sábado, 8 de abril de 2017

A OBEDIÊNCIA COMO RESULTADO DA NOSSA FÉ



OBSERVAÇÃO: Este estudo é parte integrante do meu livro “Os sete barcos de Deus”, no estudo sobre os elementos da fé cristã.

A fé também envolve obediência. Crendo, precisamos obedecer, não agindo como Adão (Rm 1:5). Jesus deixou bem claro que aqueles que o amam, guardam os seus mandamentos (Jo 14:15). Aqueles que foram libertos do pecado vivem para obedecer a Deus de coração (Rm 6:17) e não se deixam enredar pela mentira (Gl 5:7). Seguir a Jesus significa obedecer aquilo que Ele ordenou e guardar a sua Palavra, fazer a sua vontade, imitá-lo. Muitas pessoas estão com um pé na igreja e outro no mundo, orando nos cultos de domingo e frequentado bares durante a semana; louvando a Deus na igreja e ouvindo músicas do mundo em suas casas. Não estamos falando de pecados acidentais dos quais o cristão verdadeiro se arrepende amargamente no Senhor por ter sucumbido, mas de um estilo de vida pecaminoso que em nada lembra o caráter de Cristo, de vícios e manias que não deveriam fazer parte da vida cristã, incluindo palavrões. Se obedecemos a Deus, isso reflete na nossa relação com as pessoas. Honrar os pais e respeitá-los é uma atitude obediente. Ser um bom estudante e cumprir suas obrigações como tal, também demonstra obediência. Também na vida profissional, tanto na lida com os empregados como do empregado com o patrão, a obediência se faz presente. Ela também se encontra nas relações entre os membros da Igreja, inclusive na obediência aos líderes, como escreveu o autor de Hebreus: “Obedecei aos vossos guias e sede submissos a eles” (Hb 13:17; cf. v. 7; Fp 2:12,19; 1 Ts 5:12,13; 2 Ts 3:14; 1 Tm 5:17; 1 Co 16:16).
Obedecer não é uma concessão, mas um mandamento, uma ordem, e o seu cumprimento ou não mostra de que lado de fato nós estamos. É pertinente falar da separação de termos que muitos fazem na sua conversão: Jesus como “Salvador” e Jesus como “Senhor”. O primeiro está sendo pregado abundantemente, acima de tudo na Teologia da Prosperidade. Todavia, não é o Cristo que salva o ímpio da ira vindoura de Deus, mas de uma vida derrotada e financeiramente miserável. Esse Jesus pretende restaurar relacionamentos não pelo poder da obediência a Deus que gera santidade de vida e amor fraternal, mas por uma fé mágica que diz que “crente não pode sofrer”. Esse “Salvador” dá emprego, faz empresas alavancarem, destrói os espíritos de todas as enfermidades, inclusive o “espírito da morte”, e pode ser acessado através de amuletos e mantras evangélicos. Este Jesus fest food é vendido nas esquinas e nos templos suntuosos e, como um grande apresentador de realit show, oferece recompensas àqueles que cruzarem a linha de chegada da fé.
Mas e o Jesus Senhor? O Jesus Salvador – dos pecados – é também Senhor. Ele morreu na cruz para nos salvar dos nossos pecados, dar-nos uma vida abundante aqui na terra – afinal o Reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo – e nos levar em segurança para o seu lar celestial. Mas Ele não somente salva o pecador como também quer ser Senhor dele. É algo que não deveria ser desassociado: salvação e senhorio. Pelo fato de crermos em Cristo como nosso Salvador, Ele necessariamente precisa ser o Senhor da nossa vida, ditando as regras, assumindo o controle das nossas escolhas e decisões, com poder para nos repreender quando incorremos em alguma falta e amor para nos perdoar quando nos arrependemos. Ele deve estar com as mãos no leme da nossa embarcação, dirigindo o nosso coração, renovando a nossa mente. Quem tem este Jesus-Salvador-Senhor, não vive mais na prática do pecado, mas entende que precisa obedecer, não por constrangimento ou obrigação, mas por prazer e boa vontade. E será isto que decidirá se estamos ou não no caminho de Jesus. São poucos o que aceitam trilhá-lo quando encontram na entrada a necessidade de obedecer.
O motivo principal para a nação de Israel viver debaixo da ira de Deus, sofrendo diversas invasões de povos gentílicos e também cativeiro foi a sua desobediência. Desde a sua libertação da escravidão do Egito o povo demonstrou possuir um coração obstinado em fazer aquilo que Deus não aprovava, praticando toda sorte de males e entregando-se à idolatria. Deus fala a respeito do seu povo, em Deuteronômio 5:29: “Quem dera que eles tivessem tal coração, que me temessem e guardassem em todo tempo todos os meus mandamentos, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos, para sempre”. Muitos cristãos vivem em pecado obstinado como fazia o povo de Israel, cultuando a Deus de maneira religiosa, cumprindo rituais e liturgias, mas sem ter o coração realmente voltado para o Senhor. Samuel afirmou a Saul após a sua desobediência, quando não esperou pelo profeta e ofereceu sacrifícios a Deus antes que ele chegasse: “Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor que a gordura de carneiros” (1 Sm 15:22). Se a fé não gera obediência a Deus, ela é apenas uma credulidade, a crença em uma divindade impessoal que não se relaciona com o fiel nem lhe cobra compromisso moral algum.

A fé que Deus espera de nós se demonstra por meio de uma vida santa e submissa. Não seremos reconhecidos como discípulos de Jesus apenas no templo, nas nossas orações em oculto, nos nossos dízimos e ofertas, mas no nosso comportamento diante da Igreja e do mundo, demonstrando que de fato Cristo é o Senhor da nossa vida. O próprio Senhor Jesus declarou: “Por que me chamais Senhor, Senhor e não fazeis o que vos mando?” (Lc 6:46). Não basta declarar-se cristão, é preciso viver como tal. Não basta ter a Bíblia como regra de fé e prática, é preciso praticá-la (cf. Mt 5:19, Js 1:8; 1 Jo 5:3). Como escreveu Tiago: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1:22). A vontade de Deus para os seus filhos é que eles o obedeçam e assim demonstrem que realmente fazem parte da sua família, que foram alcançados por sua graça e por isso sentem prazer em cumprir seus mandamentos. O apóstolo Pedro registrou em sua epístola aquilo que deve ser como um anseio para o coração do crente: “Como filhos da obediência, não vos moldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque está escrito: Sede santos, porque eu sou santo” (1 Pe 1:14-16). Quem nos éramos como filhos da desobediência deve ser deixado para trás, para que a nossa nova identidade em Cristo de filhos da obediência transforme diariamente o nosso caráter e nos santifique para que sejamos conforme a imagem daquele que chamamos de Senhor (Ef 2:1-3; 4;17; 5:6-8; Cl 3:7; 1 Co 6:11). Precisamos ter a mente renovada e assim não fazermos mais a nossa vontade, mas a vontade de Deus (Rm 12:2).



LANÇAMENTO EM BREVE!

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