sábado, 30 de julho de 2016

IMITADORES DE DEUS - COMO IMITAR A DEUS?




Imitadores de Deus – parte 1: O que imitar de Deus?
Efésios 5:1

A natureza que carregamos é caída e depravada. Somente através da graça de Deus em Cristo conseguimos exalar algum odor de santidade. E nós, cuja vida diante da eternidade divina é menos que um piscar de olhos, somos chamados a imitar Aquele que é onipotente, onipresente e onisciente. Como imitar a Deus sendo Ele totalmente Santo e incapaz de errar? Este “mistério” é melhor esclarecido quando mudamos a questão: O que imitar de Deus? Deus se revela a nós em sua Palavra como possuidor de vários atributos. Essa porção ínfima que Deus permite nos revelar de Si contém alguns elementos que podemos imitar, os seus atributos morais. Devemos lembrar apenas de duas coisas: primeira, Deus possui esses atributos de maneira plena; segunda, a nossa imitação não depende da nossa própria capacidade, mas da atuação do Espírito Santo em nós. Os atributos morais de Deus são: santidade, justiça, fidelidade, misericórdia, amor e bondade. Imitar a Deus é manifestar na nossa vida atitudes coerentes com esses atributos. Como Deus demonstra a sua benignidade? Através do amor sacrificial de Jesus e do perdão dos nossos pecados. Como se manifesta a sua santidade? Por meio do seu caráter distinto de todas as criaturas e exaltado acima delas. Como Deus demonstra seu caráter justo? Através da sua retidão e da forma como ele distribui essa justiça no Universo criado. Conhecendo Deus como Ele é, como a sua Palavra o apresenta, somos capazes de ver brilhar em nós um pouco da sua natureza. A nossa luz deve resplandecer diante dos homens por meio das nossas obras para que o Pai seja glorificado nos céus. E isto é possível! Vamos nas próximas oito mensagens estudar melhor esses atributos morais de Deus, a começar por sua Revelação suprema: o Senhor Jesus. Ele é o nosso parâmetro. Imitando ao Senhor, estaremos imitando a Deus, porque Ele é Emanuel, Deus conosco. A Ele toda glória pelos séculos dos séculos. Amém.


Imitadores de Deus – parte 2: Cristo como modelo
Filipenses 2:5-8

Ter o Senhor Jesus como modelo do caráter divino a ser imitado, significa reconhecê-lo como Deus. Ele é a revelação máxima do Pai e todo o seu esplendor. Jesus possuía todos os atributos de Deus, inclusive os seus atributos morais. Ele era benigno, santo e justo. A benignidade de Jesus se demonstra em seu amor sacrificial, em sua renúncia das prerrogativas divinas temporariamente, em seu ministério totalmente voltado àqueles que nada tinham em si e precisavam ser enriquecidos pela graça de Deus. Jesus os amou até o fim (Jo 13:1). A sua santidade está patente em seu caráter divino, perfeito e em todas as suas palavras e atitudes. Jesus não pecou, mas viveu para servir e morrer por quem o desprezou. A justiça do Senhor Jesus se demonstra na pregação do Reino de justiça de Deus e na sua própria obra salvítica que deu a graça da justificação a todo o que nele crê, bem como a nota de condenação àqueles que não creem. Ele é o justo juiz, Aquele que julga retamente. Como Deus amoroso, santo e justo, o Senhor Jesus viveu de modo íntegro e digno de ser imitado. Ele foi humilde e servo. Também foi obediente à Palavra de Deus, a sua própria Palavra, cumprindo cabalmente tudo aquilo que lhe dizia respeito. Ele andou com os desvalidos e marginalizados; curou os degredados e desprezados da sociedade; devolveu a alegria de viver a muitos desesperados e restaurou a fé de muitos que já a haviam perdido. Muito mais que a restauração de enfermidades físicas, Jesus tratou das enfermidades da alma, cuidado das pessoas de forma integral, holística. Não podemos dizer que Jesus estava imitando a Deus, pois é Ele o próprio Deus. Mas em sua realidade humana, deixou-nos exemplo para seguirmos os seus passos, mostrou-nos ser possível. Mesmo o seu sofrimento é exemplo e modelo para nós. Como Ele sofreu, também devemos sofrer.


Imitadores de Deus – parte 3: Santidade
Êxodo 15:11

As Escrituras Sagradas declaram que Deus é Santo (Is 6:3). Originalmente, a palavra santo significa “separado”. Deus está separado da criação de maneira transcendente, distinto de todas as criaturas e exaltado acima delas. Essa santidade também carrega um aspecto ético e diz respeito ao seu caráter puro. A santidade é muito mais que um atributo, mas é a própria natureza de Deus. Somente Deus possui santidade em si mesmo e de forma plena, ao contrário da nossa natureza caída que necessita absorver a natureza divina para que sejamos santos. A santidade de Deus não se revela apenas na sua magnanimidade, mas na lei moral implantada no coração do homem, na sua consciência, e que tem o seu principal termo na Revelação especial de Deus: a Bíblia Sagrada. Temos em Cristo o modelo perfeito da santidade divina (At 3:14). Como imitadores de Deus e de Cristo, o próprio Deus, somos chamados a viver uma vida santa, o que diz respeito ao nosso procedimento, isto é, comportamento puro, fruto de uma identificação com Deus (1 Pe 1:15,16). Essa santidade que o Senhor tem plena em Si, é desenvolvida em nós no decorrer da nossa caminhada cristã, quando somos salvos pela graça e santificados pelo Espírito Santo. Ela é posicional e instantânea, isto é: somos separados para Cristo no momento da nossa conversão (1 Co 1:2; 6:11); e também prática e progressiva, como desenvolvimento da nossa salvação por meio da obediência à Palavra de Deus (Fp 2:12-16).  O nosso chamado é à santidade de vida, a parecer-nos com o Senhor, como novas criaturas mortas para o pecado e vivas para Deus (1 Pe 1:2,15; 2:5; Cl 3:5-9; Ef 4:22). Esta é uma obra do Espírito Santo em nós, que gera seus frutos (Gl 5:22-25). Sejamos santos no nosso proceder, imitando a Deus, separando-nos do mal e absorvendo os frutos da sua justiça, seja por palavras, pensamentos ou ações.


Imitadores de Deus – parte 4: Justiça
Esdras 9:15

Deus é justo. A sua justiça está estreitamente relacionada com a sua santidade. Fazemos aqui um parêntese para lembrar que os atributos de Deus não existem de maneira separada. Quando Deus manifesta a sua justiça, Ele está agindo com fidelidade, misericórdia, amor e bondade. Da mesma forma, o amor de Deus demonstra o seu caráter santo e justo, bem como a sua bondade parte de um Deus misericordioso e fiel. Deus é justo em tratar de modo reto todas as suas criaturas. Segundo Pearlman (1997), podemos ver Deus manifestar este atributo quando livra o inocente, condena o ímpio e exige que se faça justiça (Is 11:3); quando perdoa o pecador penitente (Sl 51:14; 1 Jo 1:9); quando salva o seu povo (Is 46:13); quando dá vitória à causa de seus servos fiéis (Is 50:4-9). O Deus que é justo também requer justiça. A justiça de Deus que se revela no Evangelho (Rm 1:17) para justificar aquele que tem fé em Jesus Cristo (Rm 3:21-26). A justiça que falta ao pecador, Deus lhe atribui (Rm 4:1-8; 2 Co 5:21). Essa justiça é gratuita e está disponível a todos os homens em Cristo (5:17-21). A justiça de Deus nos faz pessoas novas (Ef 4:23,24), cheias do fruto da justiça (Fp 1:11). A justiça de Deus que nos alcança e nos justifica deve ser buscada e nos leva a exercer essa mesma justiça, tanto no nosso relacionamento com Deus quanto o nosso relacionamento com as pessoas. Em todas as áreas da nossa vida temos a oportunidade de nos portar de maneira justa, tomando decisões que levem em conta a prática da justiça de Deus. Nas negociações, na luta por justiça social do Evangelho Integral, na educação dos filhos, na aplicação das leis, no uso e na distribuição dos recursos naturais, no trato com funcionários e colegas de trabalho, em todo o tempo é tempo de imitar a justiça de Deus. Também esta é uma obra do Espírito Santo, da graça de Deus em nós.


Imitadores de Deus – parte 5: Fidelidade
Deuteronômio 7:9

Outro atributo moral de Deus é a sua fidelidade. Desde o início da criação, mesmo com a Queda do homem, Ele permanece fiel àquilo que propôs à humanidade, o que podemos perceber logo no início, ao prometer-nos um salvador (Gn 3:14,15). Em Deus não pode haver sombra de mudança, Ele é o mesmo ontem, hoje e o será para todo sempre, cumprindo tudo o que falou e prometeu (Nm 23:19; Tg 1:17). Podemos confiar plenamente nele, porque as suas palavras não falharão. Ainda que sejamos infiéis, Deus permanece fiel, não por tolerar os nossos pecados, mas porque não pode negar a si próprio. Deus permanece fiel a Ele próprio, à sua Palavra e seus soberanos propósitos (2 Tm 2:13). A sua fidelidade anda acompanhada da sua justiça, que nos perdoa quando pecamos e pedimos perdão (1 Jo 1:9). Como imitar a Deus em sua fidelidade? Como sermos parecidos com o Pai que é totalmente digno de confiança? Todos os homens de Deus que têm a sua história relatada na Bíblia foram fiéis àquilo que Deus lhes propôs, mesmo com todas as suas debilidades, como aconteceu com Moisés, e os seus pecados, como vemos na vida de Davi. A fidelidade de Abraão a Deus gerou obediência. Esses homens e mulheres (cf. Hb 11) puderam ser fiéis porque eram guiados por Deus, porque receberam dele um chamado e a capacitação para implementá-lo. Ser fiel a Deus significa obedecer a sua Palavra, praticá-la. Significa, também, ouvir a voz do Espírito e dizer não à carne, ao mundo e ao diabo. Sendo fiel a Deus, somos fiéis às pessoas, demonstrando amor, solidariedade, cooperação, sendo dignos de confiança. Aquilo que Deus tem proposto para a nossa vida e ministério é o que devemos buscar. Mesmo diante da adversidade e das lutas, sejamos sempre fiéis àquele que sempre nos é fiel e que jamais nos abandona. Ele é sempre o mesmo na distribuição da sua justiça e do seu juízo.


Imitadores de Deus – parte 6: Misericórdia
Efésios 2:4

Deus é misericordioso. Para termos a certeza disso, basta pensarmos na razão de ser da cruz. Deus se dando ao mundo para salvá-lo (Lc 1:78). Diante do nosso pecado, das nossas misérias e da nossa rebeldia, Ele age de maneira favorável, oferecendo-nos a salvação que de outro modo não poderíamos conquistar. A bondade de Deus é uma expressão do seu amor (Jo 3:16) e pode ser percebida por meio da longanimidade como ele trata o pecador (2 Pe 3:8,9). As misericórdias do Senhor não têm fim e são a causa de não sermos consumidos (Lm 3:22,23). O Salmo 103:8 declara que Deus é compassivo e misericordioso, o que o torna tardio em se irar e compreensivo para com as nossas debilidades limitadoras humanas (vs. 9-18). Por causa da misericórdia de Deus podemos ter esperança (Sl 130:7) e confiança (Sl 52:8). Ele é também a esperança dos aflitos e socorre os desesperados (Sl 31:9; 40:11; 57:1). Como podemos experimentar as misericórdias de Deus e não agirmos com misericórdia com aqueles que dela precisam? A parábola do credor incompassivo exemplifica isso (Mt 18:23-35). Os misericordiosos alcançarão misericórdia (Mt 5:7). Diariamente temos a oportunidade de manifestar esta imitação de Deus na nossa vida, olhando ao nosso redor e percebendo as almas perdidas que precisam ouvir o Evangelho da salvação. Essas almas vivem em corpos, do contrário seriam fantasmas. Então carecem de cuidado material também. Alguns passam fome, outros estão entregues às drogas, outros são vítimas de violência, alguns sofrem com dores de separações e mortes. Como filhos da misericórdia, servos do bondoso Deus, é nosso dever e prazer demonstrar uma fé prática que alcance essas vidas. Um coração alcançado por Deus transborda de amor pelas pessoas. Sejamos misericordiosos na prática das boas obras, do perdão e do amor.


Imitadores de Deus – parte 7: Amor
1 João 4:8

Deus é amor. O amor é tido como a maior manifestação da bondade de Deus e toda a sua essência. Já afirmamos que nenhum dos seus atributos existe de maneira separada, de modo que, ao manifestar a sua justiça ao condenar o pecador ao inferno, devemos ver aí o amor de Deus agindo. Sobre este amor, precisamos entender ainda que, primeiro, Deus nos ama por amor a si próprio, para o louvor da sua glória; e, segundo, o seu amor está condicionado à sua Palavra. Isto é: nem tudo o que dizemos que Deus concordará porque é um Deus amoroso é verde. A manifestação suprema do amor de Deus está na cruz (Jo 3:16). Embora geralmente nos encontremos amando somente por palavras, Deus prova o seu amor para conosco através de Cristo (Rm 5:8). Este amor é misericordioso (Ef 2:4), sem medidas (Rm 8:39) e salvador (Tt 3:4-7). Deus ama a todos sem distinção, embora abomine o seu pecado. Mas o seu amor pela Igreja é especial e a ela Ele fala da maneira ímpar (Jo 6:27; Rm 5:8; 1 Jo 3:1) A imitação do amor de Deus é a que mais nos é cobrada na Bíblia, ao ponto de seus escritores afirmarem que é o amor que nos identifica com Ele e que se não nos amarmos uns aos outros nem guardarmos os seus mandamentos – o amor – não temos parte alguma com Ele (Jo 15:12; 1 Jo 4:7-8; 1 Ts 3:12). As qualidades deste amor estão expressas em 1 Coríntios 13. E os seus frutos estão descritos em Gálatas 5:22,23. Este amor deve se manifestar através dos outros atributos, do cuidado com o outro, do exercício dos dons, do evangelismo, da Missão Integral, da unidade do corpo de Cristo. Da mesma forma como Deus se envolveu pessoalmente conosco ao nascer numa estrebaria e experimentar do nosso cotidiano, o seu amor nos leva a nos envolvermos ativamente com as pessoas, suas necessidades, suas crises, suas dores. É um amor além do discurso teológico, é vivo, é pratico.


Imitadores de Deus – parte 8: Bondade
Salmo 31:19

Deus é bom, e isso pode ser comprovado através da realidade como a conhecemos: o universo criado e a existência humana. Somos um ato da bondade de Deus, que nos criou e nos deu todas as coisas que temos desfrutado. A natureza, o ar, o alimento, a saúde, as oportunidades de fazer o bem e viver em paz, a sua Palavra, as bênçãos e livramentos diários, seus propósitos eternos para a nossa salvação, todas essas coisas são frutos da bondade de Deus. Ele é bom em Si mesmo (Mc 10:18; Lc 18:18,19). A sua bondade se manifesta através da sua benevolência, do seu cuidado carinhoso para com a sua criatura (Sl 145:915,16), do seu amor misericordioso e salvador (Jo 3:16), da sua graça (Ef 2:7-10), da sua misericórdia ou benignidade (Sl 136) e da sua longanimidade (Rm 2:4). Deus é bom em tudo o que faz, mesmo quando exerce o seu juízo contra aqueles que o merecem (Rm 11:22). A bondade se encontra entre os frutos do Espírito (Gl 5:22) e é um fruto de quem vive na luz (Ef 5:8,9). Ela se manifesta no caráter e no comportamento de quem pertence a Deus. Paulo exorta aos crentes de Éfeso a serem bondosos uns para com os outros (Ef 4:32). Ele próprio havia sido alvo da bondade cristã em suas viagens missionárias (At 27:3). Como manifestar essa bondade nos dias de hoje? A despeito do evangelho triunfalista e individualista que vem sendo pregado, somos chamados a nos importar com o sofrimento das pessoas e agir de maneira misericordiosa, buscando compreender as suas dores, ajudando-as a superá-las. A pregação e a vivência integral do Evangelho de Cristo nos conduzem a atos gratuitos de amor, quando, tomados pelo Espírito, deixamos as quatro paredes do templo para usar o templo do Espírito Santo, que somos nós, para influenciar o mundo com a simplicidade do Evangelho. Imitar a Deus em sua bondade é amar como Ele nos amou.


Imitadores de Deus – parte 9: Paulo como modelo
1 Coríntios 11:1

A nossa última fronteira na imitação de Deus é imitar pessoas que se tornaram modelos, padrões de qualidade de vida na fé compatíveis com o caráter de Deus, com os seus atributos comunicáveis. É incrível que possa haver pessoas que alcançaram tal nível de intimidade e compromisso com Deus ao ponto de poderem dizer: “Sejam meus imitadores, como eu sou de Cristo” (1 Co 11:1). O apóstolo Paulo não estava se comparando a Jesus, mas incentivando os crentes de Corinto a imitarem-no naquilo que ele se mostrava como modelo, o que podemos ver nos versículos anteriores do capítulo 10. Em 1 Coríntios 4:16 a imitação de Paulo está ligada à sua vivência no ministério, o que envolve compromisso com o Evangelho que se prega e sofrimento por fazê-lo (vs. 1,2,11). Em 2 Tessalonicenses, a imitação que Paulo requer dos irmãos diz respeito ao comportamento deles na pregação da Palavra, de modo ordenado, trabalhando ao invés de serem pesados aos outros (3:7-12). Em Filipenses 3:17, além de se colocar como exemplo, Paulo evoca outros irmãos que andam conforme o exemplo que tinham neles (Paulo e Timóteo). Nos versículos anteriores, ele havia falado sobre não confiar na própria carne, algo que ele mesmo podia fazer, devido ao seu extenso currículo como fervoroso membro do judaísmo (vs. 3-6). Todavia, tudo o que ele era foi considerado menos que nada por amor a Cristo (v. 7). Paulo era alguém que, deixando para traz a Lei da autojustiça, submetia-se a justificação pela fé em Cristo para alcançar a ressurreição, buscando a perfeição em meio às suas debilidades (vs. 8-16). Como vemos, Paulo não está afirmando nesses textos ser um cristão perfeito, digno de ser imitado. Mas naquilo que ele imita a Cristo, exorta aos irmãos que o façam também. Com certeza havia áreas na sua vida nada dignas de serem imitadas, o que não o descredencia como modelo, mas apenas afirma sua humanidade.


Imitadores de Deus – parte dez: Modelos de fé
Hebreus 6:12

Como vimos, a despeito das suas limitações que o levam a se autodeclarar o principal dos pecadores (1 Tm 1:15), havia em Paulo elementos de fé e de prática que eram dignos de serem imitados e ele exorta os irmãos a seguirem o padrão que viam nele. No mundo existem cristãos batalhando por sua fé, dando a vida pelo Evangelho, propagando o amor de Deus por meio das suas obras em favor dos pobres, pregando a Palavra com autoridade teológica e espiritual, sendo modelos de caráter em meio a um mundo desprovido de valores, sendo alicerces da igreja onde muitos são mercenários. Tais cristãos são dignos de serem padrões para a nossa caminhada no Evangelho. Não são pessoas perfeitas, possuem pecados que precisam ser abandonados, mas se reconhecem a caminho e permitem que Deus trabalhe em suas vidas. Tornar-se modelo não significa tornar-se perfeito, mas ser alguém que busca essa perfeição. Imitemo-los nessa busca. O escritor de Hebreus convoca os seus leitores a imitarem a fé daqueles que perseveraram zelosamente na fé até o fim para alcançarem a promessa (6:12). No capítulo 11 ele lista vários desses modelos, pessoas que enfrentaram toda sorte de adversidades em busca de coisas superiores, celestiais. O mesmo autor (13:7) também exorta que sejam utilizados como modelos aqueles que originalmente lhes pregaram o Evangelho, atentando para “o resultado da vida que tiveram” (KJA), ou “o fim da sua vida” (ARA). A fé daqueles pregadores gerou resultados para a sua vida e a dos crentes hebreus. Que estilo de vida poderia gerar resultados tão preciosos? Era isso que eles deveriam imitar. Existem, porém, modelos indignos de imitação, pessoas que praticam o mal e não conhecem a Deus (3 Jo 11). Os fariseus eram um exemplo (Mt 23:1-12). Eles não imitam a Cristo e, por mais belas que sejam as suas palavras, o seu modelo é desprezível.

MIZAEL XAVIER

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segunda-feira, 11 de julho de 2016

É VOCÊ QUEM ACEITA A JESUS OU É JESUS QUEM TE ACEITA?




A maioria das igrejas costuma fazer um apelo à conversão no final da pregação. Não importa se a mensagem era ou não evangelística, se confrontava o pecador com a sua condição de carente da glória de Deus. Muitas vezes, ela trata de temas específicos da igreja ou trazem mensagens de ânimo em meio às tribulações. Não importa, o apelo é sempre feito. Então pode ser que as pessoas não estejam se convertendo pela motivação correta, mas se "convencendo" por suas próprias motivações. O apelo toca o emocional, cria um clima propício a uma reflexão interior que objetiva convencer o ouvinte de que ele precisa daquela solução que o pregador apresentou. Confrontado com seus problemas e ansioso por vê-los solucionados com base nas promessas apresentadas, o ouvinte se rende e aceita a Jesus. Grande parte das conversões segue este princípio: começam do lado de fora, através de mecanismos humanos de convencimento, onde até mesmo a neurolinguística é utilizada como ferramenta de poder. Encontramos aqui dois problemas. O primeiro é que tais mecanismos não são bíblicos e não demonstram uma conversão genuína, isto é, pela motivação correta. Não podemos julgar a vida de todos os convertidos, saber da sua intimidade com Deus, ter absoluta certeza de que a sua conversão foi um mero convencimento e conhecer que planos Deus tem para a sua vida. Entretanto, a razão para aceitar a Jesus demonstrará que ideia ele tem do Evangelho, da vontade de Deus para o pecador, das consequências do pecado e da conversão, do compromisso com a obra de Deus e a sua Palavra posterior à conversão. Se o que o levou a aceitar a Cristo não foi o reconhecimento da necessidade de salvação baseada na Queda, na obra de Cristo e na realidade do céu e do inferno, provavelmente esse “convertido” não entendeu a mensagem genuína do Evangelho, mas apenas abraçou uma religião que prometera lhe ajudar em seus problemas, e é isso que ele viverá e buscará em sua vida cristã. Se ele não tomou conhecimento da importância e da eficácia da cruz de Cristo, não ouviu o Evangelho.


Podemos observar um segundo problema que envolve a questão dos apelos e das conversões durante o culto, o que nos leva a duas outras questões. Primeira: quem de fato tem poder para convencer o homem do seu pecado e conduzi-lo ao arrependimento e à conversão? E segunda: o ser humano caído, destituído da glória de Deus, morto em seus delitos e pecados e incapaz de buscar a Deus tem a capacidade de aceitar a Jesus? João 16:8 responde claramente a nossa primeira pergunta: é o Espírito Santo que convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Não é o apelo do pastor, não é a música melancólica ou triunfalista de fundo, não é a eloquência do pregador, não é a necessidade de ver os seus problemas resolvidos para ser feliz. Quem convence o pecador da sua condição miserável e o conduz à dizer sim a Deus é o Espírito Santo. Quem se convence a si próprio ou é convencido pelo homem não foi convencido pelo Espírito Santo, logo não é convertido. Muitos pregadores deixam os ouvintes a vontade, não insistem e reconhecem que a conversão é uma atuação de Deus direta na vida do perdido. Se Deus quiser utilizar o momento do culto ou qualquer outro, Ele utilizará, mas com a mensagem correta. Outros pregadores são mais insistentes e não se conformam enquanto ao menos uma vida não aceitar a Jesus após a preleção. Esta aceitação é uma medalha de honra aos seus méritos de grandes pregadores, que convencem e arrastam multidões atrás de si; multidões que, muito provavelmente, eles terão pouco ou nenhum contato após aquele instante. Ninguém pode desejar fazer o papel do Espírito Santo, agindo com leviandade no trato com as coisas de Deus e as almas que Ele ama. Ninguém convence ninguém. Nenhuma programação, nenhum ambiente preparado, nenhuma programação neurolinguística é necessária: a obra é de Deus, é de Cristo, é do Consolador.

A última pergunta que precisamos responder é se o homem corrompido pelo verme do pecado original pode responder por sua própria capacidade o apelo à conversão. As estratégias que já comentamos parecem forçar uma situação, levar o indivíduo a se sensibilizar com sua condição – seja de pecador ou de pobre sofredor – até que entregue a sua vida a Jesus, levantando a mão e indo até à frente para receber uma oração. É preciso desconfiar da motivação de ambos os lados. O homem está irremediavelmente perdido, incapaz de produzir dentro de si qualquer motivação de buscar a Deus. É Deus quem dele se aproxima, quem o convence do pecado, da justiça e do juízo através da atuação do Espírito Santo. Se nós nos convencêssemos a nós mesmos da nossa condição de pecadores e da necessidade de Cristo para a nossa salvação, por que precisaríamos do Espírito Santo? O homem só busca a Deus quando Deus o busca. O pecador só aceita a Cristo quando já foi aceito por Ele. O Evangelho é o instrumento utilizado por Deus para acessar a mente e a alma do pecador, para mostrar-lhe a redenção e chamá-lo ao arrependimento. Esse processo começa e termina com o Espírito Santo. Escrevendo aos efésios (cap. 1), Paulo apresenta a adesão do pecador à fé em Cristo como iniciativa da graça de Deus. Em Cristo, Ele nos abençoou com toda sorte de bênçãos espirituais (v. 3), elegeu-nos (v. 4), predestinou-nos segundo a sua vontade (v. 5) e nos selou com o Espírito Santo da promessa como penhor da nossa redenção e possessão sua (vs. 13,14). Assim como ninguém é capaz de “ganhar almas para Jesus”, nenhuma alma pecadora se aproxima de Deus se Ele não o atrair. A obra é de Deus, é a sua poderosa graça que opera em nós, não os mecanismos humanos ou o poder da retórica.

Leia e medite: Atos 3:19; João 16:8; Efésios 1:4-14.

Ação transformadora: Tenha certeza da sua conversão e da sua salvação.

Mizael Xavier

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quarta-feira, 6 de julho de 2016

BÍBLIA: O MAPA SEGURO DA NOSSA FÉ




TÍTULO: O mapa correto.
TEMA: A Bíblia é o único mapa seguro para a nossa fé e a nossa prática.
TEXTO ÁUREO: 2 Timóteo 3:16,17


1. Qual o teu mapa?

Digamos que você fará uma viagem turística a um país distante para o qual você nunca viajou. Você não conhece as ruas, as estradas, os pontos turísticos, os hotéis nem qualquer outra coisa. Então alguém lhe sugere comprar um mapa. Você acha uma ótima ideia e se dirige a uma loja especializada em mapas para compra-lo. Quando chega lá, o vendedor lhe apresenta três tipos de mapa e tenta convencê-lo a adquiri-los. O primeiro é um mapa alternativo, feito por alguém que jamais esteve naquele país, mas que apenas ouviu falar e criou aquele mapa de acordo com suas impressões. Ele acrescentou o que desejou e retirou aquilo que julgava não ser necessário. O segundo é o mapa de outro país. Ele diz que todos os mapas são iguais e que aquele lhe servirá perfeitamente. Você pega, observa, vê que os nomes das estradas e pontos turísticos são diferentes, mas ainda assim o vendedor insiste que com aquele mapa em mãos você fará uma excelente viagem. Então, finalmente, ele lhe apresenta o mapa oficial do país, com todas as ruas, avenidas, pontos turísticos, hotéis e restaurantes indicados de forma bastante clara e precisa. Qual daqueles mapas você levaria em sua viagem?

2. A Bíblia é o mapa seguro da nossa fé e da nossa prática

1. Ela é divinamente inspirada, não contém erros nem mentiras. Podemos confiar plenamente no seu conteúdo (2 Timóteo 3:16,17; 2 Pedro 1:20,21).
2. Ela é a Revelação específica de Deus para nós. Ela mostra quem Deus é (sua natureza e seu caráter) e qual a sua vontade para a humanidade e para a Igreja (Hebreus 1:1-14; 1 Samuel 3:4; 1 Reis 9:9,13)
3. Ela nos mostra Cristo e a sua salvação (João 14:6; Atos 4:12)
4. Ela nos mostra o nosso pecado e se mostra como poder de Deus para a salvação daquele que crê em Jesus. Fora das Escrituras Sagradas não existe possibilidade de salvação (Gálatas 3:22; Romanos 1:16).
5. Ela é a única fonte divina de fundamento da nossa fé e nos protege das heresias. Tudo o que precisamos saber a respeito daquilo que cremos está na Bíblia. O catolicismo aceita a Tradição e o Magistério da Igreja Católica, os mórmons possuem o Livro de Mórmon. O verdadeiro cristão tem a Bíblia (Gálatas 1:6-10).
6. A Bíblia nos fornece todos os elementos essenciais de uma vida espiritual sadia e prática, transformando o nosso caráter e nos capacitando para a obra do Senhor (Gálatas 5:22,23; Hebreus 4:12).

3. Conclusão: devemos rejeitar os mapas falsos

1. Toda a nossa fé, a nossa espiritualidade e as nossas obras devem ter como parâmetro a Bíblia.
2. Nem tudo aquilo que se pratica nas igrejas tem fundamento bíblico. Exemplo: Teologia da Prosperidade, diversos tipos de unções, novos apóstolos, etc.
3. A Bíblia precisa ser linda e estudada diariamente. A sua interpretação deve seguir duas regras: a iluminação do Espírito Santo em primeiro lugar e a aplicação da Hermenêutica.
4. O amor à Palavra de Deus deve gerar em nós gratidão, obediência e obras.
5. Na dúvida, fiquemos com a Palavra de Deus. Sejamos crentes bereanos (Atos 17:11).

OS "CAÇA-PALAVRA" E A IMPORTÂNCIA DE VIVER A PALAVRA DE DEUS




Nos anos 80, um dos filmes que mais brilhou nos cinemas foi “Os caça-fantasmas”. Um grupo de quatro amigos montou uma empresa especializada em caçar fantasmas. Bastava discar um número de telefone e lá estavam eles com suas máquinas de raios para capturar qualquer assombração. O refrão da música repetia: “Quem você vai chamar? Caça-fantasmas!”. O mundo evangélico parece ter um sistema parecido: são os “caça-Palavra”. No momento da angústia, do desespero, da dúvida ou qualquer outra emergência, basta “discar” um versículo e parece que tudo se resolve.
Eis alguns “números de emergência” da Bíblia. quando está triste, chame João 14; quando você está preocupado, ligue Mateus 6: 19-34; quando a sua fé precisa de agitação, ligue Hebreus 11; você se sente para baixo , ligue Romanos 8: 31-39; quando você quer segurança cristã, ligue Romanos 8: 1-30; quando você quer coragem para um tarefa, chamar Josué 1; segredo de Paulo para a felicidade, Colossenses 3:12-17; está deprimido, chame Salmo 27; Se o seu bolso está vazio, ligue Salmo 37; se está desanimado no seu trabalho, o Salmo 126. Existem muitos outros “disque-soluções” que os “caça-Palavra” utilizam, como se o simples abrir da Bíblia, ler ou tomar posse de alguns versículos fosse resolver algum problema. Ou como se a Bíblia fosse um mantra que, se repetido várias vezes, trará algum benefício. A Palavra de Deus só se torna eficaz na nossa vida quando ela é posta em prática, vivida, obedecida. Vencer uma barreira, passar por um problema, alcançar uma vitoria, obter sucesso é muito mais que folhear a Bíblia, mas envolve mudança de pensamento e de comportamento, arrependimento e confissão de pecados, prática do amor, santidade de vida, libertação de vícios abandono de si, solidariedade.
Se não conheço a razão da minha tristeza nem estou disposto a dar os passos necessários para uma vida cristã feliz, de nada me adiantará chamar João 14. A minha preocupação somente desaparecerá ou será trabalhada se eu colocar em prática o que me diz Mateus 6:19-34. Recitar o Salmo 91 num momento de perigo não me livrará da mão de bandidos, mas ser prudente e investir em segurança, confiando na proteção de Deus, sim. Não vencerei os meus medos apenas crendo que o Senhor é o Pastor do Salmo 23, mas abrindo a minha vida para que Ele realmente seja Senhor e Soberano absoluto do meu coração. Se estou por baixo, não me adianta apenas conhecer o que diz Romanos 8:31-39, mas vivenciar o poder do amor de Deus que pode me colocar de pé. Quando saio de casa para o trabalho ou para uma viagem, ler o Salmo 121 não fará com que os acidentes fiquem longe ou eu não tenha nenhum tipo de chateação no meu emprego. Isso seria superstição.
A Bíblia não é um simples manual de instruções com fórmulas prontas para todas as ocasiões. Compreender o que ela nos diz e executar aquilo que ela nos pede não é tão fácil quanto parece. Viver a Bíblia e torná-la real em nosso dia a dia envolve, além do que já dissemos, comprometimento com Deus, com os valores do seu Reino. O processo da cura espiritual e emocional é demorado, requer renúncia. Tornar a Palavra a bússola da nossa vida é mais que tomá-la nas mãos e abri-la a esmo, mas envolve impregnar a nossa vontade com o seu aroma suave, fazer dela o nosso alimento diário. Achar que tudo será fácil e mágico porque temos a Bíblia nas mãos é um terrível engano. Não foi fácil nem mágico para aqueles que a escreveram, por que seria para nós? Não foi simples para os homens e mulheres de Deus mencionados em Hebreus 11, por que seria diferente conosco?
Jesus foi tentado através da própria Palavra. Os apóstolos pregaram a Palavra e por ela sofreram toda sorte de perseguições, alguns foram martirizados. O que Deus espera de nós é que nos deixemos tomar de tal forma por sua Palavra que ela se torne o nosso respirar, o nosso caminhar, o nosso ouvir, o nosso falar, o nosso enxergar. Não simplesmente porque acreditamos nele, mas acima de tudo porque a colocamos em prática. A fé é prática. O avivamento espiritual vem por meio de obediência à Palavra. Ela é o começo, meio e fim da fé Cristã. Logo, ao invés de caçar a Palavra, devemos vivê-la em toda a sua inteireza, pela graça de Deus que nos capacita a isso, pelo Espírito Santo que nos justifica e santifica.



Mizael de Souza Xavier