BULLYING: QUANDO OS PROFESSORES SÃO OS CARRASCOS
(Um texto do livro "Bullying nunca mais", de Mizael Xavier)
Contra uma ideologia que pretende deformar os alunos por meio de imposições contrárias aquelas aceitas pela sociedade, a escola é vista como um espaço de formação intelectual e acadêmica. É extremamente necessário separar a educação que cabe aos pais e que deve acontecer no lar, do ensino que cabe aos professores e deve ocorrer no ambiente escolar. Ainda assim, da mesma forma que os pais podem ajudar seus filhos nas matérias da escola, também é possível que a escola ofereça algum tipo de apoio no desenvolvimento moral e na autoestima dos alunos, transmitindo valores que ajudarão no seu crescimento como pessoas e como cidadãos. A escola é uma instituição social dedicada ao ensino e à aprendizagem, onde ocorre a transmissão sistemática de conhecimentos, habilidades e valores culturais. Seu principal objetivo é promover o desenvolvimento intelectual, social e emocional dos indivíduos, preparando-os para a vida em sociedade, respeitando suas crenças e ideologias, sem nada lhes impor. Além disso, a escola visa formar cidadãos conscientes e críticos, capacitando-os para o mercado de trabalho, para a convivência social e para a construção de uma sociedade mais justa e equilibrada.
Esses objetivos deixam de ser alcançados quando um ou mais professores atuam como agressores em questões relacionadas ao bullying e a administração escolar, por sua vez, nada faz para prevenir, evitar e punir esse comportamento. O bullying praticado por professores contra alunos pode ser um problema grave, afetando o desenvolvimento emocional, acadêmico e social das vítimas, minando a sua autoestima e afetando o seu comportamento. Felizmente, o único momento em que fui vítima de bullying por parte de uma professora foi na aula de catecismo, quando me preparava para minha primeira comunhão. Eu devia ter uns dez anos de idade e cheguei à aula com as unhas sujas. A professora pegou minha mão, ergueu para que meus colegas vissem e me humilhou com vários impropérios. Naquela época, eu sofria bullying dos meus colegas de turma já sentia dificuldades em ir às aulas, de modo que aquele episódio só faz piorar ainda mais a situação.
Aqui estão algumas formas de bullying praticados pelos professores contra seus alunos:
Humilhação pública. Muito parecido com o episódio que vivi, nesta forma de bullying, o professor ridiculariza o aluno diante de outros colegas, criticando suas respostas ou zombando de sua aparência, sotaque ou comportamento. Isso também acontece com alunos que assumem a sua fé cristã e com aqueles que declaram abertamente ser de direita em questões político-partidárias. Já houve casos no Brasil em que os professores ridicularizaram ou incitaram a classe contra alunos de direita, fazendo-os se sentirem constrangidos. O mesmo ocorre em relação a questões sobre ideologia de gênero ou qualquer outro tema defendido pelo professor. Em um caso que já citei, em Brasília (2015), uma professora foi acusada de fazer comentários racistas contra uma aluna negra em sala de aula, além de humilhá-la publicamente por causa de seu cabelo. A professora foi denunciada pela família da aluna, e o caso chamou atenção para o racismo e o bullying escolar.
Apelidos ofensivos. Conversando recentemente com um colega de trabalho sobre o bullying, ele afirmou o que muitos têm afirmado: "na minha época não tinha isso, todo mundo colocava apelido em todo mundo e, qualquer coisa, a gente saía no tapa". A questão dos apelidos é muito delicada. Normalmente, ninguém escolhe um apelido para si próprio, mas o recebe a contragosto. Alguns poucos apelidos ressaltam alguma qualidade na pessoa ou algum momento significativo da sua vida, mas a maioria dos apelidos existe para humilhar, menosprezar, ofender e agredir aquele que o recebe. No ambiente escolar, o professor age como Bully, quando dá apelidos depreciativos ao aluno, como "burro", "preguiçoso" ou qualquer outro termo que desmotive o estudante e o coloque em uma posição de inferioridade. Os apelidos podem ser dados por alguma características física, de expressão ou de situações, que nem sempre são agradáveis, de modo que o apelido é uma rememoração constante de algo que se queria esquecer. No ano de 2020, em São Paulo, em uma escola pública de São Paulo, uma professora foi denunciada por ridicularizar um aluno em sala de aula, chamando-o de "burro" e "incompetente". O caso gerou revolta entre os pais e alunos, levando a uma investigação pela Secretaria de Educação.
Sarcasmo e desdém. Independente de quem é o aluno, do seu comportamento ou do seu grau de dificuldade em compreender a matéria, o professor deve tratar a todos de maneira respeitosa e profissional. O professor pratica o bullying ao utilizar um tom sarcástico ou desdenhoso ao corrigir o aluno ou fazer comentários cruéis e desnecessários sobre suas dificuldades, o que pode minar sua autoestima. Coisas do tipo: "Vamos ver se desta vez você finalmente acerta uma"; ou: "Você é realmente um caso perdido" são comentários do diminuem a pessoa e a importância do aluno. Esse tipo de bullying também pode ser ofensas a respeito do tipo físico do aluno, das suas roupas, do seu jeito de ser, de algum problema físico ou relacionado à sua religião ou posição política. Essa forma de tratamento pode causar risada dos colegas e aumentar o bullying entre os estudantes. A situação piora quando o professor parte para a agressão verbal ou física, como um caso recente no Brasil, em que duas professoras agrediram uma aluna portadora de necessidades especiais. Uma professora de arte de uma escola em Houston, Texas, nos Estados Unidos, em 2017, foi acusada de humilhar e zombar de um estudante de 8 anos com dificuldades de aprendizagem. A professora teria feito o aluno escrever repetidamente "Eu sou estúpido" como forma de punição, o que foi amplamente condenado como uma forma de bullying.
Ignorar o aluno. Como é comum no fenômeno bullying, as vítimas são escolhidas deliberadamente pelos professores agressores, que decidem quem vão intimidar o porquê. As vítimas caem do "desagrado" do professor por motivos diversos e injustificáveis, bastando que o professor não vá com a cara deste ou daquele aluno. Neste ponto, o professor se recusa a responder perguntas ou a prestar assistência acadêmica ao aluno, deixando-o à margem das atividades e das interações em sala de aula. Alguns podem fazer isso como uma forma de punição ou porque desaprovam alguma característica do aluno. Ser ignorado é um dos piores tipos de bullying que alguém pode sofrer, principalmente se, enquanto ignora a vítima, o professor faz questão de que ele o veja dando atenção e preferência aos seus colegas.
Punições exageradas. Ser punido por alguma falha de comportamento ou por negligência nos estudos pode ser uma forma de ensinar compromisso e responsabilidade, quando a disciplina é aplicada pelos motivos corretos, no tempo certo e de maneira justa. O que falta, na verdade, é a aplicação de punições que poderiam inibir comportamento do tipo bullying. O que alguns professores fazem de maneira errada é aplicar punições desproporcionais ou injustas, como impedir o aluno de participar de atividades escolares ou submetê-lo a castigos humilhantes. Além disso, alguns professores acreditam que são sargentos comandando uma tropa no exército, onde, quando um erra, todos pagam. Um dos problemas é que, no exército, aqueles que pagaram sem ter feito nada, partem para cima do colega e aplicam-lhe uma punição física, podendo, também, excluí-lo do seu convívio social no quartel. Na escola ocorre o mesmo: quando os alunos ficam de castigo ou recebem alguma outra punição (como perder pontos na prova, por exemplo) por causa de um colega, este sofrerá agressões mais tarde. Se já era vítima de bullying, verá as agressões se intensificarem; se não era, poderá passar a ser.
Exclusão deliberada. É comum, nas escolas e nas salas de aula, os professores terem seus alunos preferidos, que são aqueles que se saem melhor nas matérias e tiram as melhores notas, representando orgulho para seus professores. Mas também existem aqueles com os quais os professores se identificam mais, o que pode estar ligado a diversos motivos, como sexo, raça, religião, ideologia política, questões de identidade de gênero, entre outras, além, claro, dos bajuladores. De modo inverso, daquilo existem aqueles alunos considerados problemáticos em diversos sentidos e que não representam nada de positivo na visão dos professores, que podem excluir um ou mais alunos de atividades em grupo, recusando-se a incluí-los em dinâmicas ou ignorando sua presença na sala de aula.
Difamação. Os professores sempre conversam entre si sobre os seus alunos, as dificuldades que têm enfrentado como educadores, quais alunos têm demonstrado um desempenho satisfatório e quais têm encontrado dificuldades no aprendizado. Quando abordado em reuniões de professores, visando a melhoria do ensino e uma atenção maior aos alunos mais necessitados de, essas informações são essenciais. No entanto, quando tais comentários são maldosos e visam tão somente o sarcasmo e as risadas, transformam-se em bullying, quando o professor faz comentários maldosos sobre o aluno para outros professores ou alunos, prejudicando sua imagem e contribuindo para a marginalização social. Em 2016, em uma escola primária na cidade de Ontário, no Canadá, um professor foi suspenso por intimidação e abuso emocional contra alunos de uma turma primária. O professor teria feito comentários humilhantes sobre as habilidades dos estudantes, minando a autoestima deles e criando um ambiente hostil na sala de aula.
Comparações negativas. Seja na relação entre pais e filhos, na escola, num empresa ou em qualquer outro lugar, ninguém gosta de comparações, acima de tudo quando se pretende humilhar uma pessoa para ressaltar a outra. Este tipo de bullying significa comparar constantemente o aluno com outros colegas de forma depreciativa, destacando suas fraquezas e falhas como um exemplo de incompetência. Às vezes, o professor faz isso indiretamente, citando as qualidades dos alunos que considera os melhores ou que deseja favorecer, deixando claro para o restante da turma que os demais precisam se espelhar neles, ser como eles e não ser tão incompetentes.
Perseguição religiosa e ideológica. Uma nova modalidade de bullying já tem se formado nas escolas, tanto entre os alunos, como na relação aluno/professor. Esse tipo de bullying envolve algo que já vimos rapidamente: o preconceito, a intolerância e a perseguição a alunos com crenças e ideologias desprezadas pelos professores. Há alguns casos no Brasil em que alunos relataram terem sido humilhados ou constrangidos por professores devido a suas posições políticas, religiosas, ou discordâncias sobre ideologia de gênero e linguagem neutra. Aqui estão alguns exemplos:
1. Alunos de direita sendo humilhados por professores:
Em 2019, em Minas Gerais, um estudante afirmou ter sido humilhado por seu professor de sociologia por ser eleitor do então presidente Jair Bolsonaro. O professor teria usado termos pejorativos para se referir ao aluno e sua preferência política em sala de aula. Esse caso foi amplamente divulgado na mídia e gerou discussões sobre a neutralidade política em ambientes educacionais.
Outro caso semelhante ocorreu no Paraná, onde uma aluna relatou que foi ridicularizada por um professor de história ao expressar sua opinião contrária a temas de esquerda, como o marxismo. O episódio resultou em um debate sobre liberdade de expressão dentro de sala de aula e o papel do professor na mediação das diferenças de pensamento político.
2. Opressão por motivos religiosos:
Em 2017, uma professora de geografia de uma escola estadual no Paraná foi acusada de constranger alunos evangélicos ao fazer comentários que desrespeitavam suas crenças. Ela teria ridicularizado a fé cristã e incentivado discussões pejorativas sobre a Bíblia durante as aulas, criando um ambiente hostil para os alunos religiosos.
Outro caso envolvendo discriminação religiosa aconteceu no Rio de Janeiro, onde um aluno católico foi penalizado por um professor de filosofia que, em debates de sala, criticava abertamente o cristianismo, criando um clima de hostilidade. Esse caso também abriu um debate sobre a necessidade de respeito às convicções religiosas dentro das escolas.
3. Motivos relacionados à linguagem neutra e ideologia de gênero:
Em 2021, no Rio Grande do Sul, um aluno foi advertido por se recusar a utilizar a linguagem neutra em uma redação. A professora teria exigido o uso da linguagem inclusiva (que emprega o uso de termos neutros em relação ao gênero), e o aluno foi penalizado com nota baixa por não aderir à exigência. O caso gerou polêmica sobre a obrigatoriedade da linguagem neutra no ensino, e foi alvo de debates públicos.
Em outro episódio, no estado de São Paulo, uma estudante se sentiu constrangida ao ser repreendida por um professor por discordar da ideologia de gênero ensinada em uma aula de biologia. A aluna relatou que, ao questionar sobre a apresentação de conteúdo sobre identidade de gênero, foi desqualificada publicamente pelo professor, o que gerou repercussão na comunidade escolar.
Esses casos levantam questões sobre liberdade de pensamento, expressão e crença no ambiente educacional e sobre os limites entre a educação, a doutrinação e o respeito às diferenças de opinião dentro das salas de aula.
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