferno vos abomina; ele está terrivelmente irritado e seu furor contra vocês queima como fogo. Ele vê vocês como apenas dignos de serem lançados no fogo. E seus olhos são tão puros que não podem tolerar tal visão. Vocês são dez mil vezes mais abomináveis a seus olhos do que é a mais odiosa das serpentes venenosas para olhos humanos. Vocês o têm ofendido infinitamente mais do que qualquer rebelde obstinado ofenderia a um governante. No entanto, nada, a não ser a sua mão, pode impedir-vos de cair no fogo a qualquer momento. O fato de vocês não terem ido para o inferno a noite passada e de terem tido permissão para acordar ainda aqui neste mundo, depois de terem fechado os olhos ontem para dormir, atribui-se ao mesmo favor. Não existe outra razão porque vocês não foram lançados no inferno ao se levantarem pela manhã, a não ser o fato da mão de Deus ter-vos sustentado. E não existe outra razão porque vocês não caiam no inferno neste exato momento.
Oh!, pecador, pense no perigo terrível que se encontra! É sobre uma grande fornalha de furor, sobre um abismo imenso e sem fim, cheio do fogo da ira, que você está pendurado, seguro pela mão de Deus, cujo furor acha-se tão inflamado contra você, como contra muitas pessoas já condenadas no inferno. Você está suspenso por uma linha tênue, com as chamas da cólera divina lampejando à tua volta, prontas para atearem fogo e queimar-te por inteiro. E você continua sem interesse no Mediador, sem nada onde se agarrar para poder se salvar, nada que possa afastar as chamas da cólera divina, nada de teu próprio, nada que tenha feito ou possa vir a fazer, para persuadir o Senhor a poupar tua vida por um minuto sequer. Considere, então, mais detidamente, vários aspectos dessa cólera que te ameaça com tão grande perigo.
1. A quem pertence essa ira? É a ira do Deus infinito. Se fosse somente a ira humana, mesmo a do governante mais poderoso, comparativamente seria considerada como coisa pequena. A ira dos reis é bastante temida, principalmente dos monarcas absolutos, que possuem os bens e as vidas de seus súditos inteiramente sob o seu poder, para serem usados quando bem entenderem. "Como o bramido do leão é o terror do rei; o que lhe provoca a ira peca contra a sua própria vida." (Pv 20.2). O súdito que enfurece este tipo de governante arbitrário, sofre os maiores tormentos que se possa conceber, ou que o poder humano possa infligir. Porém, os maiores principados da terra, em toda a sua grandeza, majestade e poder, mesmo revestidos de seus grandes terrores, não são mais do que vermes débeis e desprezíveis que rastejam no pó, quando comparados com o grande e todo-poderoso criador e rei dos céus e da terra. Mesmo quando estão enraivecidos e sua fúria chega ao máximo, é muito pouco o que podem fazer. Os reis da terra são, perante Deus, como gafanhotos. Valem menos que nada. Tanto o seu amor quanto o seu ódio são desprezíveis. A ira do grande Rei dos reis é muito mais terrível do que a deles, tal como é maior a sua majestade. "Digo-vos, pois, amigos meus: não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer". (Lc 12.4-5).
2. É à ferocidade de sua ira que vocês estão expostos. Lemos, com freqüência, sobre a ira de Deus, como por exemplo em Is 58.18. "Segundo as obras deles, assim retribuirá; furor aos seus adversários." E também em Is 66.15 "Porque, eis que o Senhor virá em fogo, e os seus carros como um torvelinho, para tornar a sua ira em furor, e a sua repreensão em chamas de fogo." E assim é em muitos outros lugares da Bíblia. Lemos também em ap 19.15: "... o lagar do vinho do furor da ira do Deus todo-poderoso." Essas palavras são incrivelmente aterradoras. Se estivesse escrito apenas a "ira de Deus", isso já nos faria supor algo bastante temível. Mas está escrito "o furor da ira de Deus", ou seja, a fúria de Deus, o furor de Jeová! Oh!, quão terrível deve ser esse furor! Quem pode exprimir ou conceber o que essas palavras contêm? Mas não é apenas isso que está escrito, e sim "o furor da ira do Deus Todo-Poderoso." Essas palavras dão a entender que uma grande manifestação de seu poder onipotente vai acontecer. Através dela ele infligirá aos homens todo o furor de sua ira. Assim como os homens costumam manifestar sua própria força através do furor de sua ira, a onipotência divina irá, da mesma forma, se enfurecer e se manifestar. Então, qual será a conseqüência de tudo isso? O que será do pobre verme que vier a sofrer todo este mal? Que mão serão tão fortes, e que coração conseguirá suportar tanto furor? A que terrível, inexprimível, inconcebível abismo de miséria irá chegar a pobre criatura humana que será vítima disso tudo!
Provavelmente vocês não têm consciência dessas coisas, acham que vão conseguir se livrar do inferno, e não vêem nisso tudo a mão de Deus. E olham as coisas ao seu redor, como o bom estado de vossa saúde física, os cuidados que tomam de vossas vidas, e os meios que usam para vossa própria preservação. Mas essas coisas não representam nada. Se Deus retirasse sua mal, elas de nada valeriam para impedir-vos a queda; elas valem tanto como a brisa tênue que tenta sustentar uma pessoa no ar.
Vossas iniqüidades vos fazem pesados como chumbo, pendentes para baixo, pressionados em direção ao inferno pelo próprio peso, e se Deus permitisse que caíssem vocês afundariam imediatamente, desceriam com a maior rapidez, e mergulhariam nesse abismo sem fundo. Vossa saúde, vossos cuidados e prudência, vossos melhores planos, toda a vossa retidão, de nada valeriam para sustentar-vos e conservar-vos fora do inferno. Seria como tentar segurar uma avalancha de pedras com uma teia de aranha. Se não fosse a misericórdia de Deus, a terra não suportaria vocês por um só momento, pois são uma carga para ela. A natureza geme por causa de vocês. A criação foi obrigada a se sujeitar à escravidão, involuntariamente, por causa da vossa corrupção. Não é com prazer que o sol brilha sobre vocês, para que sua luz vos alumie para pecarem e servirem a satanás. A terra não produz de bom grado os seus frutos para satisfazer vossa luxuria. Nem está disposta a servir de palco à exibição de vossas iniqüidades. Não é voluntariamente que o ar alimenta vossos corpos, mantendo viva a chama dos vossos corpos, enquanto vocês gastam a vida servindo os inimigos de Deus. As coisas criadas por Deus são boas e foram feitas para o homem, por meio delas, servisse ao Senhor. Não é com prazer que prestam serviço a outros propósitos, e gemem quando são ultrajadas ao servirem objetivos tão contrários à sua finalidade e natureza. E a própria terra vomitaria vocês se não fosse a mão soberana d'Aquele a quem vocês tanto tem ofendido. Eis aí as nuvens negras da ira de Deus pairando agora sobre vossas cabeças carregadas por uma tempestade ameaçadora, cheia de trovões. Não fosse a mão restringidora do Senhor, elas arrebentariam imediatamente sobre vocês. A misericórdia soberana de Deus, por enquanto, refreia esse vento impetuoso, do contrário ele sobreviria com fúria, vossa destruição ocorreria repentinamente, e vocês seriam como palha dispersada pelo vento.
A ira de Deus é como grandes águas represadas que crescem mais e mais, aumentam de volume, até que encontram uma saída. Quanto mais tempo a correnteza for reprimida, mais rápido e forte será o seu fluxo ao ser liberada. É verdade que até agora ainda não houve um julgamento por vossas obras más. A enchente da vingança de Deus encontra-se represada. Mas, por outro lado, vossa culpa cresce dava dez mais, e dia a dia vocês acumulam mais e mais ira contra si mesmos. As águas estão subindo continuamente, fazendo sua força aumentar mais e mais. Nada, a não ser a misericórdia de Deus, detém as águas, as quais não querem continuar represadas e forçam uma saída. Se Deus retirasse sua mão das comportas, elas se abririam imediatamente e o mar impetuoso da fúria e da ira de Deus iria se precipitar com furor inconcebível, e cairia sobre vocês com poder onipotente. E mesmo que vossa força fosse dez mil vezes maior do que é, sim, dez mil vezes maior do que a força do mais forte e vigoroso diabo do inferno, não valeria nada para resistir ou deter a ira divina.
O arco da ira de Deus já está preparado, e a flecha ajustada ao seu cordel. A justiça aponta a flecha para vosso coração, e estica o arco. E nada, senão a misericórdia de Deus � um Deus irado! � que não se compromete e a nada se obriga, impede que a flecha se embeba agora mesmo do vosso sangue. Assim estão todos vocês que nunca experimentaram uma transformação real em vossos corações pela ação poderosa do Espírito do Senhor em vossas almas � todos vocês que não nasceram de novo, nem foram feitos novas criaturas, ressurgindo da morte do pecado para um estado de luz, e para uma vida nova nunca experimentada antes. Por mais que vocês tenham modificado a conduta em muitas coisas, e tenham possuído simpatias religiosas, e até mantido uma forma pessoal de religião com vossas famílias e em particular, indo à casa do Senhor, sendo até severos quanto a isso, mesmo assim vocês estão nas mãos de um Deus irado. Somente sua misericórdia vos livra de ser, agora, neste momento, tragados pela destruição eterna. Por menos convencidos que vocês estejam agora quanto às verdades ouvidas, no porvir serão plenamente convencidos. Aqueles eu já se foram, e que estavam na mesma situação que a vossa, percebem que foi exatamente isso que lhes aconteceu, pois a destruição caiu de repente sobre muitos deles, quando menos esperavam, e quando mais afirmavam vier em paz e segurança. Agora eles vêem que aquelas coisas nas quais puseram sua confiança para obter paz e segurança eram nada mais que uma brisa ligeira e sombras vazias.
O Deus que vos mantém acima do abismo do inferno vos abomina; ele está terrivelmente irritado e seu furor contra vocês queima como fogo. Ele vê vocês como apenas dignos de serem lançados no fogo. E seus olhos são tão puros que não podem tolerar tal visão. Vocês são dez mil vezes mais abomináveis a seus olhos do que é a mais odiosa das serpentes venenosas para olhos humanos. Vocês o têm ofendido infinitamente mais do que qualquer rebelde obstinado ofenderia a um governante. No entanto, nada, a não ser a sua mão, pode impedir-vos de cair no fogo a qualquer momento. O fato de vocês não terem ido para o inferno a noite passada e de terem tido permissão para acordar ainda aqui neste mundo, depois de terem fechado os olhos ontem para dormir, atribui-se ao mesmo favor. Não existe outra razão porque vocês não foram lançados no inferno ao se levantarem pela manhã, a não ser o fato da mão de Deus ter-vos sustentado. E não existe outra razão porque vocês não caiam no inferno neste exato momento.
Oh!, pecador, pense no perigo terrível que se encontra! É sobre uma grande fornalha de furor, sobre um abismo imenso e sem fim, cheio do fogo da ira, que você está pendurado, seguro pela mão de Deus, cujo furor acha-se tão inflamado contra você, como contra muitas pessoas já condenadas no inferno. Você está suspenso por uma linha tênue, com as chamas da cólera divina lampejando à tua volta, prontas para atearem fogo e queimar-te por inteiro. E você continua sem interesse no Mediador, sem nada onde se agarrar para poder se salvar, nada que possa afastar as chamas da cólera divina, nada de teu próprio, nada que tenha feito ou possa vir a fazer, para persuadir o Senhor a poupar tua vida por um minuto sequer. Considere, então, mais detidamente, vários aspectos dessa cólera que te ameaça com tão grande perigo.
1. A quem pertence essa ira? É a ira do Deus infinito. Se fosse somente a ira humana, mesmo a do governante mais poderoso, comparativamente seria considerada como coisa pequena. A ira dos reis é bastante temida, principalmente dos monarcas absolutos, que possuem os bens e as vidas de seus súditos inteiramente sob o seu poder, para serem usados quando bem entenderem. "Como o bramido do leão é o terror do rei; o que lhe provoca a ira peca contra a sua própria vida." (Pv 20.2). O súdito que enfurece este tipo de governante arbitrário, sofre os maiores tormentos que se possa conceber, ou que o poder humano possa infligir. Porém, os maiores principados da terra, em toda a sua grandeza, majestade e poder, mesmo revestidos de seus grandes terrores, não são mais do que vermes débeis e desprezíveis que rastejam no pó, quando comparados com o grande e todo-poderoso criador e rei dos céus e da terra. Mesmo quando estão enraivecidos e sua fúria chega ao máximo, é muito pouco o que podem fazer. Os reis da terra são, perante Deus, como gafanhotos. Valem menos que nada. Tanto o seu amor quanto o seu ódio são desprezíveis. A ira do grande Rei dos reis é muito mais terrível do que a deles, tal como é maior a sua majestade. "Digo-vos, pois, amigos meus: não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer". (Lc 12.4-5).
2. É à ferocidade de sua ira que vocês estão expostos. Lemos, com freqüência, sobre a ira de Deus, como por exemplo em Is 58.18. "Segundo as obras deles, assim retribuirá; furor aos seus adversários." E também em Is 66.15 "Porque, eis que o Senhor virá em fogo, e os seus carros como um torvelinho, para tornar a sua ira em furor, e a sua repreensão em chamas de fogo." E assim é em muitos outros lugares da Bíblia. Lemos também em ap 19.15: "... o lagar do vinho do furor da ira do Deus todo-poderoso." Essas palavras são incrivelmente aterradoras. Se estivesse escrito apenas a "ira de Deus", isso já nos faria supor algo bastante temível. Mas está escrito "o furor da ira de Deus", ou seja, a fúria de Deus, o furor de Jeová! Oh!, quão terrível deve ser esse furor! Quem pode exprimir ou conceber o que essas palavras contêm? Mas não é apenas isso que está escrito, e sim "o furor da ira do Deus Todo-Poderoso." Essas palavras dão a entender que uma grande manifestação de seu poder onipotente vai acontecer. Através dela ele infligirá aos homens todo o furor de sua ira. Assim como os homens costumam manifestar sua própria força através do furor de sua ira, a onipotência divina irá, da mesma forma, se enfurecer e se manifestar. Então, qual será a conseqüência de tudo isso? O que será do pobre verme que vier a sofrer todo este mal? Que mão serão tão fortes, e que coração conseguirá suportar tanto furor? A que terrível, inexprimível, inconcebível abismo de miséria irá chegar a pobre criatura humana que será vítima disso tudo!
Pensem bem, vocês que
estão aqui agora, e que permanecem em estado pecaminoso. O fato de Deus
vir a efetivar o furor da sua ira, torna implícito que ele infligirá
esse castigo sem compaixão. Quando Deus olhar a indescritível aflição do
vosso estado, e vir como vossos tormentos são absolutamente
desproporcionais à vossa força, e como vossas pobres almas estão
esmagadas, imersas em trevas eternas, não terá compaixão de vocês, não
ira deter a execução de sua ira, ou, de forma alguma, tornar mais leve
sua mão. Nessa hora Deus não usará de misericórdia para com vocês, nem
conterá seu vento impetuoso. Ele não terá consideração para com o vosso
bem estar, e nem irá evitar que vocês sofram. Na verdade, fará com que sofram na medida exata que sua rigorosa justiça vier a requerer.
Nada será modificado só pelo fato de ser difícil para vocês suportarem.
"Pelo que também eu os tratarei com furor; os meus olhos não pouparão,
nem terei piedade. Ainda que me gritem aos ouvidos em alta voz, nem
assim os ouvirei." (Ez 8.18). Deus está pronto, agora, a usar de
compaixão com vocês. Hoje é o dia da misericórdia. Vocês podem clamar
neste instante, e ter esperanças de alcançar sua graça. Mas quando o dia
da misericórdia passar, vosso lamento, o pranto mais doloroso, os
gritos, serão em vão. No que diz respeito ao vosso bem estar, vocês
estarão completamente perdidos e alienados de Deus. O Senhor não terá
outra opção senão a de entregar-vos ao sofrimento e à miséria. E vocês
continuarão não tendo outra perspectiva, pois serão vasos de ira,
preparados para a destruição. Não haverá outro uso qualquer para tais
vasos, senão o de enchê-los da ira de Deus. Quando clamarem ao Senhor,
ele estará tão longe de consolar-vos que, inclusive, está escrito a este
respeito que Deus irá, simplesmente, 'rir e zombar' de vocês (Pv
1.25-26).
Vejam quão terríveis
são estas palavras do grande Senhor: "O lagar eu o pisei sozinho, e dos
povos nenhum homem se achava comigo; pisei as uvas na minha ira; no meu
furor as esmaguei, e o seu sangue me salpicou as vestes e me manchou o
traje todo." (Is 63.3). É quase impossível se conceber palavras que
tragam em si uma manifestação maior destas três coisas: desprezo, ódio e
fúria de indignação. Se clamarem a Deus por consolo, ele estará longe
de querer vir consolar-vos, ou de querer demonstrar-vos interesse ou
favor. Ao contrario, o Senhor simplesmente irá esmagar-vos sob seus pés.
E apesar de saber que, ao pisotear-vos, vocês não poderão suportar o
peso de sua onipotência, ainda assim ele não vai se importar, e irá
esmagar-vos debaixo de seus pés, sem piedade, espremendo o vosso sangue e
fazendo com que o mesmo espirre longe, manchando suas vestes, maculando
seu traje. Ele não só irá odiar-vos, como devotará a vós o maior
desprezo. Lugar algum será considerado próprio para vocês, a não ser
debaixo de seus pés, para serem pisados como a lama das ruas.
3. A miséria a que
vocês estão sujeitos é aquela que Deus vos infligirá, a fim de
demonstrar a força da ira do Senhor, Deus tem em seu coração a intenção
de mostrar aos anjos e aos homens, não só a excelência do seu amor, como
a severidade de seu furor. Às vezes os governantes da terra resolvem
mostrar a força de sua ira através de castigos extremos que mandam
infligir sobre aqueles que os enfurecem. Nabucodonosor, o poderoso e
arrogante rei do império dos caldeus, demonstrou seu furor quando, ao se
irritar com Sadraque, Mesaque e Abdenego, ordenou que se acendesse a
fornalha de fogo ardente sete vezes mais do que o normal. Como era de se
esperar, a fornalha foi aquecida intensamente, até atingir o mais alto
grau que poderia produzir. O grande Deus também quer revelar a sua ira, e
exaltar sua tremenda majestade e grandioso poder através dos
sofrimentos desmedidos de seus amigos. "Que diremos, pois, se Deus
querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com
muita longanimidade os vasos da ira, preparados para a perdição."
(Romanos 9.22). E visto que esse é o seu desígnio e o que ele
determinou, ou seja, mostrar quão terrível e ilimitada é a ira, a fúria e
a indignação do Senhor, ele o mostrará realmente. Será realizado algo
horrendo, muito terrível. Quando o grande e furioso Deus tiver se
levantado e executado sua terrível vingança sobre o mísero pecador, e o
desgraçado estiver sofrendo o peso e o poder infinito de sua indignação,
então Deus chamará o universo inteiro para contemplar a imensa
majestade e o tremendo poder que nele existe. "Os povos serão queimados
como se queima a cal, como espinhos cortados arderão no fogo." "Ouvi vós
os que estais longe, o que tenho feito; e vós, que estais perto,
reconhecei o meu poder. Os pecadores em Sião se assombram, o tremor se
apodera dos ímpios; e eles perguntam: quem dentre nós habitará com o
fogo devorador? Quem dentre nós habitará com chamas eternas?" (Isaías
33.12-14).
Assim será com vocês
que não são convertidos, se permanecerem neste estado. O poder infinito,
a majestade e a grandiosidade do Deus onipotente serão exaltados em
vocês através da inexprimível força dos tormentos que vos sobrevirão.
Vocês serão atormentados na presença dos santos anjos e na presença do
Cordeiro. E quando estiverem nesse estado de sofrimento, os gloriosos
habitantes do céu sairão para contemplar esse espetáculo horrendo, e
verão como é a fúria do Todo-poderoso. E quando virem todas essas
coisas, se prostrarão e adorarão seu grande poder e majestade. "E será
que de uma lua nova à outra, e de um sábado a outro, virá toda a carne a
adorar perante mim, diz o Senhor. Eles sairão, e verão os cadáveres dos
homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá,
nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a carne."
(Isaías 66.23-24).
4. É uma ira eterna.
Já seria algo terrível sobre o furor e a cólera do Deus Todo-poderoso
por um momento. Mas vocês terão de sofrê-la por toda a eternidade. Essa
intensa e horrenda miséria não terá fim. Ao olhar para o futuro, vocês
verão à frente uma interminável eternidade, de duração infinita, que irá
devorar vossos pensamentos e assombrar vossas almas. E vocês irão se
desesperar, com certeza, por não conseguirem nenhum livramento, termo,
alívio ou descanso para tanta dor. Saberão também, que terão de sofrer
até à última gota por longos séculos, por milhões e milhões de anos,
lutando e pelejando contra essa vingança inclemente e todo-poderosa.
Então, depois de passar por tudo isso, quando tantos séculos vos tiverem
consumido, saberão que tudo não passa apenas de uma gota d'água quando
comparado ao que ainda resta. Portanto, vosso castigo será, com certeza,
infinito. Oh!, quem poderia exprimir o estado de uma alma em tais
circunstâncias? Tudo o que pudermos dizer sobre o assunto, vai nos dar,
apenas, uma débil e frágil visão da realidade. Ela é inexprimível,
inconcebível, pois "Quem conhece o poder da ira de Deus?"
Que horrendo é o estado
daqueles que diariamente, a cada hora, se encontram em perigo de sofrer
tamanha ira e infinita miséria! Mas esse é o caso sinistro de toda alma
que ainda não nasceu de novo, por mais moral, austera, sóbria e
religiosa que seja. Queira Deus vocês pensassem em todas essas coisas,
sejam jovens ou velhos. Há razões de sobra para acreditar que muitos
daqueles que ouviram o evangelho certamente estarão expostos a esse
tormento por toda a eternidade. Não sabemos quem são eles, nem o que
pensam. Pode ser que estejam tranqüilos agora, escutando esta mensagem
sem se perturbarem muito, e que estejam até se gabando de que, no caso
deles, conseguirão escapar. Se soubéssemos que dentre os nossos
conhecidos existe uma pessoa, uma só, sujeita a sofrer tal tormento como
seria doloroso para nós encarar o assunto. Se conhecêssemos essa
pessoa, sempre que a víssemos uma tal visão seria terrível para nós.
Iríamos todos levantar grande choro, e prantear por sua causa. Mas,
infelizmente, em vez de uma pessoa só, é provável que muitos se lembrem
destas exortações somente no inferno! E inúmeras pessoas podem estar no
inferno em breve tempo, antes mesmo do ano terminar. E aqueles que estão
agora com saúde, tranqüilos e seguros, podem chegar lá antes do
amanhecer. Todos os que dentre vocês continuarem até o fim em estado
natural pecaminoso, e que conseguirem ficar fora do inferno por mais
tempo, estarão lá também em breve. Sua condenação não tardará; virá de
súbito, e provavelmente para muitos de vocês, de maneira repentina.
Vocês têm toda razão em se admirarem de não estar ainda no inferno. É
ocaso, por exemplo, de alguns conhecidos seus, que não mereciam o
inferno mais do que vocês e que antes aparentavam ter possibilidade de
estarem vivos agora tanto quanto vocês. Para o caso deles já não há
esperança. Estão clamando lá em extrema penúria e perfeito desespero.
Mas aqui estão vocês, na terra dos vivos, cercados pelos meios de graça,
tendo a grande oportunidade de obter a salvação. O que não dariam
aquelas pobres almas condenadas, desesperadas, pela oportunidade de
viver mais um só dia, como que vocês desfrutam neste momento!
E agora vocês têm uma
excelente ocasião. Hoje é o dia em que Cristo abre as portas da
misericórdia de par em par, e se coloca de pé clamando e chamando em
alta voz aos pobres pecadores. Este é o dia em que muitos estão se
reunindo a ele, se apressando em chegar ao reino de Deus. Inúmeros estão
vindo diariamente do norte, sul, leste e oeste. Muitos que estavam até
bem pouco tempo nas mesmas condições miseráveis que vocês estão felizes
agora, com os corações cheios de amor por Aquele que os amou primeiro, e
os lavou de seus pecados com seu próprio sangue, regozijando-se na
esperança de ver a glória de Deus. Como é terrível ser deixado para trás
num dia assim! Ver os outros se banqueteando, enquanto vocês estão
penando e se definhando! Ver os outros se regozijando e cantando com
alegria no coração, enquanto vocês só têm motivos para prantear por
causa do sofrimento de seus corações, e de lamentar por causa das
aflições e vossas almas! Como podem vocês descansar por um momento
sequer em tal estado de alma? Será que vossas almas não são tão
preciosas como as almas daqueles que, dia a dia, estão se juntando ao
rebanho de Cristo?
Não existem,
porventura, muitos que, apesar de estarem há longo tempo neste mundo,
até hoje não nasceram de novo, e por isso são estranhos à comunidade de
Israel, e nada têm feito durante a vida, a não ser acumular ira sobre
ira para o dia do castigo? Oh! senhores, o caso de vocês é, sem dúvida,
extremamente perigoso. A dureza de vossos corações e a vossa culpa são
imensas. Acaso vocês não vêem como geralmente pessoas de vossa idade são
deixadas para trás na dispensação da misericórdia de Deus? Vocês
precisam refletir e despertar de vosso sono, pois jamais poderão
suportar a fúria e a ira do Deus infinito. E vocês que são rapazes e
moças, irão negligenciar este tempo precioso que desfrutam agora, quando
tantos outros jovens de vossa idade estão renunciando às futilidades da
juventude e acorrendo céleres a Cristo? Vocês têm neste momento uma
oportunidade, mas se a desprezarem, sucederá o mesmo que agora está
acontecendo com todos aqueles que gastaram em pecado os dias mais
preciosos de sua mocidade, chegando a uma terrível situação de cegueira e
insensibilidade. E vocês crianças, que não se converteram ainda, não
sabem que estão indo para o inferno onde sofrerão a horrenda ira daquele
Deus que agora está encolerizado contra vocês dia e noite? Será que
vocês ficarão felizes em ser filhos do diabo, quando tantas outras já se
converteram e se tornaram filhos santos e alegres do Rei dos reis?
Queira Deus todos
aqueles que ainda estão fora de Cristo, pendentes sobre o abismo do
inferno, quer sejam senhoras e senhores idosos, ou pessoas de meia
idade, quer jovens ou crianças, que possam dar ouvidos agora aos
chamados da Palavra e da providência de Deus. Este ano aceitável do
Senhor que é um dia de grandes misericórdias para alguns, sem dúvida
será um dia de extremo castigo para outros. Quando negligenciam suas
almas os corações dos homens se endurece, e a sua culpa aumenta
rapidamente. Podem estar certos, porém, que agora será como foi nos dias
de João Batista. O machado está posto à raiz das árvores; e toda árvore
que não produz fruto, deve ser cortada e lançada no fogo.
Portanto, todo aquele
que está fora de Cristo, desperte e fuja da ira vindoura. A ira do Deus
Todo-poderoso paira agora sobre todos os pecadores. Que cada um fuja de
Sodoma: " Livra-te, salva a tua vida; não olhes para trás, nem pares em
toda a campina; foge para o monte, para que não pereças ."
“E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos aos homens”. “De
sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse
por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos
reconcilieis com Deus”. (II Coríntios 5.11-20; 6.2). “Buscai
o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o
perverso o seu caminho, o iníquo os seus pensamentos; converta-se ao
Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é
rico em perdoar” . (Isaías 55.6-7). Amém.
Sermão traduzido e publicado pela Editora PES . Não distribua sem a devida autorização da editora. Contribua para que novas preciosidades sejam traduzidas: adquira já o seu exemplar! Clique aqui.
fonte: http://www.monergismo.com/textos/advertencias/pecadores_maos_deus_irado.htm
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