domingo, 14 de abril de 2013

PROIBIDO PARA MENORES - POESIA







Caminhando contra a vida
Vivendo à margem da história
A menina se aproxima faceira
A sua vida é uma farsa
Ela bem sabe o tamanho da desgraça
Mas e daí? Na vida tudo passa.

Contempla o sol que nasce
Ou a lua que se revela
Tanto faz se é noite ou dia
Os dias são sempre os mesmos
No escuro da favela.

As ondas do mar ecoam
Lançam sal em seus cabelos
Ela contempla o horizonte
Mas não faz perguntas
Não quer saber o que se esconde
Do outro lado do mundo.

Talvez em apenas um segundo
Ela sonha em ser atriz
Cantora ou modelo profissional
Não seria nada mal
Talvez assim fosse amada
Querida, valorizada.

Mas ela não tem passarela
Também não aparece na tela
Seu caminho é uma encruzilhada
O chão quente de uma calçada
Onde muitos sonhos passam
E muitas ilusões se acabam
Numa lata de cola
Num cigarro de maconha
Num cachimbo de crack
Numa surra jamais esquecida
Da polícia que deveria proteger
Da cafetina ou do bandido
Ela sabe: sua vida está por um fio.

Mais um carro dobra a esquina
Zero quilômetro, importado
Ela está de pé, esperando
Seu corpo seminu ao vento
Pequeno, frágil, indefeso.

Ela pensa na mãe que está em casa
Nas contas, no padrasto bêbado
Nos irmãos passando fome
Lembra que não vai à escola
Nem jamais foi ao shopping.
Tenta raciocinar, tenta imaginar
“Que vida é esta que vivo?”
E se debruça na janela do carro
Um coroa, talvez estrangeiro
Combina o local, pergunta o preço.
Ele pensa: “E daí se é só uma criança?”
Então ela se lança na aventura
Embarca na sua sepultura.

Mas seus seios mal nasceram
Ela ainda brinca de boneca
E de amarelinha quando pode
Pula corda, joga queimado.
Mas agora a sua realidade grita
E cobra dela a cada instante:
Você não é ninguém, apenas objeto
Então se conforme!
Que homem é esse que abusa
Que usa essa menina sobre a cama
Satisfaz seus desejos mais insanos?
De volta à calçada da vida
Ganhou dez reais pela transa
Está satisfeita, foi boa a colheita.

Talvez quando chegar em casa
Não leve outra surra violenta
E possa dormir e sonhar
Com o dia em que o amanhã
Será um verdadeiro amanhã
E não a agonia repetida
A rotina que acaba com a sua vida.

Pobre menina-objeto
Brinquedo nas mãos do destino
Uma estatística fria e vazia
Marionete para promessas políticas.
Ela volta para casa
O dia amanhece
Ela adormece
E sonha...
“Imprestável, se levanta!”


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