Os
jornais noticiam: mais uma pessoa é queimada durante tentativa de assalto. Os
bandidos queriam dinheiro, mas a vítima tinha apenas R$ 100,00. Somado a outros
dois casos ocorridos em apenas dois meses no Estado de São Paulo, este ato de
crueldade nos leva a pensar se queimar as pessoas se tornou moda. Uma coisa é
certa: a crueldade dos bandidos, e entre eles menores de idade, parece não ter
limites. Mata-se uma pessoa como se mata uma barata, uma formiga. Ceifa-se uma
vida como se arranca um tumor maligno. Não importa se as vítimas possuem
famílias que as estão esperando, que dela dependem e que a amam. Não importa se
ela tem planos para o futuro, se é trabalhadora, se está estudando para
realizar-se na profissão dos seus sonhos, se está com casamento marcado... Nada
importa! Também não importa se for uma pessoa idosa ou deficiente, uma criança
indefesa, uma menina que saiu de casa para comprar pão na padaria.
Ao
que parece, não existem leis ou punições severas capazes de convencer os
bandidos do seu erro e da necessidade de respeitar o seu próximo. O respeito às
leis não está nas leis, mas no desejo das pessoas de respeitá-las ou não. E
elas não querem respeitá-las. As mortes violentas no trânsito causadas por
motoristas criminosos embriagados mostra que as leis de nada adiantam, as
punições, as multas. Eles continuam saindo bêbados das baladas, onde passaram a
noite inteira cosumindo drogas e álcool, sem se importar com quem está ao seu
redor, burlando as fiscalizações com consultas a sites e amigos que informam
onde está havendo blitz da polícia. Aceleram seus possantes, passam o sinal
vermelho, sobem em calçadas, invadem o que estiver no caminho e deixam um
rastro de morte e destruição.
Os
traficantes estão a cada dia mais cruéis e violentos. Matar, para eles, é como
ir ao banheiro defecar. A vida não vale nada, o futuro não vale nada, o
respeito não vale nada. Deste caos emergem os adolescentes, protegidos e
blindados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Eles parecem demonstrar um
grau de crueldade e violência muito mais elevado que a média. São sanguinários,
são monstruosos: espancam, estupram, esquartejam, queimam as pessoas, assaltam,
explodem, traficam, vandalizam, sempre protegidos pelas leis, sempre invocando
seus direitos como cidadãos vulneráveis. Não existem limites para eles, para
seus atos insanos de avassaladores. Eles metem medo, terror, pânico, insegurança...
Mas estão protegidos, ninguém pode tocá-los. Se durante um assalto a vítima
reagir e conseguir subjugar o adolescente por meio de violência, essa vítima
poderá responder a processo e ser presa, enquanto o adolescente seguirá feliz
em liberdade.
Diante
desses fatos, muitos podem afirmar que o mundo está cada vez pior e que o seu
fim está próximo. Que o fim do mundo está próximo é inegável, mas essa onda de
crueldade não é nova, ela existe desde que o ser humano caminha sobre a face da
terra. Mas existe uma questão que faz toda a diferença: o mundo tem se
convencido de que não existem valores absolutos, que não existe o certo nem o
errado, que não existe o bem e o mal, mas que tudo isso depende do ponto de
vista de cada um, das suas circunstâncias, sejam elas sociais, cultuais,
educacionais ou outras. Hoje, ensinar uma criança o caminho em que ela deve
andar é tido como um atentado violento à sua individualidade e sua liberdade.
Nunca foi tão difícil educar nossos filhos. Não se pode impor limites, pois
isto vai contra o estado de democracia; não se pode corrigir sob o risco de
parecer violento, seja por palavras ou ações. Dependendo do caso, os pais
acabam respondendo criminalmente por agressões, denunciados pelos seus próprios
filhos. E não estou falando de espancamento, cárcere privado, agressões
psicológicas sérias, mas de um simples tapa ou puxão de orelha.
Sem
valores morais absolutos, sem os valores espirituais que guiaram nosso modo de
ser durante séculos, sem a compreensão do que é certo e do que é errado, sem a
definição daquilo que é do bem e daquilo que é do mal, o ser humano é ensinado
que ele faz o seu próprio caminho, cria as suas próprias regras, constrói seu
próprio destino seguindo a sua vontade, o seu pensamento. Fazer o que quiser
parece ser o refrão de uma música revolucionária, que clama pela democracia,
que exalta a liberdade. Mas uma democracia que impõe-se sobre a vida dos
outros, uma liberdade construída sobre a desgraça de muitos. Somos vítimas da
democracia e da liberdade, que em nossa sociedade podem ser traduzidas como
anarquia e libertinagem. Somos vítimas diárias do desprezo aos valores, da
correção que deixamos de dar aos nossos filhos, dos limites que deixamos de
impor, do respeito à regra de ouro: não faça aos outros aquilo que não quer que
eles façam a você.
Se
não formos resgatados do cárcere do tipo de democracia que criamos e do tipo de
liberdade que nos impomos, sofreremos ainda mais. Se continuarmos educando
nossos filhos com a filosofia de que eles devem crescer a esmo, seguindo o
caminho que melhor lhes convir, continuaremos enfrentando a criminalidade e as
drogas. Se não nos convencermos do que é certo e do que é o bem, estaremos
sempre atolados no lamaçal do erro, do pecado, do ódio. Eis o que afirmo em meu
livro Memórias do silêncio: relatos e
reflexões de uma vítima do bullying.
Tratar
o certo e o errado de maneira relativista é colocar a arma nas mãos dos
bandidos, é dar aos agressores a justificativa que eles precisam para amparar
os seus atos. A culpa não é minha, mas
meus pais violentos me levaram a isto! Eu roubei, mas é culpa do sistema que
não supre as minhas necessidades mais básicas garantidas na Constituição. Eu
estuprei aquela menina, mas quando eu era criança também fui abusado e ninguém
disse nada. Eu surrei meu colega até quebrar uma costela dele, mas é que tenho
transtorno bipolar. Eu matei minha coleguinha, mas era ela ou eu; é a lei de
onde moro: ou mata ou morre. Ok! Estão justificados dos seus atos. Mas a
Bíblia faz clara distinção entre bem e mal e nos convoca a nos apartarmos
daquilo que é mal para que pratiquemos o bem (Salmo 37:27).
Reconhecer valores absolutos e
ensinar sobre o certo e o errado não é um atentado à democracia, à liberdade de
pensamento, à individualidade das pessoas. A própria Constituição Federal
garante que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer qualquer coisa,
“senão em virtude da lei”. Isto significa que existem parâmetros que devem ser
seguidos para que a democracia não se transforme na ditadura da liberdade, onde
as pessoas fazem o que bem entendem porque é o seu direito. Ou como diz a
música de Raul Seixas: “Faz o que tu queres, pois é tudo da lei.” Talvez seja
essa a sociedade alternativa que muitos buscam: uma sociedade sem leis morais,
sem valores, sem ética, onde cada um escolhe, de acordo como bem lhe convir e
conforme as suas circunstâncias, a ação que melhor lhe agrada.
A liberdade religiosa, por exemplo, garante a
todo cidadão escolher a sua religião, o seu deus e servi-lo e cultuá-lo da
maneira que bem entender. Mas será que essa liberdade religiosa pode envolver
sacrifícios humanos e abuso sexual de crianças? Será que é correto, em nome da
minha crença, introduzir diversas agulhas no corpo de uma criança, como um caso
ocorrido no Brasil há pouco tempo? Será que durante o culto ao meu deus,
espírito ou guia posso consumir substâncias entorpecentes proibidas por lei?
Lembro de um rapaz que ia à livraria onde eu trabalho em busca de um livro que
mostrasse a maconha como uma droga utilizada em certos rituais religiosos.
Muito provavelmente, ele queria justificar o seu consumo da droga e se livrar
de algum flagrante policial ao portar suas trouxinhas para consumo próprio.
É necessária uma urgente volta aos valores
familiares, ao respeito pelos pais e pelos mais velhos. É preciso retomar os
valores que o cristianismo bíblico trouxe para a nossa sociedade, como a
misericórdia, a caridade, o amor ao próximo, a prática das boas obras, a
submissão às autoridades, a oração, a pregação do Evangelho, a solidariedade, o
compromisso total com o bem, a castidade, a humildade, o serviço, o reconhecimento
de pecados seguido de arrependimento, a santidade de vida, o viver simples, a
partilha dos bens espirituais, a preservação da vida, o cuidado com a natureza,
o perdão, a fraternidade, a liberdade para fazer e ensinar aquilo que é
correto, o louvor a Deus, a gratidão, os laços familiares, a busca por coisas
elevadas e celestiais, o temor a Deus. Essas coisas precisam ser semeadas,
cultivadas para que possamos experimentar uma transformação real de mentalidade
e disposição do nosso coração. Sem essa intervenção dos valores éticos, morais
e espirituais ensinados na Bíblia, toda tentativa de vencer problemas como o bullying será frustrada.
Os
ativistas dos direitos humanos caminham na contramão dessas afirmações. Eles
não querem limites, eles não entendem que o limite da minha liberdade está na
liberdade do outro. Eles não nos permitem falar em sexo feminino ou masculino,
porque isso é impor a uma criança algo que ela não escolheu, mas que escolherá
quando for consciente. Eles não nos permitem afirmar que há um só Deus, pois
isso fere a crença dos politeístas. Eles não nos permitem pregar que a Bíblia
contém a verdade, os valores morais e espirituais corretos que todo ser humano
deveria seguir e respeitar. Em nome da liberdade, os defensores dos direitos
humanos permitem que esses mesmos seres humanos sejam vítimas de atentados
terroristas (religiosos, políticos e ideológicos, afinal, os terroristas tem
direito de manifestar seu ponto de vista do jeito que acharem correto), de
estupradores (pois para um estuprador, o que ele faz é correto e está no seu
direito), traficantes, assassinos, corruptos.
Se
sou contra os direitos humanos? Certamente que não. Mas também sou a favor dos
“deveres humanos”, dos limites à liberdade e à democracia, da educação baseada
em princípios, do conhecimento e da aplicação dos valores eternos da Palavra de
Deus, da valorização da família e das relações entre pais (pai e mãe) e filhos.
Onde está a família quando uma dupla de homens ou uma dupla de mulheres
constituem aquilo que chamam de lar e adotam uma criança como se fosse seu
filho? Onde está a liberdade que essas pessoas tanto pregam quando nos obrigam,
sob pena de prisão, a aceitar sua ideologia? Precisamos de Deus, precisamos de
fé, precisamos dos valores corretos, das crenças corretas antes que mais vidas
sejam ceifadas. Precisamos insistir na existência de valores absolutos, do
certo e do errado, do bem e do mal. O relativismo pregado pelo mundo é a causa
das nossas maiores desgraças. Adão e Eva relativizaram o mandamento de Deus e nós
continuamos a relativizá-lo.
Ainda
algumas questões: onde está o povo de Deus, que deveria pregar a verdade e ser
espelho para o mundo do modo correto de viver, se ser e de agir? Onde estão os
valores bíblicos defendidos em tempos idos pelos discípulos de Cristo? Onde
estão os luzeiros deste mundo, salvos e santificados para brilhar e iluminar as
trevas com as suas boas obras? Onde está o sal que deveria acrescentar sabor às
vidas insossas que estão sob o poder de Satanás e o domínio do pecado? Talvez
este povo esteja tão perdido dentro dos seus próprios interesses que se
esqueceu de olhar o mundo com os olhos de Cristo. Talvez a sua busca por
bênçãos e prosperidade seja muito mais importante que as prostitutas, as
crianças de rua, os drogados, os oprimidos, os injustiçados, os presidiários,
os enfermos, os famintos. Se o mundo não enxergar na igreja do Senhor a coisa
certa a ser feita, onde enxergará? Assim como Deus usou uma jumenta para falar
com Balaão, pode ser que use o mundo para falar com a igreja, enquanto esta
estiver cega, muda e surda.
Acordemos!
Mizael Xavier
08/06/2013
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Não amigo não é o mundo,somos nós que esquecemos do bem, e colhemos os frutos da nossa passividade, e isto a nível de Brasil...Estamos passando por um serio período de letargia moral! Esperamos por uma liderança por uma vós e por um norte, mas o norte são nossas vontades e e o líder somos nós!
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