CONHECENDO A VONTADE
DE DEUS
Este último capítulo, além de
corroborar com todas as qualidades já citadas para compor o perfil da pessoa
ideal (adequada), pretende fornecer uma resposta definitiva a duas questões
importantes: (1) Se não existem almas gêmeas, como saber quem é a pessoa certa?
Como saber se esta ou aquela pessoa é adequada para um relacionamento amoroso
duradouro? (2) Deus tem uma pessoa especial para cada um de nós, alguém que ele
já determinou e que só precisamos encontrar um ao outro? Se sim, como saber ao
certo quem ela é? Se Ele não nos reservou ninguém especial, como fazemos para
encontrar o amor verdadeiro? Estas questões envolvem aqueles que não possuem fé
em Cristo, mas acima de tudo aqueles que creem nele e desejam estar no centro
da vontade de Deus em todas as áreas da sua vida, incluindo a amorosa. Além
disso, é confortável saber que tal pessoa foi enviada por Deus pra nós, pois
isso traz segurança à relação e a certeza de que Deus está aprovando e ao mesmo
tempo no controle de todas as coisas, mesmo quando tudo parece um caos na
relação.
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A pergunta que não
quer calar
Eis a pergunta que não quer calar.
Como eu disse, não existe nada melhor que saber que aquela pessoa por quem nos
interessamos é a escolhida de Deus para fazer parte da nossa vida. No
catolicismo romano, existe a crença em “Santo Antônio casamenteiro”. Os fiéis
católicos fazem rezas, novenas, promessas e simpatias em nome de Santo Antônio
para conquistar um bom matrimônio. Mas se você é evangélico, provavelmente foi
ensinado que é necessário orar para que Deus lhe envie um marido ou esposa,
confirmando essa pessoa através de sinais interiores (o sentir do coração) ou
exteriores. Existem diversas situações em que essa metodologia é empregada. Por
exemplo: um rapaz e uma moça se conhecem e se aproximam. Então eles, se forem
crentes fervorosos, começam a orar um pelo outro, pedindo que Deus confirme (ou
não) o seu namoro e seu possível casamento. Já conheci casais que se uniram
somente após essa confirmação. Em um dos casos, a irmã não estava interessada
no irmão que a cortejava. Então ela orou para que Deus mudasse o seu coração e
fizesse com que ela se apaixonasse por ele. Um casamento de poucos anos parecia
confirmar a direção divina, acima de tudo com o nascimento de um filho. Mas não
tardou para que ela abandonasse o irmão e se casasse com outro.
Aquela irmã rebelou-se contra Deus
ao abandonar o seu casamento e trocar o seu “escolhido” por outro? A grande
questão permanece: Como saber se tal pessoa é da vontade de Deus para mim? Como
Maria saberá que João é o escolhido de Deus para ser o seu amado esposo? Como
João saberá que Maria é a esposa certa para não cometer o erro de se casar com
a mulher errada e vir a se arrepender mais tarde? A saída apresentada desde
sempre, como já afirmei, é a oração e a confirmação. No tempo certo, a pessoa
certa de Deus virá. A nós cabe apenas orar e esperar. Ouvi um relato sobre uma
irmã que recebera uma “profecia” em que o suposto profeta lhe dissera que Deus
havia preparado um homem para ela, que ele viria de longe e que ela deveria
esperá-lo chegar. Os anos se passaram, e a irmã, sozinha e frustrada, continua
a esperar o prometido de Deus. Assim como ela existem muitas outras pessoas,
que além da frustração, revoltam-se contra Deus, abandonam a fé e acabam se
entregando a qualquer um, porque cansaram de esperar. Outras simplesmente
morrem solteiras e esperando.
A problemática-chave nesta questão é
uma só: não existe em lugar algum da Bíblia qualquer direcionamento – direto ou
indireto – nem qualquer tipo de ensino – objetivo ou subjetivo – que sustentem
a crença de que devemos orar para que Deus indique, revele e confirme a pessoa
com quem iremos nos casar. A única mulher criada especialmente para um homem e
um homem dado especialmente a uma mulher foram Eva e seu marido, Adão. A partir
daí, homens e mulheres se casavam e se davam em casamento (isto está sugerido
em Mateus 22:30). A Bíblia nos traz diversas orientações sobre o que é o
casamento (Gn 1:26-28; 2:24,25; Mt 19:6; 2 Co 6:14) e como marido e esposa
devem se comportar nele (Hb 13:4; Ml 2:15,16; Ef 5:22-33), mas não informa que
Deus unirá duas pessoas específicas. Embora saibamos que a vontade soberana de
Deus e sua presciência possam unir um casal, não somos orientados de forma
alguma a empreender essa busca. Existem sete bilhões de pessoas no planeta
Terra. Deus nos dá liberdade para escolher, entre uma delas, aquela que iremos
amar.
Salomão nos ensina: “O que acha uma esposa
acha o bem, e alcançou a benevolência do Senhor” (Pv 18:22). Só acha quem está
procurando. E não é “a esposa”, mas “uma esposa”, alguém especial dentre todas
as mulheres, para quem o nosso coração devotará uma atenção especial. Ter uma
esposa – ou um marido – é uma bênção de Deus! O que podemos aprender através da
Palavra de Deus sobre como escolher alguém que seja da sua vontade, são os
princípios bíblicos que devem nortear as nossas escolhas em qualquer situação.
Se desejo empreender uma viagem, fazer tal curso universitário, escolher uma
profissão ou aceitar uma promoção na empresa, orar colocando cada situação
dessas sob o cuidado e o controle de Deus é a primeira coisa a ser feita.
Mas como posso saber o que Deus pensa a
respeito da minha viagem? Como ter certeza de que Ele está apoiando a profissão
que escolhi? Como saber ao certo se aceitar a promoção é a sua vontade para a
minha vida? Essas são questões muito parecidas com: “Como saberei se João é o
homem da minha vida?”; ou: “Será que devo mesmo namorar Maria?”. O que fazer?
Orar e esperar por tempo indeterminado a resposta divina? Esperar que algum
“profeta” sinalize positivamente para nós? De repente, visões, revelações e
sinais vindos de terceiros apontam na direção errada e podem nos colocar numa
fria conjugal. Eis o grande problema: Deus não nos ensina isso! Sobre fazer uma
viagem, por exemplo, a Bíblia não nos orienta a perguntar a Deus se devemos ir
ou não, partindo somente após receber algum tipo de confirmação. O que Tiago
nos orienta, inspirado pelo Espírito Santo, é que não devemos ter qualquer
certeza que exclua a pessoa de Deus, como se fôssemos capazes de controlar o
nosso hoje e o nosso amanhã (Tg 4:13-17). Em todos os nossos projetos de vida,
devemos dizer: “Se o Senhor quiser, não só viveremos, como faremos isto ou
aquilo” (v. 15). Assim: “Se Deus quiser eu me casarei com Aline e seremos muito
felizes”. E então: namorar, noivar e casar, com a graça de Deus!
As três formas
erradas de confirmação
Antes de partirmos para os
princípios bíblicos que devem nortear todas as nossas escolhas e decisões,
incluindo um marido ou esposa, desejo fazer três observações. Em primeiro
lugar, podemos estar certos de que aquilo que não for da vontade de Deus para nós,
de uma forma ou de outra Ele afastará da nossa vida ou não permitirá que
cheguemos a possuir. Deus cuida de nós. O problema está na nossa rebeldia,
quanto insistimos em viver no erro, em fazer aquilo que já está bastante claro
que não é da vontade de Deus. Neste caso, haverá um preço a ser pago, que nada
mais é que uma consequência por permanecermos deliberadamente no erro. Com
relação a um relacionamento amoroso, embora não tenhamos uma certeza bíblica
que tal pessoa é para nós, temos os princípios que iremos estudar. Se, apesar
de todos eles, insistirmos em buscar o oposto, também teremos que conviver com
as consequências da nossa escolha. O sofrimento, neste caso, será pedagógico,
virá para nos corrigir e nos levar a acertar na próxima oportunidade.
Em segundo lugar está o nosso
coração. Alguns cristãos insistem que a confirmação de Deus vem de dentro do
nosso coração, quando sentimos paz com relação a algo ou sentimos lá no fundo
que há uma direção de Deus. Todavia, não existe apoio bíblico para esse tipo de
coisa. Deus não nos manda usar o coração como uma bússola pra decidirmos o que
fazer e para onde ir. Muito pelo contrário: a Bíblia nos ensina que o nosso
coração é mais enganoso do que todas as coisas (Jr 17:9; Ec 9:3). Todos os
nossos pensamentos maus e os piores desígnios procedem dele (Mt 7:21,22). Mesmo
um coração regenerado por Deus ainda guarda a semente do pecado e pode nos
tentar a fazer o que Deus desaprova (Tg 1:14,15). Desse modo, o coração humano
não pode servir de árbitro da vontade de Deus. Se desejamos muito algo – ou
alguém –, é claro que sentiremos paz se tudo estiver de acordo com o que
esperamos, se saírem conforme planejamos. Quando estou apaixonado por alguém,
claro que sentirei paz dentro de mim, claro que encontrarei motivos para dizer
que é da vontade de Deus. Caso algo não esteja indo bem, a maior desculpa é que
são barreiras levantadas pelo inimigo para me fazer desistir.
Em terceiro lugar, alguns chegam a
afirmar que “as bênçãos do Senhor não acrescentam dores”, uma citação de
Provérbios 10:22. O objetivo é o contrário do primeiro: se existem barreiras,
se os pretendentes a casais estão enfrentando lutas para ficarem juntos, se não
sentem paz, significa que Deus não está abençoando. Ou seja: é um claro sinal
de que devem desistir, de que sofrerão se continuarem a investir na relação. Mais
uma vez colocamos em nossas próprias mãos o poder de decidir o que é de Deus ou
não, quais situações estão sob o seu direcionamento e quais não estão. Esse
também é um modo totalmente incorreto de interpretar a vontade de Deus e de
aplicação do texto bíblico. Em que momento o Senhor nos prometeu que neste
mundo não passaríamos aflições, que existiriam situações em que não haveria dor
e sofrimento? Qual apóstolo abençoado por Deus não sofreu dores? Tal pensamento
está mais ligado ao movimento de batalha espiritual e à Teologia da
Prosperidade, que negam o sofrimento ou ensinam que ele não parte de Deus, mas
do diabo. Que relacionamento jamais teve dores? Logo, sentir paz ou a ausência
dela não é uma bússola segura para decidirmos se isto ou aquilo é ou não da
vontade de Deus para a nossa vida.
Princípios
bíblicos para saber a vontade de Deus
Os
catorze princípios que apresento a seguir irão lhe ajudar a sair do terreno
pantanoso do seu coração e do seu achismo
para buscar respostas concretas no terreno sólido da Palavra de Deus – a
Bíblia. Se você pretende encontrar alguém para amar ou se já tem alguém em
vista e está sinceramente preocupado com a vontade de Deus para a sua vida e o
seu possível relacionamento, esses princípios servirão como um mapa seguro ou
um pequeno manual de instruções. Mesmo que você não comungue da fé cristã nem
aceite a Bíblia como revelação da vontade de Deus para todos nós, esses
princípios o ajudarão a escolher alguém que possua no mínimo um caráter
valoroso e temente a Deus, alguém que trará para o relacionamento os princípios
e valores eternos de Cristo. O que você irá avaliar através destes princípios?
1.
As suas motivações e intenções com
relação à pessoa com quem pretende se relacionar ou com quem já estiver se
relacionando. Essas podem ser presentes ou futuras.
2.
As motivações e intenções da pessoa
que está querendo se relacionar com você ou já esteja se relacionando. Estas
também podem ser presentes ou futuras.
3.
A qualidade do seu relacionamento: o
que fazem, o que falam, seus sonhos e planos, a sua intimidade. Se ainda não se
casaram e já existe uma intimidade sexual, por exemplo, já é um indício de
afastamento do ideal de Deus.
4.
O caráter da pessoa alvo do seu amor,
demonstrado através do seu comportamento, acima de tudo com relação a Deus.
5.
A maneira como você é tratado.
6.
Os objetivos em comum.
O
princípio da glória de Deus
Tudo o que
pensarmos, planejarmos e executarmos precisa ter em vista a glorificação do Nome
de Deus. A nossa própria salvação não é para o nosso deleite, mas para o louvor
da glória do Senhor (Ef 1:4-6). Então devemos nos perguntar: Deus será
glorificado através deste relacionamento? (1 Co 10:31-33). Precisamos admitir
que a maioria das nossas ações diárias visam tão somente os nossos interesses e
a nossa felicidade. Queremos nos casar para sermos felizes, para constituir uma
família, para nos dedicarmos a alguém e para alcançar outros motivos não tão
corretos. Então não nos importamos tanto com o que Deus pensa ou se a pessoa
que escolhemos para nos relacionar é do seu agrado. Também não nos importamos
como deveríamos se o tipo de relacionamento que mantemos hoje e os nossos
planos para o futuro irão de algum modo ofender a Deus. Se o nosso sincero
objetivo numa relação é satisfazer o nosso ego, se ela de alguma forma ofende a
santidade de Deus, já não precisamos mais orar nem buscar por sinais, pois está
bastante claro que não é o tipo de relação que Ele aprova. Um relacionamento
que glorifica a Deus observa os pontos que veremos a seguir.
O
princípio do cristocentrismo
A nossa vontade não
deve ser aquilo que satisfará ao nosso ego. Não podemos exigir de Deus algo ou
impor a nossa vontade. Em tudo o que fazemos o centro deve ser o Senhor Jesus.
Se não levarmos em conta o seu senhorio e os seus mandamentos para nós, jamais
estaremos no centro da vontade de Deus (Ef 1:9-10). Logo, qualquer pessoa ou
relação que nos tire dessa direção, não vem de Deus. Eu acredito firmemente que
o crente em Cristo Jesus deve encontrar para namorar e casar alguém que
comungue da sua fé, que possua o Espírito Santo e sirva a Deus. Portanto, orar
a Deus perguntando se aquela pessoa sem compromisso algum com o Evangelho é da
vontade de Deus para o crente, é desnecessário, pois a resposta já está clara.
São visões diferente de mundo que não podem se adequar uma a outra. Quando
tentamos fazer essa adequação, acabamos nos distanciando do caráter de Cristo. Em
um relacionamento cristocêntrico existe o amor a Deus acima de todas as coisas
e a prática deste amor, o que envolve obediência aos seus mandamentos (Jo
14:15,21; 1 Jo 2:3; 5:3; 2 Jo 1:6). Se o relacionamento levará ao risco de
ferir esses mandamentos, não é cristocêntrico e não procede de Deus.
O
princípio da santidade
Nossas escolhas e
decisões devem levar em conta a santidade de Deus e da sua Palavra. A nossa
mente e o nosso coração precisam estar impregnados dos seus valores éticos e
morais eternos e imutáveis (Fp 4:8). A vontade de Deus está explicitamente revelada
em 1 Tessalonicenses 4:3: a nossa santificação. Assim, todas as nossas escolhas
devem preservar a santidade que o Senhor nos deu. Muitas relações são ilícitas
e levam à prática da imoralidade, desvendando, assim, se são da vontade de Deus
ou não. Podemos avaliar se um relacionamento amoroso é da vontade de Deus
observando se ele exala santidade e conduz a ela. Atualmente, mesmo os crentes
mais sinceros tem aberto mão de certas prerrogativas morais da Palavra de Deus.
Isso tem levado, por exemplo, à fornicação, ao sexo antes do casamento, talvez
para se adequarem às regras do mundo. Se existe esse tipo de relação antes do
casamento, ele não é santo como Deus espera que seja. Caso uma mulher comece a
namorar um irmão em Cristo que insinua práticas libidinosas, é um importante
indício que esse irmão não preza pela santidade. Se não houver arrependimento,
mas reiteradas insistências, é um sinal de que essa relação não está nos
padrões da vontade de Deus. Portanto, alguém de Deus para a nossa vida é alguém
que deseja andar como Cristo andou.
O
princípio da edificação
É preciso
conhecimento bíblico e discernimento para compreender que nem tudo que parece
bom vai nos edificar. Nem tudo o que reluz é ouro. Devemos priorizar aquilo que
servirá para o nosso crescimento espiritual e para nos manter no centro da
vontade de Deus, não nos afastar dela (1 Co 6:12-19). O que buscamos quando
buscamos alguém para fazer parte da nossa vida, acima de tudo de uma forma tão
profunda como uma relação amorosa, é alguém que venha somar, que acrescente
algo de bom à nossa vida. Ninguém em sua sã consciência procura alguém que lhe
faça perder algo, desaprender, sofrer, passar privações ou ser conduzido a uma
vida de pecados. O amor deve nos edificar. O amor edifica (1 Co 8:1). Se não
edifica, antes, pelo contrário, destrói a nossa vida, não vem de Deus, não é da
sua vontade para nós. Salmo primeiro fala de alguém que se senta na roda dos
escarnecedores e se detém no caminho dos pecadores (v. 1). Esta pessoa jamais
será feliz e em breve perecerá (vs. 4-6). Mas aquela que tem o seu prazer na
lei do Senhor, será alimentada por ela e dará frutos (vs. 2,3). Que tipo de
pessoa Deus aprovará para ser marido ou esposa de alguém que é temente a ele:
aquela que não possui compromisso algum com a sua Palavra, mas que escarnece da
sua Lei ou aquela que ama os seus mandamentos e edificará a nossa vida como um
todo?
O
princípio da soberania
As nossas escolhas
devem levar em conta a soberania de Deus e o fato de que é Ele quem comanda a
nossa vida, não nós (Fp 2:13). A Bíblia nos ensina que não podemos saber nada
sobre o amanhã e que todas as coisas estão sujeitas ao mover de Deus. Logo,
estamos livres para fazer escolhas e tomar decisões baseados em tudo o que
temos visto aqui. Todavia, não podemos jamais expressar uma certeza quanto a
tudo que pretendemos fazer, mas dizer que “se Deus quiser” faremos isso ou
aquilo (Tg 4:14-16). Podemos estar certos de que Deus não permitirá que levemos
adiante uma relação que não é da sua vontade, como também podemos estar certos
de que sofreremos se insistirmos em permanecer nela, mesmo já estando claro que
não é da vontade de Deus. Como entender essa vontade é o que estamos estudando
aqui. Por mais que estejamos apaixonados, por mais que, de um ponto de vista meramente
humano, alguém pareça o parceiro ideal, não adiante impor coisa alguma a Deus
nas nossas orações, determinar que tal pessoa será nossa, exigir que Deus
aprove a nossa escolhe e nos dê a sua bênção. A vontade soberana do Senhor
sempre será a melhor e a única correta. Esta vontade envolve princípios e
valores eternos, santos e justos que a sua Palavra nos ensina. Ir contra isso é
plantar vento para colher tempestades mais adiante. E é isso que muitos fazem:
não se importam com a natureza e a qualidade da pessoa com quem estão-se
relacionando. Topam qualquer coisa. Com o tempo essa coisa se transforma em um
grande problema. Aí pode ser tarde demais.
O
princípio da submissão
Tomando por base a
soberania de Deus, o fato de não sabermos o que é melhor para nós, além de
buscarmos aquilo que glorifique o seu Santo Nome, devemos submeter todas as
nossas escolhas, plenos e sonhos à sua soberana vontade. A começar pela nossa
própria vida que precisa estar sempre submissa a Deus, as nossas orações e as
nossas decisões não podem excluir a declaração “seja feita a tua vontade”, como
o Senhor nos ensinou, em Mateus 6:10 e como Ele mesmo orou ao Pai em Lucas
22:42. Deus nos ouve quando pedimos algo conforme a sua vontade (1 Jo 5:14,15).
Esta submissão envolve, acima de tudo, conformidade com a sua Palavra, ou seja:
obediência aos seus mandamentos. Querer encontrar um grande amor sem se
submeter ao que a Bíblia entende como pessoa ideal de Deus para nós, significa
impor a nossa vontade sobre a vontade de Deus. Quando nos submetermos àquilo
que Deus pensa e quer, podemos estar certos de que fazemos o que é certo. Isso
também envolve a nossa atitude durante a relação. Dependendo do nosso
comportamento, podemos nos revelar a pessoa errada para a pessoa certa. Lembremos:
não somos apenas nós que buscamos a pessoa ideal no outro, mas o outro também
busca a pessoa ideal em nós. Se queremos alguém para nos relacionar que seja da
vontade de Deus, precisamos, também, agir como alguém de é da vontade de Deus
par a outra pessoa. E isso se consegue por meio da fé em Cristo e da total
submissão a Deus e à sua Palavra.
O
princípio do bem
As nossas escolhas
e decisões devem produzir o bem, jamais o mal. Nada do que pretendemos fazer
pode prejudicar alguém de alguma forma (1 Pe 2:15; Tg 4:17). Precisamos avaliar
as nossas motivações naquilo que colocamos diante de Deus, perceber se existe
algum sentimento egoísta, mesquinho, ganancioso ou vingativo que possa
prejudicar alguém. Nem sempre aquilo que é bom para nós será também para os
outros. Pode ser que aquilo que tanto imploramos a Deus não trará benefício
algum ao nosso casamento, muito pelo contrário. Esta é, então, uma indicação de
que não é da vontade de Deus. Não podemos buscar para nós aquilo que representa
maldição para outros (Hc 2:9,10). E é justamente o contrário que acontece na
vida de muitas pessoas, inclusive crentes: procuram para se relacionar pessoas
que fogem totalmente ao padrão de Deus, pessoas envolvidas com alcoolismo,
drogas ou atividades ilícitas. Assim, além de buscarem o que não é o bem, mas o
que é mal, transformam o seu relacionamento num mal para si próprias e para a
sua família. Este é o momento de ouvir a voz dos pais e da razão, de se
distanciar daquele indivíduo problemático, que só atrai o perigo e situações
destrutivas. Mais uma vez repito: não se trata de desprezar alguém porque
possui defeitos, mas de evitar situações que vão muito além dos defeitos. Um
homem que começa sua relação com uma mulher agredindo-a com palavras, em breve
a agredirá com socos e pontapés. Uma mulher que começa um relacionamento com um
homem deixando claro que não abandonará a vida noturna por causa do casamento,
certamente continuará assim, produzindo grande mal à relação. Não podemos
buscar o que é mal nem podemos ser o que é mal.
O
princípio da solidariedade
Os pedidos que
fazemos geralmente são voltados apenas para aquilo que nos trará benefício.
Mesmo quando incluímos algumas pessoas – a família, por exemplo – o nosso
objetivo sempre se demonstra egoísta. Se pensarmos em termos das pregações e
orações triunfalista de profetizar bênçãos e exigi-las de Deus, essa verdade
tende a piorar. Se queremos saber se as nossas orações e os nossos projetos
estão de acordo com a vontade de Deus, precisamos submetê-los ao escrutínio da
solidariedade. Nada deve beneficiar somente a nós, mas o maior número de
pessoas possível (Tg 4:2-4; 1 Co 10:24,33; Rm 15:2; Fp 2:21). Pedir mal, com
interesses mesquinhos, é um indicativo de estarmos agindo contra a vontade de
Deus e, por isso, não sermos atendidos. Da mesma forma, relacionar-se com
alguém por quem estamos apaixonados e desejamos casar, pode não dar certo se
não pensamos neste princípio. Por exemplo: a menina começa a namorar um rapaz
que a família – por motivos diversos e muitas vezes óbvios – não aprova. Ela,
porém, insiste na relação, mesmo percebendo o mal que causará a toda a sua
família, acima de tudo os seus pais. Ela não está preocupada com o bem-estar de
quem está à sua volta, mas apenas com o seu. O resultado pode ser visto nas crônicas
policiais, quando o namorado ou marido agride os familiares da companheira,
chegando mesmo a assassiná-los. Embora sejamos nós que iremos nos casar com
alguém, em algumas situações devemos ouvir a voz da razão, dos nossos pais e
amigos; parar para pensar se a nossa relação representará algo bom para quem
nos ama ou se atrapalhará a nossa relação com as outras pessoas. Por isso é
importante que cada um desses princípios seja levado em conta no momento de
escolher alguém para amar.
O
princípio do aprendizado
A vontade de Deus
não é algo apenas que se procura saber, mas, acima de tudo, que devemos viver. A
vontade de Deus já está revelada na sua Palavra, bastando apenas que tenhamos o
trabalho de, iluminados pelo Espírito Santo, descobri-la. Essa vontade pode e
deve ser aprendida. O rei Davi orava a Deus; “Ensina-me a fazer a tua vontade,
pois tu és o meu Deus; guia-me o teu bom Espírito por terreno plano” (Sl
143:10). Lendo e estudando a Bíblia, aprenderemos o que Deus espera que sejamos
e façamos em todas as áreas e situações da nossa vida. E é isso que estou lhe
oferecendo aqui! Além de aprender para fazer, devemos aprender fazendo. Se uma
relação não produz qualquer tipo de aprendizado positivo, não nos serve. Em
alguns casos, parece que a pessoa desaprende tudo de bom que aprendeu dos seus
pais e da Palavra de Deus, tornando-se alguém diferente quando entra numa
relação. O princípio do aprendizado também está ligado ao aprendizado do outro
e à liberdade para adquirir conhecimento. Se numa relação nos somos conduzidos
ao mundo do outro para entendê-lo, se existe um fechamento proposital, com
certeza algo não está correto. E se essa relação nos impede de continuar
aprendendo, seja da Palavra de Deus ou o conhecimento acadêmico, não existe
para nos edificar, mas para nos destruir, para arrancar algo de nós. Não é essa
a vontade de Deus, que deseja que o conheçamos e prossigamos em conhecê-lo (Os
6:3-11). Relação saudável sempre será aquela que acrescenta algo positivo, não
o contrário.
O
princípio da ação de graças
Independente do que
temos planejado e da resposta que de Deus recebemos, conhecer e fazer a vontade
de Deus envolve uma vida de constante agradecimento. Nem sempre Ele nos
atenderá conforme esperamos, nem sempre a sua Palavra dará as respostas com o
conteúdo que desejamos. O que está em vista não é o que queremos e que nos
agrada, mas aquilo que Ele quer e que lhe rende glória. Independente das
circunstâncias, do que obteremos ou não daquilo que ansiamos, em tudo devemos
dar graças (1 Ts 5:18; Ef 5:20), entendo que, em Cristo, já temos a maior
direção e a mais importante bênção de todas: a nossa salvação. Na nossa busca
por um relacionamento amoroso, precisamos ser agradecidos, mesmo quando o tão
sonhado amor demora a chegar. Isto não significa que não devemos orar e buscar
a todo tempo, mas fazer isso em paz, esperando com paciência no Senhor, sendo
agradecidos por tudo o que Ele nos dá. Quando não temos um coração agradecido,
a tendência é criarmos uma insatisfação que possa se transformar em rebeldia. E
essa rebeldia nos levará a buscar qualquer pessoa, a qualquer custo, porque não
suportamos esperar. E então começaremos com os nossos esquemas para nos
convencer que aquela pessoa é da vontade de Deus, mesmo contra todas as
evidências contrárias. Digo esperar não no sentido de receber um sinal, mas de
avaliar, segundo estes princípios, se a pessoa que nos corteja ou que estamos
paquerando é alguém em quem valha à pena investir.
O
princípio da prudência
Conhecer a vontade
de Deus está muito além da necessidade de sabermos o que Ele deseja para as
nossas preocupações cotidianas, mas envolve conhecê-la para nos submetermos a
ela e praticá-la. O mundo jaz no maligno e as obras das trevas estão ao nosso
redor, aliciando-nos. Aquele que desconhece a vontade de Deus para a sua vida
está fadado a deixar-se levar pelas trevas e afastar-se da luz. E ética do
mundo é baseada no princípio da escuridão: uma moral que não suporta a luz da
verdade. O cristão é chamado a ser prudente, a não ser cúmplice nas obras das
trevas, aproveitando cada oportunidade nesses dias maus (Ef 5:3-17). Por esta
razão, o apóstolo Paulo nos convoca a não nos tornarmos insensatos, mas
buscarmos compreender qual a vontade do Senhor (v. 17). Em todas as nossas
decisões e projetos, a ética da Palavra de Deus deve estar presente,
levando-nos a agir de maneira contrária a do mundo. Isso se chama prudência.
Por que precisamos ser prudentes no trânsito? Para evitar acidentes. Por que
não seríamos prudentes na vida? Essa prudência envolve conhecer as leis de Deus
e praticá-las. Ao entrar numa relação com alguém que destoa totalmente do
padrão divino, não estamos sendo prudentes, e não demorarão a acontecerem os
acidentes. Pensando em entrar numa relação ou já vivendo nela, a prudência nos leva
a praticar aquilo que é certo para que as coisas deem certo. O nosso problema
está em fazer o que é errado e esperar que tudo saia da melhor maneira
possível. Não vai sair.
O
princípio da paz
Fazer a vontade de
Deus traz paz ao nosso coração. Ainda assim, precisamos avaliar se a paz que
sentimos é porque estamos verdadeiramente em conformidade com a vontade de Deus
expressa na sua Palavra ou se é fruto do nosso autoconvencimento de que estamos
fazendo a coisa certa, porque é o que queremos e criamos a ilusão de que é o
que Deus também quer. Nem tudo que parece perfeito é perfeito de verdade. É
preciso avaliar todos os aspectos possíveis com base nas Escrituras. Se estamos
de acordo com o que elas revelam, estamos no caminho certo. A nossa paz precisa
vir da certeza de estarmos agindo de acordo com a Palavra de Deus. Outra forma
de avaliar essa paz é através do princípio da solidariedade, que já estudamos. Os nossos pais, irmãos e filhos
sentem paz na nossa relação? Ela tem servido para unir ainda mais a nossa
família ou desestabilizá-la? Quando nós e nossa família pensamos no futuro ao
lado da pessoa que escolhemos, isso nos traz paz ou apreensão e preocupação? Se
estamos em paz com os demais princípios aqui expostos, estaremos em paz com
Deus. Estando em paz com Deus, teremos certeza de estar agindo de conformidade
com a sua vontade e as pessoas se alegrarão com a nossa relação e a nossa
felicidade.
O
princípio da alegria
Uma relação segundo
a vontade de Deus traz alegria ao nosso coração e às pessoas que nos amam e
desejam o nosso bem. Todavia, essa alegria não deve se limitar a termos as
nossas necessidades supridas ou os nossos sonhos realizados, mas, acima de
tudo, deve advir da satisfação de estar obedecendo a Deus e cumprindo a sua
Palavra (Sl 40:8; 119:11; Fp 4:4). Não deve ser uma alegria egoísta, não pode
causar tristeza para outros, mas deve ser uma alegria plena, que não prejudique
ninguém. Isso não quer dizer que só devemos nos sentir alegres se todos ao
nosso redor também o estiverem. Muitas pessoas não querem ver a nossa alegria,
não estão preocupadas com a nossa felicidade e bem-estar, muito pelo contrário.
Nossos inimigos, em especial o diabo, não se alegram com as nossas vitórias,
muito menos em nos ver fazendo a vontade de Deus. Esse já pode ser um bom
indicativo de que estamos fazendo a coisa certa. Quando erramos o tempo todo,
quando não buscamos agradar a Deus, o mundo e o diabo se alegram. Se Deus é o
motivo da nossa alegria, o mundo se entristecerá, e o diabo também. Já ouvi
relatos de pessoas em relacionamentos tristes e vazios, que não lhes traziam
satisfação alguma. Escolher errado e insistir no erro pode nos levar a uma
relação infeliz, na qual nos vemos presos sem conseguir sair. Se o
relacionamento não traz alegria, é um bom indicativo de que não é da vontade de
Deus.
O
princípio da provisão
Quando Deus tem
algo para realizar na nossa vida, Ele nos dá as provisões necessárias para
isso. Nem sempre as circunstâncias estarão a favor, mas Deus nos dá a sua graça
que nos aperfeiçoa, as armas espirituais para quem enfrentemos as batalhas, a
sua Palavra que nos serve como manual e guia, o seu Espírito que nos enche e dá
frutos, os seus dons e os irmãos. Ele também nos dá provas para sermos
aprovados (Is 41:13; 2 Co 9:8-10; Tg 1:2-4,12; 1 Pe 1:6,7). Fazer a vontade de
Deus não significa não ter sofrimentos, mas estar seguro mesmo diante da dor. Se
estamos no centro da vontade de Deus, podemos estar certos de que Ele está
conosco e não nos deixará abalar, protegerá a nossa vida, cumprirá em nós todo
o seu propósito. Nada pode nos afastar do seu amor nem nos derrubar. Ele está
conosco e nos guarda e livra. Isto nos mostra que Deus está no controle da
nossa vinda integralmente, o que inclui os nossos relacionamentos o a busca por
um companheiro ou companheira. Deus nos provê da sua Palavra como regra e padrão
para as nossas relações. Ele nos dá entendimento espiritual para discernirmos
os fatos e as circunstâncias, além de santidade nas nossas escolhas e decisões
e a vontade de obedecê-lo. Deus nos provê todas as ferramentas disponíveis para
sermos pessoas felizes e bem-sucedidas nas nossas relações. A única coisa que
precisamos fazer é usar todo essa arsenal divino para estarmos no centro da
vontade de Deus e ao mesmo tempo evitar problemas para nós.
Algumas questões
importantes
Existem algumas questões que
precisam ser observadas nessa busca por alguém que seja da vontade de Deus. Em
primeiro lugar, não é apenas um único fator que precisa ser levado em conta,
mas um conjunto de características que nos ajudarão a discernir o caráter de
alguém, sem necessariamente julgá-lo. Todos os capítulos anteriores nos
ajudaram nessa tarefa: (1) Não
existem almas gêmeas; (2) Aprenda a escolher; (3) Crie expectativas realistas;
(4) Quem é a pessoa certa? (5) Como não entrar numa fria ainda maior? (6) Quem
você não deve esperar encontrar? (7) Que tipo de pessoa buscar ou atrair para a
sua vida? Como fazer isso? Observando todas as
pessoas? Bancando o psicólogo? Creio que o correto é esperar com paciência em
Deus alguém por quem nos encantaremos ou que se aproximará de nós, para somente
então avaliá-lo. Quem deseja amar e ser feliz não fica atirando para todos os
lados ou fazendo testes até ver quem dará certo. Principalmente quem tem
compromisso com Deus, não investe em vários relacionamentos em busca daquele
que será perfeito, mas espera com paciência no Senhor, orando o tempo todo,
santificando-se todos os dias, preparando para ser o melhor amante que alguém
poderá merecer. O tempo que essa busca e essa espera irão demorar, não há como
prover. A única certeza é que valerá a pena.
Em segundo lugar, como vimos nas
sete questões já abordadas, não existe ninguém perfeito e não podemos esperar
encontrar alguém que se enquadre nos nossos esquemas mentais e/ou emocionais. Mesmo
quando buscamos alguém que seja da vontade de Deus para nós, buscamos um ser
tão imperfeito quanto nós mesmos. Então não se trata de avaliar alguém até
encontrar o ser perfeito, mas alguém que, a despeito das suas imperfeições, se
adéque à vontade de Deus, seja da mesma fé que nós, esteja no caminho da
perfeição, procure viver de acordo com os valores morais e espirituais da
Bíblia, entenda que deva satisfação a Deus dos seus atos. O apóstolo Paulo
ensina aos maridos que eles devem amar as suas mulheres “como Cristo amou a
Igreja, e a si mesmo se entregou por ela” (Ef 5:25). Como, porém, a mulher
espera que o seu marido aja dessa forma se ele não tem qualquer compromisso com
Cristo ou com a sua Igreja? Como o homem espera encontrar uma esposa submissa –
de acordo com o padrão bíblico, não humano e machista – se ela não for fiel a
Deus primeiramente? Portanto, não são dois seres perfeitos que se encontram
para formar um casal, mas dois seres imperfeitos que se unem para viver em
união e buscar todos os dias o seu crescimento espiritual no exercício da fé
cristã.
Em terceiro lugar, a vontade de Deus
nem sempre nos agrada. Precisamos levar isso em conta nas nossas escolhas. O
coração humano não é preparado para se agradar das coisas de Deus, a não ser
quando é alcançado pela sua maravilhosa graça, quando a Cristo se converte e
passa a buscar fazer o que Deus lhe pede. Embora a vontade de Deus seja boa,
perfeita e agradável (Rm 12:2), nem sempre é ela que buscamos. A natureza
humana e caída que ainda vive dentro de nós insiste em nos levar na direção
oposta àquela que o Senhor determinou. Desse modo, mesmo a melhor pessoa que
encontramos pode não nos agradar. Dependendo dos padrões mentais e valores
daquele que busca alguém para amar, além de questões morais e espirituais, além
da qualidade do caráter, pode existir questões financeiras e de status envolvidas. Como já vimos, é
interessante encontrar alguém que seja compatível conosco, inclusive na área
financeira. O que não podemos, porém, é colocar este ponto como um padrão de
escolha. De fato, algumas pessoas preferem se relacionar com alguém não muito
interessante espiritualmente, mas que possua estabilidade financeira, que possa
lhes garantir algum tipo de conforto e facilidade. E isso, infelizmente, está
presente nas igrejas cristãs. Algumas irmãs buscam um homem de Deus, mas um
homem de Deus que tenha carro, casa e um bom emprego; ou que possua uma posição
de proeminência na congregação.
Em quarto lugar está uma questão
bastante complicada: a solidariedade. Já afirmei neste estudo que quem se
relacionará com alguém em um namoro ou casamento somos nós, então temos o
direito de escolher com quem iremos nos relacionar, sem intromissões externas.
Todavia, como também já foi dito, a nossa relação não será apenas entre nós e a
pessoa amada, mas entre ela e a nossa família e entre nós e a família dela. Se
de algum dos lados existir a ideia de abandonar ambas as famílias de lado para
que não haja problemas, já é um forte indicativo de que essa relação não é da
vontade de Deus e não dará certo. Desse modo, devemos nos importar com o que a
nossa família imediata (pais, irmãos e filhos) pensa a respeito da nossa
relação e como esta irá afetá-los. Pessoalmente, eu jamais entraria numa
relação com alguém que me levasse a ter o meu relacionamento com meus filhos
prejudicado ou que representasse algum mal para minha mãe e meus irmãos. Além
disso, a palavra do nosso líder espiritual também precisa ser levada em conta.
Alguns relacionamentos representam perdas, inclusive, para a comunidade da fé,
a Igreja. Não somos uma ilha: o que nos afeta, afeta as pessoas ao nosso redor,
positiva ou negativamente. Se não estamos preocupados com isso, podemos nos
considerar egoístas e mesquinhos. Então não estamos em busca da vontade de
Deus, mas da nossa.
Por fim, se todos os princípios
foram observados e estamos certos de estar no caminho certo, é hora de
questionar as pessoas que estão contra a nossa relação. Qual a sua motivação?
Elas se baseiam em quais premissas? Quais são os seus valores? Quais as suas
justificativas? Nossos pais, irmãos e filhos não são pessoas perfeitas, mas
também estão sujeitos a errar, a se voltar contra nós por motivos egoístas.
Recentemente, um pai assassinou o rapaz que foi até a sua casa pedir a mão da
sua filha em namoro, juntamente com os pais dele. Os três foram brutalmente
assassinados. Os jornais noticiaram que esse pai, além de um homem violento,
possuía um ciúme doentio da filha. Então como ela poderia levar em conta a
opinião dele para se relacionar com alguém? Algumas mães rejeitam logo de
imediato suas noras, porque igualmente são ciumentas e possessivas, não querem
que os seus filhos saiam de casa. Elas representam um grande problema à
relação. São sogras terríveis, mesmo quando as noras são pessoas maravilhosas.
Assim, devemos fazer tudo da melhor maneira possível, avaliando constantemente
o nosso comportamento, o comportamento da pessoa amada e as impressões
externas. Agindo de acordo com a vontade de Deus, com certeza obteremos êxito
em amar e ser amados. Com certeza seremos felizes.
MIZAEL XAVIER
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ESTUDO FAZ PARTE DO MEU LIVRO: “NINGUÉM MORRE DE AMOR”.
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