sexta-feira, 4 de outubro de 2024

IGREJA OU SEITA: DE QUAL VOCÊ FAZ PARTE?

IGREJA OU SEITA: DE QUAL VOCÊ FAZ PARTE?

INTRODUÇÃO

Se alguém te perguntar se você é membro de alguma seita, é claro que você dirá que não, porque acredita fazer parte de um grupo religioso genuinamente cristão, que segue a Jesus Cristo e tem a Bíblia como seu Livro Sagrado. Você foi ensinado por seus líderes espirituais que seus dogmas e doutrinas estão corretos e de acordo com a revelação de Deus. Eles te convenceram sobre usos e costumes, sobre liturgias e rituais, sobre dízimos e ofertas e tudo mais que caracteriza uma instituição ou grupo como cristão, como Igreja de Cristo, segundo a visão deles.

No entanto, todos somos unânimes (assim creio) em afirmar que existem seitas pseudocristãs e que estas devem ser diferenciadas do verdadeiro Cristianismo e da verdadeira Igreja. Então surge uma grande dificuldade: a igreja católica romana considera como seita qualquer igreja que não faça parte dela; às vezes chamam os crentes de irmãos separados, mas no fundo são religiosos cinemáticos que deixaram a "una, santa, católica e apostólica" Igreja. Os cristãos reformados, por sua vez, entendem que a igreja romana não é cristã e é uma seita. Além disso, católicos e protestantes são unânimes em condenar como seitas as igrejas neopentecostais, que pregam a Teologia da Prosperidade, bem como os Mórmons, os adventistas e as Testemunhas de Jeová.

Para entender melhor a questão e possibilitar que, à luz das Escrituras, o leitor possa discernir o próprio local que frequenta, se é uma igreja cristã genuína ou uma seita, vamos estudar duas definições. Na primeira, veremos os conceitos de seita para católicos e protestantes. Na segunda, definiremos as principais diferenças que separam ambos: igreja e seita. No final, o leitor poderá rever as suas crenças e perceber se fica onde está ou se é melhor buscar um lugar que prega o Evangelho de verdade.


I. DEFINIÇÃO DE SEITA

É importante entendermos o que cada seguimento ensina sobre as seitas, para que tenhamos uma visão mais abrangente da questão.


1. Definição de seita para o catolicismo romano

No Catolicismo Romano, o conceito de seita refere-se a grupos ou movimentos religiosos que se afastam da doutrina oficial da Igreja e promovem ensinamentos ou práticas divergentes do magistério católico. As seitas são caracterizadas por romperem com a unidade da fé e da comunhão eclesial, promovendo interpretações pessoais ou não ortodoxas das Escrituras e da tradição.

A Igreja Católica vê as seitas como divisões ou cisões que comprometem a unidade do corpo de Cristo, em oposição à visão católica de que a Igreja é una, santa, católica e apostólica. O termo também pode se referir a grupos que, embora reivindiquem uma fé cristã, negam doutrinas centrais da fé católica, como a Trindade, a divindade de Cristo ou os sacramentos.

O Catecismo da Igreja Católica condena as seitas, defendendo que a verdadeira fé deve estar enraizada na revelação divina transmitida pela Escritura e pela Tradição, sob a autoridade da Igreja. Para os católicos, aderir a uma seita é considerado um afastamento da fé plena e verdadeira, e a evangelização e a reconciliação dessas pessoas com a Igreja são encorajadas.

Além disso, a Igreja reconhece a presença de seitas modernas e outros movimentos religiosos que podem surgir como respostas às necessidades espirituais contemporâneas, mas que não se alinham com o ensinamento católico tradicional. Em suma, seita é tudo aquilo que não é católico apostólico romano.


2. Definição de seita para as igrejas reformadas

As seitas, segundo a Bíblia e teólogos reformados, apresentam características que as distinguem do cristianismo bíblico ortodoxo. Aqui estão dez delas:

2.1. Distorção das Escrituras: As seitas frequentemente interpretam a Bíblia fora de contexto, distorcendo seu verdadeiro significado. O apóstolo Pedro alerta sobre aqueles que "torcem as Escrituras, para sua própria destruição" (2 Pedro 3:16). Teólogos reformados como João Calvino enfatizam a necessidade de interpretação fiel ao contexto das Escrituras. O grande câncer das igrejas pós-Reforma é o tripé: o liberalismo teológico, a neo-ortodoxia e a Teologia da Prosperidade.

2.2. Exclusivismo: Seitas tendem a afirmar que são o único caminho para a verdade ou a salvação. Jesus, no entanto, afirmou: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim" (João 14:6). Escritores reformados, como R. C. Sproul, enfatizam que a verdadeira igreja é definida pela fé em Cristo e pelas Escrituras.

2.3. Autoridade Centralizada em Líderes Humanos: Seitas geralmente têm líderes que exercem autoridade absoluta, muitas vezes acima da Bíblia. Jeremias 17:5 adverte: "Maldito o homem que confia no homem." Reformadores como Martinho Lutero enfatizaram a supremacia das Escrituras sobre qualquer autoridade humana.

2.4. Rejeição da Trindade: Muitas seitas negam a doutrina da Trindade, um dos pilares do cristianismo ortodoxo. No entanto, a Bíblia ensina a divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mateus 28:19). Teólogos como Jonathan Edwards afirmam que a negação da Trindade é um afastamento da fé verdadeira. As seitas também rejeitam a divindade de Cristo, bem como a sua ressurreição.

2.5. Salvação Pelas Obras: As seitas frequentemente pregam que a salvação depende de obras ou obediência a regras específicas. A Bíblia, no entanto, afirma que somos salvos "pela graça, por meio da fé" (Efésios 2:8-9). Reformadores como John Owen destacaram a justificação pela fé somente.

2.6. Novas Revelações ou Escrituras: Muitas seitas alegam possuir novas revelações ou escrituras que complementam ou substituem a Bíblia. A Palavra de Deus, no entanto, é completa e final, como afirmado em Apocalipse 22:18-19. Escritores como B. B. Warfield insistem na suficiência das Escrituras.

2.7. Manipulação Psicológica e Controle: Seitas frequentemente utilizam técnicas de controle mental ou emocional para manipular seus seguidores. Gálatas 5:1 nos lembra: "Foi para a liberdade que Cristo nos libertou." John Stott advertiu contra a opressão espiritual dentro de grupos religiosos.

2.8. Isolamento do Mundo: Algumas seitas incentivam o isolamento de seus membros da sociedade e até de suas famílias. A Bíblia, contudo, ensina que os cristãos são enviados ao mundo para ser sal e luz (Mateus 5:13-16), sem, contudo, conformar-se com ele (Romanos 12:2).

2.9. Falsa Profecia: Líderes de seitas frequentemente fazem previsões ou profecias que não se cumprem. A Bíblia alerta que os falsos profetas são reconhecidos por suas falsas profecias (Deuteronômio 18:20-22). Teólogos como John MacArthur afirmam que a verdadeira profecia bíblica nunca falha.

2.10. Divisão e Cisma: Seitas promovem divisões na igreja e entre cristãos, criando facções. A Bíblia condena as divisões no corpo de Cristo (1 Coríntios 1:10-13). Teólogos reformados, como Abraham Kuyper, destacam a importância da unidade da igreja sob a liderança de Cristo.

Essas características destacam como as seitas se desviam dos ensinamentos essenciais da fé cristã, segundo a perspectiva reformada e as Escrituras.


II. DISCERNINDO A VERDADEIRA IGREJA

Agora que já definimos o que é seita, vejamos como elas se diferem da verdadeira Igreja de Cristo. Aqui estão 20 maneiras bíblicas para discernir se uma igreja é a verdadeira igreja de Cristo ou uma seita:

1. Cristo como o Fundamento: A verdadeira igreja reconhece Jesus como a base da fé. "Pois ninguém pode colocar outro fundamento além do que já está posto, que é Jesus Cristo" (1 Coríntios 3:11).

2. Autoridade da Escritura: A igreja verdadeira prega e segue a Bíblia como autoridade final. "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça" (2 Timóteo 3:16).

3. Doutrina de Salvação pela Graça: A salvação é somente pela fé em Cristo, e não por obras. "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Efésios 2:8-9).

4. Centralidade do Evangelho: A mensagem da igreja deve ser o evangelho de Cristo crucificado e ressuscitado. "Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado" (1 Coríntios 2:2).

5. Confissão de Jesus como Senhor: A igreja deve confessar que Jesus é o Filho de Deus e o Senhor. "Todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus" (1 João 4:2).

6. Frutos do Espírito: A verdadeira igreja demonstra os frutos do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gálatas 5:22-23).

7. Pregação sobre o Pecado e Arrependimento: A igreja verdadeira chama ao arrependimento. "Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados" (Atos 2:38).

8. Prática de Batismo e Ceia do Senhor: A verdadeira igreja obedece à ordenança do batismo e da ceia do Senhor. "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os" (Mateus 28:19).

9. Unidade com a Igreja Universal: A verdadeira igreja é parte do corpo de Cristo. "Há um só corpo e um só Espírito... um só Senhor, uma só fé, um só batismo" (Efésios 4:4-5).

10. Não Ensina um Evangelho Diferente: A igreja verdadeira não adiciona ou retira do evangelho. "Mas, ainda que nós ou um anjo do céu pregue outro evangelho... seja anátema" (Gálatas 1:8).

11. Humildade e Servidão: Os líderes da igreja devem ser humildes servos, não buscando poder. "Mas o maior entre vós será vosso servo" (Mateus 23:11).

12. Ensina a Santidade e Separação do Mundo: A igreja deve ensinar a viver em santidade. "Sede santos, porque eu sou santo" (1 Pedro 1:16).

13. Amor pelos Irmãos: A verdadeira igreja é marcada pelo amor mútuo entre os membros. "Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (João 13:35).

14. Disciplina Bíblica: A igreja verdadeira pratica a disciplina bíblica para corrigir pecados. "Se o teu irmão pecar contra ti, vai e repreende-o" (Mateus 18:15).

15. Evangelismo e Missões: A verdadeira igreja está comprometida com a Grande Comissão. "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura" (Marcos 16:15).

16. Não Comercializa a Fé: A igreja verdadeira não busca enriquecimento financeiro através da fé. "De graça recebestes, de graça dai" (Mateus 10:8).

17. Adoração em Espírito e Verdade: A verdadeira igreja adora a Deus em espírito e verdade. "Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade" (João 4:24).

18. Ensino da Trindade: A igreja verdadeira reconhece a doutrina da Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo. "Batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mateus 28:19).

19. Não Confunde o Líder com Cristo: A igreja verdadeira não coloca nenhum líder humano no lugar de Cristo. "Cristo é o cabeça do corpo, da igreja" (Colossenses 1:18).

20. Respeito pelos Mandamentos de Deus: A igreja verdadeira vive em conformidade com os mandamentos de Deus. "Se me amardes, guardareis os meus mandamentos" (João 14:15).

Essas diretrizes bíblicas ajudam a discernir se uma igreja está verdadeiramente alinhada com a fé cristã ou se possui características de uma seita. O conceito católico de seitas é exclusivista e centralizador. Não será a igreja católica romana uma seita? Dê a sua opinião. E se você discorda de tudo o que leu, fique à vontade para refutar COM O USO DA BÍBLIA SAGRADA.

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