A maioria das igrejas costuma fazer um apelo
à conversão no final da pregação. Não importa se a mensagem era ou não
evangelística, se confrontava o pecador com a sua condição de carente da glória
de Deus. Muitas vezes, ela trata de temas específicos da igreja ou trazem
mensagens de ânimo em meio às tribulações. Não importa, o apelo é sempre feito.
Então pode ser que as pessoas não estejam se convertendo pela motivação
correta, mas se "convencendo" por suas próprias motivações. O apelo
toca o emocional, cria um clima propício a uma reflexão interior que objetiva
convencer o ouvinte de que ele precisa daquela solução que o pregador
apresentou. Confrontado com seus problemas e ansioso por vê-los solucionados
com base nas promessas apresentadas, o ouvinte se rende e aceita a Jesus.
Grande parte das conversões segue este princípio: começam do lado de fora,
através de mecanismos humanos de convencimento, onde até mesmo a
neurolinguística é utilizada como ferramenta de poder. Encontramos aqui dois
problemas. O primeiro é que tais mecanismos não são bíblicos e não demonstram
uma conversão genuína, isto é, pela motivação correta. Não podemos julgar a
vida de todos os convertidos, saber da sua intimidade com Deus, ter absoluta
certeza de que a sua conversão foi um mero convencimento e conhecer que planos
Deus tem para a sua vida. Entretanto, a razão para aceitar a Jesus demonstrará
que ideia ele tem do Evangelho, da vontade de Deus para o pecador, das consequências
do pecado e da conversão, do compromisso com a obra de Deus e a sua Palavra
posterior à conversão. Se o que o levou a aceitar a Cristo não foi o
reconhecimento da necessidade de salvação baseada na Queda, na obra de Cristo e
na realidade do céu e do inferno, provavelmente esse “convertido” não entendeu
a mensagem genuína do Evangelho, mas apenas abraçou uma religião que prometera
lhe ajudar em seus problemas, e é isso que ele viverá e buscará em sua vida
cristã. Se ele não tomou conhecimento da importância e da eficácia da cruz de Cristo, não ouviu o Evangelho.
Podemos observar um segundo problema que
envolve a questão dos apelos e das conversões durante o culto, o que nos leva a
duas outras questões. Primeira: quem de fato tem poder para convencer o homem
do seu pecado e conduzi-lo ao arrependimento e à conversão? E segunda: o ser
humano caído, destituído da glória de Deus, morto em seus delitos e pecados e incapaz de buscar a Deus tem a capacidade de aceitar a Jesus? João 16:8
responde claramente a nossa primeira pergunta: é o Espírito Santo que convence
o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Não é o apelo do pastor, não é a
música melancólica ou triunfalista de fundo, não é a eloquência do pregador,
não é a necessidade de ver os seus problemas resolvidos para ser feliz. Quem convence
o pecador da sua condição miserável e o conduz à dizer sim a Deus é o Espírito
Santo. Quem se convence a si próprio ou é convencido pelo homem não foi
convencido pelo Espírito Santo, logo não é convertido. Muitos pregadores deixam
os ouvintes a vontade, não insistem e reconhecem que a conversão é uma atuação de
Deus direta na vida do perdido. Se Deus quiser utilizar o momento do culto ou
qualquer outro, Ele utilizará, mas com a mensagem correta. Outros pregadores
são mais insistentes e não se conformam enquanto ao menos uma vida não aceitar
a Jesus após a preleção. Esta aceitação é uma medalha de honra aos seus méritos
de grandes pregadores, que convencem e arrastam multidões atrás de si; multidões que, muito provavelmente, eles terão pouco ou nenhum contato após
aquele instante. Ninguém pode desejar fazer o papel do Espírito Santo, agindo
com leviandade no trato com as coisas de Deus e as almas que Ele ama. Ninguém
convence ninguém. Nenhuma programação, nenhum ambiente preparado, nenhuma
programação neurolinguística é necessária: a obra é de Deus, é de Cristo, é do
Consolador.
A última pergunta que precisamos responder é
se o homem corrompido pelo verme do pecado original pode responder por sua
própria capacidade o apelo à conversão. As estratégias que já comentamos
parecem forçar uma situação, levar o indivíduo a se sensibilizar com sua
condição – seja de pecador ou de pobre sofredor – até que entregue a sua vida a
Jesus, levantando a mão e indo até à frente para receber uma oração. É preciso
desconfiar da motivação de ambos os lados. O homem está irremediavelmente
perdido, incapaz de produzir dentro de si qualquer motivação de buscar a Deus.
É Deus quem dele se aproxima, quem o convence do pecado, da justiça e do juízo
através da atuação do Espírito Santo. Se nós nos convencêssemos a nós mesmos da
nossa condição de pecadores e da necessidade de Cristo para a nossa salvação,
por que precisaríamos do Espírito Santo? O homem só busca a Deus quando Deus o
busca. O pecador só aceita a Cristo quando já foi aceito por Ele. O Evangelho é
o instrumento utilizado por Deus para acessar a mente e a alma do pecador, para
mostrar-lhe a redenção e chamá-lo ao arrependimento. Esse processo começa e
termina com o Espírito Santo. Escrevendo aos efésios (cap. 1), Paulo apresenta a adesão
do pecador à fé em Cristo como iniciativa da graça de Deus. Em Cristo, Ele nos abençoou
com toda sorte de bênçãos espirituais (v. 3), elegeu-nos (v. 4),
predestinou-nos segundo a sua vontade (v. 5) e nos selou com o Espírito Santo
da promessa como penhor da nossa redenção e possessão sua (vs. 13,14). Assim
como ninguém é capaz de “ganhar almas para Jesus”, nenhuma alma pecadora se
aproxima de Deus se Ele não o atrair. A obra é de Deus, é a sua poderosa graça
que opera em nós, não os mecanismos humanos ou o poder da retórica.
Leia e medite: Atos 3:19; João 16:8;
Efésios 1:4-14.
Ação transformadora: Tenha certeza da sua
conversão e da sua salvação.
Mizael Xavier
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