quinta-feira, 27 de junho de 2013

PARNAMIRIM: BARULHO E SUJEIRA


           

               Morar na cidade de Parnamirim, Estado do Rio Grande do Norte, é ao mesmo tempo um desafio e um tormento. Além das péssimas condições em que a cidade vive e que fazem parte da realidade de todas as cidades brasileiras, no que diz respeito à saúde, educação, saneamento básico e segurança, existem problemas que passam desapercebidos da maioria da população. Não possuo dados estatísticos, mas creio que Parnamirim está bem colocada no ranque das cidades que mais consomem bebidas alcoólicas, pela quantidade de bares e cigarreiras improvisadas nas calçadas e nos canteiros espalhados pela cidade inteira. Não importa o dia nem a hora, esses pontos de venda de bebidas alcoólicas estão sempre cheio de fregueses bebendo. E o que essa bebedeira traz de bom para quem bebe, para suas famílias e para a cidade? Nada! Quem paga a conta das consequências? Todos, principalmente quem não tem nada a ver com a história.
            Outro problema sério é a sujeira. Pessoas que jogam lixo pelas ruas, motoristas, cobradores e passageiros de vans e ônibus que jogam lixo pelas janelas dos veículos. As ruas estão sempre sujas, imundas, abarrotadas de garrafas de bebidas, sacolas plásticas e outros resíduos. O que se pode perceber é que jogar lixo nas ruas é como espirrar, tossir, respirar. Carroceiros amontoam lixos pelos cantos, moradores jogam seu lixo doméstico em local não apropriado. A cidade é um verdadeiro chiqueiro. Embora o serviço de garis seja bastante precário, a prefeitura não pode ser de todo culpada, pois o carro de lixo passa regularmente em todas as ruas. O problema é que as pessoas realmente podem sofrer um infarto ou cometer suicídio se não jogarem um papel que seja pelas ruas. Faz parte da cultura de Parnamirim, uma cultura podre.






            Além disso, embora a prefeitura esteja aos poucos saneando a cidade, a água servida nas ruas é uma realidade até mesmo no centro. Rios de água podre correm pelos meios-fios e se espalham pelas ruas, formando poças e lagoas de imundice. Moscas, baratas, muriçocas e ratos são apenas algumas das consequências dessa ação inconsciente, além de todas as doenças que eles proporcionam. Sem falar no fedor! Parnamirim é uma cidade fedorenta. Durante vários meses, a cadeia improvisada de Rosa dos Ventos lançou a água da sua fossa na rua, apodrecendo a vida de todos os moradores que vivem por perto. Mesmo com o saneamento, o costume de jogar água servida na rua permanece, como o costume de fazer fogueiras para queimar lixo. Outra questão delicada. Fedor, fumaça, podridão.
            O pior de Parnamirim talvez seja aquilo que parece ser a marca registrada desta cidade: a POLUIÇÃO SONORA. Logo cedo, os moradores são acordados com carros de som que anunciam diversos produtos e promoções. Ultimamente, os piores e mais barulhentos têm sido os carros que vendem água mineral e gás de cozinha (É o Chiquinho do gás, é?). Na entrada das lojas, nas casas, nos bares e em qualquer outro lugar, o som ligado em altura insuportável perdura durante o dia inteiro. Seres acéfalos equipam seus carros com sons de potência ensurdecedora e contribuem com sua parte. Nos finais de semana ou quando eles bem entendem, as boates e casas de show, ou mesmo o churrasquinho na esquina, promovem algazarras, com shows que varam a madrugada, sem qualquer isolamento acústico. Quem quiser, que aguente. Se não gostar, que se mude. Como se isso não fosse crime! Parnamirim é a cidade do barulho eterno.




            O que se entende disso? Que alguns moradores desta cidade não possuem o mínimo respeito pelo próximo. No momento em que escrevo estas linhas, bombas de Seu João explodem lá fora. Não aquelas bombinhas, mas verdadeiras bombas de efeito imoral. Não crianças, mas adultos promovem a balbúrdia! Não importam os idosos, os cardíacos, os trabalhadores cansados de um dia de trabalho, as gestantes, os doentes, as criancinhas que dormem, os cachorros com o ouvido sensível. Não importa nada! Eles querem soltar sua bomba e acabou. Onde está a justiça que se busca nas passeatas? Se essas pessoas não possuem o mínimo respeito pelo próximo, como saberão votar? Que moral esses cidadãos têm para falar dos seus direitos? Se não sou capaz de respeitar o direito do meu vizinho, o meu lugar é na cadeia! E as fogueias de Seu João? Uma cultura terrível que deveria ser eliminada. Se numa rua tiverem vinte casas, serão vinte fogueiras! Fumaça invadindo os pulmões mesmo de quem não gosta, de quem possui alergias, problemas pulmonares. Falta de respeito pelo próximo!
            Infelizmente, a nossa infância, adolescência e juventude têm o seu caráter forjado nas letras das músicas da banda Grafith, Ferro na Boneca, Cavaleiros do Forró, Banda Montagem, entre outros deterioradores de massa cefálica e exterminadores de neurônios. Do que tratam essas músicas (peço já desculpa por denominar isso de música)? Trata de apologia à: PROSTITUIÇÃO, USO E ABUSO DE ÁLCOOL, VINGANÇA, ÓDIO, PRECONCEITO, REBELDIA, DESTRUIÇÃO DA FAMÍLIA, ADULTÉRIO, USO DA VIOLÊNCIA, VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, etc. E se contarmos aquelas que não estão na mídia, mas são ouvidas do mesmo modo, como alguns funks importados do Rio de Janeiro, como já tive a oportunidade de escutar alguém ouvindo: DROGAS, BANDITISMO, VANDALISMO, VIOLÊNCIA CONTRA A POLÍCIA, ASSASSINATO e por aí vai. São essas informações que constroem o conhecimento, que forjam o caráter e que produzem as atitudes da maior parte das nossas crianças, adolescentes e jovens. E o que é pior: todo mundo trata isso como se fosse normal, legal, correto, irado... Uhu!



            Já tristemente me convenci dessa dura realidade. Com certeza alguém me dirá: Se você não gosta de Parnamirim, vá morar em outro canto! Mas eu retruco: é isso o que os cidadãos que sujam a cidade, os que promovem a poluição sonora e os que cultivam jovens idiotizados desejam, que pessoas que se incomodam com isso saiam. Aquelas pessoas que aceitam viver na sujeira, com moscas varejeiras voando sobre as suas cabeças enquanto os seus filhos estão nas esquinas perigosas de Parnamirim é que dizem: Saia! Aqueles que não querem ver uma cidade limpa, onde as pessoas se repeitem, onde haja qualidade de vida, onde nossos filhos pratiquem coisas saudáveis e dignas é que gritam: Vá embora! Aqueles sem a mínima noção de cidadania, de amor ao próximo, de deveres do cidadão, de “cultura” é que ordenam: Vá morar noutro canto! E aqueles que praticam todas as coisas que relatei aqui talvez estejam doidos para me ver pelas costas, estejam incomodados, rangendo os dentes e pensando mil coisas que Deus abençoe que jamais aconteçam.
            E eu pergunto: onde estão as autoridades? Então lixo pelas ruas, água podre escorrendo por todos os lados, poluição sonora e músicas que fazem apologia a tudo aquilo que atenta contra a moral e a dignidade humana não são coisas erradas? Poluição sonora deixou de ser crime ambiental? O nome disso é DESCASO. Na verdade, não são apenas as autoridades públicas de Parnamirim que são omissas; todas no Brasil inteiro são. Quanto mais ignorantes as pessoas forem, mais caladas e conformadas elas ficarão diante do quadro de corrupção em que vive o nosso País. Quanto mais Ferro na Boneca e menos livros, melhor! Quanto mais bares e menos escolas, melhor! Quanto mais bêbados os cidadãos forem, menos consciência terão dos seus direitos e deveres. Não é de espantar que marcas de cachaça e cerveja estejam patrocinando os esportes, inclusive os JERNS! E por falar nisso, quanto mais as pessoas olharem para a bola, menos olharão para o que os corruptos aprontam pelo Brasil a fora.




            Parnamirim também não tem calçadas e as poucas estão interditadas pelo comércio, por canteiros ou barreiras. Idosos encontram dificuldades de se locomover nas calçadas de Parnamirim, mães empurrando carrinhos de bebês também, de igual modo deficientes físicos em cadeiras de roda. Um exemplo é a calçada em frente ao restaurante Boi na Brasa, na rua Pedro Bezerra Filho, mais conhecida como “rua da Bonor”. Os carros dos clientes estacionam tomando toda a calçada, obrigando os pedestres a passarem pela rua, que é movimentada, com alternativos e ônibus que trafegam em grande velocidade e também muitos carros. É arriscar a vida ou parar no meio do caminho.
            Quando nossa cidade irá parar de respirar lixo e sujeira? Quando poderemos dormir sossegados? Quando poderemos andar em paz pelas ruas após o pôr do sol? Quando poderemos ter realmente uma cultura que não seja o tipo que incentiva nossos jovens a beberem e a se tornarem promíscuos? As pessoas fizeram passeatas para protestar contra o aumento da passagem de ônibus, certamente porque o aumento doeu no bolso. Mas precisamos fazer passeatas, também, para protestar contra aquelas coisas que doem no coração e na mente. Cidade limpa com pessoas que se respeitam! O direito de não ser obrigado a ouvir banda Grafith! Ou o direito dos grafiteiros de não ouvirem o que não querem. Ambos se respeitando.
            Sonho com uma Parnamirim de ruas limpas e sossegadas, onde se possa dormir em casa tranquilo ou até mesmo pensar, raciocinar, estudar, meditar. Sonho com as nossas crianças, adolescentes e jovens experimentando o que realmente é cultura, longe das ruas e das drogas, longe das músicas que ensinam que eles podem fazer o que quiserem sem respeitar ninguém. Sonho com adultos conscientes não somente de seus direitos, mas também seus deveres, entendendo que o direito de um termina quando começa o direito do outro. Não, isso não é o paraíso, mas algo muito mais simples: EDUCAÇÃO. Sim, educação que começa em casa, baseada em valores nobres, no amor, na fraternidade, na Bíblia. Valores que não custam dinheiro algum, mas apenas a boa vontade e a consciência de uma cidade que precisa mudar. E rápido!
            Alguém tinha que falar...

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