quinta-feira, 24 de novembro de 2022

VENÇA O MEDO DE FALAR EM PÚBLICO

 

Vença o medo de falar em público

Mizael de Souza Xavier

Um resumo do capítulo: VENCENDO O MEDO, do livro O PODER DA ORATÓRIA: A ARTE DE SE EXPRESSAR, CONVENCER E LIDERAR”, de Mizael de Souza Xavier.


Embora a ansiedade seja algo que possa atrapalhar, ela pode ser utilizada de maneira construtiva, como fator de estímulo e entusiasmo (NÓBREGA, 2009, p. 27). Cada pessoa deve descobrir formas próprias de estimular-se e criar condições internas para exercitar a criatividade e lidar com a ansiedade. Dormir bem, alimentar-se corretamente, fazer exercícios, ler bons livros e evitar cigarro e álcool são apenas algumas práticas que ajudam no relaxamento, no aumento da capacidade intelectual, na memória e na diminuição dos índices de ansiedade. Se não podemos nos livrar dos problemas cotidianos que também causam ansiedade, podemos mudar a nossa maneira de lidar com eles: de forma proativa e resiliente. Por mais bem preparado que estejamos, sempre ficaremos um pouco ansiosos antes de alguma apresentação. A questão é saber administrar essa ansiedade e não permitir que ela leve embora todo o nosso preparo. Se a ansiedade prevalecer, pode ser que aconteça o que acontece quando estudamos longamente para uma prova e no momento de realizá-la, esquecemos o que havíamos estudado. É preciso ter calma, paciência e ficar bastante relaxado.

A ansiedade e o medo podem ser melhores tratados tão logo o indivíduo se dê conta deles e da necessidade de superá-los. Ambos prejudicam o desempenho do orador, tanto em seu planejamento e treinamento, quando no momento da exposição. A voz tende a enfraquecer e o corpo não responde aos estímulos da mente, deixando a pessoa insegura, nervosa, o que será observado pela plateia e poderá afetar negativamente a sua apresentação. Andar de um lado para outro, “dançar”, ficar paralisado, tremer, mascar chicletes, não olhar as pessoas nos olhos, gesticular demais, não saber onde “enfiar os braços”, são apenas alguns sintomas de oradores inseguros e temerosos, e que roubam a cena no momento da apresentação. Dependendo do tique nervoso que você desenvolva no momento da sua fala, as pessoas tendem a prestar menos atenção no conteúdo, gerando até mesmo risadas, o que aumenta ainda mais o seu desconforto.

Acredite, tudo isso pode ser vencido se você se dispuser a trabalhar a si mesmo, aperfeiçoar-se constantemente e ter uma boa dose de amor próprio. Algumas soluções práticas podem ser implementadas para tratar o medo e a ansiedade e evitar que eles determinem suas atitudes e paralisem suas ações. Vamos estudar algumas.


Aprimore a sua autoestima

Uma das grandes barreiras à arte de falar em público é a baixa autoestima, principalmente quando se é iniciante nessa área. O problema é que não existe nenhum ritual de iniciação, mas, quando menos esperamos, somos convocados desde cedo a nos comunicar, a prestar explicações, a responder perguntas dos nossos pais e professores e a defender nossas ideias ou o nosso lado da história. É nesses momentos que a nossa autoestima será provada, que revelaremos o quanto nos conhecemos e nos valorizamos, o quanto somos capazes de atuar de maneira assertiva na vida. A autoestima não tem a ver unicamente com se amar e se aceitar como é, mas também diz respeito a estar insatisfeito com quem se é e buscar o crescimento. Para buscar esse crescimento, é necessário acreditar que somos capazes, que podemos aprender, crescer e nos desenvolver. Por que tantas pessoas que possuem medo de falar em público jamais dão o primeiro passo? Porque se veem incapazes para isso, carregam sentimentos de inadequação e inferioridade, temem as críticas, não possuem autoconfiança e, por isso, creem que não adianta nem tentar.


Reconheça o seu medo

Reconhecer o medo como fator positivo do nosso instinto de sobrevivência, já que nos ajuda em nossa proteção e preservação. No caso de falar em público, segundo Nóbrega (2009, p. 29), o medo “trata-se de uma fobia social que se traduz na dificuldade de se relacionar com as pessoas, de olhar nos olhos do ouvinte, de expor ideias a superiores etc. Por trás disso tudo, há o medo do julgamento das pessoas, transtornos fóbicos normalmente decorrentes de autocrítica muito exagerada”. A autocrítica é importante, mas quando extrapola o limite necessário, torna-se nociva. Um dos grandes problemas neste caso é nos avaliarmos sempre tendo em mente alguém que julgamos superior a nós, mais inteligente, mais experiente. Então condenamos tudo o que somos e temos porque não nos parecemos com os nossos modelos. Todavia, não paramos para pensar sobre o caminho que esses modelos trilharam para chegar até lá, sobre o seu começo difícil e tudo que tiveram de aprender até alcançarem aquele grau de competência e êxito. Esse tipo de comparação é injusto, porque não nos dá a oportunidade de errar como eles erraram, de sofrer como eles sofremos. Começamos agora e já queremos ser parecidos com eles e quando não conseguimos, vem a frustração e o medo. A receita para este mal é uma só: começar do início, aceitar o processo e estar a caminho. Um dia também vamos chegar lá!


Tenha atitude

Esta é a palavra-chave: atitude. Seja ousado! Algumas atitudes muito práticas nos ajudam a vencer o medo de falar em público. Em primeiro lugar, é preciso abrir mão do narcisismo de não suportar a crítica dos outros. Muitas pessoas não se expõem publicamente porque temem ser alvo de piadinhas, de risadas, de comentários posteriores, pois isso fere o seu ego. Por outro lado, isso pode não ter a ver com a opinião dos outros, mas com a opinião do próprio indivíduo acerca de si mesmo. Quer ser e estar perfeito, quer impressionar e tem medo de não conseguir, de deslizar em alguma palavra ou esquecer algum dos pontos a serem debatidos. Por outro lado, existe o risco de levarmos demasiadamente em conta o conceito da plateia a nosso respeito, no sentido de jamais nos sentirmos prontos nem capacitados para atender as suas expectativas. Por mais que lutemos contra o medo, por mais que estudemos técnicas de oratória e por mais que nos preparemos para nossas apresentações, nada parece ser o suficiente e sempre nos vemos às voltas com uma anorexia criativa, que nunca está satisfeita e que sempre encontra excessos para continuar sem tentar.

Segundo, é preciso tempo para que a mente e o organismo se acostumem com as apresentações públicas. Se esta for uma decisão que dará início ao desenvolvimento da habilidade oratória, com o tempo e a prática os fatores internos de medo e ansiedade se estabilizam, trazendo-lhe amadurecimento e autoconfiança. Mas do contrário, se você não se conscientizar de que precisa ser “tratado”, jamais conseguirá alcançar o seu objetivo, que é o de falar corretamente e sem medo em público, de convencer e liderar pessoas, de influenciar e fazer a diferença neste mundo tão vazio.


Desenvolva habilidades

Ter medo de falar em público pode ser nada mais que a certeza de não estar preparado da forma adequada. As habilidades desenvolvidas com o treinamento e a prática lhe permitirão não apenas vencer seu medo e sua ansiedade, mas saber o que fazer quando os imprevistos surgirem. O certo é que, como orador, você não poderá dominar o público, a não ser que controle a si mesmo (NÓBREGA, idem, p. 31). As técnicas e as práticas servem para que o orador domine a si mesmo e não deixe transparecer ao público a sua ansiedade e o seu medo em doses nocivas. Quanto mais ansioso o orador estiver no palco, mais ansiosa a plateia ficará e o seu interesse na mensagem aos poucos se vai perdendo. Como já vimos, a plateia é simpática ao orador, mas tudo encontra um limite. O orador precisa manter a postura e agir com segurança, mesmo diante das suas falhas. Ficar pedindo desculpas o tempo inteiro por algo que falou errado ou por uma informação esquecida, só demonstra despreparo e leva à falta de credibilidade diante da plateia, que acaba desconfiando que o orador não se preparou para a palestra, ainda que ele tenha de fato se preparado e domine o conteúdo. Mas como irá repassá-lo?


Planeje o seu futuro

Embora planejar o futuro seja uma regra para todos aqueles que desejam alcançar o êxito como comunicadores, este conselho é especialmente importante para aqueles que acabaram de iniciar suas pesquisas e suas práticas nesta área tão complexa e rica. Precisamos ter em mente um objetivo, onde queremos chegar. Algumas pessoas querem apenas quebrar suas barreiras comunicativas para aprimorar seus relacionamentos pessoais e profissionais. Outras precisam falar em público porque isso é importante na sua área de estudo e ajudará a trazer melhores notas. Ainda outros precisam urgente se comunicar com eficiência no trabalho para executar suas tarefas e liderar. Por fim, existem aqueles que desejam viver da oratória, tornar-se palestrantes e influenciadores, sejam presenciais ou digitais. Eles veem na oratória o seu bilhete de acesso a um futuro de crescimento e vitória. O que todas essas pessoas possuem em comum é que tudo isso precisa ser planejado, com metas e objetivos claros, que revelem os passos necessários para que sejam alcançados.


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quarta-feira, 16 de novembro de 2022

CINCO CONSELHOS SOBRE A LEITURA DA BÍBLIA

 



CINCO CONSELHOS SOBRE A LEITURA DA BÍBLIA
Mizael de Souza Xavier


1. Se alguém vier falar com você sobre a Palavra de Deus e você tiver dúvidas sobre a mensagem, faça como os crentes bereianos: consulte as Escrituras Sagradas para saber se as coisas são de fato assim.

Ora, estes de Bereia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim. Com isso, muitos deles creram, mulheres gregas de alta posição e não poucos homens” (Atos 17:11).


2. Caso você possua alguma dúvida a respeito de algum texto, não tenha vergonha de tirá-la com alguém que conheça um pouco mais, com pessoas idôneas, que leem e estudam a Palavra de Deus e que poderão orientá-lo.

"Correndo Filipe, ouviu-o ler o profeta Isaías e perguntou: Compreendes o que vens lendo? Ele respondeu: Como poderei entender, se alguém não me explicar? E convidou Filipe a subir e a sentar-se junto a ele” (Atos 8:30-31).


3. Não dê ouvidos a ensinos e doutrinas contrários às Escrituras, porque eles nos afastam de Deus e nos desviam da sua Palavra. Rejeite tudo aquilo que não possa ser comprovado comparando Escritura com Escritura.

Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema” (Gálatas 1:8,9).


4. Ao ler a Bíblia, não procure apenas por mensagens de consolo, esperança e vitória para suprir seus interesses e necessidades, mas submeta-se a toda a Palavra de Deus, incluindo os mandamentos que contrariam os seus planos, sonhos e pecados. Guarde “toda” a Palavra de Deus no seu coração, não apenas o que melhor lhe convier, pois somente assim poderá crescer na graça e no conhecimento de Deus.

Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Timóteo 3:16,17).


5. Seja um leitor e um estudante assíduo da Bíblia, preparando-se para pregar o Evangelho, fazer discípulos e ser um cristão piedoso, obediente e temente a Deus.

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2:15).


Mizael de Souza Xavier

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sábado, 1 de outubro de 2022

SETE LIÇÕES SOBRE O ESPÍRITO SANTO

 


Sete lições sobre o Espírito Santo
Por Mizael de Souza Xavier

Muitas pregações, orações, clamores e músicas evangélicas são um apelo, muitas vezes desesperado, para que o Espírito Santo se faça presente na Igreja, dizendo que Ele é bem-vindo ali. Quanto o assunto é Bíblia, não existe licença poética. Ou se prega a verdade na íntegra ou qualquer ensino se torna uma mentira.


1) Não é uma força ou apenas uma influência, mas uma pessoa divina, como Jeová e Jesus Cristo. Não podemos conversar ou nos relacionar com uma força.

Romanos 8:27 – “E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos”.


2) Não está fora de nós, mas dentro. O Espírito Santo não é como um farol a guiar um navio da parte de fora, mas o motor do navio a impulsioná-lo. Se convidamos o Espírito para entrar na nossa vida, isto significa que Ele ainda não está nela. Logo, não fomos selados ainda por Ele, então não somos filhos de Deus.

Romanos 8:11 – “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Jesus Cristo dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita”.


3) É o Espírito Santo que testifica que somos filhos de Deus.

Romanos 8:14,16 – “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus... O próprio Espírito testifica com o nosso próprio espírito que somos filhos de Deus”.


4) Ele nos é dado quando cremos, quando por Ele somos selados. Não existe um revestimento de poder após a conversão. Esse revestimento é instantâneo, imediato. Durante a nossa caminhada cristã vamos crescendo em santidade, mas o Espírito nos é dado de uma vez por todas com todo o seu poder, frutos e dons, não em pequenas porções diárias.

Efésios 1:13 – “Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória”.


5) Aquele que não tem o Espírito de Cristo, este não pertence a Ele.

Romanos 8:9 – “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”.


6) O Espírito Santo é que nos faz ser Igreja do Senhor, seu corpo, duas testemunhas. Se Ele não está presente numa reunião de crentes, ali não está reunida a Igreja, aquelas pessoas não são crentes.

1 Coríntios 12:13,27 – “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito... Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo”.


7) Não somos nós que convidamos o Espírito Santo a fazer parte de nós, mas é Ele quem nos convida e nos convence a fazermos parte dos salvos, do corpo de Cristo.

João 16:7,8 – “Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que em vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei. Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo”.


Conclusão:

Não devemos chamar o Espírito Santo para fazer parte da nossa vida, do nosso dia a dia, das nossas reuniões, pois Ele já habita em nós e estará onde estivermos, se de fato cremos em Jesus como nosso único e suficiente Senhor e Salvador.

A evidência do Espírito não é demonstrada por meio de gritos, risos, danças frenéticas, “unções”, línguas estranhas ou mistérios, mas dos seus frutos, da obediência à Palavra de Deus e de uma vida radicalmente transformada.


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quinta-feira, 11 de agosto de 2022

LONGE DA IGREJA, MAS PERTO DE DEUS?



Longe da Igreja, mas perto de Deus?

AUTOR: Mizael de Souza Xavier

Cresce no mundo o número de adeptos de um erro teológico que se denomina “desigrejados”, onde indivíduos que rejeitam a igreja institucionalizada, seus estatutos, sua forma de governo e seu estilo de culto buscam reuniões alternativas em que nada disso esteja presente. Na prática, mudam apenas os locais de reunião, criando outro governo e suas próprias crenças e regras. Cresce, também, os ministérios on-line e as igrejas virtuais, com cultos, pregações e ensino que acontecem somente à distância, inclusive a arrecadação de dízimos e ofertas. Todas essas coisas caminham na contramão do ensino de Jesus e dos apóstolos, bem como do estilo de vida e da prática de fé da Igreja neotestamentária, que perdurou pelos séculos e que ainda está presente na grande maioria das igrejas cristãs. O povo de Deus jamais deixou de se congregar, embora sempre tenham ocorrido variações no formato e no estilo de reunião da assembleia dos crentes e também erros. Para evitar tais erros, em vez de repará-los, investem-se em outros tipos de erros travestidos de soluções. E nada disso é novidade.

Outra questão importante quando se fala em deixar de ir à igreja (congregação, comunidade eclesial, templo, denominação) é a velha máxima de muitos crentes que se encontram desviados e que pode ser resumida na seguinte declaração: “Estou afastado da igreja, não de Deus”. Embora o crente genuíno jamais deixe de ser membro do Corpo místico de Cristo, que é a Igreja invisível, ao deixar de congregar com outros irmãos, ele desobedece à Cabeça desse corpo, que estipulou que todos vivessem em comunhão e compartilhassem a fé, o amor, os dons e o serviço para a mútua edificação (Sl 133:1-3; 1 Co 1:10; 12:4-27; 14:12; Rm 12:4-8; Ef 4:11-13). O texto de Hebreus 10:19-27 sintetiza bem isso. Por que não devemos deixar de congregar? Porque o acesso gracioso à presença de Deus por meio de Cristo santifica a nossa vida e confirma a nossa fé (vs. 19-23). E isso não traz frutos apenas para a nossa relação com Deus, mas também com os nossos irmãos em Cristo, dentro e fora da igreja local. Na igreja, somos santos que manifestam sua santidade para a edificação uns dos outros. Boa parte dessa santidade (santificação progressiva) só pode ser desenvolvida no contato entre crentes.

Os salvos devem considerar-se uns aos outros, estimulado-se ao amor e às boas obras (v. 24). Isto não se dá quando cada um está isolado no seu próprio mundo, mas quando todos se reúnem com esse propósito. Por isso, o autor escreve: “não deixemos de congregar-nos” (v. 25; gr. episynagoge, o ato de se ajuntar ou reunir; cf. 1 Ts 4:17; 2 Ts 2:1). Estando congregados, podemos admoestar uns aos outros a respeito da possibilidade do pecado e da necessidade de vencê-lo (vs. 26,27). Aquele que não permanece na igreja porque está em pecado, nega ser admoestado, corrigido e disciplinado. Ele acredita que, sozinho, poderá consertar-se, negando a necessidade dos irmãos e de um líder espiritual no processo. Deus estabeleceu a Igreja como um organismo vivo e interdependente. Se alguém diz que está em comunhão com Deus mesmo fora da igreja local, essa comunhão, provavelmente, não envolve estudo e obediência da Palavra, porque lhe faltam a prática de muitos mandamentos e a observação de diversas doutrinas que só podem ser postos em prática em comunhão com a igreja local, que se reúne com esse propósito, além da adoração a Deus.

Como estar em Deus sem estar ao lado dos irmãos e dos pastores que Ele próprio instituiu para zelar pelo seu rebanho (1 Tm 5:17,18; 2 Tm 2:24-26; 4:2; At 20:28; Fp 2:4; 1 Pe 5:2-4)? Como não estar afastado de Deus enquanto se está afastado de tudo aquilo que a sua Palavra ensina? O maior erro desse tipo de argumento é considerar Deus sem levar em conta a sua Palavra, de modo a se ver livre da obrigação de obedecê-la. Essa “comunhão desviada” com Deus, geralmente se restringe a continuar a acreditar na sua existência e confiar na sua providência e na sua resposta às orações: “Deus não me abandonou, eu converso sempre com Ele e Ele sempre atende as minhas orações”. Ou seja: pode-se continuar a pecar e a estar longe da igreja e da comunhão com os irmãos, porque Deus sempre estará presente, porque Ele é fiel, mesmo que sejamos infiéis (2 Tm 2:13) e nada pode nos separar do seu amor (Rm 8:35-39). Essa forma de pensar perigosa deve acordar essas mentes para Tiago 2:19: “Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem”. Eles creem e tremem, mas não se submetem gentilmente a Deus. O seu único compromisso com a Palavra de Deus é afastar dela os crentes.

Não podemos nos enganar, como os ímpios que, às vezes, declaram-se crentes e até mantêm uma espécie de piedade aparentemente cristã, mas que não foram regenerados, selados com o Espírito Santo e tornados membros do Corpo de Cristo. Para eles, a Bíblia não é Palavra autoritativa de Deus nem a Igreja uma necessidade. Eles dão à sua fé o formato que desejarem. Entretanto, aquele que está em Cristo é nova criatura e não vive mais em seu próprio reino, mas está ligado a Jesus e à sua Igreja, da qual é membro e da qual depende para viver uma espiritualidade sadia e genuinamente bíblica. Desde o Pentecoste, o povo de Deus é estimulado a viver em comunhão e a se reunir como comunidade e assembleia (At 2:37-47; 4:32-37). No Novo Testamento existem exortações e mandamentos que só podem ser cumpridos em um contexto de reunião periódica, de congregação. Todos envolvem expressões como:

  • uns dos outros” (1 Co 13:25; Gl 5:2; Ef 4:25; Tg 4:11);

  • uns aos outros” (1 Co 16:20; 2 Co 13:12; Gl 5:13-16; 1 Ts 4:9,18; 5:11; Hb 3:13; 10:24; 1 Pe 1:22; 5:5,14; 1 Jo 3:11,23; 4:7-12; Rm 12:10; 13:8; 14:13; 15:7,14; 16:16; Ef 4:2; 5:21; Cl 3:9-16; Tg 5:16; 2 Jo 1:5);

  • uns pelos outros” (1 Co 11:33; Tg 5:16);

  • uns para com os outros" (1 Ts 3:12; 5:15; 1 Pe 4:8; Ef 4:32).

Esses exemplos são apenas para citar os textos que envolvem as expressões entre aspas, sem contar a variedade de outros mandamentos que, assim como esses, só podem ser praticados por meio da comunhão entre os irmãos na igreja local e fora dela, nos lares ou onde quer que haja o contato entre os crentes. Ainda que alguém decida viver sem se congregar mas, ao mesmo tempo, buscar cumprir esses mandamentos, sendo presente e atuante na vida das pessoas, permanece o fato de que rejeita a comunhão e a submissão a uma autoridade pastoral constituída por Deus. Portanto, não há escapatória quando se pretende viver para Deus, porque isso envolve obedecer a sua Palavra, e ela ordena: “não deixemos de congregar-nos”.

O caminho de quem saiu da Igreja sempre deverá ser o regresso, ainda que não para a mesma denominação. Mas seu pecado precisa ser tratado e abandonado. Tantos crentes até se veem obrigados a deixarem de congregar por serem maltratados em algumas igrejas, mas acabam cometendo o pecado de abandonar de vez a comunhão com os irmãos e carregam amargura e orgulho durante muito tempo. O pecado dos outros não justifica o nosso nem alivia o seu peso. E o fato de estarmos debaixo da graça de Deus e sentirmos a sua presença mesmo quando deixamos de ir à igreja, não justifica nossos erros nem afasta de nós a necessidade de arrependimento. Se insistimos que podemos viver em pecado longe de Deus e dos irmãos e ainda assim afirmar que não abandonamos a Deus, faz-se um bom momento para repensarmos a nossa salvação. Aquele que é de Deus e nele permanece, não vive na prática do pecado, mas (1 Jo 3:6). Não viver em comunhão com os irmãos quando isto é um mandamento, configura-se pecado.

Concluamos com alguns conselhos preciosos para aqueles que sustentam com convicção a teoria: “Estou afastado da igreja, não de Deus”:

1. Procure ler e estudar a Palavra de Deus para além dos textos que trazem conforto ao seu coração, atentando para aqueles que o confrontam com seus pecados, que o chamam à santidade e que revelam que, como membro do Corpo de Cristo, você precisa dos outros membros, seus irmãos em Cristo.

2. Em vez de se sentir bem com seus pecados ou mesmo que se sinta culpado, mas incapaz de se arrepender, siga a ordem do Senhor à igreja de Éfeso: procure lembrar de onde caiu e se arrependa; volte ao primeiro amor e às primeiras obras (Ap 2:1-7). Não se sente capaz? Peça a Deus que te dê graça, vontade e força. Esta é uma obra do Espírito Santo. Clame a Ele!

3. Peça e libere perdão. Reconstrua os relacionamentos desfeitos. Afaste de você toda ira, orgulho, amargura e qualquer outro tipo de pecado (Ef 4:30-32; Cl 3:18,19; Tg 3:14,15). Resolva os problemas antes que eles piorem. Entenda que, por onde você for, eles te acompanharão, trarão peso à sua alma, não deixarão quieta a sua mente nem darão descanso ao seu coração. Tenha a mesma atitude que Davi, no Salmo 32:1-5.

4. Se o seu problema não é estar desviado e em pecado, mas ter comprado a ideia disseminada pelos “desigrejados”, reveja tais conceitos sobre Igreja à luz da Palavra de Deus. Estude a história do Cristianismo e da Igreja cristã. Inspire-se nos bons exemplos de grandes homens de Deus, suas denominações evangélicas, sua contribuição para o Reino de Deus e para a sociedade, seu papel social e na evangelização dos povos.

5. Perceba o risco do abandono da sã doutrina para tentar corrigir os erros de algumas denominações que, nem sempre, são igrejas de verdade. Essa é apenas uma porta de entrada para grandes heresias, como a “igreja inclusiva”, que abraça a ideologia de gênero e já começa a espalhar seus tentáculos malignos sobre aqueles movimentos que não guardam a verdadeira fé ortodoxa. Perceba que, para fugir de estatutos e regimentos internos, os desigrejados e outros movimentos heréticos criam seu próprio conjunto de crenças e determinam o que seus adeptos devem ou não crer. Quem os regula?

6. Ninguém pode ser cristão sozinho, porque ser cristão é ser membro do Corpo de Cristo, que é a Igreja. Se você não está nem quer estar em comunhão com outros irmãos em Cristo, se não sente essa necessidade nem reconhece o seu valor, pode ser que a sua fé seja falsa de um ponto de vista que realmente importa: o da Palavra de Deus. Ela pode ser a “sua” fé, o seu modo de entender Deus e viver o que acha ser verdade, mas que contradiz as doutrinas mais elementares que Deus inspirou homens para escrever e deixou registrado nas páginas da Bíblia Sagrada. Portanto, reveja seus conceitos e opte pela verdade.

7. Por fim, não se acomode ao mundo virtual nem permita que ele roube a sua comunhão presencial com seus irmãos em Cristo. A natureza da Igreja não é virtual, jamais foi e jamais será. Tudo acontece presencialmente. Faça uso das programações on-line somente em último caso, quando ir à igreja não for possível devido a alguma situação extraordinária. Fora isso, priorize estar presente para cultuar a Deus em comunidade e servir à comunidade com seus dons e talentos. Estando em comunhão com seus irmãos na igreja local, pregações e estudos bíblicos virtuais sempre serão uma benção.


SOBRE O AUTOR:


Mizael Xavier é membro da Igreja Batista em Parnamirim, no Rio Grande do Norte, estudante do curso de teologia no Seminário Teológico Batista Potiguar e formado em Gestão de Recursos Humanos. Serve a Deus como pregador, evangelista e professor. Já publicou diversos livros digitais pela Amazon, entre eles: “Manual do obreiro aprovado”, “Curso de formação de evangelistas”, “Batalha Espiritual’: uma luta em defesa da verdade”, “Assédio moral no trabalho”, “Ninguém morre de amor”, “O poder da oração” e “Missão Integral”.

Conheça e adquira o livro “Decepcionados com a Igreja: 70 razões e desculpas para a evasão nas igrejas cristãs”, com reflexões e orientações pastorais, evangelísticas e apologéticas, onde o assunto deste artigo se desdobra em dezenas de outros. Ele está à venda na Amazon em formato de livro digital. Confira:




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