A blasfêmia contra o
Espírito Santo
Assim como eu, você com certeza já
foi repreendido por alguém quando criticou certas manifestações estranhas que
acontecem em muitas igrejas: pessoas rodando como peão, gritando e batendo
palma freneticamente, pulando, jogando-se ao chão ao serem tocadas por algum
objeto ungido, falando línguas estranhas e incompreensíveis como se fosse o seu
segundo idioma, profetizando toda sorte de bênçãos, revelando o futuro das
pessoas, batendo tambor e dançando vestidas de branco como num terreiro de
macumba, entre tantas outras cenas bizarras. Se você lê e estuda a Palavra de
Deus, é claro que não consegue se sentir bem diante dessas coisas, porque
nenhuma delas está na Bíblia. E quando falamos isso, lá vem aquela velha ameaça
de estarmos blasfemando contra o Espírito Santo. Essas ameaças geralmente
partem de quem não tem o costume justamente de ler e estudar a Bíblia, mas
acredita em novas revelações, inclusive aquelas que aparecem no Facebook e no
Whatsapp. Se pedimos que nos expliquem essas manifestações, essas pessoas
começam dizendo “Eu acho...”, como se o que elas acham ou deixam de achar fosse
a Palavra de Deus para nós, digno de fé e confiança.
Para termos a nossa mente tranquila, precisamos
abordar um tema importantíssimo para a nossa compreensão daquilo que é de Deus:
a blasfêmia contra o Espírito. As pessoas que acreditam, defendem e praticam
muitas das coisas que citamos, geralmente são de denominações consideradas neopentecostais.
Elas defendem que o Espírito possui total liberdade para agir como quiser,
insistindo que o seu agir não está limitado pela Bíblia. Afinal de contas, o
vento sopra onde quer (Jo 3:8). Precisamos, então, compreender o que é a blasfêmia
contra o Espírito. Compreendendo isto, saberemos discernir as ações do Espírito
de Deus das manifestações puramente carnais ou diabólicas. Por exemplo: a
vassoura consagrada para varrer todo mal da nossa casa é de Deus ou do diabo?
Através dessa vassoura Deus por fazer o milagre acontecer e tirar toda maldição
da nossa vida? É o que faz a Igreja Despertar da Fé, no centro de Belo
Horizonte, Minas Gerais, como vemos em vídeo divulgado na Internet.
Quando entendemos claramente o que é
a blasfêmia contra o Espírito Santo revelada na Bíblia, temos segurança para
julgar todas as coisas sem o medo de incorremos neste pecado imperdoável. Então
podemos iniciar afirmando: a blasfêmia contra o Espírito Santo é o que está
ensinado em Marcos 3:28,29, Mateus 12:32 e Lucas 12:10. Não é aquilo que
pensamos ser, mas aquilo que a Palavra de Deus declara que é. Não é qualquer
pecado que julgamos grande e imperdoável, mas o que o Senhor afirmou ser
imperdoável. Vamos analisar o texto de Marcos 3:20-35, observando o seu
contexto e todos os fatos que levaram o Senhor ao ensino dos vs. 28 e 29. Neste
ponto, Jesus já vinha sofrendo uma forte oposição dos escribas e fariseus, que
contestavam a natureza do seu ministério e a validade dos sinais que Ele
realizava, motivados por ciúmes. No capítulo segundo, dois episódios nos chamam
a atenção. Primeiro, Jesus havia sido acusado de ser blasfemador ao perdoar os
pecados de um homem que havia sido curado de paralisia (v. 7). Somente Deus tem
poder para perdoar os pecados; agindo assim, Jesus fazia-se igual a Deus, o que
para os judeus era inadmissível e digno da mais severa punição. Mais adiante, o
Senhor foi advertido pelos fariseus porque os seus discípulos não guardavam o
sábado (v. 24), rebatendo-lhes: “de sorte que o Filho do Homem é senhor também
do sábado” (v. 28). Isto significa que Jesus é o dono do perdão, da cura e do
dia santo dos judeus.
A essa altura já estava bastante
claro que a popularidade de Jesus crescia entre os populares, acima de tudo as
pessoas sempre desprezadas pelos fariseus e escribas. Aqueles que possuíam
apenas a figura desses líderes religiosos como modelo, passaram a enxergar em
Jesus alguém diferente, como lemos em Mateus 7:28,29, após o Sermão do Monte:
“Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões
maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e
não como os escribas”. Em Mateus 12:22,23, que está dentro do contexto de
Marcos, Jesus acabara de realizar a libertação de um endemoninhado cego e mudo.
A admiração da multidão despertou a inveja nos escribas e fariseus, o que
desencadeou a sua hostilidade contra Jesus. Até mesmo a sua família não cria
nele, afirmando que estava fora de si e saiu para prendê-lo (Mc 3:21). Nesta
feita, os escribas que haviam descido de Jerusalém, diziam: “Ele está possesso
de Belzebu. E: É pelo maioral dos demônios que ele expele demônios” (v. 22).
Eles estavam afirmando que Jesus estava endemoninhado e atuava pelo poder de
Belzebu, transformando a encarnação de Deus numa obra maligna ou na encarnação
do próprio mal.
Da acusação dos escribas contra
Jesus, surge o significado de “blasfêmia contra o Espírito”: ela é um pecado
consciente e deliberado contra o conhecimento claro da verdade e da evidência
da divindade de Cristo, atribuindo a obra do Espírito Santo ao próprio Satanás”
(LOPES, 2016). É preciso, entretanto, cuidado na compreensão deste ensino, para
não cairmos no erro de definirmos de acordo com o nosso próprio entendimento
que obra é do Espírito. Jesus não está abrindo espaço para condenarmos como
blasfemador aquele que, por exemplo, afirma que o falar em línguas estranhas
não é do Espírito; ou que uma pessoa que se contorce, roda e se joga ao chão
gritando também não é uma obra do Espírito Santo. Se assim fosse, qualquer
novidade espiritual criada pelas igrejas que fazem uso desse tipo de
manifestação teria que ser aceita como divina, sem questionamento, sob o risco
de blasfêmia contra o Espírito. O que a Bíblia nos ensina sobre isto é que essa
é uma blasfêmia consciente contra a verdade, atribuindo o que é de Deus a
Satanás. O que nos levará ao restante deste capítulo, onde apresentaremos meios
de discernir o que é de Deus ou não.
Logo, blasfemar contra o Espírito
Santo é declarar que Jesus opera segundo o poder de Satanás, como seu aliado.
Podemos aqui fazer uma ponte entre a realidade apresentada em Hebreus 6:4-6 e a
blasfêmia contra o Espírito Santo. Os judeus acusavam Jesus Cristo de blasfemar
quando se autoafirmava Deus (Jo 10:33). Do mesmo modo, Jesus os acusava de
blasfêmia por imputarem os seus milagres à atuação do diabo (Mt 12:22-31). Nos
dois episódios vemos a negação do caráter messiânico de Jesus, tanto afirmando
que Ele não era o Ungido do Senhor, quanto dizendo que as suas obras eram
feitas pelo poder de Belzebu. Em ambos os casos a condenação é cabida pela
total incredulidade. Não é uma simples negativa ou dúvida a respeito de alguma
obra de Cristo, mas da sua própria natureza divina. Não é possível trazer ao
arrependimento os que assim creem. Existe aí um endurecimento total do coração
que extingue toda possibilidade de conversão (cf. Hb 10:26-31). Sendo
impossível discernir entre aquilo que é divino e o que é diabólico, como
voltar-se para Deus? Podemos ver aqui uma clara apostasia (cf. 3:12; 6:4-8;
12:25; cf. tb. Is 1:2,29,30; 2 Pe 2:21). A blasfêmia contra o Espírito Santo é
uma demonstração de que o blasfemador jamais foi convertido.
Mizael Xavier
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