sábado, 2 de junho de 2018

O CRISTÃO E A INTEGRIDADE - PARTE 1



INTRODUÇÃO


            Não é de hoje que o mundo vem sofrendo de uma grave crise de integridade. Desde a Queda, a moral humana foi afetada drasticamente em seu caráter, algo que parece piorar com o passar dos anos. Parecemos estar nos últimos dias, em tempos difíceis, onde a maldade humana se demonstra ainda mais maligna. Como se costuma dizer “desde que o mundo é mundo” o pecado tem crescido e se desenvolvido, tomando diferentes formas de acordo com as épocas. O que vemos sendo praticado hoje parece ser tão hediondo, que esquecemos que tais atrocidades já são praticadas há décadas, há milênios. Escrevendo a Timóteo, Paulo fala a respeito de como serão os homens dos últimos dias, mostrando que a nossa separação do mundo não deve ser geográfica, mas ética (2 Tm 3:1-9). O mundo é feito de homens egoístas (Fp 3:19), sem padrões éticos ou morais, cometendo toda sorte de torpeza contra Deus e contra os homens. Esta situação parece se agravar quando se aproximar o princípio do fim. Quanto mais se aproximar a volta de Jesus, mais será revelada a atitude desses homens.
O que deve chamar a nossa atenção é que eles estão inseridos no contexto da Igreja! Somos tentados a olhar para a crença dos outros, a procurar a marca da Besta nos líderes das outras religiões, mas os falsos profetas não sairão do meio daqueles que não professam o Nome de Cristo, mas dentre aqueles que se dizem seus servos. São pessoas que corrompem os lares, que possuem uma situação moral totalmente decadente, repleta de sensualidade, afastando-se sempre do conhecimento da verdade. Eles enganam as pessoas usando a máscara da religião. São corrompidos de mentos que tiveram a sua consciência destruída. Comparando esse texto e o de 2 Pedro cap. 2 com a realidade da Igreja hoje, onde pastores, bispos e apóstolos enriquecem em nome de Deus e às custas da fé e da ganância dos outros, podemos afirmar que ambos os textos estão-se cumprindo e que a volta de Jesus está próxima. Como servos de Deus, precisamos estar preparados, não aceitando participar dessa roda de escarnecedores que possuem a mente cauterizada e não conhecem o significado de temor a Deus.
A Igreja do Senhor está perdendo os seus referenciais. Já não se pode encontrar verdade e integridade na maioria das manifestações de fé que se intitulam evangélicas. Quais devem ser os nossos padrões? Tudo aquilo que pensamos, falamos, fazemos ou criamos é pensado, falado, feito ou criado seguindo algum tipo de padrão. Um exemplo está na política; os políticos da direita viverão de acordo com padrões estabelecidos pela filosofia política de direita; enquanto os políticos de esquerda seguirão o caminho inverso. Estamos sempre absorvendo, assimilando novos padrões. Alguns espelham-se em padrões estabelecidos pela mídia, outros pelas redes sociais, enquanto outros espelham-se nos modismos. Algumas pessoas criam os seus próprios padrões. Quando um novo padrão se estabelece, o anterior é considerado obsoleto e é descartado.
São os padrões que utilizamos que formam o nosso caráter e definem o nosso comportamento. Deus estabeleceu em sua Palavra diversos padrões a serem seguidos para que todas as coisas saíssem conforme seu planejamento, desde a confecção do templo e dos seus utensílios, até todas as tarefas que ali se realizariam (Hb 8:5). Estabeleceu, também, um padrão moral, os dez mandamentos, que regeriam o comportamento do seu povo. Embora os hebreus tivessem feito tudo conforme o que Deus lhes solicitara, jamais viveram de fato de acordo com aqueles padrões, oferecendo ofertas defeituosas, sendo murmuradores, idólatras e desobedientes. Em Cristo, Deus nos oferece o seu supremo padrão, aquilo para o qual o anterior e obsoleto apontava. Se fora impossível guardar a Lei na Antiga Aliança, na Nova isto se torna possível porque Cristo a cumpriu em nosso lugar (vs. 6-11) e nos deu o dom da sua graça para nos moldarmos, pela sua morte e ressurreição, ao padrão estabelecido pelo Reino de Deus. O que definirá o que pensamos, falamos, fazemos e criamos estará fundamentado na Palavra de Deus e seus valores eternos. O nosso comportamento deve refletir este padrão, de modo que ao olhar para nós, as pessoas vejam a glória de Deus.
Esses padrões estão sendo deixados para trás, trocados por uma visão mundana de mundo que tem assolado as igrejas, produzindo toda sorte de pecados, desde a corrupção presente nas lideranças, até fornicação, adultério, depressão e suicídios. A Igreja do Senhor jamais havia experimentado uma depravação moral como tem sofrido nos últimos tempos. Tudo isto está ligado à integridade do caráter cristão, que tem abandonado a sua base sólida para ceder espaço aos valores pós-modernos, que relativizam a ética e a moral, que apregoam que não pode haver uma verdade absoluta. Em nome de uma libertinagem travestida de liberdade, os crentes tem lançado mão dessa proposta sem atentar par os valores imutáveis da Palavra de Deus. O que o Senhor nos cobra hoje é uma fé íntegra, que comporta dois elementos: a crença correta e a prática correta, coerente com a nossa crença declarada em Deus e na sua Revelação.
É isto que veremos neste estudo, onde debateremos o problema da relativização da fé e do caráter e apresentaremos a integridade bíblica como uma proposta divina para resolver a questão. É possível haver um equilíbrio moral? A fé em Cristo compreende crenças e comportamentos que se chocam entre si, mas que são necessários para atender às demandas do mundo moderno? É possível mantermos a nossa integridade enquanto abrimos mão dos valores eternos do Reino de Deus? Podemos começar a responder a estas perguntas citando Mateus 6:33, onde o Senhor Jesus nos diz: “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. Para aquele que busca o Reino de Deus em primeiro lugar, nada contrário ao caráter justo deste Reino lhe é acrescentado. A busca por Deus só comporta a justiça; qualquer fé que produza valores contrários a esta justiça, não faz parte desse Reino, não é de Deus.


Mizael  Xavier

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