Caminhando
contra a vida
Vivendo
à margem da história
A
menina se aproxima faceira
A
sua vida é uma farsa
Ela
bem sabe o tamanho da desgraça
Mas
e daí? Na vida tudo passa.
Contempla
o sol que nasce
Ou
a lua que se revela
Tanto
faz se é noite ou dia
Os
dias são sempre os mesmos
No
escuro da favela.
As
ondas do mar ecoam
Lançam
sal em seus cabelos
Ela
contempla o horizonte
Mas
não faz perguntas
Não
quer saber o que se esconde
Do
outro lado do mundo.
Talvez
em apenas um segundo
Ela
sonha em ser atriz
Cantora
ou modelo profissional
Não
seria nada mal
Talvez
assim fosse amada
Querida,
valorizada.
Mas
ela não tem passarela
Também
não aparece na tela
Seu
caminho é uma encruzilhada
O
chão quente de uma calçada
Onde
muitos sonhos passam
E muitas
ilusões se acabam
Numa
lata de cola
Num
cigarro de maconha
Num
cachimbo de crack
Numa
surra jamais esquecida
Da
polícia que deveria proteger
Da
cafetina ou do bandido
Ela
sabe: sua vida está por um fio.
Mais
um carro dobra a esquina
Zero
quilômetro, importado
Ela
está de pé, esperando
Seu
corpo seminu ao vento
Pequeno,
frágil, indefeso.
Ela
pensa na mãe que está em casa
Nas
contas, no padrasto bêbado
Nos
irmãos passando fome
Lembra
que não vai à escola
Nem
jamais foi ao shopping.
Tenta
raciocinar, tenta imaginar
“Que
vida é esta que vivo?”
E
se debruça na janela do carro
Um
coroa, talvez estrangeiro
Combina
o local, pergunta o preço.
Ele
pensa: “E daí se é só uma criança?”
Então
ela se lança na aventura
Embarca
na sua sepultura.
Mas
seus seios mal nasceram
Ela
ainda brinca de boneca
E
de amarelinha quando pode
Pula
corda, joga queimado.
Mas
agora a sua realidade grita
E
cobra dela a cada instante:
Você
não é ninguém, apenas objeto
Então
se conforme!
Que
homem é esse que abusa
Que
usa essa menina sobre a cama
Satisfaz
seus desejos mais insanos?
De
volta à calçada da vida
Ganhou
dez reais pela transa
Está
satisfeita, foi boa a colheita.
Talvez
quando chegar em casa
Não
leve outra surra violenta
E
possa dormir e sonhar
Com
o dia em que o amanhã
Será
um verdadeiro amanhã
E
não a agonia repetida
A
rotina que acaba com a sua vida.
Pobre
menina-objeto
Brinquedo
nas mãos do destino
Uma
estatística fria e vazia
Marionete
para promessas políticas.
Ela
volta para casa
O
dia amanhece
Ela
adormece
E
sonha...
“Imprestável,
se levanta!”
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