terça-feira, 30 de maio de 2017

EVANGELISMO E TESTEMUNHO PESSOAL




A questão do testemunho pessoal pode ser considerada, em certo sentido, algo muito controverso na pregação da Palavra de Deus. Como veremos aqui, existem quatro tipos de testemunho: o testemunho da Palavra, isto é, a pregação direta do Evangelho; o testemunho de vida como fruto da conversão, o que envolve a santidade e a influência do crente no mundo; o testemunho da experiência, das conquistas a partir da conversão, como curas, libertações e bênçãos alcançadas; e o testemunho solidário. Ao estudarmos cada um, veremos a sua importância e o cuidado que devemos tomar em cada um deles, para que o nosso testemunho seja sempre correto, condizente com a Palavra de Deus.

O testemunho da Palavra. Testemunhar da Palavra significa pregar de forma verbal o Evangelho, proclamando as verdades bíblicas que podem conduzir o homem à salvação. Essa Palavra é fiel e digna de inteira aceitação (1 Tm 4:9). A exortação de Paulo a Timóteo foi; “prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda longanimidade e doutrina” (2 Tm 4:2; cf. um conselho semelhante a Tito: Tt 2:15). Como temos aprendido aqui, o foco da evangelização cristã é a pregação do Evangelho, o testemunho da Palavra de Deus que é o poder para a salvação do pecador. Qualquer outro testemunho, por mais impressionante que seja (a cura de um câncer, por exemplo), se não mostrar a Cristo como o Messias, o Salvador do mundo, não surtirá o efeito que o verdadeiro evangelismo propõe. O impressionante nem sempre é o mais importante.

O testemunho da conversão. Esse testemunho diz respeito à nossa conduta pessoal após a conversão, a mudança de vida operada em nós, que passa a ser percebida pelas pessoas que nos conhecem. A conduta do evangelista deve ser irrepreensível, de modo que ele faça a diferença e não se torne motivo de tropeço para ninguém nem de escárnio para o Evangelho (1 Co 1:8; 10:31,32; 2 Co 6:1-3; Ef 1:4). Em Cristo, ele é sal e luz (Ef 5:13-16) e deve, por meio das suas boas obras, levar os homens a glorificarem a Deus. Quando a sua vida brilha com a luz de Cristo, o mundo é iluminado. Seja na prática do dia a dia ou no testemunho para alguém da obra que Cristo operou na sua vida, o evangelista deve evocar a sua antiga natureza pecaminosa e demonstrar como a conversão a Jesus mudou todo o seu ser. Deve ficar bastante claro para o ouvinte que ele está na mesma condição pecaminosa e precisa urgentemente de salvação. E também que a conversão produz resultados práticos: além de uma vida íntegra, compromisso incondicional com Deus, obediência à sua Palavra e prática das boas obras (Ef 2:8-10). O testemunho pessoal não visa converter ninguém, mas intenciona levar as pessoas ao conhecimento de Cristo.

O testemunho da experiência. Este é um dos principais testemunhos ouvidos nas igrejas. Geralmente diz respeito às experiências pessoais do crente com Deus, das curas físicas e espirituais que ele experimentou, de milagres, da solução de problemas financeiros, da conquista de bênçãos, do alcance de promessas. Quando esses testemunhos são verdadeiros, edificam a Igreja e a leva a glorificar a Deus (embora isso deva acontecer sempre, mesmo se não houver cura, bênçãos materiais, prosperidade, etc.). Todavia, quando direcionados a descrentes com o intuito de lhes apresentar Deus, o efeito pode não ser o esperado. Isto é: quem está passando por sérios problemas financeiros, de saúde, familiares ou quaisquer outros e ouve esse tipo de testemunho, logo se animará a abraçar a fé cristã, porque deseja ter seus problemas resolvidos e obter a cura. Essas adesões, no entanto, não são conversões genuínas, não envolveram a proclamação do Evangelho, não confrontaram o perdido com o seu pecado e não apresentaram a Jesus como Salvador e Senhor. Embora o número de membros da Igreja possa aumentar significativamente, não de pode dizer o mesmo sobre o número de verdadeiros discípulos de Jesus. O evangelista precisa absorver e decorar esta verdade: Cristo veio nos libertar e salvar dos nossos pecados, não dos nossos problemas pessoais.

O testemunho solidário. Este testemunho envolve dois fatores: o primeiro já foi abordado, é o “evangelismo relacional”; o segundo veremos mais a frente, no módulo 4, sobre “evangelismo e cosmovisão cristã”. Trata-se da demonstração do amor de Deus na prática, onde a Igreja demonstra o poder de Deus na busca e no exercício da justiça, praticando aquilo que Tiago chamou de “a religião pura e sem mácula” (Tg 1:27).


A Palavra e a experiência. Cabe aqui um importante comentário. A Palavra de Deus está acima da experiência humana. Entretanto, ela é pregada em muitas igrejas com base nas experiências pessoais de alguns pregadores. Infelizmente, essas experiências nem sempre falam de um arrependimento estrutural e uma vida transformada pela graça de Deus, mas da conquista de bênçãos, como dito acima e como acontece muito em igrejas neopentecostais da Teologia da Prosperidade. Todavia, se a revelação de Deus está limitada à experiência humana, o que acontecerá quando o ser humano falhar, quando ele pecar e se desviar? O que acontecerá quando a bênção tão desejada não vier, mas, ao contrário, permanecer o sofrimento, a doença, as tribulações? Os “crentes” permanecerão firmes nessa Palavra fundamentada na experiência dos outros? A Palavra do Senhor terá falhado e já não será mais digna de confiança? Não fomos comissionados para pregar as nossas experiências e conquistas pessoais, muitas vezes mesquinhas, mas o Evangelho de Cristo, a mensagem redentora do seu Reino de amor. O que deve sair da nossa boca é a Palavra infalível de Deus, verdadeira, soberana, imutável e eterna. Assim, todo aquele que se converter ao Senhor saberá com certeza: independente de qualquer coisa, Ele é Deus e continuará sendo Deus.

Mizael Xavier  

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