quinta-feira, 7 de março de 2013

NÃO DEIXE QUEM VOCÊ AMA ESPERANDO

Imagine esta história...


          Você está no trabalho; faltam poucos minutos para o término do seu expediente. Você espera ansioso por esse momento. O telefone toca. Do outro lado a voz carinhosa de uma mulher. É a sua esposa. “Olá, meu amor!” – cumprimenta ela. “Oi, minha vida” – você responde. “Tem alguém aqui que quer falar com você”. “Oi, papai!” – é seu filho do outro lado. Você não pode ver, mas os olhinhos dele brilham enquanto fala com você. “Olá! Como vai o meu garotão?”. “Papai, você vem pra minha festinha?”. “Claro, meu filho. Assim que o papai sair do trabalho vai direto pra casa”. “Você vai trazer o meu presente?”. “Já tá dentro do carro, filhão”.
         Após alguns cumprimentos, vocês se despem. Do outro lado o seu filho dá pulos de alegria. Ele te ama muito e vê em você um grande amigo e um herói. Hoje é a festa de aniversário de 5 anos dele. Já está tudo pronto; em breve os convidados estarão chegando. Ele é seu único filho. Sua esposa é uma mulher maravilhosa, uma mãe e uma dona-de-casa dedicada. Vocês dois se amam muito e se dão muito bem.
         Chega, em fim, o horário de sair. Você está ansioso. Sabe que sue filho o espera para a festa. Mas alguns colegas do trabalho o convidam para ir até o bar na esquina tomar uma “gelada”, afinal, hoje é sexta-feira. Você excita por alguns instantes. Mas é rapidinho, não custa nada... Então você entra no carro com a turma do escritório e vai toma algumas geladas.
         Quando você está no bar tomando a segunda cerveja, o telefone toca. “Onde você está, meu amor?” – é a sua esposa. Um pouco já impaciente. “Calma, querida.Dei uma passada rapidinha no bar com meus colegas pra tomar uma e já to indo”. “Se apresse. O pessoal já está chegando. Seu filho quer tirar foto com você. Comprou o presente dele?” “Sim. Não demoro, não se preocupe”.
         Antes de desligar o telefone, você ouve ao fundo a voz eufórica e ansiosa do seu filho lhe perguntando: “Mamãe, papai já está chegando?”. Mas você decide que uma cerveja mais não vai demorar tanto. E toma mais uma, e outra, e mais outra.
         Finalmente você olha para o relógio e decide que já é hora de participar da festa do seu filho, algo tão importante para os dois. Você está atrasado. Corre. Mas você está mais alegre, diferente; seus reflexos não são mais os mesmos; você se sente tonto. Um amigo se oferece para dirigir por você, mas você recusa; já está acostumado a dirigir assim; é normal. Sua casa não fica tão distante, ora! Entra no carro. Olha no banco do carona o grande pacote de presente. Liga o carro. Sai rapidamente. Seus olhos pesam. No rádio toca uma canção: “De bar em bar, de mesa em mesa, bebendo cachaça e tomando cerveja...”.
         Enquanto você tenta dirigir até a sua casa, a festa já está rolando. Seu filho se diverte com os amiguinhos, brinca e ri com o palhaço. Mas ele sente a sua falta. A festa não é a mesma sem o seu grande amigo, o seu herói. Ele pergunta para a mãe: “Mamãe, o papai já ta chegando?”. “Claro, meu filho” – responde ela já duvidando de si mesma.
         No carro, você olha para o relógio. Está bastante atrasado. Acelera mais um pouco. O carro parece passear na pista. Você faz uma ultrapassagem perigosa, derrapa, perde o controle. Tenta manobrar o volante, mas está tonto, as toxinas do álcool minaram seus reflexos. O carro invade o canteiro central da avenida; atropela um indigente que pedia esmolas. Por fim, bate contra um poste e você é arremessado pelo pára-brisas, já que havia esquecido de pôr o cinto de segurança. Seu corpo projeta-se velozmente contra o poste e seu crânio é esmagado, enquanto o resto do seu corpo é feito em pedaços. O sangue se espalha. Estilhaços de vidro batem contra a grande caixa com um lindo presente dentro. O barulho das sirenes ecoam em poucos minutos.
         O telefone toca na sua casa pouco tempo depois. A festa já está quase no fim. Seu filho já não brinca nem ri tanto. Mas ao ouvir o som da campainha do telefone ele fica eufórico e começa a gritar: “É o meu pai! É o meu pai!”. A sua esposa atende. “É você, meu amor?” – indaga ansiosa. O semblante dela transforma-se. Os olhos se enchem de lágrimas. Ela está paralisada. Alguém do outro lado acaba de lhe dar a notícia do acidente e da sua morte. Ela está em estado de choque. Seu filho puxa a barra do vestido dela. Ela olha para baixo, estarrecida. Ele pergunta: “Mamãe, o papai já está chegando?”. Com a voz sufocada na garganta, a única coisa que ela consegue fazer é largar o telefone, abraçar-se ao seu filho e chorar.

NÃO DEIXE QUEM VOCE AMA ESPERANDO.

NÃO BEBA!

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