Introdução
Efésios
5:16
O
tempo é o nosso bem mais precioso e o mais desperdiçado. É algo que temos e ao
mesmo tempo não temos. De todas as forças da natureza que o homem é capaz de
dominar, o tempo é um elemento impossível de ser sujeitado, armazenado, retido.
Algo tão precioso devia ser melhor administrado e investido, no entanto,
passamos o nosso tempo gastando-o com aquilo que não produz crescimento, que
não acrescenta nada de bom à nossa vida. Às vezes nos queixamos de que o dia
deveria ter mais que 24hs, porque o tempo está cada vez mais escasso, mais
curto para fazermos tudo o que queremos ou precisamos. Ao invés te adaptarmos o
nosso calendário de atividades ao tempo que temos disponível, queremos fazer o
contrário. O resultado é o descontrole do nosso tempo e a derrota pelas
circunstâncias. Ao invés de controlarmos o tempo, somos controlados por ele. Para
administrar bem o nosso tempo não podemos viver a mercê das circunstâncias. O
que são as circunstâncias senão aquilo que acontece quando nem sempre esperamos
e que foge completamente ao nosso planejamento? Logo, como poderemos basear
nelas a nossa vida, nosso ministério, nossas ações? É preciso saber o que fazer
antes que elas aconteçam e estar preparados para elas, e isto só se dará com
uma administração eficaz do nosso tempo. Deus deseja que administremos este bem
tão precioso para que o glorifiquemos através da responsabilidade. Como fazer
isso? Como otimizar o tempo e transformar desperdício em investimento? É isso
que veremos neste estudo. Tempo desperdiçado não volta jamais, e o tempo que
gastamos tentando compensar o tempo perdido, é mais tempo sem o aproveitamento
devido. A Bíblia nos ensina a remir o tempo, porque os dias são maus (Ef 5:16).
O que é o tempo?
Gálatas
6:10
Se
tivéssemos o tempo de Deus, um dia para nós seria como mil anos, mas talvez nem
assim saberíamos aproveitar todo esse tempo, porque acabaríamos encontrando
tarefas que requereriam pelo menos dois mil anos. O Novo Testamento utiliza
duas palavras gregas para se referir ao tempo: kairós e chrónos. O termo
kairós significa um tempo oportuno
(Ef 5:16; Gl 6:10; Cl 4:5; Hb 11:15), um ponto ou um período no tempo (Lc
21:36; At 14:17), tempo presente (Rm 3:26), tempo favorável (Mc 12:2; Lc
20:10), tempo fixo definido (Mt 13:30; Gl 6:9) e tempo de crise ou últimos
tempos (Mt 8:29; 1 Co 7:29; Ef 1:10; Ap 1:3). O termo chrónos designa demora, prazo, tempo (Mt
25.19; Lc 8.27; Jo 7.33; At 1.7; 14.3, 28; 17.30; Rm 16.25; 1 Co 16.7; Gl 4.4;
Hb 5.12; Ap 6.11). Existe uma sensível diferença entre o tempo humano e o tempo
de Deus: para Deus não existe conceito de tempo, como também não existe espaço.
O tempo é visto sempre a partir da uma perspectiva humana e limitada. O nosso
passado, presente e futuro fazem parte de um hoje eterno de Deus, que nem hoje
é. O que para nós ainda é futuro, para Deus aconteceu desde a eternidade.
Quando a Bíblia faz menção ao tempo se referindo a Deus, é para que tenhamos
uma visão mais ou menos clara da forma como Ele age no mundo. Como não somos
Deus e estamos limitados a essa realidade temporal, sem poder controlar o hoje,
apressar ou atrasar o amanhã, cabe-nos fazer o melhor com o tempo que temos em
mãos, aproveitando-o como oportunidades de Deus para nós (2 Tm 4:2). De podemos
estar certos de que oportunidades jamais faltarão se administrarmos bem o tempo
que temos disponível (Gl 6:10). Nessa administração, descobriremos que não
precisamos fazer tudo sozinhos nem ao mesmo tempo. Uma caminhada não se dá com
saltos, como o Hulk, mas passo a passo. Um passo de cada vez.
Evite gasto indevido
de tempo
Eclesiastes
3:18
A
administração do nosso tempo requer sabedoria. Precisamos avaliar as escolhas
que temos feito e quais são as nossas prioridades reais para eliminar o tempo
gasto de maneira incorreta, com coisas que não contribuem para o nosso
crescimento e para o nosso desempenho na obra do Senhor. Tempo eficaz é aquele
que investimos naquilo que realmente tem importância e que nos dará um retorno
seguro. Se as nossas tarefas não têm produzido um resultado satisfatório, se
não têm contribuído para alcançarmos nossas metas dentro daquilo que é
prioridade para a nossa vida pessoal, familiar, profissional e ministerial,
elas precisam ser reavaliadas e até mudadas. A forma como administramos o nosso
tempo, as coisas que elegemos como prioridades, é que mostra o nosso real valor,
o nosso caráter; são essas coisas que deixam claro aquilo que realmente nos é
importante. Quando usamos mal o nosso tempo, quando empregamos nossas preciosas
horas naquilo que é infrutífero, não temos retorno de espécie alguma, pelo
contrário, perdemos nós e o Reino de Deus. Um tempo gasto indevidamente é um
tempo inútil, que não pode ser recuperado. Quantos cristãos perdem longas horas
em frente à TV assistindo novelas, destruindo os seus neurônios, maculando a
sua espiritualidade, absorvendo verdadeiro lixo cultural ao invés de investir
no Reino de Deus! pais não têm tempo para os seus filhos, casais não investem
tempo de qualidade na relação, pastores não empregam tempo no estudo da
Palavra, jovens passam mais tempo em jogos na Internet do que se dedicando aos
estudos e à sua vida na igreja. O problema real não é a falta de tempo ou o
tempo curto, mas o mau uso que fazemos do tempo que temos disponível. Perder
tempo pode significar a perda de uma oportunidade de fazer o bem, de buscar
Deus com mais empenho, embora Ele jamais nos faltará. Otimizemos o nosso tempo!
Mantenha uma agenda
flexível
1
Tessalonicenses 2:18
Nosso
tempo precisa ser otimizado. Otimizar significa tornar ótimo ou ideal, extrair
o melhor possível de algo (o tempo) ou alguém (nós). Não podemos ser escravos
do relógio, mas é sempre bom manter uma agenda de atividades bem organizada,
que nos ajude a fazer o que tem de ser feito no tempo certo. Esta agenda deve
estar sempre aberta. A administração do nosso tempo precisa ser flexível. Existem
muitos cristãos vivendo um ativismo desenfreado, escravos das suas atividades,
da sua agenda, não abrindo mão do que já está programado. Todavia, a própria
vida se encarrega de nos mostrar que existe tempo para tudo e que esse tempo é
o tempo de Deus. Deus sempre encontrou um tempo para nós, sempre manteve a sua
agenda flexível para nos atender em nossas necessidades. Deus não quer que
sejamos irresponsáveis com relação ao nosso tempo e nossas obrigações, mas Ele
espera que, acima de tudo, esteja o amor pelo próximo e o cuidado sempre
constante com as suas necessidades. As pessoas não existem por nossa causa;
nós, como servos de Cristo, despenseiros do Reino de Deus e ministros do
Evangelho é que existimos por causa delas. Quando otimizamos o nosso tempo,
permitimos que as tarefas sejam feitas da forma correta e no espaço de tempo
devido, dando-nos oportunidade de investir nos imprevistos ou de ganhar tempo
para aplicar em outras atividades importantes. Uma agenda flexível conterá algo
que veremos mais adiante: as prioridades. Embora tudo caminhe dentro da direção
soberana de Deus, do ponto de vista humano, Adão quebrou a agenda de Deus
quando pecou, levando a uma reorganização em torno de uma nova realidade.
Imaginemos se Deus fosse inflexível, se Ele não encontrasse tempo na sua agenda
para providenciar-nos um Salvador. Da mesma forma, precisamos estar sempre
abertos à reorganização da nossa vida.
Separe tempo para
cuidar de si mesmo
Salmo
139:14
Somos
santuários do Espírito e habitação de Deus
(1 Co 3:16; 6:19; Ef 2:22). Logo, cuidar a nós
mesmos é muito mais que uma questão de amor próprio, mas é amar ao Deus que
habita em nós. A Palavra
de Deus nos mostra algumas formas de valorizarmos o santuário de Deus e
mantê-lo sempre agradável aos olhos do Senhor.
A falta de organização do nosso tempo toma muito de nós e não deixa
espaço para uma vida de maior dedicação a Deus. Às vezes queremos fazer coisas
demais em pouco tempo e acabamos deixando muitas prioridades de lado, como ler
a Bíblia e orar. Administrar nosso tempo, além de incluir como prioridade a pessoa
de Deus, precisa deixar espaço para nosso lazer, nossa família, para cuidarmos
da nossa saúde. Deus não é insensível às nossas necessidades pessoais. O nosso
Deus é um Deus que cuida de nós. Quando alguém chega à exaustão na obra do
Senhor não é porque é um super-crente, mas porque é alguém que não sabe se
cuidar, que não entende que o seu corpo é santuário do Espírito Santo, mas
continua sendo de carne e osso e precisa de cuidados especiais. O ativismo
nunca é saudável. Em Mateus 23:37 e Marcos 12:30 aprendemos que devemos amar a Deus de quatro maneiras: nossa força, e
isso representa esforço físico para louvar, pregar a Palavra, servir, adorar;
nosso coração, o que também significa que devemos usar nossas emoções no amor a
Deus; nossa alma, isto é, com toda a nossa espiritualidade; nosso entendimento,
o que podemos entender como mente e razão. Sendo assim, aquele que ama a Deus,
que deseja amar ao próximo como a si mesmo, deve amar-se ao ponto de não
descuidar da sua saúde física e espiritual. Quando negligenciamos um,
normalmente estamos em falta com outro. Para isso precisamos administrar o nosso
tempo corretamente, levando sempre em conta a glória de Deus.
Planeje!
Lucas
14:28,29
Não
existe maneira mais simples de otimizar o tempo do que através do planejamento,
embora nem sempre a vida corra na mesma direção da nossa agenda. Quando
planejamos para Deus e sob a sua orientação, estamos certos de que Ele fará o
melhor por nós. o planejamento deve
levar em conta as nossas atividades e o tempo precisaremos para realizá-las, de
modo que tudo seja feito no prazo, dentro das nossas possibilidades. Muitas
vezes nos envolvemos com coisas demais, querendo realizar muitas tarefas ao
mesmo tempo, acabando não fazendo nada ou fazendo tudo pela metade, o que gera
diversos problemas. Quando planejamos, impedimos que isso aconteça, eliminando
muitos erros decorrentes da pressa e da falta de atenção e dedicação corretas. O
adiamento de decisões e ações cada vez que surge uma surpresa ou a oportunidade
de gastar tempo com mais alguma coisa, acumula tarefas, dispersa a nossa
atenção, esgota-nos, estressa-nos. O planejamento leva em conta as situações
inesperadas, antecipando-nos a elas, aceitando correr riscos necessários,
programando um tempo para resolvê-los de forma proativa. Uma ótima forma de
fazer isso é sempre planejar algo com tempo sobrando. Isto é, se calculamos que
uma programação dure em torno de cinco horas, podemos nos programar para seis
ou mais, levando em conta que pode ocorrer algum imprevisto. Outra forma de
enfrentar o inesperado é a organização e a pontualidade. Imprevistos sempre
ocorrerão, mas na hora de trabalhar em cima deles, não se pode perder o foco da
missão nem abrir mão das prioridades. Ao empreender algo, esteja certo de ter o
conhecimento, as ferramentas, a capacidade e os recursos humanos necessários
para realizá-lo. Começar a construir um edifício sem saber se de fato será
possível levar a obra até o fim, desperdiça tempo, talento e esforços. Planeje
sempre!
Invista tempo no que
gosta
Filipenses
2:12-16
Nosso
tempo é mais bem aproveitado quando o investimos naquilo que realmente gostamos
e nos dá prazer. Fazer a obra do Senhor deve ser mais que uma obrigação ou um
mandamento bíblico, mas algo que nos motiva, impulsiona, dá forças para viver.
Quando fazemos algo que não gostamos, o tempo não anda; quando nos envolvemos
em algo que não nos dá prazer, não ligamos para a falta de tempo, não
planejamos. Por isso, antes de empreendermos qualquer ação, seja na vida
acadêmica, profissional ou eclesiástica, é interessante que procuremos conhecer
quais são os nossos talentos, que são as nossas aptidões naturais, e quais são
os nossos dons espirituais, isto é, a capacitação especial que Deus nos dá para
trabalhar na sua obra. Muito tempo e esforços são mal empregados quando estamos
no lugar errado e fazendo a coisa errada. Quem não tem talento para lidar com
crianças, não renderá no ministério infantil da Igreja e terá muitos problemas
até se convencer disso. Quem não tem o dom de presidir, poderá até se esforçar
em dar o seu melhor, mas não fará diferença como aquele que tem o dom e deixará
de estar sendo aproveitado em outra área. Tanto na nossa vida dentro como fora
da Igreja (no sentido de templo), não é errado procurar fazer aquilo que
gostamos, que nos sentimos bem em realizar. A visão de que devemos servir na
obra do Senhor em qualquer posição, independente de gostarmos ou não, é
equivocada. Ele é sábio e distribuiu os dons de maneira perfeita, de modo que
cada um faça a sua parte e a faça com amor e prazer. Na vida profissional,
escolher uma profissão só porque é bastante rentável ou por uma cobrança da
família só nos levará à frustração. Em qualquer esfera da existência humana
existe um lugar para cada pessoa e cada pessoa deve estar no seu lugar, fazendo
o que ama e amando o que faz.
Organize-se contra o
estresse
1
Reis 20:25
O
tempo bem administrado reduz a nossa taxa de estresse. Imaginemos alguém que
vive correndo, atrasado para tudo, que esquece seus compromissos, que se mete
em várias atividades quase que ao mesmo tempo. O seu grau de nervosismo e de estresse
será altíssimo, diferente daquele que mantém uma agenda de compromissos bem
organizada e sabe que não é onipresente, isto é, não pode estar em vários
lugares ao mesmo tempo. É mentira dizer que crente não se estressa, que não
passa por momentos de pressão onde pode até perder a cabeça, fazer e falar
besteiras. Uma vida sedentária, desorganizada, sem boa alimentação, sem
devocional, ativista e sem sabedoria estressa qualquer cristão. Quem se
organiza não se estressa. É necessário manter tudo por escrito, o que precisa
ser feito, pensado, falado, comprado, todas as informações concernentes ao
ministério, às reuniões, às decisões tomadas, ao planejamento, tudo precisa
estar escrito para facilitar a consulta no momento apropriado. Quando mais
mantemos esses relatórios, menos tempo gastamos tentando nos lembrar de algo.
Muitos podem confiar em suas memórias, mas devemos levar em conta que ela pode
falhar, e se tudo estiver anotado, será muito fácil consultar e relembrar. Mas
não basta organizar o tempo, é preciso organizar o ambiente. Um ambiente limpo
e organizado poupa-nos tempo. Como dissemos com relação às pessoas, também
afirmamos com relação as coisas: um lugar para cada coisa, cada coisa no seu
lugar. Eleger um local apropriado para deixar objetos guardados nos livra do
estresse de ter de procurá-los quando precisamos deles. A chave guardada sempre
no mesmo local não se perde. Quando precisarmos dela, saberemos onde encontrar,
poupando-nos um tempo desnecessário de busca. Quando mais nos organizados,
menos nos estressamos e melhor nos saímos.
Administre o possível
Salmo
90:12
Para
administrar bem o nosso tempo precisamos, também, eliminar as barreiras que nos
impedem de ganhar tempo. Nosso ambiente de trabalho precisa estar sempre
organizado, com tudo aquilo que vamos precisar usar ao alcance das nossas mãos.
Antes de cada atividade, é importante estarmos com uma lista nas mãos com tudo
que precisaremos não perder tempo precioso correndo atrás de algo esquecido. Quando
falamos em administração do tempo, das nossas atividades, devemos estar certos
que estamos falando das coisas possíveis e prováveis. Não podemos administrar o
impossível e o improvável, pelo menos não antes de eles acontecerem. Sempre que
planejamos é necessário contar com esses dois fatores e utilizar de muita
criatividade quando eles surgirem. Há alguns anos eu trabalhava com teatro na
Igreja. O irmão que faria um dos personagens em uma peça de natal, simplesmente
desistiu de apresentar e tive de substituí-lo, sem tempo para ensaiar. Neste
dia eu estava na sonoplastia e precisei de me desdobrar para representar e
voltar para a mesa de som. Ser filhos de Deus e ter o poder do Espírito Santo
em nós não significa que não teremos limitações nem encontraremos obstáculos. A
vida do apóstolo Paulo foi repleta desses momentos que fogem ao nosso
planejamento e que nos cobram medidas emergenciais. Embora soubesse que
sofreria pelo Evangelho, provavelmente ele não sabia por antecipação cada uma
das vezes que sofreu nas mãos de salteadores, dos patrícios, nos naufrágios,
etc. Quando cada evento surgiu, Paulo precisou lidar com eles. O que vemos em
seus escritos sobre isso é uma total dependência do Espírito Santo, a certeza
de estar fazendo a vontade de Deus e a vontade de chegar até o fim da sua
carreira tendo guardado a sua fé. Administremos o possível pela fé no Deus do
impossível, porque tudo é dele.
Adapte-se à realidade
dos outros
Hebreus
13:16
Na
administração do tempo existem regras que se aplicam a todas as pessoas,
independente da atividade que elas realizam. Todavia, precisamos adaptar estas
regras à realidade de cada um, mesmo que isto signifique mudar algumas. Cada
uma tem o seu jeito de trabalhar, de se autoadministrar, de aproveitar o seu
tempo, pois sua vida pessoal difere da dos outros. Em um mesmo ambiente
(trabalho, lar, igreja) podemos ter pessoas que apenas trabalham e pessoas
trabalham e estudam; podemos ter pessoas com bastante tempo livre e pais e mães
com a agenda cheia, mas todos trabalhando juntos. Não podemos ser ditadores,
acharmos que todos devem administrar o tempo de igual modo, mas precisamos
estar sensíveis à individualidade de cada um e adaptar esta administração às
suas realidades. Adaptar-se a realidade dos outros não significa dar liberdade
para faltas e atrasos injustificáveis. É preciso conhecer bem a realidade de
cada um, suas necessidades, para saber como cada pessoa administrará seu tempo
para o bom andamento de algo realizado em equipe. Devemos estar atentos para
saber quando teremos de substituir uma pessoa que não pode participar de algo
porque seus compromissos pessoais a impediram. É bom estarmos sempre sensíveis
a tudo. Não se pode querer obrigar as pessoas a acertarem seu relógio com o
nosso, mesmo porque a sua realidade difere da nossa. Mas é preciso remir o
tempo, aproveitar cada segundo precioso que temos. Nada pode ser forçado.
Precisamos nos motivar e estimular as pessoas a otimizarem o seu tempo, dando
exemplo, mostrando o que elas têm a ganhar com isso, deixando claro a
importância de se administrar o tempo para a obra do Senhor, em todas as áreas
da nossa vida e para sua glória. Somos família, corpo, equipe, time. Não somos
uma ilha nem o exército de um homem só. Somos interdependentes.
Eleja prioridades
Lucas
10:38-42
A
forma mais eficaz e importante, na administração do tempo é o estabelecimento
de prioridades. Existem várias maneiras de classificar essas prioridades, mas
daremos aqui preferência a uma projeção de prioridades baseada em: indispensável, necessária, possível e
supérflua. Convém lembrar que cada pessoa têm as suas próprias prioridades,
de modo que cada um deve buscá-las e encaixá-las nessas projeções. Eleger
prioridades ajuda a eliminar a perda de tempo e mantém o foco da missão. Manter
os problemas e as ações numa ordem de prioridades nos ajuda a realizar todas as
nossas tarefas no tempo certo e da forma correta. O primeiro vem sempre em
primeiro lugar. Quando adiamos um problema de importância máxima em função de
algo novo que surge, criamos uma bola de neve que poderá nos soterrar de
preocupações maiores no outro dia. Isto é: com os problemas de amanhã para
resolver, ainda teremos o que não resolvemos hoje. Certamente os de amanhã
passarão para o outro dia e assim por diante. Talvez não tenhamos tanto tempo e
oportunidades para tais prorrogações. As nossas prioridades serão sempre uma
questão de valores: amamos e priorizamos aquilo que para nós tem importância.
Muitas atividades corriqueiras do nosso dia a dia são empurradas com a barriga
ou jogadas para debaixo do tapete, ficando para ser feito apenas aquilo que
julgamos essencial. Mas esse julgamento é baseado em quê? Nem sempre o que para
nós é importante tem de fato alguma importância. E de forma contrária: nem tudo
aquilo que consideramos como menos importante o é de fato. Precisamos de
sabedoria para avaliar de forma isenta e não tendenciosa. Às vezes o
prioritário é o que não nos agrada no momento e que, se postergado, poderá
agradar ainda menos no futuro. Logo, é interessante realizá-lo o quanto antes e
partir para o seguinte.
A cadeia de
prioridades
1
Reis 8:23
Antes
de elegermos aquilo que é prioritário para nós, precisamos entender que a nossa
prioridade máxima é o Reino de Deus (Mt 6:33). Todo o restante do nosso
planejamento de vida deve estar alicerçado sobre os valores eternos deste Reino
de justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14:17). Vamos, então,
classificar nossas prioridades: a) indispensável:
é aquilo que precisamos realizar com urgência e que se for protelado, poderá
trazer consequências desastrosas. Um exemplo é a salvação da nossa alma (2 Co 6:2);
b) necessária: uma prioridade
necessária é importante, mas não tão urgente e pode ser adiada, mas não por
muito tempo, pois pode vir a se tornar indispensável e, por passarmos tanto
tempo não dando muita atenção a ela, pode não haver mais como solucioná-la; c) possível: as atividades possíveis podem
ser adiadas indefinidamente, sem grandes consequências; normalmente são coisas
que precisamos realizar, mas que não requerem tanta urgência. Mas elas podem
com o tempo assumir uma posição de necessário logo evoluir para indispensável.
Na verdade, o que determinará o tempo que adiaremos ou não uma prioridade é a
sabedoria, o cuidado de realizar tudo seguindo as instruções da vontade de Deus;
d) supérflua: a prioridade supérflua
é aquela que realmente não faz falta e pode ser adiada indefinidamente, pois
não influencia em grande coisa em qualquer área da nossa vida. Precisamos estar
atentos às nossas prioridades para saber administrá-las com sabedoria. Muitos
pecam por inverter a lista de prioridades e dar atenção demasiada àquilo que
não é tão importante, deixando o que realmente importa para depois. A nossa
prioridade em tudo deve ser a vontade de Deus, e isso envolve priorizar uma
vida de oração e estudo da Palavra. Se Deus é prioridade na nossa vida, todo o
restante fluirá perfeitamente.
Relação
custo-benefício
1
Coríntios 10:31
Após
o término de cada atividade, precisamos avaliar nossas atitudes e a maneira
como empregamos o tempo. Quais foram os resultados? Eles satisfazem o planejado?
Eles corresponderam às expectativas daquilo que era prioridade? Senão, o que
ocorreu de errado e precisa ser mudado, transformado, aprimorado? Qual tem sido
o nosso desempenho? Que comportamentos
precisam ser modificados para a melhora do nosso desempenho, o aumento da nossa
produtividade e o alcance dos resultados esperados? Identificar os obstáculos
interiores e exteriores é indispensável para a otimização do tempo e a
realização de tarefas. O caminho de Deus é perfeito e a sua obra é santa, mas
os caminhos do homem são maus e nem sempre o mundo acolherá as nossas ações.
Muitos são os fatores que podem influenciar negativamente o nosso tempo,
afastando-nos das nossas prioridades e precisamos identificá-los. O tempo gasto
com burocracia, com discussões inúteis, com coisas supérfluas precisa ser
otimizado. Segundo Mancini, citando Winston (2007. P. 29), a relação
custo-benefício é essencial quando determinamos prioridades. Daí surge a
pergunta: “O que eu ganho com isso?”. O uso do nosso tempo é, portanto,
avaliado em termo de valor e retorno. Devemos nos perguntar que benefício
existe por trás de cada investimento de tempo que fazemos, tanto para nós
quanto para as pessoas ao nosso redor. Pode ser que não valha a pena o tempo
investido em certas atividades. Como crentes, precisamos nos indagar sobre o
custo/benefício o quanto uma atividade redundará em glória a Deus. Não é
difícil avaliar o benefício de cada uma dessas ações. Elas podem ter um investimento
alto de tempo, paciência, dinheiro, perseverança, lágrimas, esforço, mas os
seus benefícios são muito maiores, e são eternos.
Tenha objetivos
claros
Romanos
1:11
Ter
objetivos claros e específicos contribui bastante para a boa administração do
tempo. Quando desejamos realizar algo, precisamos estar certos do que queremos
realizar antes de começar, caso contrário, ficaremos perdidos no meio do
caminho e teremos de gastar tempo para acertar o rumo. Com metas e objetivos
bem claros e audaciosos, todos os nossos esforços estarão empregados em sua
implementação, sabendo já a direção certa a seguir. Algo que sempre toma muito
tempo de nós são as distrações, aquelas coisas que encontramos tempo para fazer
e que fogem completamente ao nosso objetivo, ao nosso planejamento inicial. É
necessário fazer um uso eficiente do tempo, aplicá-lo da melhor maneira
possível, sem desperdiçar qualquer precioso segundo. O tempo não retrocede, não
paralisa, simplesmente avança implacável. O que perdemos hoje, não podemos
recuperar depois, pois depois será um novo tempo, com uma nova realidade,
talvez mais complicada. Quando deixamos algo para amanhã, ele se somará àquilo
que deve ser feito amanhã, transformando-se em uma bola de neve. O apóstolo
Paulo era alguém que podia nos aconselhar a respeito do uso do nosso tempo,
porque ele soube aproveitar todas as oportunidades que surgiram, vivendo sempre
em total dependência da direção do Espírito Santo, traçando metas sobre onde
queria ir e o que desejava realizar (1 Co 4:19-21). Nem sempre alcançamos os
nossos objetivos porque não traçamos metas específicas nem planejamos o
percurso da ação. Se investirmos tempo em traçar metas específicas, não
gastaremos tempo mais adiante tentando refazer o caminho, o que significa,
muitas vezes, voltar ao ponto inicial e começar tudo de novo. Tendo a meta em
vista, devemos nos ater a ela e a tudo aquilo que lhe for beneficiar, lembrando
sempre que o que conta de verdade é a vontade de Deus para nós.
Delegue tarefas
Êxodo
18:13-27
Uma
forma de saber administrar o tempo é não concentrar uma grande quantidade de
tarefas em nossas mãos. É preciso delegar. Quando muitas pessoas estão
envolvidas, cada uma em uma tarefa específica, há tempo para todas realizarem
as suas obrigações dentro do prazo determinado. Quando uma pessoa se vê
obrigada a cumprir várias atividades, ela não o faz com eficiência e sempre
fica algo a desejar. Se alguém descobre que não é capaz de realizar tal tarefa
ou que precisa de alguém que o ajude, os ajustes devem ser feitos para que não
se perca tempo. Muitos pastores e outros líderes na Igreja pecam por concentrarem
tudo em si, ficando sobrecarregados, quando poderiam delegar tarefas a outras
pessoas capacitadas a realizá-las. Vemos dois exemplos na Bíblia de como é
importante contar com os outros. O primeiro é o do sogro de Moisés, que percebe
o quanto ele estava sobrecarregado na tarefa de atender às demandas que o povo
lhe trazia. Além do tempo gasto sem sabedoria, isso também sobrecarregava o
povo. Seguindo o conselho de Jetro, Moisés delegou a outras pessoas uma tarefa
que ele tentava resolver sozinho, sem qualidade (Êx 18:13-27). O segundo
exemplo é o da Igreja primitiva. Como aumentava o número de conversões, fez-se
necessário escolher alguns irmãos para servirem às mesas e, assim, permitir aos
apóstolos que se dedicassem a outras atividades (At 6:1-6). Se os apóstolos
tivessem concentrado todo o poder em suas mãos, haveria uma 21grande perda de
tempo e pessoas teriam sido prejudicadas. Seja liderando um ministério na
Igreja, seja no ambiente profissional ou familiar, é importante que deleguemos
tarefas, que não façamos nada sozinhos, mas procuremos contar com pessoas
capazes para nos ajudar. Dessa forma, o tempo será mais bem aproveitado e muito
mais tarefas serão realizadas e com mais qualidade.
Troque a pressa pela
agilidade
Provérbios
21:5
Diz
o adágio popular que a pressa é inimiga da perfeição. Estar apressado pode
significar certa negligência e falta de planejamento e organização. Deus não é
Deus de pressa, Ele não faz as coisas de qualquer jeito, mas tudo de um modo
planejado e ordeiro, de maneira que todas as coisas aconteçam no seu devido
tempo. Quando lemos na Bíblia sobre pressa, não encontramos aquela pressa
irresponsável de quem deveria ter realizado uma tarefa num espaço de tempo
estabelecido, acomodou-se e agora precisa correr. Na Bíblia, pressa tem a ver
com ímpeto para fazer a vontade de Deus rapidamente (Êxodo 12:11), fugir
estrategicamente (2 Samuel 15:14), pressa do Senhor em nos salvar (Salmo 70:1).
Provérbios 21:5 afirma que “os planos do diligente tendem à abundância, mas a
pressa excessiva, à pobreza”. Logo, o que precisamos para uma administração
eficaz do nosso tempo é ter agilidade, planejar estrategicamente para fugir das
armadilhas do imprevisto. Precisamos ser proativos, com rápido raciocínio,
adaptando-nos às mudanças, aos meios e às situações, reagindo rapidamente ao
inusitado. Quando deixamos de planejar, tornamo-nos presas fáceis das adversidades.
Nosso tempo precisa ser otimizado, planejado de maneira a abrir a possibilidade
de administrar bem os imprevistos, por piores que eles sejam. Para isso é
preciso manter o equilíbrio, conhecer a nós mesmos profundamente, saber que
somos falhos e que podemos nos apertar a qualquer momento, prevenindo-nos.
Conhecer o meio em que vivemos e atuamos e compreender que ele pode trazer
imprevistos e reconhecê-los imprevistos antes que aconteçam, também é de grande
valia. Além disso, delegar atividades, colocar pessoas responsáveis por cada
área, por cada situação ajuda-nos há amenizar um pouco os imprevistos e até
mesmo evitá-los.
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