Deus nos ensina através da sua
Palavra, por intermédio do apóstolo Pedro, que devemos estar preparados para
testemunhar da nossa fé. Assim está escrito: “Ora, quem é que vos há de
maltratar, se fordes zelosos do que é bom? Mas, ainda que venhais a sofrer por
causa da justiça, bem-aventurados sois. Não vos amedronteis, portanto, com as
suas ameaças, nem fiqueis alarmados; antes, santificai a Cristo, como Senhor,
em vossos corações, estando sempre preparados para responder a todo aquele que
vos pedir razão da esperança que há em vós” (1 Pedro 3:13-15). Então, o que
dizer a alguém que porventura nos pergunte o motivo de sermos crentes?
A minha resposta pessoal seria: Sou
crente porque sou lavado e remido no sangue de Cristo, porque o aceitei como
Senhor e Salvador da minha vida e fui justificado pela fé por meio da graça de
Deus. Estando em Cristo, sou adotado como filho de Deus, santificado pelo
Espírito Santo, estou perdoado dos meus pecados e separado do mundo para as
boas obras preparadas para que eu ande nelas, o que se pode resumir em amor e
obediência. Nele eu tenho a segura esperança da vida eterna, porque nele não há
mais condenação. Um dia Ele voltará para levar a sua igreja, santa e imaculada,
e eu irei com Ele nas nuvens morar para sempre no Paraíso celestial, na nova
Jerusalém. E, lógico, citaria inúmeros versículos bíblicos.
Mas que resposta eu daria se alguém
me perguntasse: Por que você é católico? Voltando até o ano de 1994 e
resgatando a minha mentalidade e a minha fé católica de outrora, eu certamente
responderia: Porque nasci num lar católico, porque vou à missa, comungo... Na
verdade não saberia muito que dizer. Mas esse não seria um problema apenas meu.
A grande maioria dos católicos, os leigos, que não tem costume de ler a Bíblia
nem de participar de cursilhos e pastorais; que não são carismáticos nem
frequentam a comunidade Canção Nova, muito pouco tem a dizer a respeito da
razão de serem católicos. Rezam, fazem novenas, pagam promessas, se prostram
diante de imagens, comungam, se confessam aos padres, adoram o papa, mas a sua
fé não possui fundamento bíblico algum. Por que você é católico? Porque sou,
ora!
Uma das grandes estratégias dos
líderes da igreja católica chama-se “batismo”. Segundo o Compêndio do Vaticano II, o batismo
é um rito sacramental que une a todos os fiéis católicos, tornando-os
verdadeiramente filhos de Deus através de uma nova vida incorporada em Cristo.
O batismo consagra o fiel ao sacerdócio comum e o torna participante do
sacerdócio real de Cristo. Ele é a porta através da qual o fiel é introduzido
na igreja e o faz ter participação plena, cônscia e ativa na liturgia. Através
do batismo o fiel alcança a sua salvação, pois só aí passa a fazer parte da
única igreja que salva: a católica, e fora dela ele está perdido.
A palavra-chave para entendermos a importância do batismo e o que ele
significa para o que pretendo demonstrar aqui chama-se “sacramento”. Os
sacramentos, de acordo com o Catecismo da Igreja Católica (cân. 1127):
“Celebrados dignamente na fé, os sacramentos conferem a graça que significam”.
No mesmo Catecismo, a respeito do significado dos sacramentos, o cânon 774
afirma:
A obra salvítica de sua [de Jesus Cristo] humanidade santa e
santificante é o sacramento da salvação que se manifesta e age nos sacramentos
da Igreja (que as Igrejas do Oriente dominam também “os santos mistérios”). Os
sete sacramentos são os sinais e os instrumentos pelos quais o Espírito Santo
difunde a graça de Cristo, que é a Cabeça da Igreja, que é seu corpo. A Igreja
contém, portanto, e comunica a graça invisível que ela significa. É neste
sentido analógico que ela é chamada de “sacramento”.
Percebe-se, então, que os
sacramentos conferem salvação. Desta forma, como sacramento de iniciação na fé
(fé que um recém-nascido não possui porque ainda não tem consciência de pecado
nem da necessidade de aceitar a Cristo para ser salvo), o batismo finca as
raízes do fiel na igreja católica, onde será ensinado e fará a primeira
comunhão e a crisma. Ele participará da vida da igreja e poderá desenvolver
ministérios próprios para os leigos ou mesmo abraçar a vida sacerdotal. A
maioria das pessoas, porém, cumpre os rituais exigidos e tornam-se católicos
apenas nominais. Pergunte-se a maioria dos entrevistados nos censos do IBGE e
dirão: sou católico. Pergunta-se quantas vezes vai à igreja: casamentos,
batizados, missa de sétimo dia... Alguns vão todos os domingos e dias de
festas.
Então, o que é ser um bom católico?
O que o fiel deve fazer para afirmar sua fé além de participar dos sacramentos
da igreja? Atualmente, principalmente com o movimento carismático católico e a
luta dos padres para frear o avanço do protestantismo, transformando seus
cultos em cópias do movimento pentecostal evangélico, algo mais tem sido exigido
do fiel católico, inclusive a leitura da Bíblia e a santificação. Mas a grande
massa, aqueles que são católicos apenas verbalmente e que não abrem mão do
cigarro, das bebidas e das festas mundanas (que inclusive estão mescladas às
festividades de santos padroeiros das cidades), não atentam a essas novas
exigências. Na verdade, a igreja católica já tem estabelecido regras que o seu
fiel deve praticar para estar quite com a sua fé. São os “Mandamentos da
Igreja”, descritos no Catecismo da Igreja Católica, cânon 2041 a 2043. São
eles:
I – Participar
da missa inteira nos domingos e outras festas de guarda e abster-se de
ocupações de trabalho.
II –
Confessar-se ao menos uma vez por ano.
III – Receber
o sacramento da Eucaristia ao menos pela Páscoa da ressurreição.
IV – Jejuar e
abster-se de carne, conforme manda a Santa Mãe Igreja.
V – Ajudar a
Igreja em suas necessidades.
São cinco mandamentos que, quando
praticados, fazem com que o fiel “se sinta católico”. Não é necessário que ele
esteja o tempo inteiro na igreja, nem que esteja constantemente confessando a
Deus os seus pecados; também não é preciso participar constantemente da
Eucaristia, se for somente na Páscoa já está ótimo. Agindo assim, o fiel estará
mostrando ser um bom católico, porque obedeceu às regras, cumpriu os rituais
exigidos, deu o seu dízimo, absteve-se de carne por alguns dias. Mas não foi só
isso! Ele reverenciou seu santo padroeiro, devotou sua vida à Maria, acendeu
muitas velas, encomendou muitas almas.
É assim que a grande maioria dos
católicos se relaciona com Deus, por meio dos sacramentos, dos dogmas, das
liturgias, dos rituais, das festas, da devoção à Maria e aos santos, do terço,
das novenas, do culto aos mortos e aos anjos, das velas, dos amuletos
(escapulário, medalhas milagrosas, relíquias de santos mortos). Não existe um
relacionamento pessoal e íntimo com Deus por meio de Cristo. Tudo o que foi
relacionado acima é cumprido de maneira mecânica, sem consciência. As pessoas
nascem num “país católico” e por isso são católicas. Participam dos
sacramentos, mas nada disso produz relacionamento profundo com Deus, motivado
pela fé consciente e sincera, pelo arrependimento genuíno, pelo desejo de
adoração, pelo reconhecimento do senhorio de Cristo e da soberania de Deus.
Existe um grande personagem da nossa
História que sempre demonstrou ser um católico legítimo e praticante, fiel às
tradições e observante dos rituais. Ele, coforme conta Reinaldo Azevedo (2012,
p. 82)
...era um homem
extremamente religioso. Era devoto de Santo Expedito e Santa Luzia, não
obstante, pelo seu racismo, não apreciava São Benedito.
Com frequência,
ajoelhava-se perante o oratório, nas novenas rezava como um bom católico. Tinha
um rosário e uma imagem de Nossa Senhora da Conceição do Juazeiro. A sua
principal oração era o Ofício da Virgem da Conceição.
Os cangaceiros, todos
juntos, rezavam em voz alta, de joelhos, principalmente na hora do ângelus,
antes de se deitarem.
Às sextas feiras da
paixão, passavam o dia com as armas descarregadas. Nesse dia, o chefe não
falava absolutamente nada.
O nome desse fiel católico?
Virgulino Ferreira, vulgo Lampião, o mais famigerado cangaceiro do sertão
Pernambucano, responsável por espalhar terror e morte na sua época. Ou como diz
a canção: “Bandoleiro das terras nordestinas”. Um católico praticante, mas sem
escrúpulos; cumprindo com seus rituais, mas sem qualquer compromisso com Deus e
com a sua Palavra.
Agora, através dos relatos históricos de Nigel Cawthorne (2002),
observemos o currículo de um fiel, cujo nome era Rodrigo, que cometeu seu
primeiro assassinato aos 12 anos de idade: orgulho, arrogância, crueldade,
tirania. Ele era inflexível e implacável, vingativo e imprevisível. Notório por
sua promiscuidade na juventude, tendo inúmeras amantes. Mesmo em idade
avançada, jamais perdeu seu faro para as mulheres bonitas. Teve inúmeros filhos
ilegítimos durante sua carreira. Seduziu uma viúva espanhola e conquistou
também as suas duas filhas e era conhecido por sua voracidade sexual. Cometeu
adultérios. Gostava de caçar e de jogar e possuía muitos bens preciosos e
caríssimos, inclusive inúmeros cavalos e criados. Após um batizado, retirou-se
para um jardim fechado, onde foi permitida a entrada apenas de cardeais, de
seus criados e das senhoras, ficando maridos, pais, irmãos e outros parentes
masculinos de fora.
Sob sua responsabilidade, Roma tornou-se um mercado público, onde todos
os ofícios sacros estavam à venda. Sobre ele foi dito: “Estamos agora nas
garras daquele que talvez seja o mais selvagem lobo que o mundo já viu”. Ele
foi tido como “o mais voluptuoso tirano”. Além disso, diz-se que ele havia
feito pacto com o diabo para chegar onde chegara. Sobre ele, Cawthorne (2002,
p. 233) relatou: “Rodrigo adorava patrocinar entretenimentos nos quais se
exibiam mulheres nuas e núbeis. Algumas vezes eles interrompiam a missa. Certa
ocasião, ele trouxe mulheres às gargalhadas até o altar e a hóstia santificada
foi pisoteada”. Ele também praticava a simonia, envenenando seus eleitos após a
nomeação. Quem é esse Rodrigo? Ninguém menos que o papa Alexandre VI
(1492-1503).
Então, basta apenas ser batizado, fazer parte de uma igreja, cumprir
rituais e participar de liturgias? Basta nascer católico para ser católico?
Cantores de músicas que fomentam a violência contra a mulher, fazem apologia ao
alcoolismo, incentivam a prostituição, a promiscuidade e o adultério agradecem
a Deus no início e no fim de cada show. Padres pedófilos são denunciados
constantemente e encobertos pelo Vaticano. Freiras afogam bebês recém-nascidos
em fontes e lagoas para não denunciar o seu pecado. Padres, tomados por desejos
carnais, envolvem-se em romances escondidos com suas fiéis ou se tornam
homossexuais. O sincretismo religioso permite ao católico frequentar terreiros
de umbanda e mesas brancas, bem como participar de toda espécie de ritual
“ecumênico”. O que é ser católico afinal de contas? O que é ser um “bom
católico”?
É claro que se pode devolver a pergunta: O que é ser um “bom
evangélico?”. Boa pergunta para o protestantismo materialista do
neopentecostalismo, que se rende a cada dia mais à teologia da prosperidade,
buscando satisfazer todos os desejos que a carne pode ter, deixando de lado o
Evangelho de Graça de Deus. Pastores corruptos, lobos devoradores, crentes que
não oram, não evangelizam, não praticam a misericórdia, não são socialmente
responsáveis, não compartilham, não se aconselham. Apenas cantam: “Por todo
lado sou abençoado!”. Mercenários, como o bispo Edir Macedo, que se professem
crentes e vivem a encostar Deus contra a parede, exigindo seus direitos às
riquezas dos cofres celestiais. Pessoas cujo deus é o ventre e cujo anseio está
em conquistar riquezas materiais, esquecendo-se da única riqueza que realmente
interessa: a vida eterna.
Então, o que é ser um “bom cristão”? Deixo a cargo de cada um a resposta
a esta pergunta. Termino com a oração da paz, de São Francisco de Assis:
Senhor, fazei-me um
instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que
eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que
eu leve o perdão;
Onde houver discórdia,
que eu leve a união;
Onde houver dúvida que
eu leve a fé;
Onde houver erro, que
eu leve a verdade;
Onde houver desespero,
que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza,
que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que
eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu
procure mais consolar, que ser consolado;
Compreender, que ser
compreendido;
Amar, que ser amado;
pois é dando que se recebe,
É perdoando que se é
perdoado,
E é morrendo que se
vive para a vida eterna.
Se você gostou deste texto, tem algo a acrescentar ou alguma crítica a
fazer, envie email para: pregandoaverdadeirafe@gmail.com.
Mizael de
Souza Xavier.
27 de dezembro
de 2012.
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Bíblia Sagrada. Céu: Deus, eternamente.
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