quarta-feira, 28 de junho de 2023

AVIVAMENTO ESPIRITUAL: AMOR E PENTECOSTES DA IGREJA




TEXTO ÁUREO: Atos 2:1-13

INTRODUÇÃO

A igreja cristã mundial está vivendo um momento de crise. Por um lado, nos países onde é proibido pregar o Evangelho, os cristãos estão sendo perseguidos, presos e mortos; e por outro, onde há liberdade de expressão e de culto, estão frios. A nossa igreja necessita urgente de um avivamento espiritual por diversos motivos: sentimentos contrários à justiça de Deus, desmotivação, esfriamento evangelístico, falsos ensinos, ausência de serviço, imoralidade e Teologia da Prosperidade. Os crentes não querem mais saber de Deus, mas apenas das suas bênçãos. Não o obedecem mais nem seguem os seus mandamentos. Com felizes exceções, a cristandade está se afogando num mundanismo pagão, caminhando para longe da vontade do Pai. Somente um grande avivamento poderá resolver os diversos problemas enfrentados pela igreja dentro da sociedade em que está inserida e entre seus próprios membros. Sem avivamento espiritual, sem uma entrega total e incondicional a Deus, é impossível à igreja crescer e cumprir cabalmente com o seu papel de testemunha do Evangelho de Cristo.
            Mas como se dá o avivamento espiritual na igreja e na vida do cristão? Cada igreja, cada pregador tem a sua fórmula teológica para chegar ao avivamento, e elas parecem variar de acordo com as épocas. No início da igreja cristã, no livro dos Atos dos Apóstolos, alguns afirmam que ele veio através dos dons do Espírito Santo, principalmente o falar , a maior igreja do mundo experimentou o avivamento através da oração. Em outras épocas as pessoas passaram a testemunhar mais de Cristo e esse fator despertou a igreja. Desta forma, uns afirmam que o avivamento vem através da manifestação dos dons espirituais, outros afirmam que somente pela oração, outros conclamam os cristãos a serem verdadeiras testemunhas de Cristo, outros falam em perdão, em dar o dízimo, em investir em missões.

            Todavia, embora as soluções apresentadas sejam diversas e pareçam apontar para lados diferentes, todas convergem a um só ponto, pois todas estão corretas. O que não está correto é pensar que o avivamento espiritual se dá através de um fato desses isolado. Ele, na verdade, envolve todas as dimensões da vida cristã pessoal e eclesiástica. O avivamento espiritual genuíno opera no ser humano físico, emocional, social e, acima de tudo, espiritual; ele é desencadeado em todas as áreas da sua vida, principalmente nos seus relacionamentos. E o que poderá acontecer na vida do cristão capaz de transformar radicalmente a sua vida e transformar a sua maneira de pensar e de agir? Se existe uma única chave para o avivamento capaz de englobar todas as soluções comumente apresentadas, qual será ela?


UMA QUESTÃO DE AMOR

Em termos gerais, a igreja necessita de avivamento espiritual porque se encontra em pecado, entregue a uma vida sem o sabor do Espírito Santo, morta, parada. É uma igreja que abandonou o primeiro amor (Ap 2:4,5). Logo, a única coisa que trará concerto para ela é o amor, que cobre multidão de pecados (1 Pe 4:8). Sim, é o amor a mola mestra da vida cristã; é ele quem nos gera, nos faz nascer para Deus e nos dá crescimento espiritual. Quando inquirido sobre o maior de todos os mandamentos, Jesus de pronto respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei s os Profetas” (Mateus 22:34-40). Além disso, Jesus nos apresentou um novo mandamento: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos outros” (Jo13:34,35; cf. tb. 14:15).
            O amor é o centro da mensagem cristã, da Palavra de Deus. É ele que move todas as coisas. Sem amor, toda sorte de males recai sobre o cristão e a igreja. Desse modo, podemos crer que a igreja só experimentará o genuíno avivamento espiritual quando se entregar incondicionalmente ao amor de Deus e permitir que ele a transforme de todas as formas, pois o amor é o dom supremo (1 Co 13). Muitos buscam os dons espirituais, mas esquecem-se que eles não subsistem sem o amor. Vejamos, então, como o amor está em tudo, antes de tudo, acima de tudo, cria tudo e move tudo:

  • Deus é amor em toda a sua essência (1 Jo 4:8). Ele não sente amor, Ele é o próprio amor. Desde o momento da criação de todas as coisas visíveis até os dias de hoje, Deus tem manifestado de todas as formas o seu amor por nós e tem nos cobrado que vivamos esse amor. Quando deixamos de viver o amor de Deus, já não estamos em comunhão com ele, e sem essa comunhão, não há como conhecer sua vontade e praticá-la. Se Deus é amor, para o cristão estar cheio de Deus é preciso que ele esteja cheio de amor. E se a Trindade é Deus, toda ela se manifestará na vida da igreja através do amor.
  • O mandamento de Deus é o amor (MT 22:34-40). Toda a Lei e os Profetas convergem num só ponto: o amor em suas três dimensões: a Deus, ao próximo e a si mesmo. Quando negligenciamos este amor, deixamos de cumprir os mandamentos de Deus, esfriamos, andamos conforme a nossa própria vontade, nosso entendimento humano e pecaminoso.
  • O fruto de Espírito Santo é o amor (GL 5:22). É o amor que produz frutos na vida do cristão para o seu crescimento e fortalecimento espiritual. Sem a chama do amor no seu coração, o cristão é incapaz de frutificar na obra de Deus. Se a igreja tem sentindo falta de misericórdia, deve orar a Deus para que viva no amor e a misericórdia virá em seguida.
  • É o amor que nos identifica com Cristo (Jo 13:55; 14:23,24). Não são os dons espirituais nem as obras de caridade que mostram ao mundo nosso caráter cristão, mas o amor.
  • Foi por amor que Deus nos enviou seu Filho para morrer por nós (Jo 3:16; Rm 5:8).
  • O amor é o que nos une a Deus, que mantém viva a nossa comunhão com Ele (Rm 8:39). Uma das primeiras coisas que perdemos quando o amor se esfria dentro de nós é a comunhão com Deus, seja pela oração, pela leitura da Palavra ou pela comunhão com o corpo de Cristo, que é a igreja.
  • O cristão é edificado pelo amor (1 Co 8:1), muito mais que pela sabedoria ou qualquer outro fator.
  • A perfeição, que deve ser buscada diariamente pelo cristão em todas as dimensões da sua vida, é efetivada através do amor (Cl 3:14; 1 Jo 2:5; cf. tb. 1 Co 13, o dom perfeito). Sem amor, os próprios dons espirituais para nada servem. É o amor que edifica a vida cristã.
  • É o amor que prova que conhecemos a Deus e nascemos dele (1 Jo 4:7,8). Sem amor nos tornamos estranhos a Deus. Não é pelas nossas obras ou pelos nossos dons que o cristão mostra que é de Cristo, mas guardando os seus mandamentos, acima de tudo o amor. Muitos virão naquele dia e exporão a Deus as suas obras, mas serão rejeitados, pois suas obras eram iníquas (Mt 7:15-23).
  • Um dos impedimentos do nosso crescimento espiritual é o medo, e o amor lança fora o medo (1 João 4:18). O amor desimpede o cristão de tudo aquilo que o prende: medo de amar, medo de servir, medo de deixar o pecado costumeiro de lado, medo de abrir mão do próprio eu, medo de comprometer-se com o Evangelho.

O VERDADEIRO DESPERTAR DE PENTECOSTES

O relato do dia de Pentecostes não se limita ao falar em línguas estrangeiras quando o Espírito Santo veio sobre os apóstolos e as demais pessoas, mas envolve, acima de tudo, as consequências práticas deste episódio. Ou seja: o resultado da presença do Espírito na Igreja do Senhor Jesus. Este foi muito maior que o que se prega hoje e verdadeiramente transformador.

·         Primeiro: os apóstolos e muitos outros irmãos estavam unidos e perseveravam em oração quando o Espírito Santo veio sobre eles (At 1:14; 2:1). Isso mostra que os primeiros cristãos não estavam em pecado, mas perseverando na sua fé, com a união e a oração. O que a Igreja hoje precisa é viver na total dependência de Deus, vigiando e orando. Ela precisa abandonar as divisões, as fofocas e as maledicências para estar unida, ser unânime em tudo que diz respeito ao Reino de Deus.
·         Segundo: a pregação do Evangelho, mostrando Jesus como o Cristo (2:14-36). A primeira consequência da descida do Espírito Santo foi a pregação do Evangelho da salvação em Cristo Jesus. As igrejas atuais abandonaram o evangelismo, poucas saem às ruas. Os programas de rádio e TV que poderiam ser evangelísticos só falam de curas, milagres e prosperidade financeira, sem se importar com o destino eterno do perdido. Precisamos voltar à pregação genuína do Evangelho, colocando Jesus no centro da nossa fé, tirando o nosso ego e os nossos sonhos mesquinhos. A Igreja é de Cristo e a sua mensagem deve apontar para Ele.
·         Terceiro: a conversão por meio do arrependimento e da fé em Jesus Cristo de mais de três mil pessoas, todas batizadas (2:37-41). O resultado da pregação após a descida do Espírito Santo foi a conversão dos pecadores. Eles foram chamados ao arrependimento dos seus pecados, não a uma vida de vitória financeira. As igrejas estão lotadas de falsos crentes, de falsas ovelhas. São pessoas que se “converteram” porque ouviram o pregador dizer que todos os seus problemas seriam resolvidos. Elas não se arrependeram dos seus pecados, não atenderam à voz do Espírito, mas do seu ego. Precisamos de pessoas verdadeiramente convertidas, cheias do Espírito de Cristo, que amem a Deus e obedeçam a sua Palavra.
·         Quarto: a Bíblia nos mostra um despertamento com consequências práticas na vida da Igreja (2:42-47; 4:32-35). A conversão daquelas pessoas formou a primeira Igreja, que chamamos de “igreja primitiva”. Os primeiros cristãos evidenciaram a sua conversão por meio de uma fé prática, que produziu obras. Eles tinham tudo em comum, compartilhavam das suas posses e das suas faltas, das suas alegria e das suas dores. Podemos dizer que o amor foi o maior fruto dos primeiros cristãos. E nós, o que temos feito com a nossa fé? Ela tem produzido obras? Tiago afirmou que a fé sem obras é morta (Tg 2:14-26). Avivamento espiritual como base no Pentecoste de Atos significa amar uns aos outros, cuidar uns dos outros, importar-se, estar presente, compartilhar. Muitos crentes vão à igreja “receber de Deus”, mas poucos agem como Jesus, que afirmou que é melhor dar do que receber (At 20:35).
·         Quinto: a igreja nascente contava com a simpatia de todo o povo (2:47), o que demonstra que eles estavam sendo sal e luz como o Senhor havia ordenado, de modo que o nome de Deus era glorificado por meio deles (Mt 5:14-16). Mesmo que tenha sofrido oposição e perseguição por parte dos judeus, a Igreja primitiva fazia a diferença na vida das pessoas. Pergunte-se sobre a igreja onde você congrega: se ela sair dali, as pessoas sentirão sua falta? Ela tem feito diferença na rua, no bairro, na cidade? Antigamente ser crente era sinônimo de uma pessoa respeitável e honesta, mas hoje somos chamados de hipócritas e caloteiros. O que aconteceu? Precisamos exalar o bom perfume de Cristo se quisermos ser uma Igreja avivada, comprometida com o Evangelho, obediente a Deus.

O MAIOR DESPERTAMENTO É A FÉ QUE SALVA E GERA OBRAS

O versículo-chave para a compreensão do despertamento em Pentecostes é o v. 37. A ênfase não está na manifestação sobrenatural do dom de línguas, mas sobre o ouvir a Palavra de Deus. A fé vem pelo ouvir a pregação do Evangelho (Rm 10:17). Este é o maior despertar da fé cristã: serviço obediente a Deus por meio do cuidado com os irmãos da Igreja e os de fora. Uma Igreja que não prega o verdadeiro Evangelho da graça de Deus é uma Igreja morta. Se Cristo não está no centro da nossa fé, esta fé é vã e mentirosa. Se a nossa teologia não se transforma em prática, ela não passa de teorias sobre Deus. Algumas denominações evangélicas apostam em unções bizarras que são um fim em si mesmo, que não edificam, não produzem obras, não levam a Palavra de Deus ao perdido. Sem amor a Deus, conhecimento da Bíblia e obras, não podemos ser crentes avivados.

CONCLUSÃO

Então, se formos tomar o dia de Pentecostes relatado no livro de Atos como modelo de avivamento espiritual para a Igreja, os elementos desse avivamento devem ser:

·         Atenção e submissão ao Evangelho de Jesus Cristo. Este Evangelho deve ser a nossa mensagem, o nosso manual de instruções para uma vida santa e fonte de salvação para o perdido. Sem obediência ao Evangelho, não existe cristianismo.
·         Profunda convicção do pecado. A mensagem de Cristo deve gerar em nós uma profunda convicção de pecado, e também naqueles que nos ouvirem. Sem essa convicção, não existe possibilidade de conversão. Não devemos falar com as pessoas que elas são coitadinhas que precisam da ajuda de Deus, mas criaturas perdidas que carecem de uma salvação que somente Cristo pode lhes dar (Rm 3:23,24).
·         Conversão. O Evangelho verdadeiro gera conversão. A conversão é fruto do mover do Espírito Santo na mente e no coração do pecador, quanto este ouve o Evangelho da cruz e é confrontado com os seus pecados. Naqueles que já são convertidos, o Evangelho gera arrependimento por pecados que precisam ser confessados e abandonados; gera uma vida santa e íntegra, cheia do Espírito e da graça de Deus.
·         Viver comunitário. O Evangelho pregado sob a direção do Espírito nos reúne como Igreja santa e viva, que oferece sacrifícios de louvor a Deus por meio da prática do seu amor, cuidando dos seus e dos de fora, sendo sal e luz.
·         Glorificação do nome de Deus. Uma Igreja avivada leva as pessoas do mundo a glorificarem a Deus por meio das suas boas obras. O Senhor Jesus nos ensinou a iluminar o mundo com a sua luz, dizendo: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso pai que está nos céus” (Mt 5:16).

Ainda que essas coisas sejam verdade, o dia de Pentecostes não pode ser contado como um avivamento espiritual na concepção que temos hoje, isto é, como o despertar de uma igreja que dorme. Aquele momento não era de avivamento, mas de conversão. Ali não havia uma igreja morta, mas pecadores mortos em seus delitos e pecados. O Espírito Santo desceu como cumprimento da promessa do Senhor, dando poder aos apóstolos para pregarem o Evangelho. Este é o verdadeiro despertamento: amor pelas almas perdidas como fruto do amor que nos alcançou e do Espírito de Deus em nós e uma fé prática e cheia de boas obras.


Mizael de Souza Xavier

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