quinta-feira, 27 de junho de 2013

PARNAMIRIM: BARULHO E SUJEIRA


           

               Morar na cidade de Parnamirim, Estado do Rio Grande do Norte, é ao mesmo tempo um desafio e um tormento. Além das péssimas condições em que a cidade vive e que fazem parte da realidade de todas as cidades brasileiras, no que diz respeito à saúde, educação, saneamento básico e segurança, existem problemas que passam desapercebidos da maioria da população. Não possuo dados estatísticos, mas creio que Parnamirim está bem colocada no ranque das cidades que mais consomem bebidas alcoólicas, pela quantidade de bares e cigarreiras improvisadas nas calçadas e nos canteiros espalhados pela cidade inteira. Não importa o dia nem a hora, esses pontos de venda de bebidas alcoólicas estão sempre cheio de fregueses bebendo. E o que essa bebedeira traz de bom para quem bebe, para suas famílias e para a cidade? Nada! Quem paga a conta das consequências? Todos, principalmente quem não tem nada a ver com a história.
            Outro problema sério é a sujeira. Pessoas que jogam lixo pelas ruas, motoristas, cobradores e passageiros de vans e ônibus que jogam lixo pelas janelas dos veículos. As ruas estão sempre sujas, imundas, abarrotadas de garrafas de bebidas, sacolas plásticas e outros resíduos. O que se pode perceber é que jogar lixo nas ruas é como espirrar, tossir, respirar. Carroceiros amontoam lixos pelos cantos, moradores jogam seu lixo doméstico em local não apropriado. A cidade é um verdadeiro chiqueiro. Embora o serviço de garis seja bastante precário, a prefeitura não pode ser de todo culpada, pois o carro de lixo passa regularmente em todas as ruas. O problema é que as pessoas realmente podem sofrer um infarto ou cometer suicídio se não jogarem um papel que seja pelas ruas. Faz parte da cultura de Parnamirim, uma cultura podre.






            Além disso, embora a prefeitura esteja aos poucos saneando a cidade, a água servida nas ruas é uma realidade até mesmo no centro. Rios de água podre correm pelos meios-fios e se espalham pelas ruas, formando poças e lagoas de imundice. Moscas, baratas, muriçocas e ratos são apenas algumas das consequências dessa ação inconsciente, além de todas as doenças que eles proporcionam. Sem falar no fedor! Parnamirim é uma cidade fedorenta. Durante vários meses, a cadeia improvisada de Rosa dos Ventos lançou a água da sua fossa na rua, apodrecendo a vida de todos os moradores que vivem por perto. Mesmo com o saneamento, o costume de jogar água servida na rua permanece, como o costume de fazer fogueiras para queimar lixo. Outra questão delicada. Fedor, fumaça, podridão.
            O pior de Parnamirim talvez seja aquilo que parece ser a marca registrada desta cidade: a POLUIÇÃO SONORA. Logo cedo, os moradores são acordados com carros de som que anunciam diversos produtos e promoções. Ultimamente, os piores e mais barulhentos têm sido os carros que vendem água mineral e gás de cozinha (É o Chiquinho do gás, é?). Na entrada das lojas, nas casas, nos bares e em qualquer outro lugar, o som ligado em altura insuportável perdura durante o dia inteiro. Seres acéfalos equipam seus carros com sons de potência ensurdecedora e contribuem com sua parte. Nos finais de semana ou quando eles bem entendem, as boates e casas de show, ou mesmo o churrasquinho na esquina, promovem algazarras, com shows que varam a madrugada, sem qualquer isolamento acústico. Quem quiser, que aguente. Se não gostar, que se mude. Como se isso não fosse crime! Parnamirim é a cidade do barulho eterno.




            O que se entende disso? Que alguns moradores desta cidade não possuem o mínimo respeito pelo próximo. No momento em que escrevo estas linhas, bombas de Seu João explodem lá fora. Não aquelas bombinhas, mas verdadeiras bombas de efeito imoral. Não crianças, mas adultos promovem a balbúrdia! Não importam os idosos, os cardíacos, os trabalhadores cansados de um dia de trabalho, as gestantes, os doentes, as criancinhas que dormem, os cachorros com o ouvido sensível. Não importa nada! Eles querem soltar sua bomba e acabou. Onde está a justiça que se busca nas passeatas? Se essas pessoas não possuem o mínimo respeito pelo próximo, como saberão votar? Que moral esses cidadãos têm para falar dos seus direitos? Se não sou capaz de respeitar o direito do meu vizinho, o meu lugar é na cadeia! E as fogueias de Seu João? Uma cultura terrível que deveria ser eliminada. Se numa rua tiverem vinte casas, serão vinte fogueiras! Fumaça invadindo os pulmões mesmo de quem não gosta, de quem possui alergias, problemas pulmonares. Falta de respeito pelo próximo!
            Infelizmente, a nossa infância, adolescência e juventude têm o seu caráter forjado nas letras das músicas da banda Grafith, Ferro na Boneca, Cavaleiros do Forró, Banda Montagem, entre outros deterioradores de massa cefálica e exterminadores de neurônios. Do que tratam essas músicas (peço já desculpa por denominar isso de música)? Trata de apologia à: PROSTITUIÇÃO, USO E ABUSO DE ÁLCOOL, VINGANÇA, ÓDIO, PRECONCEITO, REBELDIA, DESTRUIÇÃO DA FAMÍLIA, ADULTÉRIO, USO DA VIOLÊNCIA, VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, etc. E se contarmos aquelas que não estão na mídia, mas são ouvidas do mesmo modo, como alguns funks importados do Rio de Janeiro, como já tive a oportunidade de escutar alguém ouvindo: DROGAS, BANDITISMO, VANDALISMO, VIOLÊNCIA CONTRA A POLÍCIA, ASSASSINATO e por aí vai. São essas informações que constroem o conhecimento, que forjam o caráter e que produzem as atitudes da maior parte das nossas crianças, adolescentes e jovens. E o que é pior: todo mundo trata isso como se fosse normal, legal, correto, irado... Uhu!



            Já tristemente me convenci dessa dura realidade. Com certeza alguém me dirá: Se você não gosta de Parnamirim, vá morar em outro canto! Mas eu retruco: é isso o que os cidadãos que sujam a cidade, os que promovem a poluição sonora e os que cultivam jovens idiotizados desejam, que pessoas que se incomodam com isso saiam. Aquelas pessoas que aceitam viver na sujeira, com moscas varejeiras voando sobre as suas cabeças enquanto os seus filhos estão nas esquinas perigosas de Parnamirim é que dizem: Saia! Aqueles que não querem ver uma cidade limpa, onde as pessoas se repeitem, onde haja qualidade de vida, onde nossos filhos pratiquem coisas saudáveis e dignas é que gritam: Vá embora! Aqueles sem a mínima noção de cidadania, de amor ao próximo, de deveres do cidadão, de “cultura” é que ordenam: Vá morar noutro canto! E aqueles que praticam todas as coisas que relatei aqui talvez estejam doidos para me ver pelas costas, estejam incomodados, rangendo os dentes e pensando mil coisas que Deus abençoe que jamais aconteçam.
            E eu pergunto: onde estão as autoridades? Então lixo pelas ruas, água podre escorrendo por todos os lados, poluição sonora e músicas que fazem apologia a tudo aquilo que atenta contra a moral e a dignidade humana não são coisas erradas? Poluição sonora deixou de ser crime ambiental? O nome disso é DESCASO. Na verdade, não são apenas as autoridades públicas de Parnamirim que são omissas; todas no Brasil inteiro são. Quanto mais ignorantes as pessoas forem, mais caladas e conformadas elas ficarão diante do quadro de corrupção em que vive o nosso País. Quanto mais Ferro na Boneca e menos livros, melhor! Quanto mais bares e menos escolas, melhor! Quanto mais bêbados os cidadãos forem, menos consciência terão dos seus direitos e deveres. Não é de espantar que marcas de cachaça e cerveja estejam patrocinando os esportes, inclusive os JERNS! E por falar nisso, quanto mais as pessoas olharem para a bola, menos olharão para o que os corruptos aprontam pelo Brasil a fora.




            Parnamirim também não tem calçadas e as poucas estão interditadas pelo comércio, por canteiros ou barreiras. Idosos encontram dificuldades de se locomover nas calçadas de Parnamirim, mães empurrando carrinhos de bebês também, de igual modo deficientes físicos em cadeiras de roda. Um exemplo é a calçada em frente ao restaurante Boi na Brasa, na rua Pedro Bezerra Filho, mais conhecida como “rua da Bonor”. Os carros dos clientes estacionam tomando toda a calçada, obrigando os pedestres a passarem pela rua, que é movimentada, com alternativos e ônibus que trafegam em grande velocidade e também muitos carros. É arriscar a vida ou parar no meio do caminho.
            Quando nossa cidade irá parar de respirar lixo e sujeira? Quando poderemos dormir sossegados? Quando poderemos andar em paz pelas ruas após o pôr do sol? Quando poderemos ter realmente uma cultura que não seja o tipo que incentiva nossos jovens a beberem e a se tornarem promíscuos? As pessoas fizeram passeatas para protestar contra o aumento da passagem de ônibus, certamente porque o aumento doeu no bolso. Mas precisamos fazer passeatas, também, para protestar contra aquelas coisas que doem no coração e na mente. Cidade limpa com pessoas que se respeitam! O direito de não ser obrigado a ouvir banda Grafith! Ou o direito dos grafiteiros de não ouvirem o que não querem. Ambos se respeitando.
            Sonho com uma Parnamirim de ruas limpas e sossegadas, onde se possa dormir em casa tranquilo ou até mesmo pensar, raciocinar, estudar, meditar. Sonho com as nossas crianças, adolescentes e jovens experimentando o que realmente é cultura, longe das ruas e das drogas, longe das músicas que ensinam que eles podem fazer o que quiserem sem respeitar ninguém. Sonho com adultos conscientes não somente de seus direitos, mas também seus deveres, entendendo que o direito de um termina quando começa o direito do outro. Não, isso não é o paraíso, mas algo muito mais simples: EDUCAÇÃO. Sim, educação que começa em casa, baseada em valores nobres, no amor, na fraternidade, na Bíblia. Valores que não custam dinheiro algum, mas apenas a boa vontade e a consciência de uma cidade que precisa mudar. E rápido!
            Alguém tinha que falar...

quarta-feira, 19 de junho de 2013

PROTESTOS NO BRASIL: RAZÕES EQUIVOCADAS!



O Brasil está vivendo um período de intensos protestos que se alastram em todo o terrirório nacional. Começou em São Paulo, onde as manifestações pediam o cancelamento do aumento da tarifa do transporte público e exigiam o passe livre. Outras capitais, como Rio de Janeiro, Brasília, Bahia e Ceará aderiram aos protestos e até ontem eles tomavam maiores proporções, com a presença de mais de 100.000 pessoas apenas no Rio de Janeiro, algo comparado apenas à passeata pelas diretas já e o inpichment de Fernando Collor. As reivindicações agora estrapolam a situação do transporte público e os manifestantes clamam pelo fim da corrupção, por saúde, educação, segurança, qualidade de vida, entre outras reivindicações.

Como em todas as manifestações públicas, os atos de vandalismo praticados por arruaceiros, verdadeiros animais acéfalos infiltrados entre os manifestantes, acabam tirando um pouco do brilho daquilo que é legítimo: o povo nas ruas reivindicando os seus direitos. São bandidos, criminosos, que aproveitam para agredir as autoridades policiais, depredar o patrimônio público e privado e, é claro, saquear lojas. Estes são um caso a parte, algo que as autoridades devem cuidar, indo atrés, prendendo e confinando numa cadeia, já que é proibido colcar pessoas em jaulas, que seria o lugar mais adequado para eles.

Mas existem ainda outras situações mais importantes e que talvez estejam passando desapercebidas. Os protestos são legítimos, mas eles parecem só começar quando alguma coisa fere diretamente o bolso das pessoas. Há quantos anos - para não dizer séculos - estamos atolados numa mar de corrupção? Há quanto tempo o Brasil - todos os Estados e cidades - vem sofrendo com uma saúde sucateada que permite que pessoas morram nas portas dos hospitais sem atendimento? Há quantos anos o povo brasileiro vem sofrendo com uma educação esdrúxula e incapaz de inserir qualquer estudante numa boa universidade pública? Há quanto tempo temos sofrido com a falta de segurança pública, com a imcompetência do Estado em prover bons policiais com bom armamento? Há quanto tempo vemos aumentar os índices de criminalidade, de uso de drogas? Há quanto tempo assistimos atônitos crianças trabalhando no tráfico, se prostituindo, se drogando, sendo vendidas como mercadoria? Há quanto tempo estamos aguentando esse estado de coisas, humilhados pelo poder público, desprezado pelos políticos que elegemos, abandonados por quem deveria nos defender, por que ganha rios de dinheiro às custas dos nossos impostos?

Agora, talvez o povo tenha se enchido disso e resolveu protestar? Mas esta ainda não é a questão que desejo debater.

A grande maioria das pessoas que hoje protestam em diversas capitais do país, amanhã estará lotando os estádios de futebol ou estará prostrada diante da televisão, tomando a sua cerveja, assistindo aos jogos da Copa do Mundo no Brasil. Uma Copa que custou bilhões de reais aos cofres públicos, dinheiro que faltava, está faltando e faltará à saúde, educação, segurança pública, saneamento básico, infraestrtura de estradas, entre muitíssimos outros. Dinheiro jogado no lixo, descendo pelo ralo do superfaturamento, da corrupção, da ganância dos políticos e empresários, da imbecilidade de uma "pátria de chuteiras", mas sem escolas decentes, sem saúde, sem perspectiva de vida de quem não anda de Ferrari.

Estamos vivendo um momento de alta da inflação, mas a Copa está vindo aí. Nossas estradas estão esburacadas, nossos hospitais e maternidades se comparam a matadouros, mas a Copa do Mundo está chegando! O transporte público é um caos, mas a Copa vem já! E quando ela for embora, o que nos restará? Mas esta é apenas a metade da questão.

Sejamos sinceros como cidadãos brasileiros que somos. Que levante a mão que nunca comprou um produto pirata (CD, DVD, etc.). Que levante a mão quem nunca emitiu propositalmente um cheque sem fundo. Que levante a mão quem nunca ultrapassou o sinal vermelho ou desrespeitou deliberadamente qualquer outra lei de trânsito. Que levante a mão quem nunca bebeu e depois dirigiu. Que levante a mão quem nunca vendeu seu voto! Que levante a mão quem paga seus impostos em dia. Que levante a mão quem não faz gato em água e luz. Que levante a mão quem é um funcionário honesto e que cumpre com todas as suas obrigações. Que levante a mão quem é um bom pai de família, que dá exemplo aos seus filhos de honestidade e justiça. Que bom, muitos levantaram a mão!

Mas o que estou querendo dizer é que a grande maioria das pessoas que protesta contra a corrupção, são corruptas! Em sua casa, na escola, no trabalho... Quando o candidato oferece algo em troca do seu voto, elas aceitam, se vendem! Quando surge a oportunidade de roubar, elas roubam; de defraudar, elas defraudam; de mentir, elas mentem. Não estou querendo justificar a situação em que vivemos. O que quero dizer é que para que o país mude, essa mudança precisa iniciar nas pessoas que fazem este país: NÓS! Pessoas transformadas é que fazem o mundo se transformar. O mundo não é um conceito abstrato: O MUNDO SOMOS NÓS!

Mas a maioria prefere entregar-se ao que é errado enquanto cobra que os políticos acertem. Preferem viver numa cultura de futebol, de músicas que fazem apologia a promuiscuidade e à violência, ao consumo de bebidas alcoólicas e drogas, do que optar por coisas saudáveis para a mente, o corpo, o coração e a alma. Precisamos protestar contra a cultura lixo! Precisamos boicotar os jogos da Copa do Mundo! Precisamos fazer a nossa parte antes de cobrar que nosso vizinho faça a dele. QUANTO O CIDADÃO BRASILEIRO GASTA MENSALMENTE COM CIGARROS E BEBIDAS ALCOÓLICAS?

Devemos parar para pensar: QUEM JOGA NAS RUAS, NOS RIOS, NOS LAGOS E NAS ENCOSTAS O LIXO QUE ENTUPIRÁ BOEIROS E CAUSARÁ INUNDAÇÕES? Não basta os políticos fazerem a parte deles, precisamos fazer a nossa parte. Quais são os nossos ideais, nossas crenças, nossos valores? Creio que muitos precisam ser mudados. Talvez esses protestos nem seriam necessários se o nosso país já tivesse aprendido a votar e a cobrar dos políticos eleitos aquilo que é justo. Talvez essas manifestações se tornassem inúteis se, COMO CIDADÃOS, entendêssemos que a democracia não é feita somente de direitos, mas também DE DEVERES.

Que Deus nos ajude.

Mizael de Souza Xavier.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

O MUNDO CLAMA POR VALORES


            


               Os jornais noticiam: mais uma pessoa é queimada durante tentativa de assalto. Os bandidos queriam dinheiro, mas a vítima tinha apenas R$ 100,00. Somado a outros dois casos ocorridos em apenas dois meses no Estado de São Paulo, este ato de crueldade nos leva a pensar se queimar as pessoas se tornou moda. Uma coisa é certa: a crueldade dos bandidos, e entre eles menores de idade, parece não ter limites. Mata-se uma pessoa como se mata uma barata, uma formiga. Ceifa-se uma vida como se arranca um tumor maligno. Não importa se as vítimas possuem famílias que as estão esperando, que dela dependem e que a amam. Não importa se ela tem planos para o futuro, se é trabalhadora, se está estudando para realizar-se na profissão dos seus sonhos, se está com casamento marcado... Nada importa! Também não importa se for uma pessoa idosa ou deficiente, uma criança indefesa, uma menina que saiu de casa para comprar pão na padaria.
            Ao que parece, não existem leis ou punições severas capazes de convencer os bandidos do seu erro e da necessidade de respeitar o seu próximo. O respeito às leis não está nas leis, mas no desejo das pessoas de respeitá-las ou não. E elas não querem respeitá-las. As mortes violentas no trânsito causadas por motoristas criminosos embriagados mostra que as leis de nada adiantam, as punições, as multas. Eles continuam saindo bêbados das baladas, onde passaram a noite inteira cosumindo drogas e álcool, sem se importar com quem está ao seu redor, burlando as fiscalizações com consultas a sites e amigos que informam onde está havendo blitz da polícia. Aceleram seus possantes, passam o sinal vermelho, sobem em calçadas, invadem o que estiver no caminho e deixam um rastro de morte e destruição.
            Os traficantes estão a cada dia mais cruéis e violentos. Matar, para eles, é como ir ao banheiro defecar. A vida não vale nada, o futuro não vale nada, o respeito não vale nada. Deste caos emergem os adolescentes, protegidos e blindados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Eles parecem demonstrar um grau de crueldade e violência muito mais elevado que a média. São sanguinários, são monstruosos: espancam, estupram, esquartejam, queimam as pessoas, assaltam, explodem, traficam, vandalizam, sempre protegidos pelas leis, sempre invocando seus direitos como cidadãos vulneráveis. Não existem limites para eles, para seus atos insanos de avassaladores. Eles metem medo, terror, pânico, insegurança... Mas estão protegidos, ninguém pode tocá-los. Se durante um assalto a vítima reagir e conseguir subjugar o adolescente por meio de violência, essa vítima poderá responder a processo e ser presa, enquanto o adolescente seguirá feliz em liberdade.
            Diante desses fatos, muitos podem afirmar que o mundo está cada vez pior e que o seu fim está próximo. Que o fim do mundo está próximo é inegável, mas essa onda de crueldade não é nova, ela existe desde que o ser humano caminha sobre a face da terra. Mas existe uma questão que faz toda a diferença: o mundo tem se convencido de que não existem valores absolutos, que não existe o certo nem o errado, que não existe o bem e o mal, mas que tudo isso depende do ponto de vista de cada um, das suas circunstâncias, sejam elas sociais, cultuais, educacionais ou outras. Hoje, ensinar uma criança o caminho em que ela deve andar é tido como um atentado violento à sua individualidade e sua liberdade. Nunca foi tão difícil educar nossos filhos. Não se pode impor limites, pois isto vai contra o estado de democracia; não se pode corrigir sob o risco de parecer violento, seja por palavras ou ações. Dependendo do caso, os pais acabam respondendo criminalmente por agressões, denunciados pelos seus próprios filhos. E não estou falando de espancamento, cárcere privado, agressões psicológicas sérias, mas de um simples tapa ou puxão de orelha.
            Sem valores morais absolutos, sem os valores espirituais que guiaram nosso modo de ser durante séculos, sem a compreensão do que é certo e do que é errado, sem a definição daquilo que é do bem e daquilo que é do mal, o ser humano é ensinado que ele faz o seu próprio caminho, cria as suas próprias regras, constrói seu próprio destino seguindo a sua vontade, o seu pensamento. Fazer o que quiser parece ser o refrão de uma música revolucionária, que clama pela democracia, que exalta a liberdade. Mas uma democracia que impõe-se sobre a vida dos outros, uma liberdade construída sobre a desgraça de muitos. Somos vítimas da democracia e da liberdade, que em nossa sociedade podem ser traduzidas como anarquia e libertinagem. Somos vítimas diárias do desprezo aos valores, da correção que deixamos de dar aos nossos filhos, dos limites que deixamos de impor, do respeito à regra de ouro: não faça aos outros aquilo que não quer que eles façam a você.
            Se não formos resgatados do cárcere do tipo de democracia que criamos e do tipo de liberdade que nos impomos, sofreremos ainda mais. Se continuarmos educando nossos filhos com a filosofia de que eles devem crescer a esmo, seguindo o caminho que melhor lhes convir, continuaremos enfrentando a criminalidade e as drogas. Se não nos convencermos do que é certo e do que é o bem, estaremos sempre atolados no lamaçal do erro, do pecado, do ódio. Eis o que afirmo em meu livro Memórias do silêncio: relatos e reflexões de uma vítima do bullying.

Tratar o certo e o errado de maneira relativista é colocar a arma nas mãos dos bandidos, é dar aos agressores a justificativa que eles precisam para amparar os seus atos. A culpa não é minha, mas meus pais violentos me levaram a isto! Eu roubei, mas é culpa do sistema que não supre as minhas necessidades mais básicas garantidas na Constituição. Eu estuprei aquela menina, mas quando eu era criança também fui abusado e ninguém disse nada. Eu surrei meu colega até quebrar uma costela dele, mas é que tenho transtorno bipolar. Eu matei minha coleguinha, mas era ela ou eu; é a lei de onde moro: ou mata ou morre. Ok! Estão justificados dos seus atos. Mas a Bíblia faz clara distinção entre bem e mal e nos convoca a nos apartarmos daquilo que é mal para que pratiquemos o bem (Salmo 37:27).
            Reconhecer valores absolutos e ensinar sobre o certo e o errado não é um atentado à democracia, à liberdade de pensamento, à individualidade das pessoas. A própria Constituição Federal garante que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer qualquer coisa, “senão em virtude da lei”. Isto significa que existem parâmetros que devem ser seguidos para que a democracia não se transforme na ditadura da liberdade, onde as pessoas fazem o que bem entendem porque é o seu direito. Ou como diz a música de Raul Seixas: “Faz o que tu queres, pois é tudo da lei.” Talvez seja essa a sociedade alternativa que muitos buscam: uma sociedade sem leis morais, sem valores, sem ética, onde cada um escolhe, de acordo como bem lhe convir e conforme as suas circunstâncias, a ação que melhor lhe agrada.
A liberdade religiosa, por exemplo, garante a todo cidadão escolher a sua religião, o seu deus e servi-lo e cultuá-lo da maneira que bem entender. Mas será que essa liberdade religiosa pode envolver sacrifícios humanos e abuso sexual de crianças? Será que é correto, em nome da minha crença, introduzir diversas agulhas no corpo de uma criança, como um caso ocorrido no Brasil há pouco tempo? Será que durante o culto ao meu deus, espírito ou guia posso consumir substâncias entorpecentes proibidas por lei? Lembro de um rapaz que ia à livraria onde eu trabalho em busca de um livro que mostrasse a maconha como uma droga utilizada em certos rituais religiosos. Muito provavelmente, ele queria justificar o seu consumo da droga e se livrar de algum flagrante policial ao portar suas trouxinhas para consumo próprio.
É necessária uma urgente volta aos valores familiares, ao respeito pelos pais e pelos mais velhos. É preciso retomar os valores que o cristianismo bíblico trouxe para a nossa sociedade, como a misericórdia, a caridade, o amor ao próximo, a prática das boas obras, a submissão às autoridades, a oração, a pregação do Evangelho, a solidariedade, o compromisso total com o bem, a castidade, a humildade, o serviço, o reconhecimento de pecados seguido de arrependimento, a santidade de vida, o viver simples, a partilha dos bens espirituais, a preservação da vida, o cuidado com a natureza, o perdão, a fraternidade, a liberdade para fazer e ensinar aquilo que é correto, o louvor a Deus, a gratidão, os laços familiares, a busca por coisas elevadas e celestiais, o temor a Deus. Essas coisas precisam ser semeadas, cultivadas para que possamos experimentar uma transformação real de mentalidade e disposição do nosso coração. Sem essa intervenção dos valores éticos, morais e espirituais ensinados na Bíblia, toda tentativa de vencer problemas como o bullying será frustrada.

            Os ativistas dos direitos humanos caminham na contramão dessas afirmações. Eles não querem limites, eles não entendem que o limite da minha liberdade está na liberdade do outro. Eles não nos permitem falar em sexo feminino ou masculino, porque isso é impor a uma criança algo que ela não escolheu, mas que escolherá quando for consciente. Eles não nos permitem afirmar que há um só Deus, pois isso fere a crença dos politeístas. Eles não nos permitem pregar que a Bíblia contém a verdade, os valores morais e espirituais corretos que todo ser humano deveria seguir e respeitar. Em nome da liberdade, os defensores dos direitos humanos permitem que esses mesmos seres humanos sejam vítimas de atentados terroristas (religiosos, políticos e ideológicos, afinal, os terroristas tem direito de manifestar seu ponto de vista do jeito que acharem correto), de estupradores (pois para um estuprador, o que ele faz é correto e está no seu direito), traficantes, assassinos, corruptos.
            Se sou contra os direitos humanos? Certamente que não. Mas também sou a favor dos “deveres humanos”, dos limites à liberdade e à democracia, da educação baseada em princípios, do conhecimento e da aplicação dos valores eternos da Palavra de Deus, da valorização da família e das relações entre pais (pai e mãe) e filhos. Onde está a família quando uma dupla de homens ou uma dupla de mulheres constituem aquilo que chamam de lar e adotam uma criança como se fosse seu filho? Onde está a liberdade que essas pessoas tanto pregam quando nos obrigam, sob pena de prisão, a aceitar sua ideologia? Precisamos de Deus, precisamos de fé, precisamos dos valores corretos, das crenças corretas antes que mais vidas sejam ceifadas. Precisamos insistir na existência de valores absolutos, do certo e do errado, do bem e do mal. O relativismo pregado pelo mundo é a causa das nossas maiores desgraças. Adão e Eva relativizaram o mandamento de Deus e nós continuamos a relativizá-lo.
            Ainda algumas questões: onde está o povo de Deus, que deveria pregar a verdade e ser espelho para o mundo do modo correto de viver, se ser e de agir? Onde estão os valores bíblicos defendidos em tempos idos pelos discípulos de Cristo? Onde estão os luzeiros deste mundo, salvos e santificados para brilhar e iluminar as trevas com as suas boas obras? Onde está o sal que deveria acrescentar sabor às vidas insossas que estão sob o poder de Satanás e o domínio do pecado? Talvez este povo esteja tão perdido dentro dos seus próprios interesses que se esqueceu de olhar o mundo com os olhos de Cristo. Talvez a sua busca por bênçãos e prosperidade seja muito mais importante que as prostitutas, as crianças de rua, os drogados, os oprimidos, os injustiçados, os presidiários, os enfermos, os famintos. Se o mundo não enxergar na igreja do Senhor a coisa certa a ser feita, onde enxergará? Assim como Deus usou uma jumenta para falar com Balaão, pode ser que use o mundo para falar com a igreja, enquanto esta estiver cega, muda e surda.
            Acordemos!


Mizael Xavier
08/06/2013

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quarta-feira, 5 de junho de 2013

CACHAÇA PATROCINANDO JOGOS ESTUDANTIS: ABSURDO!


JOGOS ESTUDANTIS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE - 2013

Se vocês olharem acima no canto esquerdo desta foto, verão a logomarca de uma famosa marca de cachaça. Esta foto foi tirada durante uma partida de futebol em Natal, Rio Grande do Norte, em 2013, durante os jogos estudantis.

Uma marca de bebida alcoólica, totalmente proibida para menores de idade, patrocinando jogos onde apenas crianças, adolescentes e jovens participam. Se já não bastasse um produto desses patrocinar o esporte, ainda envolve as nossas crianças.

O QUE BEBIDA ALCOÓLICA TEM A VER COM ESPORTE, COM SAÚDE, COM QUALIDADE DE VIDA?

EM QUE A CACHAÇA PODE CONTRIBUIR PARA A VIDA DESSES ESTUDANTES?

QUE MENSAGEM ESSAS PESSOAS QUEREM PASSAR?

GOVERNO DO ESTADO E PREFEITURAS DOS MUNICÍPIOS DO RIO GRANDE DO NORTE: VOCÊS SÃO UNS INCONSEQUENTES! APOIAM A VIOLÊNCIA URBANA, A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, O ALCOOLISMO, A VAGABUNDAGEM, O OSTRACISMO, OS ACIDENTES DE TRÂNCISO E TUDO MAIS DE TERRÍVEL QUE O CONSUMO DE CACHAÇA PROPORCIONA! VOCÊS SÃO CUMPLICES!

Se você concorda, divulgue esta postagem. Vamos nos movimentar para que esse tipo de atitude seja banida da nossa sociedade já tão sofrida.

terça-feira, 4 de junho de 2013

UMA AULA DE PROSTITUIÇÃO!



E na escola, era o dia em que os alunos levavam seus pais para que eles falassem da sua profissão. Naquele dia foi o dia de Joãozinho. Ele, todo empolgado, não soltava a mão da sua mãe, que sentara bem ao seu lado na sala de aula.

- Joãozinho - disse a professora - pode se aproximar com a sua mãe para ela falar da sua profissão.

Joãozinho, todo feliz, sai puxando a mãe até a frente da classe. Todo empolgado, ele começa.

- Esta é a minha mãe. O nome dela é Maria, mas vocês podem chamá-la de Samantha Raio Laser. Ela trabalha numa profissão tão importante que é considerada a profissão mais antiga do mundo! - ele sorri cheio de orgulho da mãe e todos os coleguinhas da sala aplaudem - Agora vou deixar ela falar um pouco.

Joãozinho fica ali do lado enquanto a mãe se posiciona, ajeita a minúscula saia, e fala:

- Bom dia, pessoal!

- Bom dia, dona Samantha Raio Laser!

- Que bom poder falar a vocês da minha profissão. Quem sabe um dia alguns de vocês estarão no meu lugar! Bom, eu sou prostituta, isto é, vendo o meu corpo para dar prazer a homens e mulheres que possam pagar. No começo foi muito difícil, eu era muito pobre e precisei me prostituir para ajudar em casa, porque o meu pai vivia sempre bêbado e não trabalhava. Como lá em casa somos em sete, todos precisávamos nos virar. Mas agora eu estou muito bem, saio com homens que me pagam muito dinheiro e posso dar uma vida digna para o meu filho.

- A senhora tem muitos clientes, dona Samantha? - pergunta Aninha.

- Sim, tenho muitos. Tem noites saio com uns dois; e se a noite for muito boa, com uns três!

- Nossa, como a senhora dá duro! - exclama Juquinha.

- E bota duro nisso, meu bem. Inclusive seu pai saiu comigo semana passada. Mas não vai falar com a sua mamãe, viu!

- E vocês sabem o que se comemora no dia de hoje? - pergunta a professora.

- Não! - respondem todos os alunos.

- Hoje é o dia internacional das Prostitutas! Vamos dar um feliz dia internacional das prostitutas para a mãe de Joãozinho...

- FELIZ DIA INTERNACIONAL DAS PROSTITUTAS, DONA SAMANTHA! - exclamam todos e aplaudem.

- Que lindinhos! Obrigada! - agradece Samantha.

- Bom, classe - diz a professora - agora a mãe do Joãozinho vai dar uma demonstração de como é a profissão dela.

- Oba! - gritam todos eufóricos.

- Bom - diz Samantha - para fazer uma demonstração, eu convidei algumas pessoas. Podem entrar!

A porta da sala se abre e entram o diretor, o professor de matemática, o porteiro, o vigia e o rapaz que fica vendendo balas na porta da escola. Samantha deita-se sobre a mesa da professora e um por um os convidados vão se aproximando e ela pode monstrar para seu filho e os coleguinhas dele como é a sua profissão, a mais antiga do mundo!

Depois da apresentação, a professora abriu espaço para que os alunos pudessem fazer perguntas.

- Dona Samantha - disse Jurema - com que idade eu posso começar a trabalhar como prostituta?

- Olha,  a lei não permite que crianças se prostituam, mas posso lhe indicar um cafetão amigo meu que pode lhe iniciar. Ele tem um grupo de empresários e políticos pedófilos que garantem total sigilo ao seu treinamento.

- E a senhora pode indicar um livro para incentivar a leitura para nós? - quis saber Edigarzinho.

- Nossa, tem vários. Mas o melhor é O DOCE VENENO DO ESCORPIÃO, de Bruna Surfistinha.

- Eu já vi o filme! - exclamou Raul.

- E não esqueçam do Kama Sutra! - lembrou o professor de matemática.

SERIA ATÉ CÔMICO SE NÃO FOSSE TRÁGICO!!!!

obs: Esta é uma obra de pura ficção e ironia!O que quis mostrar é que se a prostituição é uma profissão como qualquer outra como afirmam alguns e que é normal uma mulher se prostituir, porque não vemos cenas como acabo de descrever? Os defensores da prostituição poderiam imaginar suas mães, irmãs, filhas, sobrinhas, noras, sogras, colegas, amigas num cabaré transando com dezenas de homens por mês? Ou saindo com artistas, políticos e empresários por dinheiro? Hipocrisia! Prostituição é degradação humana!




sexta-feira, 31 de maio de 2013

SANTIDADE: canonização pós-morte ou obra do Espírito Santo?




1 Santidade na Igreja Católica Romana


            O que lhe vem à mente quando você ouve a palavra “santo” ou quando alguém lhe diz que fulano de tal é “santo”? Com base na cultura católica vigente no nosso país, falar em santo significa falar de alguém que já morreu, acima de tudo uma personagem católica que viveu uma “vida santa” e piedosa, praticou boas obras, viveu em estado de pobreza, foi humilde, foi serva de Deus e da igreja católica ou foi martirizada, como os mártires de Cunhaú e Uruaçú, no Rio Grande do Norte. Além disso, além de terem vivido essa vida santa, após a sua morte, para que sejam chamados de “santos” e mereçam a veneração dos seus fiéis, essas personagens precisam ter alguma graça alcançada em seu nome, comprovada pelo Vaticano. Alguém precisa ter sido curado ou alcançado outro tipo de milagre comprovadamente após ter invocado a sua intercessão.
            Devido a essa crença, ninguém pode ousar se autodenominar “santo”, sob o risco de parecer arrogante ou blasfemo. Você pode ser uma pessoa de grandes qualidades espirituais, mas ser “santo” não é para muitos. É preciso muito esforço, abnegação, altruísmo, sacrifícios. A igreja católica não nega a santificação do crente pela graça de Deus em Cristo, como também não nega a necessidade que todos temos de nos santificarmos diante de Deus. Mas os santos propriamente ditos, aqueles que poderiam dizer de si mesmos “Eu sou santo”, são aqueles que a igreja declara a sua canonização. Esses santos, por sua vida de santidade, merecem regalias que os santos vivos não têm acesso. Assim ensina o Catecismo da Igreja Católica (n. 828):

Ao canonizar certos fiéis, isto é, ao proclamar solenemente que esses fiéis praticaram heroicamente as virtudes e viveram na fidelidade à graça de Deus, a Igreja reconhece o poder do Espírito de santidade que está em si e sustenta a esperança dos fiéis, propondo-os como modelos e intercessores.

            Após devidamente canonizado pela igreja, este santo ou santa poderão não somente ser invocado pelos fiéis, como também venerados, cultuados, festejados, inclusive as suas imagens e relíquias, podendo essas imagens serem expostas à veneração popular. Assim ordena o Vaticano II (n. 706):

Os Santos sejam cultuados na Igreja segundo a tradição. Suas relíquias autênticas e imagens sejam tidas em veneração. Pois as festas dos santos proclamam as maravilhas de Cristo operadas em Seus servos e mostram aos fiéis os exemplos oportunos a serem imitados.

            Além do inconveniente de expor imagens de pessoas à adoração pública, que, muito embora a igreja católica previna esse comportamento e o condene, mas que acabam virando objetos de idolatria, existe outro inconveniente por trás da canonização dos mortos. Isto cria uma casta de seres humanos especiais que parecem estar acima dos simples mortais. Apesar de afirmar que a vida santa dos homens e mulheres canonizados possui relação com a atuação de Deus, não é isso que fica patente. Praticar algo heroicamente demonstra claro mérito nas obras que eles praticaram. Isto é, seus esforços heroicos permitiram que esses santos vivessem fielmente. Em suma, o seu processo de santidade foi algo que contou com sua participação ativa, com seus méritos, seus esforços, seus atos, suas ações.
Muito pior é o fato de eles, por terem vivido uma vida santa, merecerem cultos e festas, merecerem a confecção de imagens de escultura de sua pessoa e a adoração aos seus objetos pessoais ou aos seus restos mortais. Ainda mais terrível: eles são chamados de santos porque, por sua intercessão, algum milagre foi realizado entre os vivos. Além de apoiar a crença na comunhão dos santos – que envolve também as indulgências, o purgatório, as missas – o conceito de santidade da igreja católica romana aproxima os fiéis das práticas espíritas de consulta aos mortos e das práticas pagãs de adoração e deuses e entidades espirituais, guias ou animais, como os atos e a vaca. Em meio a tudo isso, a ideia bíblica de santidade fica completamente distorcida e perdida em meio a tantos equívocos.
            Existem muitos motivos para essa doutrina católica de santidade e canonização. Em primeiro lugar há o conveniente de manter o controle sobre o Espírito Santo e sobre os fiéis. Como vimos na citação do Catecismo, o poder do Espírito de santidade está na igreja católica. Da mesma forma como não há salvação fora da igreja católica, longe dela também não pode haver santos ou santidade. Em segundo lugar está o equívoco teológico, hermenêutico, e este proposital. Vê-se um pequeníssimo exemplo desse equívoco no próprio Catecismo, que absurdamente prevê “A purificação final ou purgatório” (1030), com as seguintes palavras:

Os que morreram na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.

            A ideia absurda da existência do purgatório parte primeiramente de uma interpretação equivocada de Mateus 12:32, que afirma: “Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir”. Ao que o Catecismo declara (n. 1031): “Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro”. Certamente não foi isso que Jesus falou e em qualquer parte da Bíblia vemos esse ensino equivocado dos papas. Essa “dedução” é uma interpretação forçada. O que o texto bíblico diz claramente é que não existe perdão pela blasfêmia contra o Espírito, mas não deixa margem para afirmar-se que outros pecados podem ser perdoados no porvir, acima de tudo após a morte do pecador.
            Em primeiro lugar, com relação aos crentes, isto é, os que sinceramente se converteram a Jesus Cristo pela graça de Deus, por meio da fé, já têm todos os seus pecados perdoados e não sofrerão condenação alguma (cf. Romanos 8:1). Em vida já aceitaram a Jesus e podem descansar em paz na esperança da glória futura. Em segundo lugar, a existência do purgatório e a sua relação com a santidade dos fiéis suscitam algumas questões: Então o sangue de Cristo não nos purifica de todo pecado? Ser lavado e remido no sangue do Cordeiro não é suficiente para nos levar seguros até a morada celestial por Ele preparada para seus fiéis? Então a santidade e a purificação, além de serem meritórios, podem ser transferidas mediante as boas obras de terceiros? É preciso buscar respostas na Bíblia.


2 A verdadeira santidade


            Para o protestantismo, vale aquilo que a Bíblia apresenta em seu conteúdo inefável sobre o tema, independente do que reza a Tradição católica romana. A princípio é preciso saber que somente é possível alcançar a santidade enquanto vivos, pois após a morte segue-se o juízo (Hebreus 9:27). Esta santidade não exclui o pecado da vida do cristão, pois ele continuará habitando em um corpo sujeito ao erro, com um coração sujeito às mais diversas tentações. Mas a sua santidade, o seu compromisso com Deus é que dirá que tipo de caráter ele possui: carnal ou espiritual. Se carnal, certamente necessitará ainda de crescimento espiritual, o que lhe é dado através do Santo Espírito, o mesmo que santifica.


2.1 Natureza da Santificação


            “Santificação”, “santidade” e “consagração” são sinônimos, bem como “santificar” e “santos”. Mas o que significa “santo”? Significa que a pessoa tem uma vida espiritual acima da média geral? Significa que a pessoa não mais comete pecados? Conforme podemos ver através de toda a Escritura, a palavra “santo” tem cinco sentidos:

1.    Separação: “Ser santo” significa “ser separado”. Quando nos tornamos filhos de Deus através da fé em Cristo Jesus, somos separados do mundo por Deus para servir a Ele. Esta santidade reflete a Santidade de Deus, que está separado de tudo aquilo que diz respeito ao mundo. É isto que simboliza o batismo: separação do mundo, um novo nascimento. A santidade de Deus demonstra ainda a sua perfeição moral, e o santo, ainda que pecador, busca viver esta perfeição através da prática dos mandamentos de Cristo, movido pelo Espírito Santo.

2.    Dedicação: Aquele que é separado é separado para alguma coisa, algum fim. O santo é separado do mundo para dedicar-se a Deus, à prática da sua Palavra. Lemos em Efésios 2:8-10 que somos salvos com um propósito: dedicar-nos à obra de Deus, por meio de Cristo. Como dedicar-nos ao serviço de Deus estando mortos? Para o catolicismo romano os santos continuam sua “caridade” no céu intercedendo pelos que ainda peregrinam na Terra, olhando por eles e auxiliando-os em suas fraquezas e problemas. Mas essa é uma doutrina que não existe na Bíblia.

3.    Purificação: Aquele que se dedica a Deus deve estar limpo, da mesma forma que era limpo tudo aquilo que, na Antiga Aliança, seria usado para o serviço divino. Somos santificados na medida em que o caráter de Deus age sobre o nosso, tornando-nos participantes da sua natureza. Limpeza não significa santidade, mas é uma condição para ela. Não podemos nos aproximar de Deus sem estarmos purificados. E quem nos purificará? No Antigo Testamento os objetos para uso no altar eram purificados através de azeite (Êxodo 40:9-11). A nação de Israel necessitava de sacrifícios para ser purificada de seus pecados (Êxodo 24:8; Hebreus 10:29). Mas estes sacrifícios da Antiga Aliança foram aperfeiçoados em Jesus Cristo, através do seu sangue derramado para nos santificar (Hebreus 13:12). Deus Pai nos santifica em tudo (1 Tessalonicenses 5:23) para um sacerdócio espiritual (1 Pedro 2:5) pela mediação de seu Filho, Jesus (1 Coríntios 1:2,30; Efésios 5:26; Hebreus 2:11), por meio da Palavra (João 17:17; 15:3), do sangue (Hebreus 10:29; 13:12) e do Espírito Santo (Romanos 15:16; 1 Coríntios 6:11; 1 Pedro 1:2). Esta purificação é interna e não se dá através de rituais com água benta, incenso ou mortificações. É operada pelo Espírito Santo e não pelas mãos do sacerdote. Isto significa que o Espírito da Nova Aliança substitui de maneira perfeita e definitiva o ofício do sacerdócio da Antiga Aliança.

4.    Consagração: Aquele que se santifica é consagrado a Deus, isto é, vive uma vida santa e justa. Enquanto a justiça representa uma vida regenerada em conformidade com a lei divina, a santidade aponta para uma regeneração em conformidade com a natureza divina (1 Pedro 1:15). Aqueles que são declarados santos (Hebreus 10:10) são exortados a seguir a santidade (Hebreus 12:24); aqueles que foram purificados  (1 Coríntios 6:11) são exortados a purificar-se a si mesmos (2 Coríntios 7:11). Isto quer dizer que consagração é uma busca constante pela perfeição; é um viver sempre em acordo com a Palavra de Deus. Quer dizer também que um indivíduo não pode pretender esta purificação após a sua morte, através do purgatório, como se este lugar substituísse o mover do Espírito Santo no coração do homem.

5.    Serviço: Através da santificação da Nova Aliança, nos tornamos sacerdócio real, nação santa e por isso devemos oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus (1 Pedro 2:9,5); sacrifício de louvor (Hebreus 13:15) e sacrifícios vivos sobre o altar de Deus (Romanos 12:1). Se somos servos de Deus não devemos permanecer apenas como crentes nominais, como milhões de católicos e evangélicos, mas nos colocar a disposição do seu serviço (Atos 27:23). Este sacrifício não é o “sacrifício eucarístico”. Neste último oferece-se a Deus o sacrifício de seu Filho perpetuamente, outro equívoco católico.


2.2 O tempo da santificação


            Uma das maiores críticas aos protestantes é que, assim que se convertem, “acham que já são santos”. Antes viviam uma vida dissoluta, em bebedeiras e orgias sexuais, agora “só querem ser santos”. As pessoas que assim acusam os crentes protestantes, dizem que todos são pecadores e que não existe nenhum santo. Realmente, nenhum crente com o mínimo de conhecimento bíblico negará o fato de que todos somos pecadores (Romanos 3:23). Mas nenhum também se negará em dizer Sou santo em Cristo Jesus. E esta santificação não ocorre num tempo que se chama pós-morte, mas num tempo que se chama agora! É o que podemos ver a seguir.


1.    Santificação posicional e instantânea: O apóstolo Paulo descreve a todos os crentes como a “santos” e como já santificados (1 Coríntios 1:2; 6:11), embora muitos deles insistissem em viver ainda uma vida carnal (1 Coríntios 3:1; 5:1,2,7,8), distante do ideal de Deus e da vocação santa à qual foram chamados. Esta santificação é outorgada ao cristão no momento da sua conversão, assim como a salvação. Não é algo a ser conquistado através de caridade e operações de milagres, mas provém do sacrifício de Cristo na cruz. Caridade qualquer pessoa pode fazer, mesmo sem crer em Deus e por motivos mesquinhos; milagres também.

2.    Santificação prática e progressiva: A separação inicial é apenas o primeiro passo de uma vida de santidade dedicada a Deus e a sua obra. Desta separação para Deus em Cristo Jesus surge a responsabilidade de um viver condizente com a fé que é professada. Mas não progredimos até alcançar a santificação; progredimos na santificação da qual nos tornamos participantes em nossa conversão. Esta santificação é posicional, pois envolve mudança de posição (de pecador a adorador) e prática porque ela exige uma maneira santa de viver. O crente carnal (1 Coríntios 3:3) é convocado à purificação até alcançar a perfeição. Aqueles que foram tratados como santificados e santos (1 Pedro 1:2; 2:5) são exortados a serem santos (1 Pedro 1:15). Quando nos convertemos, morremos para o pecado (Colossenses 3:3) e portanto devemos mortificar nossos membros pecaminosos (Colossenses 3:5). Se nos despimos de velho homem (Colossenses 3:9) devemos nos revestir do novo (Efésios 4:22; Colossenses 3:8).


2.3 Meios divinos da santificação


            Como vimos no início, a igreja católica romana impõe algumas condições para que a pessoa possa ser chamada de santa. Normalmente são considerados santos, por esta doutrina infundada, somente aqueles que já morreram e foram canonizados. Em vida certamente foram pessoas piedosas, viveram uma vida casta, dedicada ao próximo e desapegada das coisas mundanas. Mas até mesmo os muçulmanos, que não professam a mesma fé que nós, podem viver assim, ou os espíritas, os ateus. A santidade não é algo que façamos por merecer, não é uma condição que depende de nossos esforços e obras de caridade. Também não é santo aquele que é piedoso. Muitos piedosos são ateus. Santidade é algo que parte de Deus e tem a ver com o mover do Espírito Santo em nosso ser, nos moldando conforme a vontade de Deus.
            Portanto, os meios de santificação não fazem parte de um conjunto de condições humanas, mas divinas. O papel do homem é se entregar à vontade de Deus e permitir que Ele trabalhe em sua vida e seu caráter. E quando o homem permite que isso aconteça, é porque o Espírito Santo já está trabalhando em seu interior. Os meios divinamente estabelecidos para a santificação são três:

1.    O sangue de Cristo: Este é um meio eterno, absoluto e posicional que proporciona uma santificação absoluta diante de Deus (Hebreus 13:12; 10:10,14; 1 João 1:7). A santificação é resultado da obra de Cristo, isto é, a redenção efetivada na cruz do Calvário, através do seu sacrifício vicário. Através da redenção, somos santificados e purificados, livres da condenação eterna e chamados à presença de Deus, unidos a Ele pelo seu Filho e o Espírito Santo da promessa (Hebreus 2:11). Embora santificados e em comunhão com Deus, podemos cair em tentação, mas a santificação é contínua e o sangue de Cristo nos purifica de todo o pecado (1 João 1:7). A confissão de fé e o eterno sacrifício de Cristo removem a barreira da impureza que nos impede de chegar até Deus (1 João 1:9). A renovação do sacrifício de Cristo através da Eucaristia demonstra um sacrifício imperfeito de Jesus e, por conseguinte, uma santificação imperfeita da parte de Deus, pois há uma necessidade de constante e diária renovação.

2.    O Espírito Santo: O Espírito Santo produz uma mudança interna na natureza do homem (1 Coríntios 6:11; 2 Tessalonicenses 2:12; 1 Pedro 1:1,2; Romanos 15:16). É o Espírito Santo que nos identifica como separados para Deus. Ele é o selo que nos autentica. Não nossos esforços, nossas rezas, Maria, os santos, o rosário, mas o habitar da terceira Pessoa da Trindade em nosso coração. Os povos gentios eram desprezados por não andarem de conformidade com a lei mosaica, mas o Espírito de Deus desceu sobre eles na casa de Cornélio, não restando mais dúvidas que eles eram santificados pelo Espírito Santo, independente da lei (Romanos 15:16). Se fôssemos santificados por nós mesmos, de que adiantaria o Espírito Santo? De que nos valeria o sacrifício de Cristo?

3.    A Palavra de Deus: A santificação através da Palavra de Deus é um meio externo e prático, que diz respeito a vida prática do cristão (João 15:3; 17:17; Efésios 5:26; Tiago 1:23-25; Salmo 119:9). A Palavra de Deus confronta-nos com nossos pecados, nos mostra o quanto somos impuros e nos dá um caminho certo a ser seguido. É nela que encontramos as doutrinas sobre Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo e sobre a salvação. Ela aponta para uma vida renovada e um proceder reto diante de Deus; ensina-nos sobre amor e perdão e sobre todas as coisas que devemos saber para viver de forma santa nesta vida. Ela, também, aponta para outra vida, a vida eterna. A Palavra de Deus serve como espelho para nossa alma, uma vez que fomos regenerados e lavados (Tito 3:5; Tiago 1:22-25). É impossível haver santidade sem a Palavra Santa do Deus vivo.


2.4 O verdadeiro método de santificação


            Além daquelas ideias totalmente errôneas do catolicismo romano sobre santificação, ainda encontramos mais três: a) erradicação do pecado, o que é impossível do ponto de vista humano e improvável do ponto de vista divino. Só estaremos livres do pecado quando estivermos na glória com Deus; b) legalismo, isto é, observância de regras e regulamentos, como os monges. Paulo nos ensina que nada disso serve para a nossa santidade (Romanos cap. 6), assim como também não pode nos justificar (Romanos cap. 3); c) ascetismo, que é tentar subjugar a carne e alcançar a santidade através de privações e sofrimentos, método que a maioria dos católicos romanos aprecia, também os hindus ascéticos. Mas é a alma e não o corpo que peca. Este é um trabalho do Espírito Santo.
            O método verdadeiro e bíblico baseia-se na obra redentora de Cristo e na atuação do Espírito Santo na vida do crente salvo. A libertação que ele tanto necessita das obras da carne só pode ser alcançada através de uma negação de si mesmo e uma total entrega às mãos do oleiro, que é Deus. Para negar estas verdades e impor seu sistema de indulgências, cuja finalidade sempre foi arrecadar fundos para as dioceses, o catolicismo romano jamais poderia fazer uso somente da Bíblia somente, por isso inventou a Tradição. Biblicamente, o verdadeiro método de santificação é:

1.    Fé na expiação: A obra de santificação acontece da mesma maneira que ocorre a salvação: pela fé. Os judeus, para justificarem-se diante de Deus dos seus pecados e para expiá-los, faziam constantes sacrifícios. Mas eram sacrifícios externos que não podiam mudá-los internamente. Com a Nova Aliança, a graça de Deus tomou o lugar da lei, de modo que pela lei ninguém pode ser justificado, mas pela graça que atua através da fé (Efésios 2:8,9). Esta fé, sem obras, poderia, segundo acusavam alguns, levar a pessoa a continuar na prática do pecado (Romanos 3:8; 6:1), mas Paulo afirma que os que morreram para o pecado devem viver segundo a graça, procurando não pecar mais (Romanos 6:2). A nova vida em Cristo Jesus (Mateus 6:24) exclui a possibilidade de uma vida de pecado, mas cobra uma vida nova, um novo proceder (Romanos 6:4). Ora, aquele que está morto[1] está justificado do pecado (Romanos 6:7). Aquele que está morto para o pecado, deve viver para Cristo (Romanos 6:9-11). Esta é uma obra que não parte de nós, mas da expiação de Cristo na cruz. Pelas suas feridas fomos sarados (1 Pedro 2:24), de modo que não há nada que façamos que nos justifique a nós mesmos, já que já fomos justificados. Ele morreu por nós sendo nós ainda pecadores (Romanos 5:8).

2.    Cooperação com o Espírito: Como já temos visto, é impossível que pela lei mosaica o homem seja justificado. Os católicos não seguem esta lei, mas criaram um conjunto de outras regras e dogmas para a justificação e a santificação, começando pelo batismo e pela caridade e culminando com a criação do Purgatório. O livro de Romanos trata sobre este assunto e assegura que pela lei nenhum homem será justificado. Não que a lei de Deus seja má, mas ela pode causar a inclinação pecaminosa da natureza humana. Paulo indica, na epístola aos Romanos, capítulo 7, que a lei revela o fato (v. 7), a ocasião (v. 8), o poder (v. 9), a falsidade (v. 11), o efeito (v. 10,11) e a vileza do pecado (vs. 12,13). O próprio Paulo, antigo observador cativo da lei, reconhece-se como miserável (v. 24, vide 6:6) e agradece por agora estar debaixo da lei de Cristo, que é a lei da graça (v. 25). Nós estamos mortos no pecado, isto é, condenados (Efésios 2:1; Colossenses 2:13), separados de Deus, e necessitamos morrer para o pecado, isto é, a santificação (Romanos 6:11), através de Cristo que morreu pelos nossos pecados (2 Coríntios 5:14; Gálatas 2:20). Morrer para o pecado não é uma obra que possamos realizar através de rezas, sacrifícios e mortificação ou indulgências, mas é uma obra realizada pelo Espírito Santo de Deus (Romanos 8:13). Esta obra conta com a nossa cooperação: viver e andar no Espírito, permitir que Ele atue, sem apagá-lo ou relegá-lo ao segundo plano em nossas vidas, dando mais ênfase ao ego e ao mundo. Cooperar com o Espírito Santo significa permitir que Deus opere sua vontade sobre a nossa vontade, suas decisões sobre as nossas decisões. Todavia, não é uma sinergia entre nós e Deus, mas só nos entregamos ao Espírito movidos pelo próprio Espírito.



2.5 Santificação completa


            Será que é possível para o homem alcançar a perfeição aqui na Terra? A resposta dependerá do que entendemos por perfeição. Os protestantes são acusados de quererem ser perfeitos, “santinhos”, julgando a todos os que não procedem da mesma forma. Para o catolicismo, ser santo pode significar uma perfeição tal como Maria alcançou, mesmo antes de nascer, por ser predestinada a ser mãe do Salvador. Mas se formos estudar profundamente o sentido de perfeição que a Bíblia ensina, veremos que em muito se distancia dos nossos padrões. Existe, segundo a Palavra de Deus, a possibilidade de sermos perfeitos, ainda que vivamos em um mundo de pecado.

1.    O significado de perfeição: A perfeição pode ser absoluta e relativa. Deus é absolutamente perfeito, pois não necessita ser melhorado em nada. Seus pensamentos e suas ações são sem erro. Ele é completo em todos os sentidos, por isso pode chamar-se de o Eu Sou. Deus é, não está sendo, se transformando para chegar a algum ponto de perfeição. Ao homem pertence a perfeição relativa. No Antigo Testamento, a palavra “perfeição” significa ser “sincero e reto” (Gênesis 6:9; Jó 1:1) e estava ligada ao desejo e determinação em fazer a vontade de Deus, apesar do pecado. Davi, mesmo com todos os seus erros, era um homem “segundo o coração de Deus”. No Novo Testamento, várias palavras são usadas para dar o sentido de perfeição: ser apto ou capaz para uma certa tarefa ou fim (2 Timóteo 3:17); algum fim alcançado por meio de crescimento mental ou moral (Mateus 5:48; 19:21; Colossenses 1:28; 4:12; Hebreus 11:40); um equipamento cabal (2 Coríntios 13:9; Efésios 4:12; Hebreus 13:21); terminar ou trazer a uma terminação (2 Coríntios 7:1); fazer repleto, cumprir, encher, nivelar (Apocalipse 3:2). Cada uma destas palavras deve ser usada dentro do seu contexto, mas todas elas indicam que há possibilidade de perfeição para o gênero humano. Esta perfeição – conforme o significado da palavra no Novo Testamento – é resultado da obra de Cristo por nós (Hebreus 10:14) e diz respeito a uma madureza espiritual em oposição às inclinações carnais (nossa infância espiritual: 1 Coríntios 2:6; 14:20; 2 Coríntios 13:11; Filipenses 3:15; 2 Timóteo 3:17). Ela é progressiva (Gálatas 3:3) e está presente na vontade de Deus, no amor ao homem e no serviço (Colossenses 4:12; Mateus 5:48; Hebreus 13:21). Mas a perfeição final do crente não é terrena; ela será alcançada somente no céu, onde não haverá mais necessidade de buscá-la, pois tudo será perfeito (Colossenses 1:28,22; Filipenses 3:12; 1 Pedro 5:10).

2.    Possibilidades de perfeição: A perfeição é efetivada em nós através do perfeito sacrifício de Cristo e da sua perfeita graça e justiça. Os sacrifícios da lei mosaica eram imperfeitos, incapazes de purificar o homem de seus pecados. Mas Deus, que é perfeito, morreu para nos salvar e nos conduzir a uma vida em santidade, conforme a sua imagem e semelhança. Mas não são todos os teólogos e pregadores que sustentam esta verdade. Alguns acham ser impossível alcançar tal perfeição. Por outro lado, alguns ficam num lado extremo, achando que o crente não peca mais. A posição mais correta seria a de que a salvação é perfeita e definitiva, bem como a santidade, mas que o cristão deve desenvolvê-las no decorrer da sua vida, o que podemos chamar de “crescimento espiritual”. O Novo Testamento sustenta um nível moral elevado, sendo dever do crente – movido pelo Espírito Santo – buscar esta perfeição (Filipenses 3:12; Hebreus 6:1). Esta santidade entra em confronto com a nossa natureza pecaminosa, uma vez que agora temos, também, uma natureza espiritual (Gálatas 5:17). Em contradição a isto temos a doutrina romanista da canonização pós-morte. Depois que a alma deixa o corpo, como poderá pecar? Como poderá buscar equilíbrio entre a natureza humana e a divina? Como o defunto buscará um nível moral elevado num contexto onde já não existem níveis de relacionamentos humanos capazes de proporcionar crescimento moral e espiritual?


2.6 Santos pecadores


Mesmo justificados e santificados, ainda existe a possibilidade do pecado, por isso a necessidade de vigilância (Gálatas 6:1; 1 Coríntios 10:12). Quando nos convertemos não nos tornamos super-humanos, com superpoderes, mas humanos com poderes sobrenaturais que fazem guerra dentro de nós para que não façamos apenas o que for da nossa vontade. É isto que nos difere dos demais: o ser humano comum, descrente, tem em si somente a natureza pecaminosa, carnal, terrena. Quando convertidos, passamos a possuir, também, uma natureza espiritual, celestial, divina. É este fator que nos torna santos, independente de nossa potencialidade humana. Não nós, “os protestantes”, mas todo aquele que crê (João 3:16).
Por termos nascido em pecado (Salmo 51:5) não temos como nos livrar de nossa carne, que está sendo constantemente provada (Gálatas 5:17; Romanos 7:18; Filipenses 3:8). Nosso conhecimento não é completo, mas repleto de lacunas que bem podem ser preenchidas por pecado, mesmo fruto de ignorância. Ainda assim, podemos manter-nos firmes no propósito de não pecar, resistindo à vontade da carne e às investidas do inimigo (Tiago 4:7; 1 Coríntios 10:13; Romanos 6:14; Efésios 6:13,14), permitindo que frutifiquem em nós os frutos da justiça (1 Coríntios 10:31; Colossenses 1:10) para que possuamos a graça, o poder do Espírito Santo e a perfeita comunhão com Deus (Gálatas 5:22,23; Efésios 5:18; Colossenses 1:10,11; 1 João 1:7).
Deus sabe da nossa natureza, sabe que somos seres falhos, nascidos em pecado e, por isso, estamos constantemente errando, mesmo que nossas inclinações sejam santas (Salmo 103). Por isso Ele nos proveu de algo que superasse nossos erros, que estivesse acima da nossa capacidade de autojustificação, que não partisse de nós, mas dele: o sangue de Cristo, que nos purifica de todo pecado e nos leva limpos para entrarmos na Sua presença (1 João 1:7; Filipenses 2:15; 1 Tessalonicenses 5:23).
Se santidade significa ser separado para o serviço de Deus e cumprir os seus mandamentos, como poderíamos fazer estas coisas estando já mortos? Como servir a Deus dentro de nossas covas? Estando no céu, já não temos mais o que fazer, a não ser adorá-lo pelos séculos. Lá Ele não necessita da nossa ajuda para nada. Ele tem os anjos, que são seus mensageiros ocasionais, tem a sua Palavra entregue aos homens, tem o Espírito Santo e tem seu Filho, o Verbo que se fez carne, além de nós, vivos, seus ministros.


3 Conclusão

           
            Como pudemos ver, é impossível equilibrar o ideal bíblico de santidade com as doutrinas da igreja católica. Crer na tradição católica romana é rasgar a Bíblia para se entregar às teorias doutrinárias dos papas e seus doutores. Como já dissemos, existem razões para a igreja romana manter a sua crença na canonização dos santos, na santificação após a morte e na purificação efetuada pelo e no purgatório. Se o fiel parar para pensar, verá que a doutrina da comunhão dos santos envolve o ser humano em todas as fases da sua vida religiosa: batismo, primeira comunhão, crisma, casamento, ordem, unção dos enfermos e penitência. Isto é: os sacramentos. São os sacramentos católicos os sinais praticados pelas autoridades eclesiásticas que prendem os fiéis a uma dependência total da igreja, envolvendo a pessoa até mesmo após a sua morte, pois ela continuará dependendo da igreja, das missas, das rezas, para aliviar suas dores no purgatório. Nem no silêncio do seu túmulo o fiel católico estará livre da sombra dos papas.
            Que Deus, pela operação do Espírito Santo, conduza os fiéis católicos à luz da verdade de Cristo, à salvação oferecida pelo seu sangue, à santidade de vida, não de morte. Que este texto alcance aqueles que estão cegos pelo pecado e pela Tradição católica. Que ele alcance, também, os crentes protestantes que acham que não precisam buscar a santidade diária em Cristo.


Bibliografia:

PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 1997.


[1] Morto aqui não é no sentido de “falecido”, mas morto espiritualmente para o pecado: nascer de novo.

MIZAEL XAVIER

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