terça-feira, 8 de outubro de 2024

DÍZIMOS OU OFERTAS: QUAL FAZ PARTE DA NOVA ALIANÇA?

DÍZIMOS OU OFERTAS: QUAL FAZ PARTE DA NOVA ALIANÇA?

O dízimo é um tema frequentemente discutido entre os cristãos. Muitos se perguntam se é um mandamento válido para os crentes sob a Nova Aliança em Cristo, ou se foi algo exclusivo do Antigo Testamento. Aqueles que defendem a atualidade dos dízimos, incluindo muitos cristãos reformados, não fazem questão de outros mandamentos da Lei, como a circuncisão e todo o sistema de sacrifícios de animais para a expiação de pecados. À excessão dos adventistas, também não observam a guarda do sábado. Por que os dízimos?

Este tema é bastante polêmico e merece a nossa atenção. Aqueles que defendem o fim da cobrança dos dízimos na Nova Aliança, nem sempre são capazes de apontar outro caminho, afinal de contas, está claro que o cristão deve contribuir financeiramente com a igreja a qual pertence, que possui contas para pagar e obras para investir.

Este estudo visa explorar o dízimo à luz da Nova Aliança, mostrando que ele não é exigido aos cristãos, mas que as ofertas devem ser feitas com amor e liberalidade, conforme o Espírito Santo direciona. Se a obrigatoriedade dos dízimos na Nova Aliança não é bíblica, também não é bíblico a indiferença em relação à necessidade de contribuir financeiramente com a obra do Senhor.


O Dízimo no Antigo Testamento

1. Definição do Dízimo: O dízimo era a prática de separar 10% de tudo o que a terra produzia para ser entregue aos levitas (Nm 18:21), sacerdotes e para o sustento do templo e dos necessitados, como órfãos, viúvas e estrangeiros (Dt 14:28-29).

2. Sistema Levítico: O dízimo fazia parte do sistema sacerdotal levítico, que foi instituído sob a Lei Mosaica. Os levitas não tinham herança de terras como as outras tribos de Israel e, portanto, dependiam dos dízimos para seu sustento (Nm 18:24-26).

3. Finalidade do Dízimo: A função do dízimo estava fortemente ligada à manutenção do templo e dos serviços religiosos sob a Antiga Aliança, que era baseada em rituais e sacrifícios. Esse sistema, no entanto, foi cumprido e substituído com a vinda de Cristo, o Sumo Sacerdote perfeito (Hb 7:11-12).


O Cumprimento da Lei em Cristo

1. A Nova Aliança em Cristo: Com a morte e ressurreição de Jesus, a Lei foi cumprida, e uma Nova Aliança foi estabelecida. Não estamos mais sob a Lei de Moisés, mas sob a graça (Rm 6:14). O sistema sacrificial e o sacerdócio levítico foram substituídos pelo sacerdócio de Cristo, o que mudou o modo como os crentes se relacionam com Deus e com a oferta (Hb 7:27-28).

2. O Dízimo Não é Reafirmado no Novo Testamento: Em nenhum lugar do Novo Testamento encontramos um mandamento explícito para os cristãos continuarem a prática do dízimo. Jesus menciona o dízimo em Mateus 23:23 e Lucas 11:42, mas Ele está corrigindo os fariseus que seguiam a Lei sem amor e justiça, e não estabelecendo a prática para os seus discípulos sob a Nova Aliança.


O Chamado à Liberalidade nas Ofertas

1. Ofertas de Amor e Liberalidade: Sob a Nova Aliança, o princípio que rege as contribuições não é o dízimo, mas sim a generosidade e o amor. Em 2 Coríntios 9:6-7, Paulo ensina que a oferta deve ser feita de acordo com o que a pessoa decidiu em seu coração, "não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria."

2. A Provisão de Deus para Seu Povo: Em vez de uma obrigação fixa, o foco está em confiar na provisão de Deus e retribuir com gratidão e generosidade. A oferta é uma expressão de amor e gratidão, não uma imposição legal (Fp 4:18-19).

3. O Princípio da Proporcionalidade: Embora o dízimo representasse 10%, o Novo Testamento ensina que cada um deve dar conforme foi prosperado (1 Co 16:2). Isso significa que a contribuição é proporcional ao que se tem e pode variar de pessoa para pessoa, sem a obrigação de uma porcentagem fixa.

4. A Responsabilidade com os Necessitados: Uma ênfase central nas contribuições sob a Nova Aliança é a ajuda aos necessitados. Paulo fala de sustentar os irmãos em necessidade, especialmente aqueles da família da fé (Gl 6:10). A generosidade para com os pobres e o apoio aos missionários e obreiros do evangelho são temas repetidos (2 Co 8:1-5, 1 Tm 5:17-18).


Reflexões Finais

A prática do dízimo, como apresentada no Antigo Testamento, foi específica para o contexto da Lei Mosaica e o sustento do sistema levítico. Na Nova Aliança, não há uma exigência legal para o dízimo. Em vez disso, os cristãos são chamados a ofertar com generosidade, amor e liberdade, confiando que Deus os suprirá em todas as suas necessidades. O foco da contribuição cristã está no coração generoso, na alegria em dar e no cuidado com o próximo.


Versículos Chave

2 Coríntios 9:6-7: "E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância também ceifará. Cada um contribua segundo o propósito do seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria."

1 Coríntios 16:2: "No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam coletas quando eu chegar."

Gálatas 6:10: "Então, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé."

Filipenses 4:18-19: "Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido, desde que recebi de Epafrodito o que me enviastes, como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus. E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades."


Conclusão

O dízimo, como praticado sob a Lei Mosaica, não faz parte da Nova Aliança em Cristo. O cristão é chamado a ofertar com alegria, generosidade e amor, seguindo os princípios da graça. Não há uma porcentagem fixa exigida, mas sim o desejo de contribuir conforme o Espírito Santo direciona e conforme a prosperidade de cada um. Dessa forma, a liberdade cristã se manifesta em uma vida de liberalidade, gratidão e confiança na provisão de Deus.

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