Mortos
para o pecado e vivos para Deus
Romanos 6:8-14
O cristão é um tipo de ser humano diferente
de todos os outros. Ele é um morto-vivo. A sua natureza humana e caída está
morta para o pecado (v. 2), crucificada com Cristo na cruz, enquanto vive para
Deus através do seu novo nascimento. Muitos no mundo estão mortos-mortos:
mortos em seus delitos e pecados e mortos para Deus. Como Cristo morreu pelos
nossos pecados, nós também morremos (v. 2,3) e fomos nele batizados como o selo
da nossa participação nessa morte e ressurreição, sendo este selo válido
somente ao ser ratificado pela fé (Shedd). Quem morreu “está justificado do
pecado” (v. 7). Se estamos justificados do pecado, cremos que já não podemos
mais viver no pecado ou perder a justificação que nos foi outorgada. Alguns
enxergam este fato de um ponto de vista equivocado. Já que estão salvos, seus
pecados estão perdoados e seu lugar está garantido no céu, creem que podem
viver pecando, confiando no perdão de Deus.
Contra a ideia de que é possível viver
pecando para que a Graça seja sempre mais abundante, Paulo apresenta dois
resultados decorrentes da nossa união com Cristo: a) a remoção de nossa culpa
através do sacrifício de Cristo; b) a eficácia da ressurreição numa vida nova
de santidade. A culpa foi removida e não pode ser recolocada sobre o cristão
novamente. Mas cabe a nós compreendermos que morremos para o pecado e não
devemos continuar pecando só porque não podemos perder a salvação. Se em nosso
íntimo cogitamos a possibilidade de continuar em nosso pecado, devemos rever a
nossa conversão, se realmente morremos com Cristo e somos novas criaturas
(6:4). Certamente não nos transformaremos em pequenos deuses incapazes de
pecar, mas ainda teremos que suportar a nossa natureza humana, caída. Mas a
graça de Deus em nós e o seu Santo Espírito nos incomodam e nos estimulam a
buscar a santidade, a viver de acordo com o nome que ostentamos pela fé: filhos
de Deus.
Leitura
complementar: 2 Coríntios 5:14; 2 Timóteo 2:11; Colossenses 2:12; Gálatas 6:15;
João 5:28,29; 1 Coríntios 15:20-23; Efésios 4:21-24.
O
pecado não tem domínio sobre nós
Romanos 6:8-14
Há algum tempo travei um diálogo com uma
pessoa na Internet que insistia em dizer aquele que é convertido a Jesus não
comente mais pecado. Difícil imaginar um ser humano que não peque, porque
somente Jesus é sem pecado. Por outro lado, é fato bíblico que o cristão não
deve viver pecando. Uma vez redimidos do pecado e selados com o Espírito Santo,
somos estimulados e capacitados a fazer a coisa certa. Paulo ensina que a
santidade é uma consequência da nossa união com Cristo. Se morremos com Cristo,
devemos viver para Ele: mortos para o pecado e vivos para Deus (v. 11). Temos
um corpo mortal, não somente espiritual (v. 12). Neste corpo ainda existe a
semente do pecado e cabe a nós, por meio da Graça de Deus, mortificar a carne.
De fato, se o pecado tem domínio sobre nós, se não procuramos viver uma vida de
santidade, existe a possibilidade de que jamais tenhamos sido salvos.
O salvo entende que o pecado na sua vida deve
ser um acidente de percurso e que ele deve abominá-lo. Quem tem prazer no
pecado, não está em Cristo. É preciso, porém, fazer a diferença entre o pecado
original e a Lei que nos condenavam, e a carne que habita em nós. Dos primeiros
fomos justificados por Cristo;do segundo mortificamos dia após dia, pois a
carne não se converte (cf. Rm 8:13). Os que são guiados pelo Espírito de Deus
são filhos de Deus. Isto não quer dizer que não pecaremos mais, mas que o
pecado não pode ter mais domínio sobre nós, pois agora estamos debaixo da
maravilhosa Graça do Senhor. Alguns vivem a se martirizar porque não conseguem
alcançar um nível de perfeição na medida do Senhor Jesus. Outras creem que
podem continuar pecando porque já estão salvas. Ambas estão erradas. Fomos salvos
para vivermos em santidade. A santificação é um processo diário operado por
Deus. Se nós estamos pecando e isso faz doer o nosso coração, é um sinal de que
estamos no caminho certo.
Leitura
complementar: 2 Coríntios 5:21; Mateus 4:1; Hebreus 2:18; 4:15; Tiago 1:13; 1
Coríntios 10:12,13; 1 João 2:1-6; 2:15-17; 3:4-6; Romanos 6:16-22.
Somos
servos da justiça
Romanos 6:14,18
Uma
vez tendo o pecado cancelado por Cristo na cruz, o cristão não pode mais viver
sob o seu domínio. Devemos entender aqui o pecado sob duas formas: a) o pecado
original que condena o homem e o destitui da glória de Deus, o qual se deu a
conhecer pela Lei. Se Cristo veio cumprir a Lei, o pecado não tem mais domínio
sobre aquele que crê; b) o pecado da carne. A carne não se converte, ela se
mortifica. Para o primeiro, Cristo já pagou a dívida, não é possível mais
sermos condenados por causa do pecado originário da Queda, uma vez que, pela
Graça, cremos para a salvação. O segundo, que continua a se fazer presente em
nós, é mortificado pelo Espírito Santo, mas não pode nos condenar, pois nossa
dívida já foi paga. A tentação não condena o cristão, pois já nenhuma
condenação há para ele (Rm 8:1). Uma vez que ele se arrepende dos seus pecados,
volta a ter comunhão com Deus e é feito servo da justiça.
Essa
justiça não provém dos nossos mecanismos de autojustiça, com os quais muitas
pessoas tentam se justificar diante de Deus e alcançar o seu favor. Ela parte
de uma ação gratuita de Deus que nos imputa uma justiça que não temos nem
podemos alcançar por nossos próprios méritos. Se a justiça que alcançamos e da
qual somos servos não nos foi dada com base no merecimento, ela também não será
tirada por desmerecimento. E se somos filhos da justiça, temos ainda mais
certeza de não nos perdermos, pois o Senhor não abandona os seus filhos. Ele
rejeita o incrédulo, a criatura que se mantém rebelde, 20mas jamais vira as
costas àqueles que são seus. A promessa que Jesus fez aos seus discípulos é que
estaria com eles até o final dos séculos. A nós que também cremos e o seguimos,
a promessa permanece. Deus não muda, não volta atrás, não rasga a nossa
certidão de adoção nem apaga o nosso nome do Livro da vida. A sua justiça é
para sempre, não pode ser revogada. Se fosse possível o Senhor nos abandonar,
certamente muitas doutrinas bíblicas estariam em cheque-mate.
Leitura complementar:
1 Coríntios 10:13; 2 Pedro 2:9; Josué 1:9; Salmo 117:2; João 14:16,17.
Nenhuma
condenação para os que estão em Cristo
Romanos 8:1,2
Imaginemos esta cena: um homem é culpado de
vários crimes, julgado e condenado. Seu pai, porém, oferece-se para tomar o seu
lugar e pagar por sua dívida para com a sociedade. Então o juiz manda prender o
pai do criminoso e sentencia-o à pena de morte. Logo após a execução, porém, o
juiz revoga a sentença e, mesmo com o pai tendo sido morto em seu lugar,
condena o seu filho. É exatamente isto que Deus “não faz” conosco! Seu Filho
pagou o perco pelo nosso resgate, morreu no nosso lugar e nos livrou da
condenação. Uma vez que cremos em Jesus Cristo, não estamos mais condenados nem
é possível que Deus revogue a sua sentença e nos culpe novamente. O texto de
Romanos 8:1 encerra toda a verdade desta epístola e da salvação. Nele
compreendemos que existem duas realidades: a Lei, que condena o homem, e
Cristo, que o liberta. O texto começa dizendo “Agora, pois...”. O termo grego
usado é aqa e significa “portanto,
consequentemente”, e é uma inferência tirada daquilo que a precede. Isto é, a
consequência de tudo aquilo que Paulo vinha afirmando nos capítulos anteriores
é que nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.
A lei da vida, que é a lei de Cristo, a lei
da Graça, nos livrou da Lei do pecado e da morte (v. 2). Aquele julgamento
contrário que havia contra nós foi cancelado e a nossa dívida já foi paga. A
consequência natural da Graça é o livramento do pecado e a certeza da nossa salvação.
Se nenhuma condenação pode haver, como pode o cristão incorrer novamente nesta
condenação da qual já foi liberto? Podemos estar certos de que estaremos com o
Senhor quando Ele vier em glória levar a sua noiva para as bodas do Cordeiro.
Alguns não creem dessa forma e precisamos respeitá-los. Mas crer na salvação
eterna nos dá esperança no momento presente, porque sabemos que estamos com o
Senhor.
Leitura
complementar: Efésios 2:1; João 6:44; Filipenses 1:29; Romanos 2:4; João
10:27-29; Romanos 8:31-39; 1 João 1:9; 2:1,2; Judas 24,25.
Somos
habitação do Espírito
Romanos 8:9-11
Certo dia, atendendo ao convite de uma amiga,
participei de um culto em uma luxuosa igreja. Ao iniciar a reunião, o pastor
gabou-se da suntuosidade do seu auditório, afirmando que na cidade não havia
templo mais bonito e confortável do que aquele. Ele talvez desconheça que o
templo de Deus somos nós, que um auditório bonito e confortável não garante
santidade nem filiação divina. A beleza que Deus quer de nós é a do coração,
nós os que somos salvos e selados com o Espírito Santo. A garantia da nossa
salvação e ressurreição é a presença do Espírito de Cristo que habita em nós. O
cristão é propriedade exclusiva de Jesus Cristo. Embora ainda possa incorrer no
risco do pecado, este não tem mais domínio sobre ele, porque o que nele habita
é a divina semente (cf. 1 Jo 3:9). A vivificação do nosso corpo mortal é uma
promessa de Deus e o propósito da vinda de Cristo. Ele morreu para que
tivéssemos vida em seu Nome e os que vão até Ele, de modo algum Ele os lançará
fora (Jo 6:37). “Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou
da lei do pecado e da morte” (v. 2).
Em 1 Coríntios 3:16, Paulo indaga aos crentes
de Corinto: “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus
habita em vós?”. Para o apóstolo Paulo, mesmo os gentios, outrora desprezados
por ele como raça inferior e indigna, são chamados de templo de Deus. Por ter o
Espírito Santo habitando dentro de si, este novo homem não tem mais nenhum
direito sobre si mesmo, mas é Deus quem deve governar a sua vida e as suas
atitudes. Os sacrifícios oferecidos pelos judeus, que há muito já haviam
perdido o sentido para Deus, foram de vez substituídos pelo sacrifício de
Cristo e o sacrifício diário e individual de uma vida santa que glorifique o
Senhor. Onde quer que estejamos, seja num prédio feito de madeira com chão de
terra ou numa catedral luxuosa, o templo somos nós.
Leitura
complementar: Efésios 1:13,14; 4:30;
2 Coríntios1:21,22; 5:5; João 20:31; Isaías 1:10-17; 1 Coríntios 6:19; João 14:16-26;
Romanos 14:17; Hebreus 9:14; Atos 2:38.
Somos
filhos de Deus
Romanos 8:16,17
Muitos que ainda não fazem parte da família
de Deus creem que todos os seres humanos são filhos de Deus. Mas para ser filho
de Deus, é necessário passar por um processo de adoção que obedece a uma única
regra: fé em Jesus Cristo (Jo 1:12,13). O Espírito Santo testifica que somos
filhos de Deus, o que quer dizer que somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com
Cristo. (cf. Ef 1:4). Assim que cremos, fomos selados com o Espírito Santo, o
qual é o penhor da nossa herança e a garantia de que seremos resgatados por
Deus. Independente de cair ou não em pecado, de desviar-se ou manter-se firme a
vida inteira, o cristão estará no céu, pois a presença do Espírito Santo dentro
dele lhe dá essa garantia. Isto não abre espaço para que ele viva pecando por
já estar seguro da sua salvação. O verdadeiro cristão não permanece no pecado,
não sente prazer em pecar (Rm 6:1-4). O simples pensamento de aproveitar-se da
segurança da salvação para viver pecando, já é o suficiente para mostrar que
tal pessoa nunca foi salva, nunca pertenceu de fato a Deus e que o Espírito
Santo não habita nela.
A salvação não é fruto da nossa justiça, como
o apóstolo Paulo afirma: “não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos
se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um
sequer” (Romanos 3:11,12). A justificação é “unicamente” pela Graça de Deus (Rm
3:24; 5:9). Somos salvos pela justiça de Cristo imputada a nós (cf. 2 Co 5:21; Tito
3:5-7). Aqueles que não creram em Cristo para a salvação, não fazem ainda parte
da família divina, não são filhos de Deus, mas criaturas apenas. Além disso,
não possuem a salvação, não tem esperança de entrar no céu, mas permanecem sob
a ira de Deus (Jo 3:36). Se estamos em Cristo, podemos estar certos de termos
um Pai fiel, amoroso, misericordioso, que em breve nos levará de volta ao nosso
verdadeiro lar.
Leitura
complementar: 1 João 3:1,10; 5:12; Marcos 3:35; Romanos 8:14-17; Gálatas 4:4,5;
2 Coríntios 6:17; Mateus 5:9.
Temos
a esperança eterna
Romanos 8:24
Enquanto está no mundo perdido e sem Deus, o
homem está desesperado, embora muitos não se deem conta disto nem o admitam por
não crerem na existência de Deus e na vida após a morte. Todavia, aqueles que
estão em Cristo podem crer e esperar por uma vida eterna além desta vida
terrena. Embora não possamos contemplar com os nossos olhos as promessas de
Deus para nós, aguardamos o momento em que a vida se manifestará e nos
glorificará juntamente com Cristo nos lugares celestiais. Alguns creem que
podemos perder a salvação, o que equivale a crer que Deus não pode realizar
aquilo que nos prometeu. Mas se de fato cremos em Deus, temos a esperança da
vida eterna que Ele nos prometeu. O apóstolo João nos confirma que somos filhos
de Deus e ainda o veremos como Ele é e seremos como Ele (1 Jo 3:2). E é esta
esperança que desperta em nós o desejo de santidade, de ser como Cristo agora,
nesta vida (Tt 2:12-14).
Sem esta esperança na vida eterna não há o
desejo ardente de santidade, mas apenas o desânimo de saber que, a qualquer
momento, podemos nos perder novamente. A busca por santidade sem a esperança na
promessa de Deus transforma-se em ativismo religioso, onde corremos em busca de
ser aquilo que não somos, de crescer por nossos próprios esforços. Se a
esperança de Deus não está em nós, não é Ele quem opera a santidade, mas a
nossa própria capacidade. Juntamente com a fé e o amor, a esperança é aquilo
que permanece no cristão (1 Co 13:13). Nesta esperança temos a plena convicção
de que já somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo. A nossa esperança
está além daquilo que os nossos olhos podem ver e a nossa mente pode
compreender, porque a nossa pátria está nos céus e a nossa esperança não está
limitada às coisas desta vida.
Leitura
complementar: 1 Coríntios15:19;
Romanos 12:12; 1 Pedro 1:3; Colossenses 1:27; Efésios 4:4; 1 Tessalonicenses
2:16; 1 Timóteo 4:10; Tito 2:13; Hebreus 10:23.
A obra de Cristo é
completa
Romanos
8:29,30
O ser humano é um ser inconstante. Ele vive
de modismos: hoje ama uma coisa, e amanhã a abandona por outra mais nova, mais
na moda. Nem sempre ele consegue levar até o fim os seus sonhos, planos e
projetos, mas abandona-os pelo meio do caminho, por se achar incapaz, por
comodismo, por falta de recursos ou porque encontrou cosia melhor para fazer e
investir, deixando o que começou para trás, inacabado. Assim também são os seus
relacionamentos. Parece que cada namoro é um teste em busca do aperfeiçoamento
até chegar à pessoa ideal, deixando para trás muitos corações machucados. Os
casamentos dificilmente duram até que a morte os separe. As obras das mãos dos
homens são tão volúveis quanto o seu coração. Louvado seja Deus, porque com Ele
é tudo muito diferente. A sua vontade soberana não fica incompleta nem é
abandonada, mas executada cabalmente. Como ensina o apóstolo Paulo aos romanos,
a obra de Deus na vida do cristão redimido é completa, definitiva e eficaz: Ele
conhece (v. 29) predestina, chama, justifica e glorifica.
A glorificação é o clímax do chamamento
cristão, onde seremos como Deus é e o veremos como Ele é (cf. 1 Jo 3:2). Esta é
uma promessa que não pode falhar, pois Deus já determinou que fosse assim. Como
poderia Deus nos perder? Os seus planos para nós seriam frustrados e essa
sequência de bênçãos seria perdida. O texto não afirma que de “todos” os que
foram conhecidos, predestinados, chamados e justificados, apenas “alguns”
chegariam à eterna glória. Os que Ele de antemão conheceu, com certeza serão
glorificados. Uma vez que entramos no barco de Deus para passarmos para o outro
lado da margem, nada pode nos fazer naufragar e perecer. É o Senhor quem nos
conduz em segurança. Ele nos dá essa certeza e podemos confiar em seus
soberanos e maravilhosos planos.
Leitura
complementar: Filipenses
1:6-11,27,28; 2:2-16; 3:13-16; 4:8,9 1 Pedro 1:3; 1 João 3:9.
O cristão vence o
mundo
Romanos
8:35-39
O cristianismo de hoje vive na era da
vitória. Esta é cantada em todos os louvores e faz parte de grande parte das pregações
triunfalistas em diversas igrejas. Não está em vista, porém, a vitória de
Cristo sobre a morte e o inferno, uma vitória que nos concede, por meio da sua
graça, redenção e vida eterna nos céus. É uma vitória material, geralmente
financeira. A vitória dessas pessoas que assim pregam e vivem está em viver
feliz e satisfeito neste mundo. Mas para a Palavra de Deus, o cristão obtém
vitória sobre o mundo. Paulo deixa bem claro aos cristãos de Roma que Deus é
por nós e, portanto, nada nem ninguém poderá ser contra nós ou nos separar do
seu amor (vs. 31-35). Ele indaga: “Quem intentará acusação contra os eleitos de
Deus?” E afirma: “É Deus quem os justifica” (v. 33). E ainda: “Quem os
condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está
à direita de Deus e também intercede por nós” (v. 34).
Em Cristo, o cristão está definitivamente
ligado a Deus e não há nada que possa separá-lo do seu amor, nem mesmo os seus
pecados, pois já foram cancelados. Essa vitória talvez não faça mais sentido na
vida de cristãos que possuem o seu coração e a sua esperança naquilo que é
terreno e passageiro, sem anelar por algo superior guardado nos céus. Para nós
que esperamos no Senhor e que fomos chamados segundo o seu propósito, a vitória
é certa e nada poderá tirá-la de nós. Não nos importa se andaremos de ônibus ou
de carro importado; não nos importa se a nossa casa será na periferia ou de
frente para o mar. O que realmente tem importância é que pertencemos a Deus,
somos seus filhos e estaremos com Ele nos céus. As ondas do mar da vida podem
tentar nos afogar, os grandes precipícios do pecado podem tentar nos destruir,
mas o Senhor está conosco e jamais nos abandonará.
Leitura
complementar: 1 João 2:15,16; 5:4,5;
Romanos 12:3; Hebreus 10:22; 2 Coríntios 4:13.
Quem está em Cristo
não é confundido
Romanos
9:31-33
O mundo vive em constante insegurança, por
isso colocamos tantas cercas elétricas nos protegendo dos perigos fora dos
muros das nossas casas. Na nossa vida espiritual ocorre o mesmo. Afiramos: “sei
em quem tenho crido”, mas essa certeza não garante segurança alguma para a vida
de alguns. Alguns se confundem porque creem em seu próprio poder para
desenvolver a sua santidade e manter-se firme na graça de Deus. Confiam em suas
próprias forças porque no fundo não acreditam que Deus é poderoso para
mantê-los firmes até o dia do juízo. E mais: acreditam que Deus pode
descartá-los facilmente. Os judeus viviam firmes na sua crença em Jeová, mas
rejeitaram aquele que o próprio Jeová enviou. A Rocha que os judeus rejeitaram
e nela tropeçaram, mantém o cristão em pé e ele não pode tropeçar (Jo 11:9). O
cristão não está seguro pelos seus méritos, pelo seu excelente grau de
santidade alcançado por meio de orações e jejuns, de esmolas e dons
espirituais. Os Coríntios, por exemplo, possuíam muitos dons e eram reputados
por Paulo como carnais (1 Co 3:2).
O que firma os passos do cristão é o alicerce
sobre o qual está edificado: Jesus Cristo. Ele pode pecar, mas os seus pecados
já foram expiados; ele pode até se desviar, mas o alicerce continua firme e não
pode ser abalado (1 Co 3:10,11). Isto não significa que ele pode viver pecando,
porque o seu novo nascimento o estimula a não pecar mais. Quem crê em Cristo
não será confundido. Não é preciso insegurança quanto a obra que Deus realizou
em nós, sobre o fato de sermos santos, sobre o perdão dos nossos pecados, sobre
recompensa eterna nos céus. Deus não mentiu nem se arrependerá. Ele não voltará
atrás no seu decreto nem nos rejeitará. Os judeus perderam a bênção, mas
aqueles que creem, vão sendo salvos, porque jamais serão confundidos.
Leitura
complementar: Salmo 89:20-30; João 10:28,29; Efésios 4:30; Hebreus 13:5;
Deuteronômio 29:19.
Os dons de Deus são
irrevogáveis
Romanos
11:29
Paulo fala aos romanos que os
dons e a vocação de Deus são “irrevogáveis”. Isto é, Deus não se arrepende, não
voltará atrás em seus atos de Graça, dos quais o maior de todos é a salvação em
Cristo Jesus. As promessas de Deus para o povo de Israel deveriam se cumprir e
tiveram o seu termo em Cristo. Deus não voltará atrás. Da mesma forma para
conosco, o seu povo escolhido em Cristo, Ele não voltará atrás. Deus não revoga
a sua aliança, o seu perdão, a sua justificação, a redenção, a salvação e a
ressurreição. Quem salva é Ele e Ele é poderoso para nos levar seguros para a
glória nos céus. Não são os nossos pecados que podem nos separar de Deus, mas a
nossa falta de fé: “Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado,
porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus” (Jo 3:18). Uma leitura
sincera da Bíblia mostrará que a única forma de nos excluirmos para sempre da
presença de Deus é pela incredulidade. Essa incredulidade não significa duvidar
por algum momento que Ele está no controle da nossa vida ou entrar em desespero
no momento de uma grande tribulação.
Por vezes Jesus censurou os apóstolos por
conta da sua pequena fé, da sua incredulidade, mas isso não os excluiu dos seus
planos eternos. A incredulidade que nos afasta de Deus completa e eternamente é
a rejeição da sua graça em Cristo, a rebeldia insistente de não crer que Ele
existe e que é Soberano. É a incredulidade dos apóstatas, que experimentam o
dom de Deus, visitam a igreja e depois de um tempo saem escarnecendo dos
crentes, de Deus, de Jesus, da Bíblia, do Espírito Santo. Deus jamais nos
abandona, jamais nos deixa de lado. Se cada vez que pecássemos Deus apagasse o
nosso nome do Livro da Vida, nunca teríamos nosso nome lá, porque nascemos em
pecado e em pecado vivemos. Apenas da graça de Deus dependemos e é ela quem nos
conduz à vitória final no céu.
Leitura
complementar: Romanos 11:30-32; Lucas 8:13; 1 Timóteo 4:1-13; 3:1-7; 2 Pedro
3:3-7; Apocalipse 13:3,4.
O Senhor é poderoso
para nos suster
Romanos
14:4
O Senhor é poderoso para suster o seu servo.
Mesmo se cair não ficará prostrado. Quem defende a perda da salvação afirma que
o cristão desviado, se morrer desviado, não vai para o céu. Entretanto, a
salvação é algo que acontece aqui e se estende à eternidade. Estamos salvos,
mas ainda não participamos da ressurreição final para a vida. Deus é poderoso
para salvar o cristão aqui e na glória. Se ele vier a morrer estando desviado,
a glória de Deus o acompanhará, pois quando creu, foi salvo para a eternidade.
O corpo pode morrer, mas a alma vive para Cristo. Como já vimos, aqueles que
crêem em Cristo já foram salvos desde a eternidade. A vida eterna não é algo
ainda a se revelar, mas é algo já presente. O que ainda se revelará é a vida
eterna com Deus nos céus, sem a morte física e sem o pecado para sempre. Parece-nos
que alguns têm em mente que, uma vez convertido, o crente não pode pecar.
Somente uma vida totalmente isenta de pecado ou até mesmo da capacidade de
pecar pode levar o convertido a jamais cair em qualquer tipo de pecado. Isso é
impossível e não é bíblico.
O pecado sempre estará presente na nossa
carne, tentando-nos. Cabe a nós, pelo poder do Espírito Santo, mortificar a
carne e seus feitos. Se por ventura cairmos, o Espírito Santo não nos abandona,
mas Ele próprio nos incomoda e nos coloca de pé novamente. A vida cristã é de
dependência total e diária de Deus. não são os nossos esforços, o poder da
nossa fé, a nossa alta espiritualidade que fortalecem a nossa alma, mas o agir
de Deus. Somos apenas vasos nas mãos do Senhor, servos que só são úteis porque
são usados por Ele. Ninguém pode nos separar do seu amor nem apagar os seus
planos para nós. nenhum pecado que cometemos é maior que a graça que em nós
habita. Graças damos a Deus pelo seu maravilhoso poder que nos leva até onde,
sozinhos, jamais iríamos.
Leitura
complementar: Salmo 37:23,24; 145:14; Provérbios 24:16; Jó 4:4; Miqueias 7:8.
Somos confirmados
segundo o Evangelho
Romanos
16:25,26
O cristão é guardado pelo poder de Deus que o
confirma segundo o Evangelho de Paulo e a pregação de Jesus Cristo (2 Tm 1:12;
Jd 24). Que Evangelho? Que pregação? A própria epístola é a resposta a esta
pergunta: o Evangelho da Graça de Deus, onde somos salvos por meio da fé,
independente das obras. É a Graça de Deus que nos salva e nos leva firmes para
a glória. Se perdêssemos a salvação todas as vezes que pecássemos, estaríamos
anulando a cruz de Cristo, pois na cruz ele nos perdoou de todos os nossos
pecados, cumpriu a Lei e nos deu salvação em seu Nome (Ef 2:11-16; Cl 1:20;
2:14). O cristão já está confirmado por Cristo diante de Deus, que o confirmará
até o fim (1 Co 1:8). Paulo diz que somos confirmados segundo o seu Evangelho e
a pregação de Jesus Cristo, “conforme a revelação do mistério guardado em
silêncio nos tempos eternos”. Que mistério é este? É o Evangelho da Graça de
Deus para a obediência por fé entre todas as nações (v. 26).
O cristão é confirmado na Graça de Deus
abundante em Cristo Jesus, independente da Lei e das obras. Se não são as obras
ou a Lei que confirmam a nossa salvação, porque haveremos de perdê-la por meio
delas? Se já não estamos mais debaixo da Lei e se Cristo já a cumpriu por nós,
porque por ela haveria ainda de nos condenar? Em Romanos 1:16, Paulo diz não se
envergonhar do Evangelho, porque ele é poder de Deus para salvar aquele que
crê. Imaginar que, após sermos salvos pelo Senhor Jesus, poderíamos entrar
novamente em condenação, significa questionar o poder que o Evangelho possui de
salvar totalmente o pecador. A pregação de Jesus nos garante a vida eterna (Jo
3:36), ela nos promete a ressurreição e a subida com o Senhor aos céus. Se o
Senhor nos prometeu, Ele cumprirá. Não
por nossas obras, mas pelo seu sangue vertido na cruz.
Leitura
complementar: 1 Coríntios 1:17; 15:1-4; 2 Coríntios 11:4; Efésios 6:15; 1
Tessalonicenses 1:4,5.
MIZAEL XAVIER
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