sábado, 26 de outubro de 2024

A IGREJA CATÓLICA NÃO NOS DEU A BÍBLIA: CONHEÇA A VERDADEIRA HISTÓRIA

A IGREJA CATÓLICA NÃO NOS DEU A BÍBLIA: CONHEÇA A VERDADEIRA HISTÓRIA

A formação do cânon bíblico do Antigo e do Novo Testamento é um tema fundamental para entender como a Bíblia, em sua totalidade, se tornou o livro sagrado que conhecemos hoje. Para refutar a afirmação de que a Igreja Católica "nos deu" a Bíblia, podemos estruturar um estudo que considera as origens, o desenvolvimento e o processo de canonização de ambos os testamentos, ressaltando o papel das comunidades judaicas e cristãs primitivas nesse processo, antes da influência institucional da Igreja Católica.

1. A Formação do Cânon do Antigo Testamento

A) Origens e Tradição Judaica

Textos Chave e Datação: Os livros do Antigo Testamento foram escritos ao longo de vários séculos, a partir do tempo de Moisés (cerca de 1400 a.C.) até aproximadamente o século V a.C., incluindo a Torá, os Profetas e os Escritos.

Reconhecimento Comunitário: As Escrituras judaicas foram reconhecidas como inspiradas por Deus pela própria comunidade de Israel. Jesus e os apóstolos usaram essas Escrituras sem questionar sua autoridade ou autenticidade.

O Cânon em Israel: O cânon hebraico foi amplamente estabelecido e reconhecido antes do surgimento do cristianismo, com evidências na literatura judaica e nos manuscritos do Mar Morto, datados de 250 a.C. a 70 d.C.


B) A Septuaginta e a Comunidade Cristã Primitiva

Tradução Grega do Antigo Testamento: A Septuaginta, tradução das Escrituras Hebraicas para o grego (século III a.C.), era amplamente usada pelos judeus da diáspora e, mais tarde, pelos cristãos. Entretanto, ela incluía livros adicionais (os chamados "deuterocanônicos") que a tradição judaica posterior não considerou como parte do cânon oficial.

Rejeição dos Deuterocanônicos: Os judeus, no Concílio de Jâmnia (90 d.C.), ratificaram um cânon do Antigo Testamento que excluía os deuterocanônicos. As comunidades cristãs primitivas seguiam o cânon hebraico em vez de adotar inteiramente a Septuaginta, e Jesus e os apóstolos nunca citaram os livros deuterocanônicos como Escritura inspirada.


2. A Formação do Cânon do Novo Testamento

A) Escritos dos Apóstolos e Reconhecimento Primitivo

Escrita e Circulação dos Evangelhos e Cartas: O Novo Testamento foi escrito entre 45 e 100 d.C. por apóstolos ou discípulos próximos deles. Esses textos foram amplamente aceitos e usados pelas igrejas primitivas.

Critérios de Canonicidade: Os livros do Novo Testamento foram aceitos com base em sua autoria apostólica, conteúdo doutrinário e ampla aceitação nas igrejas primitivas. Clemente de Roma (c. 96 d.C.), Inácio de Antioquia (c. 110 d.C.) e outros líderes da igreja já reconheciam muitos desses textos como Escritura.


B) Concílios e Desenvolvimento do Cânon

Concílios Regionais: Concílios como o de Hipona (393 d.C.) e o de Cartago (397 d.C.) formalizaram o cânon do Novo Testamento, mas isso não significa que eles "criaram" esses livros. Eles apenas reconheceram oficialmente os livros que a igreja já usava como inspirados.

Autonomia do Processo de Canonização: Os concílios ratificaram um consenso já existente na igreja, sem impor novos livros. A igreja apenas reconheceu formalmente aquilo que já era amplamente aceito.


3. A Questão do Cânon e a Igreja Católica

A) Formação Independente

Origem do Cânon Anterior ao Catolicismo Romano: Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento foram reconhecidos como Escritura antes da Igreja Católica se estabelecer como uma instituição dominante. A igreja de Roma não criou esses textos; ela, como outras igrejas primitivas, apenas os preservou e confirmou.

Uso dos Textos no Cristianismo Primitivo: Os cristãos do século II já estavam usando os livros que hoje conhecemos no Novo Testamento. Irineu, por exemplo, mencionou os quatro evangelhos, e o Cânon Muratório (c. 170 d.C.) listou muitos dos livros aceitos.


B) Desvios no Período Medieval e Reforma Protestante

Adição dos Deuterocanônicos no Concílio de Trento: A Igreja Católica só formalizou os deuterocanônicos como parte do Antigo Testamento no Concílio de Trento (1546 d.C.), em resposta à Reforma Protestante. Até então, havia discordância sobre esses textos.

A Bíblia Preservada pela Reforma: Os reformadores protestantes retornaram ao cânon hebraico para o Antigo Testamento, rejeitando os deuterocanônicos, e reafirmaram os 27 livros do Novo Testamento.


4. Conclusão

A Bíblia Não Foi "Dada" pela Igreja Católica: A Bíblia, como a conhecemos, é o resultado de um processo histórico de escrita, aceitação e reconhecimento que precede a Igreja Católica institucionalizada. A Bíblia foi preservada e disseminada por comunidades de fé que testemunharam e preservaram a palavra de Deus muito antes da formação oficial da Igreja Católica.

O Papel de Deus na Inspiração e Preservação das Escrituras: Em última análise, os cristãos acreditam que foi Deus quem inspirou e preservou Sua Palavra, independentemente de qualquer instituição humana.


Esse estudo demonstra que a formação do cânon bíblico é uma trajetória comunitária e divina que antecede qualquer influência institucional da Igreja Católica, tornando inapropriada a afirmação de que foi ela que "nos deu" a Bíblia.



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