A novela Páginas da vida apresentada todas as noites em 2006, de segunda a sexta-feira, pela Rede Globo, trouxe em seu enredo um assunto relevante para os dias atuais. Ela apresentou a história de Ubirajara Rangel, o Bira, (Eduardo Lago), um alcoólatra que lutava para se livrar do vício, enquanto passava por momentos de humilhação pública e de desprezo e vergonha por parte de seus familiares. O drama vivido pelo personagem fictício é bastante real na vida de milhões de pessoas espalhadas por todo o globo terrestre. É um alerta de que a dependência química produzida pela ingestão de álcool, e todos os males que ela produz na vida do dependente, é um problema muito sério e que envolve questões sociais.
Em contrapartida a esta propaganda contra o alcoolismo, a mídia apresenta inúmeras formas de incentivo a esta prática. A mesma novela mostrava festas onde as pessoas bebiam a vontade, em ambiente alegre e familiar. Tomemos como exemplo a grande maioria das letras de músicas de forró que diariamente tocam nas rádios. Nelas, o consumo exagerado de bebidas alcoólicas é incentivado e vem acompanhado de diversos males, como a prostituição, o adultério, a violência, a promiscuidade, e muitos outros. O consumo de álcool é, ainda, exaltado nos comerciais, que mostram mulheres bonitas, homens sarados, em clima de muita festa, muita alegria, esporte e lazer. O consumidor é levado a crer que está fazendo um bom negócio ao consumir aquele produto, sem atentar para os diversos males que ele pode causar a sua saúde e à saúde dos que estão à sua volta.
O álcool etílico, apesar de toda a propaganda a seu favor, é uma espécie de droga (das chamadas drogas lícitas), e como tal causa dependência química, tanto nas bebidas destiladas quanto nas fermentadas. Sendo a droga mais consumida do mundo, o álcool produz resultados desastrosos que prejudicam o lado físico, emocional, mental e social do seu consumidor, o que não aparece na sua vasta propaganda. A ingestão de bebidas alcoólicas tem roubado a infância e a adolescência de muitas pessoas, que através do mau exemplo dentro de casa ou da influência de amigos e da mídia, começam a beber logo cedo.
Vejamos alguns males provocados pelo consumo de álcool:
- O álcool pode trazer danos ao cérebro e ao sistema nervoso, ocasionando falta de memória, baixa capacidade de produção e baixa qualidade no trabalho, queda no rendimento escolar. Ele influencia negativamente nos relacionamentos, nas decisões a serem tomadas e produz descuidos freqüentes. Isto conseqüentemente altera a personalidade do indivíduo, tornando-o uma pessoa ansiosa, desatenta, desinteressada e violenta.
- O álcool torna as pessoas desinibidas, capazes de fazer coisas que jamais fariam se estivessem sóbrias, colocando-as em situações constrangedoras, para elas e para quem as estiver acompanhando. Isto acontece porque, uma vez embriagado, serão as toxinas presentes no álcool que comandarão o cérebro e ditarão as atitudes do indivíduo. Com o tempo a moral vai-se perdendo e o alcoólatra passa a não ter mais o respeito de ninguém.
- Também por causa das suas toxinas, o álcool torna organismo indefeso, ocasionando diversos tipos de doenças: derrame cerebral, pancreatite, diabetes, hepatite, ataque cardíaco, pneumonia, tuberculose cirrose hepática, leucemia, entre inúmeras outras. Ele traz dependência física e psíquica, além de depressão. Se ingerido com remédios, seu perigo aumente ainda mais. Tudo isso traz grandes transtornos, não só para o indivíduo que adoece, mas para a sua família e para o Estado, que precisa investir anualmente grande soma de dinheiro para cuidar desses pacientes.
- A ingestão de álcool durante a gravidez intoxica os bebês e pode colocar em risco a sua saúde, indefinidamente, podendo ocorrer a Síndrome Fetal Alcoólica.
- O álcool pode causar, ainda, distúrbios menstruais, frigidez, impotência e reduzir a fertilidade.
- Além dos males à saúde, o álcool promove grandes males sociais. A começar pelo ambiente familiar, ele produz a violência doméstica, onde são praticados crimes de espancamento de esposas (ou maridos) e filhos, tortura, discussões, divórcio e homicídios.
- Nos bares o álcool é responsável por discussões e brigas, o que gera violência, espancamentos e homicídios, trazendo prejuízo para os donos dos estabelecimentos e para toda a sociedade. O mesmo ocorre em boates ou qualquer outro lugar onde o álcool esteja sendo consumido.
- A propaganda das fábricas de bebidas alcoólicas exploram a necessidade de quem bebe, que deseja se tornar inteligente, jovem, extrovertido, simpático, poderoso, charmoso, bonito, forte, rico, superior, elegante, amável... Mas não mostra que a bebida torna o homem improdutivo e indesejado, podendo vir a perder o seu emprego e seus bens. Não mostra que ele é ridicularizado, humilhado e evitado pelos amigos e familiares, pelos lugares onde costuma freqüentar. Não mostra que ele se torna um peso grande para a sociedade que tem de arcar indiretamente com as despesas do seu vício.
- Além das doenças que o álcool já proporciona, o indivíduo alcoolizado está sujeito a descuidos que podem lhes trazer grandes transtornos. Uma gravidez indesejada, sexo ilícito, doenças venéreas e Aids. Ele tanto pode contrair como pode espalhar doenças.
- Ainda pelo descuido causado pela embriaguez e pela falta de autocontrole que ela também provoca, o indivíduo está sujeito a provocar incêndios, cometer estupros, roubos, sofrer e causar acidentes de trabalho, sofrer quedas e afogamentos, ser atropelado, roubar, suicidar-se.
- Mas é no trânsito que os males provocados pelo consumo de álcool se tornam mais gritantes. A maioria dos acidentes causados nas rodovias federais e estaduais do país e do mundo são provocados por indivíduos que dirigiam bêbados. O álcool causa sérios problemas de visão e coordenação motora. A maioria dos acidentes é fatal e envolve não somente o motorista alcoolizado, mas os passageiros do veículo que ele dirigia, e quem quer que esteja ao seu redor, seja em outro carro, na calçada ou na faixa de pedestres. O prejuízo emocional causado às famílias é incalculável. E os causados ao Estado e às seguradoras também.
Com certeza esta lista se estenderia ainda mais, se fôssemos estudar mais profundamente a questão. Mas apesar de tudo isso ser de conhecimento de todos, inclusive dos que fazem uso abusivo do álcool, este continua sendo exaltado nas propagandas, nas músicas e nos programas de TV. Sendo a droga mais antiga da humanidade, o álcool já faz parte da maioria das culturas mundiais e torna-se uma questão muito difícil de ser tratada. É praticamente impossível convencer as pessoas a não beberem, mesmo com todos os males que a bebida alcoólica pode causar. O cidadão bêbado sofre um acidente de carro por causa da sua imprudente mistura de álcool e direção e, se sobreviver, pode juntar os amigos para beber e comemorar.
Há muitos anos, a propaganda de cigarro foi suprimida da mídia, ficando restrita aos locais onde esta “droga lícita” é vendida. Nas embalagens de cigarros, o Ministério da Saúde têm colocado avisos com fotos chocantes prevenindo contra os males provocados pelo fumo. Alguns deles: câncer de pulmão, câncer de laringe, bronquite, enfisema pulmonar, infarto, distúrbios da circulação, infecções respiratórias, úlceras do estômago, úlceras do duodeno, amputação de membros do corpo, entre várias outras. Vê-se que o álcool provoca doenças similares. Mas o cigarro costuma prejudicar normalmente só o seu usuário; a bebida alcoólica, todavia, prejudica a sociedade como um todo, como vimos acima; é bem mais perigosa.
Por que, a exemplo do que foi feito com a propaganda do cigarro, o governo não proíbe a propaganda de bebidas alcoólicas? Há pouco tempo as empresas fabricantes de bebidas estão sendo obrigadas a vincular em suas propagadas frases como: Beba com moderação, Se for dirigir não beba; se for beber não dirija. E ainda há quem vincule: Deguste-a com parcimônia, numa linguagem arcaica e fora da realidade dos consumidores. Mas isso não mostra a realidade que temos visto e não contribui em nada para a verdade. O que podemos propor é o seguinte:
- Proibição da veiculação de propaganda de bebidas alcoólicas em todos os meios de comunicação, a exemplo do que já é feio com o cigarro, inclusive na Internet.
- Proibição de músicas e quaisquer outras manifestações artísticas que façam apologia ao consumo de bebidas alcoólicas e ao alcoolismo, como temos visto em muitas músicas, em especial de forró.
- Medidas preventivas, como palestras nas escolas, nas empresas, na mídia em geral, no trânsito; distribuição de propaganda contra a bebida alcoólica, especiais na TV, musicas, etc.
- Propaganda obrigatória do Ministério da Saúde nas garrafas de bebidas e nos cartazes promocionais prevenindo contra os males provocados pela ingestão de álcool em excesso, como já acontece com o cigarro.
- Penalidades mais severas no Código de Trânsito para quem dirige embriagado, principalmente se se envolver em acidentes com vítimas fatais.
- Responsabilização de governos e fabricantes de bebidas alcoólicas por crime de responsabilidade e omissão.
- Tornar hediondos os crimes praticados por indivíduos alcoolizados.
- Possibilidade de pedidos de indenização para pessoas que se sentirem enganadas pelas empresas fabricantes de bebidas alcoólicas, que mostram seu produto como inofensivo à saúde e necessário ao bem-estar social do indivíduo.
Estas e outras medidas podem e devem ser adotadas, porque a realidade do alcoolismo tem causado grandes prejuízos ao ser humano, à sua dignidade, sua saúde, sua moral, seu patrimônio. As propagandas não são inofensivas, elas enganam e omitem; elas induzem as pessoas à prática de crimes, à violência. As empresas deveriam ser responsabilizadas e os governos, na medida em que se tornam omissos.
Por sua vez, os que bebem “socialmente” ou os alcoólatras declarados, deveriam repensar seus valores. Aqueles porque um único dia de ingestão de álcool pode custar a sua vida em um acidente; estes porque sua saúde e sua dignidade estão “por um gole”. Todos deveríamos nos mobilizar em favor da vida, porque ela é muito mais que uma dose numa mesa de bar ou em outro canto qualquer.
Literatura de apoio:
Gibi do Álcool e Gibi da prevenção às drogas, Zeli Niehues.
Coleção drogas, Klaus H. G. Rehfeldt, ed. Brasileitura.
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