Maria e a vontade de Deus para nós
Mizael Xavier
Estudo baseado no Evangelho Segundo Lucas 1:26-38
Introdução
O cristianismo de hoje é um cristianismo de benção, de poder, de milagres e de unção. É isso que tem sido pregado na maioria das igrejas evangélicas e atingindo, também, alguns seguimentos da igreja católica: que o cristão não sofre e que Deus possui prosperidade e sucesso profissional guardados num cofre no céu, aberto pela senha que é o nome de Jesus e os dízimos.
Muito se fala do Deus de poder e pouco se fala do Deus de autoridade, do Deus que é justiça e juízo. Pouco se busca a vontade de Deus. Mas a jovem Maria, uma moça pobre de Nazaré, não estava em busca de ouro ou prata, não desejava carros importados nem empresas multimilionárias. Ela só queria uma coisa: que a vontade de Deus se cumprisse na sua vida.
A história e a vida de Maria têm sido negligenciadas pelos evangélicos. Mas é esta personagem agraciada por Deus, bem-aventurada entre todas as mulheres e ao mesmo tempo pequena como nós, que traz uma das maiores e mais belas lições da Bíblia: a submissão à vontade do Pai.
Vamos estudar o texto e ver que grandes lições Deus tem para nos ensinar.
1) O Deus que se revela (vs. 26-28)
Em primeiro lugar encontramos Deus se revelando aos homens. Deus sempre se revelou aos homens ao longo dos tempos (Adão e Eva, Moisés, Abraão, os profetas, apóstolo Paulo). Como vemos na Bíblia Sagrada, a iniciativa é de Deus em nos buscar, em se revelar para nós. Deus se revela por meio da História, tanto bíblica quanto extra-bíblica. Mais em especial, Deus se revela por meio das Escrituras: Êxodo 34:27,28 (mandamentos, profecias e promessas) e nas coisas criadas (Salmo 19:1-4). Jesus Cristo é a revelação perfeita de Deus, o Verbo de Deus encarnado que habitou no meio de nós (Hb 1:1-4; João 1:1-14; João 5:18; Gálatas 4:4).
Qual o propósito de Deus se revelar ao homem? Está claro que é manter relacionamento com ele e mostrar-lhe a sua vontade. Foi isso que aconteceu com Maria: Deus se revelou à sua serva para mostrar a obra que haveria de realizar por meio dela.
Nem sempre estamos prontos para ouvir aquilo que Deus quer falar para nós. Às vezes a vontade de Deus para a nossa vida nos confunde, porque geralmente aquilo que Deus tem para nós é o que queremos para nós mesmos. Quais são os planos de Deus para a sua vida? Deus tem uma grande obra a realizar em você e por você.
2) A fragilidade humana frente aos desígnios de Deus (vs. 29 e 34)
Maria nos dá um exemplo de humildade e de reconhecimento da nossa incapacidade frente aos desígnios de Deus. Ela não se vê capaz de cumprir o que Deus queria realizar. Como ter um filho se nem era casada? Assim como Maria, somos pecadores, somos seres humanos falhos, incompletos, mas mesmo assim Deus nos escolhe e nos separa para a sua obra. Precisamos admitir nossas falhas, nossos pecados, nossa incapacidade de realizar sem Deus a sua obra. Deus não nos chama por aquilo que somos, mas por aquilo que Ele quer realizar por nosso intermédio. Se Deus fosse usar somente as pessoas perfeitas e preparadas, não poderia usar ninguém.
3) A resposta de Deus: o poder que opera tudo em todos (vs. 30 a 33; 35 a 37)
Deus revela a Maria que não é pelo nosso talento, pela nossa capacidade, mas pelo seu poder de Deus que opera em nós que Ele realiza a sua obra. É Deus quem opera tudo em todos (1 Coríntios 12:6; Colossenses 1:29). A nossa suficiência vem do Senhor (2 Coríntios 3:4-6) Deus não chama os capacitados, mas capacita os escolhidos. A vontade de Deus será realizada a despeito da nossa pequenez: Deus se torna grande em nós. O que precisamos é esperar em Deus e confiar que ele fará tudo conforme nos prometeu, além de fazer tudo o que Ele nos ordenou.
4) A submissão servil do coração abençoado por Deus (v. 38)
Um coração alcançado por Deus é um coração que deseja servi-lo. E é impossível servir a Deus sem obedecê-lo. Mesmo diante daquilo que era humanamente impossível, Maria se submeteu aos desígnios de Deus. Submeter-se à vontade de Deus, para a Maria daquela cultura, significaria correr o risco de perder o seu noivo, ser apedrejada por suspeita de adultério ou ser marginalizada pela sociedade. O quanto estamos dispostos a arriscar para cumprir a vontade de Deus para a nossa vida? Será que estamos dispostos a pagar o preço? Será que realmente acreditamos em Deus ao ponto de nos deixar guiar totalmente por ele ao invés de resolver tudo da nossa maneira e com nossos próprios esforços?
Diante da revelação de Deus devemos nos submeter à sua vontade, confiar no seu poder e obedecer a sua Palavra. Temos no livro de Atos dos Apóstolos o exemplo de Paulo: de perseguidor da Igreja a mensageiro das boas-novas. Diante da revelação de Deus, Paulo se converteu e se submeteu até a morte aos planos de Deus para a sua vida.
5) Reflexão
Você conhece a vontade de Deus para a sua vida? Você está disposto(a) a se submeter a Deus e a pagar o preço para que a sua obra se cumpra em você? Você é como Maria que se reconheceu como uma serva do Senhor e se submeteu à sua Palavra, ou você é como muitos cristãos que não querem servir a Deus, mas querem que Deus os sirva, decretando bênçãos para si e exigindo e cobrando de Deus prosperidade para as suas vidas?
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