RESILIÊNCIA
Filipenses
4:10-14
Autor:
Mizael Xavier
O
QUE É A RESILIÊNCIA?
Física:
a
resiliência é um termo ligado à física. O Dicionário Aurélio a descreve como “a
propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida
quando cessa a tensão causadora da deformação elástica”.
Seres humanos: capacidade que
algumas pessoas possuem de literalmente “dar a voltar por cima”, adaptando-se
de forma criativa às adversidades, desenvolvendo-se em meio às lutas e
tragédias da vida. A pessoa resiliente protege a sua emoção e transforma em uma
força vital e propulsora aquilo que deveria destruí-la. Isso nos lembra aquela
velha máxima do filósofo Friedrich Nietzsche: “Aquilo que não nos mata nos
torna mais fortes”.
Diferença:
os objetos sofrem a ação de forma passiva, mas nós, seres humanos, sofremos a
ação de forma ativa, pois não somente interagimos como o meio, como também
somos capazes de transformá-lo. Os objetos nada podem fazer para melhorar a si
próprios a cada ação externa, mas nós, sim. Diferente dos materiais, somos seres
inteligentes, possuímos a capacidade de nos renovar e nos fortalecer todos os
dias. É aí que está a riqueza da resiliência humana: ao invés de nos
enfraquecer e desgastar com o tempo, os problemas nos fortalecem. Quanto maior
a pressão exercida sobre nós, mais a nossa capacidade de resistir e de
utilizá-la ao nosso favor aumenta.
Limites:
até onde
podemos ser esticados sem que nos rompamos? Cada pessoa tem o seu próprio
limite, que é até onde podemos suportar a pressão que a vida exerce sobre nós.
Alguns estouram mais cedo que outros. Na resiliência, utiliza-se essa pressão
para expandir os limites.
Pergunta:
temos nos deixado apenas influenciar e moldar pelo meio, pelas circunstâncias
(reatividade) ou temos agido de maneira assertiva, resiliente, fazendo escolhas
e tomando decisões que servirão para o nosso crescimento pessoal
(proatividade)?
A
ORIGEM DA NOSSA RESILIÊNCIA
Todos
nós temos capacidade para enfrentar e vencer as adversidades. Ser resiliente
não está ligado à raça nem poder aquisitivo, mas ao nosso comportamento diante
dos reveses da vida. É nós momentos de tensão que o ser resiliente se revela.
Existem basicamente quatro fontes de origem da resiliência:
Inato: algumas pessoas
parecem nascer com uma capacidade fora do comum para enfrentar e vencer as
crises. Tal capacidade pode ser geneticamente herdada dos seus progenitores.
Todavia, tanto os problemas quanto as maneiras de enfrentá-los são bastante
individuais.
Experiência de vida: Poletti e Dobbs
afirmam que é sobretudo na primeira infância que se formam os recursos que vão
permitir a resiliência (op. cit., p. 43). Isto significa que a nossa personalidade
é moldada desde cedo e nos prepara e capacita para enfrentarmos a vida. Desde
cedo a criança é exposta a diversas experiências que pedirão dela uma atitude,
o que aos poucos vai determinando o seu comportamento.
Ambiente: pessoas criadas em ambientes
saudáveis, com a presença do amor e do respeito, têm maiores chances de se
tornarem resilientes. Além da experiência de vida, a influência do ambiente
concorre para um pensar resiliente (educação familiar e escolar, cultura,
situação social e financeira, religião, etc.). A resposta é individual.
Regeneração: A conversão em si já
se caracteriza como um ato resiliente de Deus na vida do perdido. Ele pega
aquele ser caído e pecaminoso e lhe dá uma nova vida. De degenerado ele passa a
regenerado. Como templo do Espírito Santo, o crente possui um poder
sobrenatural de resiliência, o poder que vem do Alto, a capacidade dada por
Deus para enfrentar com fé e esperança as provações, superando as suas crises,
crescendo e se tornando mais forte. Após a conversão, temos essa capacidade
sobrenatural de desenvolver a resiliência, mas isso também não deixa de ser um
processo, uma vivência diária na dependência de Deus, na obediência à sua
Palavra e na comunhão com os irmãos na fé.
COMO
SER RESILIENTE
Aprendemos
e nos fortalecemos conforme vamos enfrentando as nossas crises e vencemos as
barreiras impostas pelas adversidades. Não existe um botão que liga a
resiliência e a faz funcionar. Ela vai acontecendo aos poucos. Pode ser que
hoje nos sintamos em uma determinada área da nossa vida, mas outras ainda vão
requerer cuidados. A resiliência funciona a partir de determinadas atitudes que
nos colocam no caminho da superação. Vejamos um esquema de como nasce a
resiliência e como ela se desenvolve conforme avançamos na solução dos nossos
problemas.
Tomada de
consciência.
O processo de superação tem início quando tomamos consciência da situação que
estamos vivenciando. A negação do sofrimento é um dos obstáculos que
estudaremos no segundo capítulo. Muitos não reconhecem seus traumas e
complexos, seus medos, suas crises pessoais e conjugais e seus pecados. Sem
essa consciência, a resiliência não acontece, mas acabamos vivendo no autoengano.
Avaliação estratégica do problema numa
busca pela melhor solução. Precisamos nos acercar da nossa própria realidade,
indo à fundo na ferida e encontrar as suas raízes, ao invés de nos preocuparmos
apenas com os sintomas. O conhecimento de todos os fatores que alimentam a
crise torna as nossas ações eficazes. Essa avaliação envolve a forma como
percebemos a situação, o valor que lhe atribuímos e a visão de nós mesmos como
possível causa e como fator determinante de superação.
Aprender a escutar o ambiente
e as pessoas. Isso nos ajuda a
analisar melhor e entender a situação. O ambiente pode nos fornecer informações
importantes sobre os problemas e apontar soluções. O que está faltando ou
sobrando? Ao escutar as pessoas, temos o mesmo efeito. Nelas podem estar os
problemas e as soluções. Quanto mais atentos estivermos, mais agirmos de
maneira resiliente. Carmello (op. cit., p. 75) nos chama a administrar as
exigências externas (ameaças e desafios reais) ou internas (ameaças e desafios
ilusórios), para controlar e dominar a situação antes que sejamos dominados por
ela.
Comprometimento com
as ações e mudanças necessárias. Quando identificamos a raiz dos problemas
que nos afligem, investimos nas ações necessárias para solucioná-los. É preciso
haver planejamento das nossas ações para não agirmos desordenadamente. Feito
isso, surge a necessidade de compromisso integral com a superação. É preciso se
envolver, investindo o tempo e os esforços necessários. Precisamos controlar o
ambiente de maneira proativa.
Alocação de talentos
e recursos.
Devemos utilizar nossas capacidades e recursos nos momentos de crise da forma
mais proveitosa e construtiva possível. Deus nos tem dado recursos que são
naturais, como inteligência e talentos. Quanto mais recursos tivermos em mãos,
mais rápido nos adaptaremos e poderemos superar. As nossas habilidades
cognitivas, emocionais e comportamentais nos colocam no caminho para modificar
a nossa realidade.
Criação de uma rede
afetiva de ajuda.
Somos seres interdependentes, principalmente pelo fato de sermos membros da
Igreja de Cristo. Estamos todos ligados e dependemos uns dos outros. Dessa
forma, uma resiliência verdadeira só pode se dar por meio da ajuda mútua.
Precisamos nos cercar de pessoas que somem à nossa vida e ao mesmo tempo
procurar nos afastar daquelas que só nos fazem mal.
Continuidade. Em todas essas
coisas estaremos no processo da superação, praticando as ações necessárias para
que ela aconteça. Ou seja: a resiliência não se dá quando superamos uma crise,
mas ela é o próprio processo de superação. Após alcançada a vitória almejada, é
preciso dar-lhe continuidade. Isso em dois sentidos: primeiro, mantendo aquilo
que foi conquistado sem permitir que a mesma crise se instaure novamente. Não
devemos sofrer sempre pelas mesmas coisas. Outros motivos para sofrermos
poderão vir, mas estaremos fortalecidos. Segundo: dando continuidade à
resiliência, levando esse processo às demais áreas da nossa vida e futuros
problemas. Não podemos baixar a guarda. Ninguém é completamente resiliente em
todos os aspectos da vida, mas pode ser plenamente consciente da necessidade
constante de ser resiliente.
Multiplicação. O ápice da
resiliência não é quando superamos uma crise, mas quando nos dispomos a ajudar
a outros a enfrentarem as suas próprias crises através da nossa própria
experiência. Essa verdade está descrita em 2 Coríntios 1:3-5: "Bendito
seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o
Deus de toda a consolação; que nos consola em toda a nossa tribulação, para que
também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a
consolação com que nós mesmos somos consolados de Deus. Porque, como as
aflições de Cristo abundam em nós, assim também a nossa consolação abunda por
meio de Cristo." Somos consolados para consolar.
RESILIÊNCIA
E O PODER DE DEUS
A
capacidade que temos para vencer está muito além das nossas próprias forças,
mas vem de Deus. Este é o grande diferencial da resiliência cristã: contar com
um poder sobrenatural e infinito para vencer e para crescer. Paulo expressou
isso belamente quando disse "quando sou fraco é que sou forte" (Rm
12:10); e quando declarou a respeito das suas adversidades: "Posso todas
as coisas naquele que me fortalece" (Fp 4:13).
Processo de lapidação.
A provação existe com propósito e significado. Muitas
vezes passamos por ela murmurando, mas esquecemos que Deus está nos lapidando,
provando a nossa fé, nos dando crescimento e amadurecimento. Quando entendemos
isto, a provação se torna uma lição para o amanhã (Tiago 1:2,3). Como poderemos
experimentar da graça de Deus sem passar pelo deserto? Como poderemos crescer
espiritualmente se esperamos que nossa vida seja isenta do fogo que nos
purifica? Como nos tornarmos pedras preciosas para o Senhor e não aceitamos a sua
lapidação?
Confirmar a nossa fé.
É no momento da angústia e do sofrimento que a nossa fé é
provada. É muito fácil crer em Deus quando tudo vai bem, quando não há
tempestade no mar da nossa vida. Nestes momentos acabamos até esquecendo que
Ele existe. Mas é nas trevas que deve
brilhar a nossa luz, é na cova dos leões que saberemos se confiamos ou não na
presença de Deus conosco; é dentro da fornalha que arde em fogo que mostraremos
nossa confiança no livramento do Senhor; é no deserto escaldante de nossa
existência que poderemos dizer: Até aqui nos ajudou o Senhor (1 Samuel 7:12).
Somente passando pela prova é que poderemos ser aprovados, ou não (Tiago 1:12;
1 Pedro 1:7).
Fortalecer-nos no seu
poder. Quando passamos por provações nos sentimos fragilizados,
mesmo pondo nossa confiança plenamente no Senhor. Isto acontece porque somos
humanos falhos, repleto de defeitos, e Deus compreende isto. Mas devemos orar e
vigiar (Mateus 24:42; 26:41; Marcos 13:37; 14:38; Lucas 21:36; Efésios 6:18;
Colossenses 4:2; 1 Tessalonicenses 5:6; Apocalipse 16:15), pois o inimigo se
aproveita de nossas fraquezas para trabalhar em cima delas e nos fazer
esmorecer. Todavia, se realmente estamos alicerçados na rocha, que é Cristo, e
debaixo da graça de Deus, o seu poder será aperfeiçoado em nós nestes momentos
de fraqueza (2 Coríntios 12:9). Quando somos fracos, é que somos fortes, porque
não confiamos nas nossas próprias forças, mas no poder que vem do Senhor. Se
nos fazemos de fortes por nossa própria capacidade, o poder de Deus deixa de
operar em nós. Devemos estar fortalecidos em Deus a na força do seu poder
(Efésios 6:10; Colossenses 1:11; Filipenses 4:13; Salmo 10:17).
Despertando
da letargia espiritual. Deus pode estar usando a provação para
nos acordar de nossa letargia espiritual, nos sacudir, nos colocar de volta no
caminho correto. Ele pode estar fazendo isso não só com uma pessoa dentro da
igreja, mas com toda a igreja, para guiá-la a um avivamento espiritual, à volta
ao primeiro amor (Apocalipse 2:4,5). Quando perdemos o foco do nosso chamado, a
essência da nossa missão, que é a de ser testemunhas do Evangelho de Cristo, o
objetivo de Deus com a provação é renovar nosso espírito missionário, nos
revestir de poder, trazendo arrependimento, nos convencendo de que devemos
buscá-lo acima de tudo.
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