Um belo filme americano, Uma linda mulher, mostra um tema muito sensível dentre tantos
outros abordados: o beijo! A atriz principal, Julia Robert, interpreta uma garota de programa que se envolve
emocionalmente com um homem, alguém que, a princípio, deveria ser apenas mais
um cliente. Embora alertada por sua amiga a jamais beijá-lo na boca, ela se
deixa levar pela emoção d surge daí uma paixão, uma linda história de amor.
Nota-se que o ponto crucial, o momento de partida foi o beijo. Ela poderia
estar fantasiando um romance com aquele homem, pensando como seria bom estar
apaixonada por ele, imaginando mil histórias de amor ao seu lado, mas todas
seriam apenas sonhos, jamais se concretizariam se ela não tivesse se entregado
ao beijo que a tudo faz calar. O beijo dado selou o seu destino, reconfigurou
seu futuro, transformou-o.
Por
que tanto cuidado com o beijo? Por que essas duas mulheres insistiam em jamais
beijar seus clientes na boca? Que poder é esse que se esconde por detrás de um
simples tocar de lábios, um mero compartilhar de fluidos? Se os corpos se
tocam, se unem num ato de puro prazer, por que um beijo traria algum problema?
Não é o ato sexual mais profundo que um beijo, mais sério, mais comprometedor?
Então, que mal um beijo dado na boca pode causar para duas pessoas?
Podemos
afirmar uma coisa com toda certeza: o problema não é o mal que o beijo possa
vir a causar, mas o bem que ele com certeza faz. O beijo é uma arma tão
poderosa que é capaz de fazer derreter o coração do mais duro guerreiro. O
beijo é um instante mágico que se prolonga no tempo exato que durar o desejo e
a paixão dos que se beijam. Não existe coisa mais prazerosa que se perder de
amores no molhado dos beijos de quem amamos. O mundo para de girar, o som no
universo silencia-se, os problemas e preocupações desaparecem e, finalmente,
podemos infringir a lei da gravidade e voamos sem criar asas, sem tirar os pés
do chão. Beijar é um ato de pura beleza, de grandeza. Os animais se lambem, mas
somente nós, seres humanos, beijamos e nos deliciamos com a ternura de um beijo
doce.
Os
cientistas há muito já descobriram uma realidade: o corpo fala. Muitos estudos já foram realizados e vários livros já
foram escritos sobre assunto, em especial o de Pierre Weil. O corpo, em todas
as suas manifestações, quer sejam quotidianas ou artísticas, está repleto de
sinais, de palavras escondidas que dizem com clareza o que estamos pensando e
sentindo, mesmo que as palavras que saiam da nossa boca digam totalmente o
contrário! O corpo denuncia nossa preguiça, nossa tara, nosso desejo, nossos sonhos,
nosso estado de espírito, nossos sentimentos mais profundos... Um olhar acurado
sobre nosso interlocutor poderá nos mostrar o que ele pretende muito antes que
ele o diga. O corpo se transforma quando estamos alegres, tristes, eufóricos,
cansados, abatidos, desconfortáveis, apressados, inquietos, confusos,
displicentes, arrogantes... O corpo não permite que nosso interior se cale! Se
os olhos são o espelho da alma, o que diríamos do corpo inteiro? Ele é a
própria alma!
O
beijo, assim como o corpo, também possui uma capacidade imensa de expressão.
Ele é capaz de dizer muitas coisas, e de mostrar outras tantas. Quando duas
bocas se tocam, o beijo que elas produzem está repleto de uma gama de
sentimentos: curiosidade, ansiedade, desejo, paixão, amor... Todos eles gritam
dentro de nós e querem, num beijo, se manifestar. Quando chegamos a beijar
alguém, o desejo de beijar já continha todos esses sentimentos, isto é, o beijo
já acontecia dentro de nós. A expectativa promove a intensidade do beijo que
será dado, e a química que irá rolar neste momento mágico decidirá o destino de
duas vidas... E é neste instante que tudo aquilo que pensávamos e sentíamos é
comprovado.
Quando nossos olhos
encontram nos olhos de outro alguém a possibilidade de amar, quando nos apaixonamos
e fantasiamos momentos maravilhosos ao lado desse alguém, criamos dentro de nós
certas emoções e expectativas que clamam para serem supridas. Imaginamo-nos nos
seus braços, fantasiamos como será o seu beijo, flutuamos acima das nuvens, nos
entregamos a divagações e meditações hipnóticas. Se falamos, falamos neste
alguém; se pensamos, pensamos neste alguém. Tudo o que nos envolve, toda a
nossa vida, nossas ações, nossos sonhos passam a girar em torno desta pessoa
que escolhemos para amar. Mas se isso tudo acontece, porque muitos sonhos não
ultrapassam os limites do primeiro beijo? Por que muitos amantes esfriam depois
que se beijam pela primeira vez?
O beijo é a resposta
que precisamos para ter a certeza daquilo que sentimos. É o beijo que decide nosso
futuro, que escancara nossa alma, que comprova a veracidade dos nossos
sentimentos. Por mais eufóricos e apaixonados que estejamos, se durante o
primeiro beijo não rolar aquela química tão necessária e inexplicável, os
castelos que construímos dentro de nós desmoronam-se aos poucos. Não há como
encontrar uma razão certa para isso. Como podemos estar completamente
apaixonados antes de um beijo e totalmente frios logo após? Como podemos
enxergar em uma pessoa alguém que é a nossa razão de viver e muito mal pensar
nela depois de provar dos seus beijos?
É esse o poder do
beijo! Podemos enganar as pessoas, dizer que as amamos, que sentimos prazer,
que as desejamos... Mas o beijo decidirá o que é verdade e o que não passa da
mais pura mentira. Se existe amor, o beijo será dado com amor; se existe
paixão, o beijo estará repleto de paixão; se existe carinho, o beijo será
extremamente carinhoso. Ele reflete o nosso interior e denuncia a nossa frieza.
Pode-se até arriscar uma falsa tentativa de maquiá-lo, mas o sabor que deixará
logo denunciará sua falsidade, assim como o beijo da traição dado em Jesus por
Judas. O beijo falará, gritará, protestará!
Ele dirá: Não
se iluda comigo! Beijo dado sem sentimento é pura ilusão.
Para
que o beijo ecoe na alma, ele precisa ser perfeito. E quando o beijo é
perfeito? Quando ele está repleto de verdade, de sinceridade, de desejo, de
paixão. Esse beijo não é dado somente com a boca, mas com todo o nosso ser,
nossa força espiritual e emocional. O beijo perfeito pode até ser esteticamente
desengonçado, mas o terremoto que ele causa nos corações é o mais importante de
tudo. A maior prova para sabermos se quem dizia nos amar já não nos ama mais é
o beijo. Se ele não for dado de corpo e alma, o que estava quente se esfriou.
Se, ao se beijarem, ambos não desejam ardentemente que o tempo pare para que
aquele beijo seja eterno, mas repetem apenas mecanicamente todo o gestual do
ritual do beijo, é sinal de que, dentro do coração, esse beijo já está morto.
Não
importa se o beijo é curto ou longo, seco ou molhado, suave ou forte, com sabor
de manhã ou de hortelã, o que importa é que ele seja puro, que traga a certeza
de que aqueles que se beijam se amam, se desejam. Importa que o beijo seja a
voz da alma gritando a plenos pulmões Eu
te amo! Importa sentir o perfume, o sabor do mel, a suavidade da pele e
desejar jamais largar aquela boca, jamais matar a sede em outra fonte. O beijo
nos mantém vivos e fortes. O beijo é sadio, é um exercício para a mente, para o
corpo e para o coração. O beijo é sinal de amor, é uma canção. Ele é o
princípio que desconhece o fim. Ele é o meio que jamais deveria acabar. Ele
revira o fundo do oceano do nosso coração e traz à tona o que de maior e melhor
possa existir dentro de nós. O beijo é o corpo e a alma cantando a uma só voz.
ESTE TEXTO FAZ PARTE DO LIVRO QUE VOCÊ PODE ADQUIRIR PELA AMAZON EM FORMATO E-BOOK:
ESTE TEXTO FAZ PARTE DO LIVRO QUE VOCÊ PODE ADQUIRIR PELA AMAZON EM FORMATO E-BOOK:
Somente os poetas conseguem descrever com tanta preciosidade aquilo que é comum para outros. Belo texto.
ResponderExcluirouh nice lol
ResponderExcluirexcepciónal quanta clareza,so um poeta mesmo
ResponderExcluirMagnifica descrição verdadeira espetacular é assim mesmo que nos sentimos neste maravilhoso universo chamado "AMOR",parabéns poeta que a cada dia esse dom se aperfeiçoe mais e mais
ResponderExcluir