ACONSELHAMENTO E EVANGELIZAÇÃO

ACONSELHAMENTO E EVANGELIZAÇÃO

Mizael Xavier

A Bíblia tem uma resposta e uma orientação para cada área da vida humana e para tudo aquilo que envolve a vida: conselhos sobre problemas existenciais, de saúde, financeiros, de relacionamentos; orientações sobre comportamento, planos, pecados. Se alguém está desanimado, com medo, ansioso, em dúvida, com seu casamento em crise ou com a própria fé em crise, a Bíblia possui respostas. Sempre que vamos evangelizar alguém, temos a oportunidade de oferecer-lhe o consolo das Escrituras, de lhe dar uma direção e um alívio. Ele pode até desejar conhecer esse Deus maravilhoso que tanto bem produz e a sua Igreja, mas isso não é evangelização.

A evangelização não é uma consulta psicológica nem um encontro do A.A. Nesses casos, a evangelização deve partir dos problemas gerais do ser humano - como o sofrimento e as crises, por exemplo - e penetrar no seu problema mais específico: o pecado que faz separação entre nós e Deus. Não que não podemos usar a Palavra de Deus para aconselhar o incrédulo, mas se ele não for orientado a respeito das consequências do seu pecado e da ira de Deus, a evangelização não terá acontecido. Ele poderá experimentar alguma mudança na sua situação e até mesmo se alegrar com isso; mas se não houver conversão, ainda permanecerá morto em seus delitos e pecados. É no aconselhamento a incrédulos que muitas falsas conversões ocorrem, quando as pessoas são chamadas para Jesus porque Ele resolverá seus problemas, porque lhes dará forças e uma família com quem poderá contar. Isto não é um apelo à conversão, mas um convite para participar de um grupo terapêutico, como muitos gostam de chamar a igreja, de "comunidade terapêutica".

Ainda existe outro problema em reduzir a evangelização a um encontro para aconselhamento: aconselhamos aqueles que ainda estão espiritualmente mortos a assumir um comportamento próprio daqueles que já nasceram de novo. Insistimos que eles tenham atitudes coerentes com uma Palavra para a qual eles ainda não possuem entendimento espiritual para compreender nem o poder do Espírito Santo para praticar. Ou seja, dizemos aos descrentes: ajam como se fossem crentes. Como indivíduos que estão naturalmente em estado de rebeldia contra Deus poderão obedecê-lo? Como aqueles que não são templos do Espírito Santo poderão viver no Espírito para não dar lugar à carne? Também neste caso alguns problemas podem ser solucionados, a paz e a harmonia no lar podem ser restaurados pela atitude de buscar e fazer o certo. Mas a condição primária do pecado permanece e a alma ainda caminha para o inferno. Não se pode ensinar a um morto sobre como controlar a sua respiração.

Como acontece no ensino da Palavra de Deus, o aconselhamento cristão deve cuidar para não cair em uma espécie de "catequização", supondo que o mero aprendizado religioso e a encarnação de alguns aspectos da fé cristã possa suscitar uma conversão genuína. É preciso ir além. Isso não significa negar o ensino bíblico ou o aconselhamento aos incrédulos, muito pelo contrário. Essas duas formas de expressar e explicar a fé cristã podem e devem ser postas a serviço da evangelização e serão legitimadas se esta for a sua intenção e objetivo. Durante estudos bíblicos ministrados em lares não cristãos, ocorrem muitas respostas positivas a Cristo, baseadas numa compreensão profunda de pecado, despertada pelo ouvir da Palavra de Deus (Romanos 10:17). Nem todos crerão, alguns ficarão ainda mais endurecido, mas o Evangelho foi corretamente exposto. Igualmente, durante o aconselhamento espiritual do incrédulo, ele poderá ter a sua vida tocada pelo Espírito Santo para uma transformação profunda, o novo nascimento; ou rejeitará a mensagem do Evangelho e ficará apenas com as possíveis soluções para os seus problemas.

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