1. O dom de línguas é apenas mais um dentre os dons descritos na Bíblia, concedidos por Deus para algum fim proveitoso, para a edificação do corpo de Cristo, que é a Igreja (1 Coríntios 12:4-10). Eles são distribuídos pelo Espírito Santo como lhe apraz e não conforme o pedido e a vontade do crente (v. 11). Existem cultos realizados exclusivamente com o intuito de que o crente seja "batizado com/no Espirito Santo". Isso não tem na Bíblia. Os dons devem ser buscados, mas não dessa forma.
2. O dom de línguas não torna ninguém mais espiritual, não confere nenhum poder ou autoridade diferenciados dos outros crentes que não possuem o dom; ele também não é sinal de "unção" nem de santidade. Os crentes de Corinto tinham todos os dons e Paulo os chamava de carnais, devido à quantidade de pecados que havia naquela igreja (1 Coríntios 3:1). Os dons existem porque nos falta o dom supremo: o amor (1 Coríntios 13). O dom deve ser acompanhado de amor, humildade e serviço. Se isso não estiver presente, acima de tudo o amor, ninguém é edificado. Alguns buscam os dons para aparecer, para se sentirem melhores que os outros. Isso é fato.
3. Em parte alguma da Bíblia temos que possuir o dom de línguas é prerrogativa para o exercício de qualquer ministério na Igreja. Existem outros dons espirituais que Deus distribuirá de acordo com o papel que cada crente irá exercer no corpo de Cristo, como dom de servir, de presidir, de ensino, etc. Algumas denominações exigem que os ministros (pastores, diáconos, etc.) sejam batizados com o dom de línguas, sem o qual não estão aptos a trabalhar na obra do Senhor. Heresia.
4. Dom de línguas não é como um idioma que aprendemos hoje e poderemos falar sempre, basta abrir a boca. Ele nada tem a ver com "línguas estranhas" ou "língua dos anjos", mas são línguas estrangeiras que Deus usa em momentos específicos para um fim proveitoso e para a edificação da Igreja. Para que haja a manifestação do dom na Igreja, é preciso haver um intérprete, senão o crente deve calar-se e falar apenas consigo mesmo (1 Coríntios 4:6-9;18,19,23; 14:28). Ficar papagaiando em línguas estranhas desnecessariamente é pecado. Existem pregadores que falam e oram em línguas sem haver qualquer interpretação. É como seu segundo idioma.
5. O dom não ocorre a esmo, em meio a uma gritaria infrutífera, onde ninguém é edificado, momento em que o crente que aparentemente manifesta o dom quer demonstrar maior poder e unção que os demais. Deus não se manifesta para fazer algazarra nem exaltar ninguém por meio dos dons espirituais. Há sempre um propósito soberano e eterno em tudo. Algumas pessoas usam o dom, não são usados por ele. Na hora exata que Deus achar que alguém necessita ser edificado através do dom de línguas, Ele vai usar o crente. Não adianta tagarelar em línguas o tempo inteiro como se realmente estivesse sendo usado por Deus. Se o indivíduo quiser brilhar, o melhor que tem a fazer é ir para Hollywood.
6. Falar em línguas estrangeiras de modo sobrenatural não significa ter sido batizado com o Espírito Santo (Atos 6:1-7; 7:55; 8:17; Lucas 1:15,35,41,67; 3:22; 1 Samuel 10:10; Juízes 6:34; Juízes 15:14). Recebemos o Espírito Santo quando cremos em Jesus Cristo e nem todos falam em línguas, pois esta não é a evidência do Espírito Santo em nós, mas os frutos do Espírito (Gálatas 5:22). O diabo se disfarça em anjo de luz, então com certeza sabe falar em "línguas estranhas" e em "mistérios" como muitos crentes supõem falar.
7. Todo cristão possui ao menos um dom espiritual, o que pode incluir o dom de línguas. Com um detalhe: existem dons que são utilizados o tempo inteiro, como o de servir e ensinar, por exemplo. Mas quem tem o dom de línguas necessita do momento certo em que Deus deseja usá-lo e de um intérprete. Como já foi dito, para alguns indivíduos, o dom de línguas é como um segundo idioma, algo que ele aprendeu em uma escola de línguas.
8. O dom de profecia é superior ao dom de línguas, pois quem fala em línguas estranhas edifica a si mesmo, e quem profetiza, edifica a todos (1 Coríntios 14:1-4). O problema com os outros dons que não são buscados como evidências do Espírito Santo, acima de tudo o dom de servir, é que eles não "aparecem", não vêm cheios de mistérios, não causam estardalhaço, não colocam tanto as pessoas em evidência. Alguém já se sentiu batizado com o dom de misericórdia, de contribuir, de exortação? Alguém vê unção e poder no irmãozinho que não cansa de servir varrendo a igreja e arrumando as cadeiras?
9. Se os crentes realmente quisessem poder e unção, buscariam o dom perfeito: o amor. Não somente a Igreja, mas toda a comunidade veria a manifestação do amor na Igreja através da solidariedade, da responsabilidade social, do partir do pão, da comunhão perfeita, das orações, do cuidado com as pessoas de fora. É este o verdadeiro dom que tem que ser buscado, o verdadeiro poder que a Igreja deve buscar (1 Coríntios 13).
CONFIRA OUTROS TEXTOS: 1 Coríntios 13:1,9; 14:1,5,26,33,40; Atos 2:9-12; Efésios 4:30,31; Gálatas 5:22,23; Atos 5:32; Tiago 2:10.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por favor, jamais comente anonimamente. Escrevi publicamente e sem medo. Faça o mesmo ao comentar. Grato.