Desde
que se tem conhecimento da existência humana no mundo, sabe-se também dos
conflitos que envolvem as relações entre as pessoas. O ser humano é um ser
comunitário, projetado para viver em coletividade, para compartilhar de si e
receber do outro. Com raras exceções, muitas delas patológicas, o isolamento
não é uma regra quando se fala de pessoas, mas o viver em comunidade – seja ela
familiar, religiosa, civil, empresarial ou qualquer outra – faz parte do
cotidiano dos indivíduos, que firmam sociedade entre si e se relacionam. Em
todos os ambientes existenciais humanos e no ambiente de trabalho em especial,
as relações pessoais e interpessoais estão cada vez mais ligadas ao êxito do
indivíduo, acentuando-se a sua capacidade de criar e manter relações entre seus
iguais e seus superiores. De acordo com Moscovici (2010, p. 173), “A interação
humana é complexa e multidimensional”.
Todos os conflitos nascem da relação
do indivíduo consigo mesmo, em primeira instancia, e dele com aqueles que estão
ao seu redor. O ambiente organizacional abarca um sem-número de pessoas com
pensamentos, sentimentos e ideais muitas vezes divergentes, que embora estejam
trabalhando para um mesmo fim – seu sucesso pessoal e da organização –,
geralmente entram em conflito. Basta recordar exemplos de competição acirrada
por cargos e lideranças, o autoritarismo de líderes que não enxergam seus
funcionários como parceiros ou colaboradores, o despreparo de alguns
empregados, a falta de competência de gestores, os desgastes com crises
internas e externas que afetam diretamente o clima organizacional, a
comunicação ineficiente. Todos esses fatores geram conflitos que podem chegar a
agressões e a demissões.
Dentre os muitos conflitos
recorrentes no meio organizacional, um tipo de agressão muito comum, fruto da
relação entre indivíduos em posição de autoridade e seus subordinados, é o
assédio moral no ambiente do trabalho, tema bastante discutido e objeto de projetos
de leis que regulamentam o assunto, tornando crime a sua prática. Este tema
pertinente para os gestores de pessoas merece acurado debate, uma vez que os
conflitos entre patrões e empregados são constantes, devendo-se fazer a
separação entre aquilo que é considerado normal numa situação conflituosa e o
que pode se configurar uma agressão, seja ela verbal ou física. Nem todo
conflito no ambiente de trabalho caracteriza-se como assédio moral, mas em
ambos os casos é necessário tratar o problema onde ele se manifesta, ao invés
de se preocupar apenas com os sintomas. Como num diagrama de causa e efeito,
relaciona-se o efeito (problema) com as suas possíveis causas. A desmotivação e
o clima organizacional insustentável podem ter as suas raízes numa situação de
assédio.
Como se poderá ver, o assedio moral
é um tipo de conflito que influencia de maneira negativa a organização em todos
os seus níveis hierárquicos e seus setores. Ele possui personagens e papéis bem
definidos, que fazem uso principalmente da autoridade de um cargo de liderança
ou gerência para agir com autoritarismo sobre os seus subordinados. Possui
ainda personagens que sofrem a agressão e outros que as observam. O assédio
moral é uma trama organizacional cujos princípios não encontram respaldo na
ética e na moral de nenhuma empresa, cuja prática distancia-se da visão e dos
valores organizacionais relevantes e cujo fim não promove o alcance dos
objetivos estratégicos da organização. Ao contrário, ele estagna o poder
criativo e inovador da empresa, porque ela não é feita senão de pessoas e, no
caso do assédio moral, de pessoas em constante conflito, insatisfeitas e
desmotivadas. Por outro lado, as vítimas desse tipo de agressão podem estar
bastante motivadas em destruir tudo o que estiver ao seu redor. O problema é
bem mais complexo que se possa imaginar.
Segundo o site normaslegais.com.br,
em um texto adaptado pelo Guia Trabalhista, tendo como fonte o TST, em pesquisa
realizada em 1996 pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), foi
detectado que doze milhões de trabalhadores da União Europeia já viveram
situações humilhantes no trabalho que acarretaram distúrbios de saúde mental.
No Brasil, onde a situação não foge à regra, uma pesquisa pioneira realizada
pela médica do trabalho, Margarida Barreto, em sua tese de mestrado, constatou
que 42% dos trabalhadores entrevistados foram vítimas de assédio moral no
ambiente de trabalho. Esses dados podem servir de base para uma preocupação global
com o assédio moral e suas consequências à saúde das vítimas, de suas famílias,
das empresas e da sociedade como um todo.
Estas e outras questões serão
debatidas no presente trabalho, tendo como foco as soluções estratégicas que
podem ser implementadas pelas organizações e, em especial, pelos gestores de
pessoas na prevenção e no combate ao assédio moral no ambiente de trabalho. Entende-se
aqui que somente uma visão holística da situação torna possível enfrentar o
problema onde ele realmente acontece. A participação integrada da sociedade,
dos legisladores, dos empresários e dos colaboradores na busca por soluções é
parte da própria solução, porque desperta em todos o sentimento de
responsabilidade e comprometimento rumo à paz nas organizações.
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Este livro traz uma análise minuciosa do Assédio Moral no Ambiente de Trabalho, com enfoque na Gestão de Pessoas. O objetivo é analisar a problemática em todos os âmbitos da organização (poder, cultura, comunicação, contratação, treinamento, capacitação, avaliação de desempenho, desenvolvimento humano, qualidade de vida, etc.), apresentando soluções práticas para prevenção e enfrentamento do assédio nas instituições.
Eis uma visão parcial do conteúdo, com base em parte do sumário:
O ASSÉDIO MORAL E SEUS DESDOBRAMENTOS
O que é
Tipos de vítimas
Tipos de agressores
Tipos de expectadores
Tipos de agressão)
ASSÉDIO MORAL E A SAÚDE DO TRABALHADOR
Higiene do trabalho
Estresse no trabalho
Doença Ocupacional
Ergonomia do trabalho
Ergonomia cognitiva
Ergonomia organizacional
COMPORTAMENTO HUMANO NO TRABALHO
Escola Comportamentalista de Kurt Lewin
O comportamento humano e o behaviorismo
O comportamento humano e a Gestalt
A diversidade do comportamento humano no trabalho
Previsão do comportamento humano
Fatores que influenciam o comportamento humano na empresa
Comportamento, motivação e personalidade
O ASSÉDIO MORAL E AS LEIS
Das garantias constitucionais à dignidade humana
A Declaração Universal dos Direitos Humanos
Do crime de tortura
O Novo Código Civil Brasileiro
Leis antimobbing
Projeto de Lei4742/2001
PODER E LIDERANÇA NAS ORGANIZAÇÕES
Estilos de poder nas organizações
Níveis de poder
Estilos de liderança nas organizações
CULTURA E VALORES NAS ORGANIZAÇÕES
Cultura organizacional e assédio moral
Valores humanos da organização
O ASSÉDIO MORAL E A COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL
Barreiras à comunicação organizacional causadas pelo assédio moral
GESTÃO ESTRATÉGICA DE COMBATE E PREVENÇÃO
Gestão de tolerância zero contra o assédio moral no trabalho
A atuação estratégica do gestor de pessoas
Desenvolvimento de equipes
Relações com empregados
Outras estratégias
GESTÃO DE SUPERAÇÃO PESSOAL
DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL E ASSÉDIO MORAL
Características do Desenvolvimento Organizacional
Técnicas de Desenvolvimento Organizacional
Operacionalização da mudança
GESTÃO DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
O que significa um ambiente com QVT?
A QVT e o assédio moral
A QVT e a motivação
Transformando ambientes doentes em ambientes de QVT
O papel estratégico do gestor de pessoas na QVT
ESTUDOS DE CASO
Segue uma farta bibliografia.
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