sexta-feira, 11 de abril de 2025

A CURA DAS FERIDAS INTERIORES

A CURA DAS FERIDAS INTERIORES
Autor: Mizael Xavier


Introdução

Para alcançar a cura das nossas feridas interiores, não basta apenas conhecermos a nossa própria história e entender que dependemos da graça de Deus para alcançar a cura. Existe um processo que se inicia por uma autoavaliação e que evolui até uma nova maneira de pensar, de sentir, de viver.


O real problema

Por mais que as pessoas e as circunstâncias nos tenham maltratado, o que pensamos e sentimos é de responsabilidade nossa. A maneira como encaramos os problemas é que determinará a forma como viveremos, que traumas e complexos vamos carregar e o que sentiremos em relação àqueles que nos machucaram e a Deus. Nossas crises interiores são, a priori, reflexo do nosso próprio coração, das nossas atitudes e da nossa rebelião contra Deus. Em resumo, devemos nos curar dos nossos próprios pecados. Jeremias profetizou a um povo cativo e espiritualmente doente:

Por que, pois, se queixa o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus próprios pecados. Esquadrinhemos os nossos caminhos, provemo-los e voltemos para o Senhor” (Lamentações 3:39,40).


A graça que transforma

A Palavra de Deus não traz uma mensagem de autoajuda, com tantos passos que devemos dar para alcançar a cura emocional e espiritual. Ela nos revela a “ajuda do Alto”, a graça de Deus eficaz, que opera em nós a conversão e a santificação. A cura efetuada por Deus envolve um processo, não como um sistema que vai nos curando ao pouco, mas de atitudes que nos fazem depender de Deus, para vivermos uma vida cheia do Espírito Santo. Sem a graça de Deus, qualquer passo para a cura será uma jornada inútil. Paulo escreveu aos romanos:

“Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça. Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Romanos 6:12-14).


O processo gracioso de cura

Viver o processo não significa praticar rituais ou viver de forma mecânica a Palavra de Deus, esperando que a cura aconteça. O poder de Deus não opera de forma pragmática, mas segundo a sua vontade e a sua graça, mediante a ação do Espírito Santo. Logo, os pontos que veremos a seguir não são para quem ainda não nasceu de novo, mas para os crentes em Cristo Jesus, selados com o Espírito Santo e que já foram transformados em novas criaturas.

Autoavaliação. É necessário coragem para avaliarmos a nós mesmos, para entendermos as fontes e as razões das nossas feridas interiores. Elas podem estar ligadas ao nosso próprio comportamento errado diante dos fatos que nos adoeceram ou a incapacidade de lidar com eles. Quais são as nossas verdadeiras dores? O que realmente machuca o nosso coração? Quem nos tornamos a partir disso? O que de fato precisa ser curado? Como lemos em Lamentações 3:40, nossos pecados são as verdadeiras causas das nossas dores, não importam os fatores externos que nos afligiram. Tendemos a culpar nossos pais, cônjuges, filhos, amigos, a igreja e até mesmo Deus, mas, no final das contas, carregaremos a nossa própria culpa. O mal que as pessoas fizeram conosco é um pecado delas; o mal que sentimos e praticamos a partir daí, é um pecado nosso.

Confissão. A partir do momento em que reconhecemos as fontes das nossas dores e a nossa responsabilidade, é preciso que as confessemos, para que sejamos curados. Não podemos sentar e esperar uma cura sobrenatural, automática, sem que façamos o que Deus espera de nós. Tiago escreve: “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tiago 5:16). Não podemos ser curados enquanto guardamos escondidas nossas mágoas e ressentimentos; não podemos ser curados se não fomos perdoados e, para isso, é preciso reconhecer onde erramos e nossos sentimentos negativos em relação àqueles que erraram conosco. Devemos nos confessar a Deus e a pessoas de confiança, para que orem por nós e estejam conosco. Além disso, é preciso confessar nossas mágoas a quem nos ofendeu ou as nossas ações a quem ofendemos, perdoando e pedindo perdão.

Humildade. A humildade começa quando reconhecemos nossas falhas e prossegue quando admitimos a nossa impotência diante daquilo que nos perturba, a nossa incapacidade de promover a nossa própria cura e mudança. Muitos não buscam o poder de Deus para se curar nem a ajuda dos seus irmãos em Cristo, porque creem que não precisam ser ajudados, que podem enfrentar e vencer tudo sozinhos. Todavia, acabam a cada dia mais doentes e solitários. O apóstolo Paulo era bastante realista em relação às suas limitações interiores. Ele escreveu aos romanos: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço” (Romanos 7:18,19). A humildade nos lança aos pés do Senhor e nos faz entender que o Senhor usa as pessoas para promover a cura das nossas dores.

Rendição. Deus é soberano em sua vontade e obras. Ele não depende da nossa autorização para realizar seus grandes feitos. Apesar disso, em se tratando do ser humano, dos seus pecados e das suas dores, o Senhor deseja que o busquemos, que nos rendamos completamente a Ele, admitindo nossas fraquezas e clamando pelo seu agir, sem arrogância, mas totalmente convictos do nosso pecado, da nossa incapacidade e da necessidade urgente do seu socorro gracioso. Tiago escreve: “Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração. Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza. Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará” (Tiago 4:7-10). Rendidos ao Senhor, somos por Ele curados.

Cura e arrependimento. Para que sejamos curados, é preciso que clamemos ao Senhor por libertação de tudo aquilo que nos aflige e das nossas imperfeições. Se não é possível voltar no tempo para desfazer aquilo que as pessoas e as circunstâncias fizeram conosco, também é impossível retroceder no tempo e desfazer nossas reações e sentimentos em relação a essas coisas. O que nos resta é experimentar a cura de Deus hoje. Mesmo que o passado não seja apagado, mesmo que nossos erros não desapareçam, podemos ser curados das dores que eles nos causam, da nossa falta de perdão, da ira e de qualquer outro sentimento ruim que nos acompanha. Para isso, não serve mentalizar o passado e decretar a vitória no presente, mas é necessário arrependimento, confissão e clamor pelo perdão de Deus. O apóstolo João escreve: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1 João 1:9,10). Enquanto vivermos apenas culpando as pessoas e as circunstâncias, sem reconhecer nossos pecados, jamais alcançaremos a cura.

Entrega. Quando chegamos aqui, significa que já vivemos a maior parte do processo, que não significa que demos tantos passos para a cura, porque tudo o que foi dito pode e deve acontecer em um único momento. E após reconhecermos nossa responsabilidade diante das nossas dores e confessarmos a Deus nossos pecados, a cura acontece quando nos entregamos, quando nos submetermos inteiramente à sua vontade. Muitos querem ser curados, mas não querem se sujeitar a Deus, querem fazer as coisas do seu jeito e, em muitos casos, manter as mesmas mágoas. A cura necessita de transformação da nossa mente, algo que não podemos operar em nós mesmos, mas que acontece somente quando submetemos nossa vontade à vontade de Deus. Paulo escreve: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:1,2). Não podemos ser curados enquanto insistimos na mesma mentalidade, nos mesmos sentimentos e nas mesmas atitudes.

Fé e esperança. A graça de Deus não é apenas um favor imerecido que nos dá a salvação que não merecemos, imputando-nos a justiça de Cristo. Ela também é o poder que opera em nós o novo nascimento, a santificação, o crescimento espiritual e a perseverança. A graça também nos dá poder para cumprirmos a vontade de Deus, obedecermos aos seus mandamentos e sermos cheios com seu Santo Espírito. Neste processo de cura, precisamos de fé e esperança, da certeza de que Deus opera eficazmente em nós, que Ele nos cura e nos liberta. Paulo escreveu aos filipenses: “Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Filipenses 2:12,13). Não podemos esperar que sejamos curados que não temos certeza do agir de Deus, se desconfiamos do seu poder ou se duvidamos que Ele poderá curar nossas feridas que consideramos tão grandiosas e nossos pecados que sabemos ser muito sérios.

Perdão. Muitas vezes, o que nos adoece não é aquilo que fizeram conosco, mas as mágoas que guardamos no coração, que nos levam a não perdoar, mas a guardar ressentimentos que mancham nossa alma e nos transtornam. Humanamente falando, não é tão fácil liberar o perdão: quanto maior o mal que nos foi causado, maior será a nossa resistência em perdoar. Achamos relativamente fácil perdoar pequenas faltas, mas abusos, violências e traições perversas, nem sempre somos capazes de perdoar e esquecer. Todavia, quando somos transformados pelo perdão de Deus, quando nos tornamos templos do Espírito Santo, recebemos um poder sobrenatural para perdoar aqueles que nos ofenderam. É a graça de Deus, não a nossa vontade e capacidade. Além disso, o perdão que devemos a quem nos ofendeu não é apenas um ato de graça, mas um mandamento que nos foi dado por Aquele que nos amou e nos perdoou quando ainda éramos pecadores (Romanos 5:8-10). Podemos ver a seriedade com que Deus trata o perdão nas palavras do Senhor Jesus, que nos ensinou a orar: “e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores [...] Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6:12,14,15). Sem perdão, não existe cura. Como já dissemos, é preciso perdoar e pedir perdão.

Reconciliação. As nossas feridas interiores podem ter sido causadas por nós mesmos, por nossas próprias ações e omissões. Reclamamos tanto do que as pessoas fizeram conosco, que esquecemos daquilo que fizemos a nós mesmos, das doenças físicas e espirituais que atraímos, do quanto nos machucamos, inclusive, ao machucar outros. No processo de cura, a reconciliação é importante. Em primeiro lugar, a nossa reconciliação com Deus por meio do arrependimento, da confissão e do abandono de pecados. Existem, porém, alguns pecados que praticamos e que não fazem mais parte da nossa realidade, mas que nos deixaram marcas, consequências e feridas. São pecados que não conseguimos nos perdoar e esquecer. Neste caso, devemos confiar no perdão de Deus e nos perdoar também. Em relação aos males que nos causaram e que causaram inimizades, distanciamentos e mágoas, a Palavra de Deus nos chama à reconciliação. O Senhor nos ensina: “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta” (Mateus 5:23,24). Nem sempre será possível retomar a relação anterior, mas, por meio do perdão e da reconciliação, passamos a ter paz e permitimos que a outra parte também experimente essa paz. Se quem nos ofendeu e que nós ofendemos já faleceu, bastará nossa reconciliação com Deus por meio do seu perdão. Se a outra parte não desejar perdoar, pedir perdão ou buscar a reconciliação, ainda assim devemos fazer a nossa parte e estar em paz com Deus. As exortações do apóstolo Paulo são essenciais neste ponto: “Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos. Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor” (Romanos 12:16-19).

Novo viver. Em Cristo, já somos novas criaturas, nascidas não da vontade da carne nem do homem, mas de Deus, o que significa que fomos por Ele regenerados, que nascemos de novo e vivemos uma nova e verdadeira vida (João 1:12,13; 3:3-8; 2 Coríntios 5:17; Gálatas 6:15; Efésios 4:22-24; Romanos 6:4-7). Nesta nova vida, ainda carregamos muitas pendências interiores e com algumas pessoas; trazemos mágoas e feridas que precisam ser curadas. Quando curados por Deus, passamos a viver de maneira diferente, mentalmente saudável, espiritualmente leve. Nesta vida transformada e que se renova diariamente pela graça de Deus, além de resolver nossas questões passadas, damos especial atenção a nossa vida a partir da cura, mantendo uma avaliação constante de nós mesmos e nos policiando em relação ao nosso comportamento (pensamentos, sentimentos, palavras, ações e omissões). Quando perdoados por Deus, não temos a autorização para pecar novamente. O pecado não é como uma roupa que tiramos, jogamos fora e trocamos por outra, ou seja, outro pecado. Aquele que experimentou a cura de Deus, que pensa estar em pé, deve cuidar para que não caia (1 Coríntios 10:12). Paulo escreveu aos romanos a respeito da nossa atitude diante da grandiosa graça de Deus: “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?” (Romanos 6:1,2). Como novas criaturas e crentes curados por Deus, devemos viver em santidade, sujeitando-nos ao mover do Espírito Santo, para que sejamos sempre conforme a imagem de Cristo em nós.

Multiplicação. O conteúdo* que tomei como base para este estudo, terminava no ponto anterior, o “novo viver”. Todavia, julguei necessário abordar esta verdade: a cura das nossas feridas interiores ocorre por meio da comunhão uns com os outros na igreja local. Nesta comunhão, damos e recebemos amor, somos aconselhados, exortados, admoestados, corrigidos, repreendidos, ensinados e discipulados. Em comunhão com nossos irmãos em Cristo, experimentamos a alegria do socorro, recebemos orações e oramos, confessamos nossos pecados e ouvimos confissões, apoiamos uns aos outros e suportamos também uns aos outros. Na medida em que somos curados, ajudamos aqueles que também precisam de uma cura. Isto não se dá por meio de um evento programado de cura e de libertação, como muitas igrejas fazem, mas por meio da graça de Deus e dos relacionamentos santos que mantemos uns com os outros, quando enfrentamos todo o processo que este estudo traz. Uma das grandes bênçãos desta comunhão é a multiplicação, quando aplicamos a outros aquilo que o Senhor fez por nós. O que recebemos de Deus por meio de Cristo, transmitimos a outros: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus. Porque, assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo” (2 Coríntios 1:3-5). Que grande alegria sermos usados por Deus para abençoar a vida dos nossos irmãos em Cristo e de todos aqueles que precisam experimentar o consolo e a cura que vêm de Deus!


Conclusões

Todos trazemos marcas do passado e feridas do presente. Todos os que somos convertidos pelo Espírito Santo, possuímos uma história de vida. Particularmente, fui bastante ferido pela vida, principalmente em tudo o que sofri com o bullying. Por outro lado, reconheço que fui a causa da ferida de muitas pessoas, que, acredito, carregam mágoas de mim. Não podemos caminhar com esses esqueletos no armário do nosso coração, mas precisamos nos libertar de tudo aquilo que nos machuca, que nos impede de vivermos plenamente para Deus. Esta é a verdadeira razão da cura: não desejamos ser curados apenas por causa do nosso bem-estar pessoal, mas porque queremos servir mais e melhor a Deus, queremos ser curados para amar mais e melhor a Deus e, dessa forma, não apenas nos tornarmos crentes melhores, mas amarmos e servirmos aos nossos irmãos e ao próximo. A cura deve ser buscada por aqueles que já foram curados da mancha do pecado original, que já foram regenerados, reconciliados, santificados, salvos e glorificados pela graça redentora de Deus, em Cristo. Isso não é para o nosso deleite pessoal, mas para a glória de Deus, conforme escreveu Paulo, em Efésios 1:1-14. Se queremos ser curados todos os dias, o caminho é a graça e a glória de Deus, que vem acompanhada da abnegação: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus. Não vos torneis causa de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem tampouco para a igreja de Deus, assim como também eu procuro, em tudo, ser agradável a todos, não buscando o meu próprio interesse, mas o de muitos, para que sejam salvos” (1 Coríntios 10:31-33).


*Observação

Este estudo foi adaptado do estudo “Graça: o poder para mudar”, da série “Caráter”, desenvolvido nas igrejas batistas e, por sua vez, adaptado da “Bíblia de Estudo do Discipulado”. Várias modificações foram feitas, acima de tudo na ordem dos pontos apresentados. O ponto que aqui fala sobre “reconciliação”, originalmente falava sobre “restituição”. A mudança ocorreu porque este autor entende que Deus não nos cobra a restituição dos atos passados, mas nos perdoa gratuitamente, pelos méritos de Cristo. Um irmão que roubou um celular, pode restitui-lo ao seu dono; mas o que dizer de alguém que tirou a vida de uma pessoa, como restituir essa pessoa à vida? Embora cada caso deva ser tratado de forma específica, o fato é que o perdão de Deus é gratuito e nos isenta de culpa, dando-nos a vontade e a capacidade para não pecarmos mais. Em todo caso, é importante sempre pedirmos perdão a quem ofendemos e perdoar a quem nos ofendeu, não importando o grau e a intensidade da ofensa.

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sábado, 15 de março de 2025

A IMPORTÂNCIA DA EBD NO COMBATE À IGNORÂNCIA BÍBLICA

A IMPORTÂNCIA DA EBD NO COMBATE À IGNORÂNCIA BÍBLICA
(Mizael Xavier)

Enquanto escrevo este capítulo (março/2025), um falso profeta mirim está no auge da sua carreira. O seu ministério consiste em profetizar bençãos e vitórias, afirmando, muitas vezes, ser o próprio Deus que fala pela sua boca. Ele próprio já afirmou que Deus não o chamou para ser pregador, mas profeta. Também pudera, não existe nada em suas palavras que de longe se pareça com a doutrina bíblica. A sua teatralidade esdrúxula, com as línguas estranhas mais estranhas, só não impressiona mais que o número de pessoas que seguem e apoiam o seu "ministério" e a quantidade de igrejas que estão dispostas a pagar por suas apresentações. Para fins do nosso estudo, é importante que pensemos sobre os motivos que levam milhares de pessoas a darem atenção a esses falsos profetas, o que podemos resumir em apenas dois pontos. Primeiro, quem segue esses falsos profetas e consome suas heresias e produtos, não está interessado em Deus, mas nas bençãos de Deus; não se importa com falsos ensinos, contando que atendam às suas expectativas e ambições. Esses se enquadram naquilo que Paulo alertou a Timóteo:

Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério (2 Timóteo 4:1-5).

Esse tipo de ouvinte dificilmente será um verdadeiro convertido, mas alguém que busca na fé cristã o que outros buscam nas outras religiões e até mesmo na bruxaria, sem nenhum compromisso com Deus e com a sua Palavra. O que esses indivíduos precisam é da pregação do Evangelho para arrependimento e conversão.

Um segundo ponto, porém, retrata a deficiência do ensino e do aprendizado da Palavra de Deus, uma responsabilidade inerente a todos os crentes e às lideranças das igrejas. Muitos que emprestam suas atenção aos falsos ensinos, fazem-no por ignorância bíblica, por não conhecerem a verdade para compará-la com aquilo que escutam. Não é difícil encontrar crentes que, mesmo após muitos anos de conversão, não possuem um sólido conhecimento das Sagradas Escrituras nem são capazes de manuseá-las e aplicá-las com destreza. Essa realidade está ligada a fatores internos e externos. Como fatores internos, temos problemas diversos inerentes a cada indivíduo. Muitos não leem nem estudam a Bíblia porque jamais criaram o hábito da leitura. Ler a Bíblia lhes dá sono. Outros possuem problemas de aprendizado ou não sabem ler nem escrever. Com o avanço das tecnologias e o fácil acessos à Bíblia em áudio pelo aparelho celular, essas desculpas não fazem sentido. Também podemos citar a desculpa da falta de tempo, as prioridades de cada um, conflitos familiares, entre outros.

Como fatores externos existe a negligência das igrejas em prover o estímulo à leitura e ao estudo da Bíblia, bem como momentos de aprendizado, como é a EBD. Algumas igrejas são negligentes de maneira deliberada, porque não é importante para seus negócios que os fiéis estudem a Bíblia. Outras, por uma mentalidade equivocada de que o crente não precisa estudar a Bíblia, uma vez que ele recebe a iluminação diretamente do Espírito Santo. Outras ainda não atentaram para a importância do ensino bíblico na igreja e resumem a transmissão do conhecimento bíblico à pregação dos cultos de domingo. Por fim, muitos ministérios até se esforçam para criar e manter a sua EBD ativa, mas não conseguem contar com a assiduidade dos membros, que pouco se importam e pouco participam. EBDs vazias, porém, não são o problema, mas o sintoma de uma doença espiritual que precisa ser tratada e curada, o que é um dos objetivos deste livro.

A falta de conhecimento gera destruição (Oseias 4:6). Sem o conhecimento correto, não existe prática ou essa falta gera práticas incorretas, levando o crente a pecar contra Deus por não conhecer a verdade. Além do risco de legitimar as heresias, a ignorância bíblica pode nos levar a orar da maneira errada, a praticar os mandamentos de forma incorreta, a dar mais valor aos usos e costumes do que a piedade genuinamente bíblica. Certo pastor pentecostal disse abertamente na sua igreja que crente que não dá o dízimo não é crente de verdade ou pode perder a sua salvação. A EBD existe para combater esses falsos ensinos e a firmar a mente e o coração dos crentes no conhecimento e na prática da sã doutrina. E se existe a EBD, também existem aqueles que nela ensinam, separados e capacitados por Deus para ensinar seu povo, a fim de que ninguém se deixe levar pelo engano, mas que todos cresçam, sejam sadios na fé e se pareçam com o Senhor Jesus, como escreveu Paulo aos efésios:

E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro (4:11-14).

Este texto faz parte do livro ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL: MANUAL DO ALUNO, de Mizael Xavier. Lançamento em breve!


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sábado, 7 de dezembro de 2024

A VENERAÇÃO A MARIA E AOS SANTOS É IDOLATRIA?

A VENERAÇÃO A MARIA E AOS SANTOS É IDOLATRIA?
(Mizael Xavier)

Um dos grandes abismos que separam a fé reformada da fé católica é a idolatria católica a Maria e aos santos. No entanto, os católicos insistem que aquilo que os cristãos protestantes chamam de "idolatria", é apenas uma veneração respeitosa à pessoa de Maria e dos santos que estão no céu, que foram exemplo de fé, de caridade e de virtude. Sem entrar em questões relacionadas à comunhão dos santos e à intercessão dos mortos a favor dos vivos, vamos a uma rápida análise para entendermos se a veneração católica é idolátrica ou simples veneração.

Vejamos duas das principais justificativas para a veneração católica, repetidas pelos fiéis católicos todas as vezes que são confrontados e questionados pelos protestantes.


Há tipos diferentes de cultos

A primeira justificativa católica é que, na Bíblia, existem diferentes tipos de cultos prestados pela igreja. O primeiro é a "latria", que é a adoração dedicada exclusivamente a Deus, conforme o ensinamento de Cristo, ao rebater o diabo: "Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele darás culto" (Lucas 4:8). O segundo é a "dulia", um culto prestado aos santos já falecidos. Apesar de todas as justificativas católicas, não existe apoio escriturístico para a "dulia". O termo grego sugerido, "douleuo", não apoia esse tipo de culto. Além disso, outro termo utilizado para serviço, "doulos", significa "escravo". Tipo de culto prestado pelos católicos é a "hiperdulia", o culto especial prestado à Maria, devido à sua maior honra, por ser a mãe de Jesus. Além desses, soma-se a "protodulia", que é uma veneração especial em honra a São José, pai terreno de Jesus e pai biológico dos demais filhos e filhas de Maria.

Estes cultos sugerem adorar a Deus por meio do culto a Maria e aos santos, com a justificativa de que o fim de todo culto é Deus. No entanto, não existe qualquer ensinamento bíblico que devemos cultuar a Deus por meio de outras pessoas. A centralidade do culto dos cristãos no Novo Testamento era o Senhor Jesus. Ele é o único Mediador entre Deus e nós: "Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem" (1 Timóteo 2:5). Jesus Cristo também é nosso único e suficiente Senhor e Salvador, não havendo necessidade da mediação de Maria ou intercessão dos santos: "E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos" (Atos 4:12).

Portanto, ainda que o católico insista em cultuar imagens de escultura e/ou as pessoas que elas representam por simples honraria e respeito, também isto não é bíblico e não fazia parte da fé e da prática da igreja neotestamentária. Jesus era o centro da vida e da adoração cristã, como único caminho que leva ao Pai (João 14:6). Em seu Nome cremos, vivemos, adoramos a Deus, fazemos boas obras, damos frutos e evangelizamos. Os mortos não têm mais parte neste mundo. Podemos, sim, honrar sua memória e seguir seu exemplo, mas jamais como se eles recebessem nossas honras, porque estão mortos, não tem poder ou mérito algum para interceder por nós. Por melhores que tenham sido nesta vida, não merecem altares, catedrais, festividades, cultos, procissões, velas, incensos, louvores ou o que quer que seja. Não existe um único texto bíblico que apoie isso. Quando se fala em intercessão de uns pelos outros, na Bíblia, fala-se de vivos que oram a Deus pelos vivos (cf. 1 Tessalonicenses 1:2; 5:25; Efésios 3:14-19; 6:18; 2 Coríntios 1:11; 1 Timóteo 4:1,2; etc.). Apocalipse 5:8 em nada apoia a prática católica da intercessão dos santos.

Em suma, a Bíblia só apresenta dois tipos de culto: aquele que é dirigido a Deus e o culto idólatra, que é dirigido a qualquer ser, pessoa ou coisa que não é Deus.


Os santos não são deuses

Os católicos justificam a sua "veneração" a Maria e aos santos afirmando que eles não são deuses e, portanto, a sua prática não é "idolatria", ou seja: "adoração a ídolos". Para os católicos, Deus proíbe apenas o culto aos falsos deuses e às suas imagens. Leiamos o texto do Decálogo, que está ausente na apresentação dos Dez Mandamentos propagada pelo catolicismo romano, em Êxodo 20:1-6:

Então, falou Deus todas estas palavras: Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.

Se no v. 3 o Senhor ordena que não haja outros deuses (que são falsos deuses, seres inexistentes e mitológicos, na nossa concepção moderna), no v. 4, Ele ordena que não sejam feitas imagens de escultura de nada que exista nos céus, na terra, nas águas e debaixo da terra. Neste caso, trata-se de coisas, animais ou pessoas, não de deuses, porque estes não existem, logo, não estão em lugar algum. Não podemos confeccionar imagens para adoração ou culto de nenhuma dessas coisas. Os santos mortos estão no céu (alguns no inferno, Deus o sabe), eles caminhavam sobre a terra. Portanto, estão na categoria de coisas que não devem ser adoradas nem merecem uma imagem de escultura para ser cultuada com dulia, hiperdulia ou protodulia.

A idolatria não se trata apenas de adoração aos falsos deuses e às suas imagens de escultura, mas de tudo aquilo que o homem coloca no lugar de Deus para servir e adorar. No caso de Maria, os santos e os anjos, embora não sejam colocados diretamente no lugar de Deus para substituí-lo, são postos antes de Deus como seus porta-vozes e intermediários, ao menos na fé oficial da igreja. Na prática, no entanto, o culto a Maria, aos santos e aos anjos não tem outro fim, senão eles mesmos. Os devotos mais fanáticos de Maria não a adoram como uma forma de adorar a Deus, mas a adoram por ela mesma. Quando um fiel se derrama em lágrimas diante de uma estátua de Maria ou algum santo, não tem em vista Deus, mas a pessoa ali representada. As festas de padroeiros não são dedicadas a Deus, mas aos padroeiros. Quando uma benção é recebida, os méritos não são de Deus, mas do santo a quem se rezou. A idolatria, decididamente, não é uma "adoração a um falso deus", mas pode incluir tudo que rouba o lugar de Deus em nosso coração. Paulo escreveu aos colossenses: "Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria; por estas coisas é que vem a ira de Deus [sobre os filhos da desobediência]" (3:5,6). A avareza é um tipo de idolatria.

Em Romanos 1:24,25, está claro que Deus não condena apenas a adoração a falsos deuses, mas também aquela que é direcionada à "criatura", ou seja, um ser real: "Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!". Homens, mulheres e anjos não são seres mitológicos inexistentes, mas criaturas de Deus. Não existe justificativa! Jesus e os apóstolos não nos ensinaram nenhuma prática católica relacionada ao culto a Maria ou quem quer que seja.


A história da idolatria católica romana

O culto católico aos santos, anjos, imagens de escultura e a Maria começou a se desenvolver gradualmente nos primeiros séculos do cristianismo, mas só foi formalmente estabelecido ao longo dos séculos seguintes. Eis um resumo do processo:

1. Culto aos Santos

Início: Por volta do século II, os cristãos começaram a venerar mártires, ou seja, aqueles que morreram por sua fé em Cristo. Seus túmulos eram visitados e reverenciados como locais sagrados.

Razão: A crença era de que os santos estavam na presença de Deus e podiam interceder pelos vivos.

Oficialização: O culto aos santos foi formalizado no Concílio de Nicéia II (787 d.C.), que afirmou a legitimidade da veneração.


2. Culto aos Anjos

Início: Desde os primeiros séculos, os anjos eram reconhecidos como mensageiros de Deus, com base nas Escrituras (por exemplo, Gabriel e Miguel).

Razão: Os cristãos acreditavam que os anjos protegiam e intercediam pelos humanos.

Oficialização: O culto aos anjos foi aceito gradualmente, sendo reforçado por tradições eclesiásticas e textos apócrifos.


3. Uso e Culto de Imagens

Início: As imagens começaram a ser usadas como ferramentas pedagógicas para ensinar analfabetos sobre os eventos bíblicos, por volta do século III.

Debate: No início, muitos cristãos rejeitavam o uso de imagens devido à proibição bíblica da idolatria (Êxodo 20:4-5). A controvérsia se intensificou durante a crise iconoclasta (séculos VIII e IX).

Oficialização: O Concílio de Nicéia II (787 d.C.) decretou que as imagens poderiam ser veneradas, mas não adoradas. A adoração (latria) era devida somente a Deus.


4. Culto a Maria

Início: A veneração a Maria começou a crescer nos séculos IV e V, especialmente após o Concílio de Éfeso (431 d.C.), que proclamou Maria como Theotokos (Mãe de Deus).

Razão: Isso reforçou sua posição como intercessora e modelo de santidade.

Desenvolvimento: Práticas como o Rosário e festas marianas foram sendo incorporadas gradualmente na liturgia e na devoção popular.


Perspectiva Reformada

Os reformadores protestantes (século XVI) rejeitaram essas práticas, argumentando que elas violavam os ensinamentos bíblicos, especialmente os mandamentos contra a idolatria (Êxodo 20:3-6; Isaías 42:8; Mateus 4:10). Eles enfatizavam a adoração exclusiva a Deus e a intercessão única de Cristo (1 Timóteo 2:5). Essas práticas não existiam no cristianismo primitivo e se desenvolveram ao longo do tempo, muitas vezes influenciadas por fatores culturais, teológicos e políticos. Para os reformadores e muitos grupos cristãos, essas tradições são vistas como desvios das Escrituras.


Refutando um católico

Quero citar as palavras de um católico quando o confrontei com algumas práticas católicas que revelam idolatria, como incenso, procissões, catedrais erguidas em homenagem a Maria, a santos, etc. Entre colchetes, um breve comentário meu.

Mizael Souza Você não consegue provar e parte para o achismo.

1- Você diz oferenda como se nós fizéssemos como os pagãos, que oferecem coisas materiais aos seus ídolos.

[Qualquer coisa oferecida em honra a Maria e aos santos é uma oferenda, que pode ser prometida para se alcançar uma graça ou dada após a graça ser alcançada. As igrejas, santuários e outros locais considerados sagrados pelos católicos estão repletos de velas, flores, objetos pessoas e dinheiro depositado aos pés das estátuas. Além disso, a própria vida devotada de Maneira escrava a Maria - como ensina Montfort - é uma espécie de oferenda. Em Jeremias 7:17,18, vemos algo parecido com a adoração católica à Maria: "Acaso, não vês tu o que andam fazendo nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém? Os filhos apanham a lenha, os pais acendem o fogo, e as mulheres amassam a farinha, para se fazerem bolos à Rainha dos Céus; e oferecem libações a outros deuses, para me provocarem à ira". Uma família inteira dedicada à idolatria, atraindo sobre si a ira de Deus]


2 - As velas eram usadas nas catacumbas para iluminar o ambiente. Com o tempo elas passaram a simbolizar o calor do amor divino penetrando na cera da nossa alma. É apenas um símbolo, não tem nada a ver com oferta.

[Embora possam ser um mero símbolo utilizado de devoção, oração e fé em ritos litúrgicos, o uso de velas não encontra apoio nas Escrituras e de nada serve ao verdadeiro culto cristão. A fé cristã não necessita de subterfúgios, de simbologias, mas de verdade e vida, de prática da Palavra de Deus. Jesus falou a respeito da verdadeira adoração, em João 4:23,24: "Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade."


3 - O incenso também é apenas um símbolo, que também era usado no culto do Templo. O incenso simboliza a oração, que sobe vagarosamente ao céu com um odor agradável a Deus.

[O que foi dito sobre o uso de velas, também se refere ao uso do incenso no culto cristão. Na igreja católica, o incenso é usado em missas solenes, adoração ao Santíssimo Sacramento, funerais e festividades litúrgicas. O seu uso é justificado com base em textos como Êxodo 30:34-38 e Apocalipse 8:3,4, sendo este último em sentido simbólico. Além da inutilidade do simbolismo, podemos destacar que não estamos mais na Antiga Aliança, de modo que, em Cristo, cessou o sacerdócio levítico e todas as demais sombras que não encontram mais espaço na Nova Aliança inaugurada pelo sacrifício vicário do Senhor. De todo o livro de Hebreus que trata da superioridade de Cristo como Profeta, Sacerdote e Rei, citemos apenas o v. 13 do capítulo 8: Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer". Assim como velas, Jesus e seus discípulos não usaram incenso nem ensinaram o seu uso na igreja]


4 - Os dias festivos são dias dedicados para a memória dos santos, não tem nada de oferenda.

[Não se trata apenas de oferendas físicas, mas espirituais e ritualísticas. Como o uso do incenso, as festas religiosas também não possuem mais razão nem serventia para a fé cristã. No livro de Gálatas, escrito por Paulo para combater as heresias dos judaizantes que perturbavam a igreja, Paulo questiona os gálatas, outrora adoradores de deuses pagãos, mas que agora se viam obrigados a guardar as festas judaicas por conta da influência dos falsos profetas. Ele escreve, em 4:8-11: "Outrora, porém, não conhecendo a Deus, servíeis a deuses que, por natureza, não o são; mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco". Se é errado para o cristão a prática de festividades judaicas que eram dedicadas a Deus, pior será a realização de festas em homenagem a Maria, aos santos e aos anjos! Mais uma vez, o Novo Testamento não contém relatos de Jesus e seus apóstolos festejando pessoas mortas]


5 - Erigir santuários com o nome de Nossa Senhora nada mais é que uma forma de veneração, de homenagem. Que mal tem nisso?

[O mal está no fato de que a Bíblia não ensina nem encoraja a construção do que quer que seja para homenagear Maria, santos e anjos. Todas as igrejas fundadas pelos apóstolos pertenciam a um só Senhor e eram dedicadas inteiramente a Ele. Quando lemos sobre a passagem de Paulo por Atenas, em Atos 17:10-34, vemos que aquela cidade possuía diversos templos dedicados ao panteão de deuses gregos, onde as imagens de escultura e a idolatria eram abundantes, chegando a transformar o apóstolo. Paulo diz, no v. 24: "O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas". Podemos fazer uma ponte com João 4:21, onde o Senhor diz à mulher samaritana: "Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai". Fica claro que não existe mais necessidade de templos com a finalidade que existia no Antigo Testamento, porque a presença de Deus não se limita ao templo e a nossa adoração é espiritual. O uso que fazemos dos espaços de culto público não é o mesmo que os judeus faziam do templo. E se não precisamos mais erguer templos em homenagem a Deus, por que o faríamos em homenagem a Maria? Estes se assemelham aos templos pagãos que Paulo encontrou em Atenas]


6 - Deixar flores é apenas um gesto que demonstra amor. Ou você acha que se eu deixar flores no túmulo de um ente querido significa que eu estou o adorando?

[Neste ponto também se aplicam os mesmos princípios das velas e do incenso. Com relação a depositar flores nos túmulos de entes queridos, não vejo nenhum problema com isso, uma vez que é algo cultural e afetuoso. No entanto, esta prática católica vai além da cultura e da afeição, fazendo parte do "culto aos mortos", algo presente nas religiões pagãs. Mesmo que a justificativa seja de homenagem e veneração à memória dos mortos, sabemos que, em relação a Maria e aos santos, tal homenagem é bem mais profunda e idolátrica. Não existe nenhum ensino bíblico que apoie a homenagem aos entes ou santos falecidos, muito pelo contrário! Assim lemos em Isaías 8:19: "Quando vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram, acaso, não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os mortos?". Por que consultaríamos a Maria, aos santos e aos anjos? Por que homenageá-los, uma vez que não possuem acesso a este mundo e não podem receber a nossa homenagem?]


7 - Dar esmolas é um ato de caridade recomendado pelo próprio Jesus: "Vendei o que possuís e dai esmolas" (Lc 12,33)

[Embora as obras de caridade e as esmolas sejam importantes e partes essenciais da piedade cristã, a questão não são as esmolas como um bem que se faz ao próximo, mas o dinheiro, a caridade e o serviço ofertados como uma forma de homenagem ou de pagamento de promessas a Maria ou algum santo. Os católicos costumam depositar dinheiro aos pés das imagens de escultura, como uma forma de honrá-las ou àqueles que elas representam. Além disso, as esmolas, na igreja católica, nem sempre são ofertas desinteressadas, mas servem aos propósitos da reparação de pecados e santificação pessoal, o que já entra em questões ligadas à penitência e às indulgências. Apesar disso, a igreja católica enfatiza a necessidade de ofertar com amor e sem interesses pessoais. Ainda assim, quando feitas em homenagem aos mortos, deve ser qualificado como uma atitude idólatra, pagã e antibíblica]

8 - Quanto às promessas, elas são feitas a Deus, mas pode-se prometer com a intercessão dos santos.

[Aqui existem dois erros: primeiro, não existe ensino bíblico sobre fazer promessas a Deus para receber dele alguma benção. As nossas orações necessitam apenas de fé, de serem feitas em Nome de Jesus e de confiança na vontade soberana de Deus. As promessas são uma forma de negociar a resposta de Deus às nossas petições, como fazem muitos evangélicos ao darem seus dízimos ou participarem de campanhas. Jesus e seus apóstolos não utilizaram nem ensinaram tal artifício. As promessas católicas em tudo diferem dos votos que eram feitos no Antigo Testamento, como, por exemplo, em 1 Samuel 1:11 e Gênesis 28:20-22). As promessas católicas, como peregrinações, doações ou abstinências, são entendidas como atos de sacrifício e devoção, fortalecendo a fé e a espiritualidade pessoal. Segundo erro: a intercessão de Maria e dos santos. Como já vimos, somente a mediação de Jesus já nos basta. Os santos estão mortos e nada podem fazer pelos vivos. Tudo o que Deus nos dá e faz é por sua graça, por causa dos méritos de Cristo. Nada mais precisamos]

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

VIAGEM PARA O INFERNO

Viagem para o inferno
(Mizael Xavier)

Uma mensagem evangelística jamais estará completa nem poderá conter toda a verdade se não alertar sobre o inferno. Apesar de que não existe uma meia verdade, logo, qualquer pregação que oculta a realidade da condenação eterna dos ímpios no fogo do inferno, não pode ser uma pregação verdadeira. Embora alguns estudiosos, falsos mestres e leigos insistam que o inferno é apenas uma figura de linguagem para se referir à ira de Deus e não um lugar real, com fogo real e sofrimento real, o fato é que ele existe e receberá todos aqueles que não crerem em Jesus Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador durante a vida. A destruição dos ímpios, incrédulos e abomináveis não tarda. Mas que não se enganem os que se acham bonzinhos ou os religiosos, que apenas frequentam igrejas e praticam rituais, mas que jamais creram em Jesus para a salvação. Cuidem-se aqueles que acreditam que suas obras farão com que mereçam um lugar no céu. Estejam alertas os que se fiam na intercessão de Maria ou algum santo. O Dia do Senhor virá quando menos esperam e lhes mostrará que somente Cristo pode salvar. Eis a promessa de Deus "Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus [...] Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus" (João 3:18,36).

A eterna destruição não tarda, como escreveu Paulo: "em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder" (2 Tessalonicenses 1:8,9). O mais terrível no inferno, para o ímpio, será estar banido da presença de Deus para sempre, pensando nas oportunidades que desperdiçou de se converter, no quanto odiou os crentes e perseguiu a igreja, nas bíblias que rasgou, nos carnavais que escarneceu do Senhor, nas suas ideologias nefastas e que atentavam contra a criação de Deus. Os banidos estarão no mesmo nível que Satanás e seus demônios. Mas se o inferno já é uma imagem terrível de se pensar, o que dizer do lago de fogo? Sim, o inferno não é o último estágio do sofrimento, porque o próprio inferno será lançado para dentro de um lago de fogo, como lemos em Apocalipse 20:13-15:

Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras. Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.

Vejamos algumas características de ambos os lugares de tormento eterno descritas na Bíblia, que apresenta o inferno e o lago de fogo como lugares de punição eterna, sofrimento e separação de Deus.


Inferno

O inferno é descrito como um lugar de escuridão total (Mateus 25:30), um lugar de sofrimento consciente e constante (Lucas 16:23-24), um lugar de fogo inextinguível (Marcos 9:43,44). O inferno é onde o ímpio sofrerá punição eterna, um castigo que dura para sempre (Mateus 25:46), onde ele estará para sempre separado da presença de Deus (2 Tessalonicenses 1:9). Este lugar terrível foi originalmente preparado para o diabo e seus anjos (Mateus 25:41), mas também receberá os ímpios, os malditos.

Lago de fogo

Este terrível ambiente que receberá o próprio inferno, é o lugar de segunda morte, a punição final para os condenados (Apocalipse 20:14). O sofrimento a ser experimentado ali será eterno: "O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos" (Apocalipse 20:10). O lago de fogo arderá com uma mistura de fogo e enxofre (Apocalipse 21:8). Ele é o destino final dos ímpios e do diabo e todos os seus servos e seguidores (Apocalipse 20:15). Lá, o tormento será consciente e eterno (Apocalipse 14:10,11).

O caminho do inferno é trilhado por todos aqueles que nasceram após a Queda. Em sua graça, Deus enviou seu Filho para que, pela fé, alguns fossem inseridos no caminho do céu. Perceba que no texto de João 3:18 que citamos, aqueles que não creem "serão", mas "já estão" julgados, o que significa que já receberam a sentença de condenação. O autor de Hebreus escreveu: "E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação" (Hebreus 9:27,28). Após a morte e no dia do Juízo, ninguém comparecerá diante de Deus com a chance de mudar a sua sentença. Os que morreram sem Cristo, já serão lançados no inferno; no entanto, aqueles que viveram e morreram aguardando o Senhor para a salvação, serão levados com Ele para o céu. Da mesma forma que não existe nenhuma condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus (Romanos 8:1,2), também não há esperança alguma de salvação para aqueles que morrem sem Ele. O inferno é real e a sua pena, irreversível. O fogo jamais se extinguirá no lago de fogo, o sofrimento será eterno e nada poderá mudar isso.

E minhas andanças evangelísticas, já peguei a pessoas que se mostravam conformadas com o inferno. Após serem alertadas do risco de irem parar neste lugar de tormento, elas simplesmente diziam: "Se esta for a vontade de Deus para a minha vida, eu só tenho que aceitar". Uma coisa é certa: muitos, sim, irão parar no inferno, enquanto muitos outros, irão morar no céu. Deus é soberano e somente Ele pode determinar quem irá para onde. Mas duas coisas devem nos chamar a atenção: primeira, embora poucos sejam os escolhidos, o chamado de Deus é para muitos (Mateus 22:14). Todas as vezes que o Evangelho é pregado, o chamado de Deus é escutado. Ninguém vai para o inferno porque Deus é cruel, mas por sua própria culpa e impiedade. Segunda, estranha-nos como pode alguém se conformar com uma eternidade no inferno! Talvez não saiba o suficiente sobre ele (com exceção de você, que está lendo este livro) ou, quem sabe, lá no fundo, não acredita que ele exista e, portanto, não está nem um pouco preocupado. É como alguém que pula dentro de um vulcão ativo por suspeitar que a lava não vai lhe queimar. A diferença entre a lava do vulcão e as chamas do lago de fogo é que o sofrimento de uma pessoa que cai dentro do vulcão dura poucos segundos, enquanto o sofrimento da alma que vai para o lago de fogo, permanece por eternidades sem fim.

OBSERVAÇÃO: Este breve estudo é um capítulo do livro: O CAMINHO PARA O CÉU, de Mizael Xavier. Se você desejar ler e compartilhar para evangelização, poderá recebê-lo gratuitamente em formato de PDF. Basta entrar em contato através do WhatsApp:




sábado, 16 de novembro de 2024

DEZ MENTIRAS CATÓLICAS SOBRE O PROTESTANTISMO

DEZ MENTIRAS CATÓLICAS SOBRE O PROTESTANTISMO
(Mizael Xavier)

A propaganda católica romana anti-protestantismo caminha a todo vapor. Engana-se quem acredita que existe tolerância dos católicos em relação àqueles que o Concílio Vaticano II chama de "irmãos separados". Influenciadores leigos e sacerdotes há muito têm utilizado suas palestras e homilias para denegrir a fé reformada, xingar os evangélicos, alertar contra o perigo das seitas protestantes e chamar os evangélicos de volta à santa madre igreja.

O discurso católico, acima de tudo por parte de leigos que descobriram a Bíblia hoje, mas que se enxergam como grandes teólogos, gira em torno de alguns temas centrais: (1) Pedro é o primeiro papa, (2) a igreja católica é a única e verdadeira igreja, (3) Maria é a mãe da igreja, (4) Tradição e Magistério, (5) os protestantes estão divididos em diversas seitas, (6) onde está escrito que basta a Bíblia?, (7) a igreja católica nos deu a Bíblia. Os mesmos discursos, as mesmas explicações, as mesmas acusações, as mesmas tentativas de refutações, que não sobrevivem sem a versão oficial da igreja e o apelo incessante à Patrística, como se os escritos dos Pais da Igreja tivessem o mesmo peso revelacional que as Sagradas Escrituras.

Aos leigos, que utilizam a Bíblia como uma arma de intolerância, não de defesa apologética da sua fé, cabe papagaiar o que a Santa Sé lhes ordenou, sem se aprofundar nos temas, com acusações levianas que fazem dos protestantes um grupo de palhaços desesperados por reconhecimento. Ainda não despertaram para o fato de que a Reforma Protestante trouxe à tona a verdadeira face da igreja romana e devolveu a Bíblia ao povo. Talvez sonhem com a volta da Santa Inquisição.

Aqui está uma lista com 10 afirmações feitas por católicos que podem ser vistas como mal-entendidos ou deturpações sobre a igreja e a fé protestante, acompanhadas de refutações bíblicas. Ressalto que o objetivo aqui não é criar divisão, mas apresentar pontos para reflexão teológica com base na Bíblia. Durante a leitura, darei indicações de outros estudos neste mesmo blog. Podem acessar com segurança.

Leia neste blog um estudo sobre o que é o Evangelho. Acesse: O QUE É O EVANGELHO?


1. "Os protestantes negam a tradição e a história da igreja."

Refutação Bíblica: Os protestantes não negam a tradição, mas a subordinam à autoridade das Escrituras, conforme Jesus ensinou: "E assim invalidastes, por causa da vossa tradição, a palavra de Deus." (Mateus 15:6). A tradição é respeitada, desde que não contradiga a Bíblia. A Escritura é essencial para preservar a verdadeira tradição e impedir que mentiras sejam acrescentadas, o que já acontecia muito ainda na era apostólica, ao ponto de Paulo escrever aos gálatas: "Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema" (1:8,9). O que o catolicismo sugere é a continuidade da Revelação, inteiramente subordinada ao papa, único considerável infalível e representante legal de Cristo, com autoridade para definir novos dogmas e doutrinas que a igreja deve ter como legítima vontade de Deus.

Leia um estudo sobre a suficiência das Escrituras neste blog. Acesse: SOLA SCRIPTURA


2. "Sem a Igreja Católica, não existiria a Bíblia."

Refutação Bíblica: A Bíblia é obra de Deus, não de uma instituição. Paulo afirma que toda a Escritura é inspirada por Deus: "Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar." (2 Timóteo 3:16)

A igreja preservou os textos, mas não os criou. Esta inverdade propagada pelos sacerdotes e influenciadores católicos é uma falácia que produz uma mensagem incompleta e distorcida. A participação da igreja foi a formação do cânon, com a reunião de textos bíblicos já amplamente aceitos pela cristandade e que circulavam entre as igrejas. Isto, sem contar o Antigo Testamento, formado e confirmado antes de Cristo, ou seja, antes de haver a Igreja cristã. Portanto, não foi criado pela Igreja Católica Apostólica Romana. Levemos em conta, ainda, os livros apócrifos ou deuterocanônicos, que faziam parte da Septuaginta, mas eram rejeitados pelos judeus, vindo a se tornarem canônicos somente no Concílio de Trento, em 1546, muitos séculos após a ascensão de Cristo e a morte dos apóstolos.

Leia um estudo sobre este tema neste blog. Acesse: A IGREJA CATÓLICA NÃO NOS DEU A BÍBLIA



3. "Os protestantes têm várias doutrinas porque não seguem a verdadeira igreja."

Refutação Bíblica: Diferenças doutrinárias existem, mas os protestantes concordam nos fundamentos da fé, como a salvação pela graça por meio da fé, conforme Paulo declara: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus." (Efésios 2:8). Por motivos bastante óbvios e convenientes a eles, os católicos tendem a julgar todas as igrejas vindas da Reforma Protestante como parte de um único movimento. Ou seja: em um mesmo conceito, são incluídas igrejas reformadas tradicionais (presbiterianos, batistas, etc ), pentecostais (Assembleia de Deus, Quadrangular, etc.) e neopentecostais (Universal, Mundial, etc.). No entanto, com exceção das seitas neopentecostais, as igrejas reformadas possuem poucas diferenças nas suas doutrinas e estão ligadas pelos cinco Solas da Reforma Protestante, considerando-se igrejas co-irmãs.

Leia este estudo que mostra as divisões dentro da igreja católica romana: DIVISÕES NA IGREJA CATÓLICA

Acesse e leia 60 perguntas para o católico sobre a sua fé: 60 PERGUNTAS


4. "Os protestantes não têm a verdadeira Eucaristia."

Refutação Bíblica: Para as igrejas evangélicas , a Ceia do Senhor é um memorial, como Jesus instituiu: "Fazei isto em memória de mim." (Lucas 22:19). O pão e o vinho simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, sem necessidade de transubstanciação. Para os católicos, a Eucaristia é muitos mais que um memorial, mas a renovação do sacrifício de Cristo pelos pecados, de modo que Cristo é crucificado todas as vezes que a Eucaristia acontece. Isto está inteiramente em desacordo com o sacrifício oferecido por Cristo na cruz, que foi providencial, perfeito, único, suficiente e definitivo. Poderíamos citar o livro de Hebreus inteiro, mas nos bastam estes dois versículos: "E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação" (9:27,28).

Leia este estudo sobre a certeza da salvação na carta aos Hebreus: CERTEZA DA SALVAÇÃO EM HEBREUS

Leia este estudo sobre a segurança da salvação em Romanos: SEGURANÇA DA SALVAÇÃO EM ROMANOS


5. "Os protestantes ignoram Maria e os santos."

Refutação Bíblica: Alguns católicos chegam a afirmar que os protestantes "odeiam" ou "desprezam" Maria, simplesmente porque não a chamam de mãe a afirmam que ela era pecadora. No entanto, os protestantes respeitam Maria, mas não a veneram. Jesus é o único mediador: "Porque há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem." (1 Timóteo 2:5). Venerar Maria e tê-la como corredentora, medianeira, mãe, rainha do céu, esperança dos pecadores, senhora, nova Eva, esposa do Espírito Santo ou qualquer outro título que lhe foi dado pela tradição católica, só é possível desconsiderando o conteúdo imutável e infalível da Palavra de Deus, que não somente não ratifica esses títulos, como também os condena e refuta. Somente uma interpretação alegórica da Bíblia e os acréscimos da Tradição e do Magistério da igreja católica são capazes de confirmar esses títulos dados à Maria.

Leia um estudo neste blog sobre a idolatria na igreja católica. Acesse: IGREJA CATÓLICA E IDOLATRIA

Leia também um estudo sobre Maria. Acesse: CULTO A MARIA

Leia e aprenda 20 razões pelas quais Maria não salva ninguém: MARIA NÃO SALVA NINGUÉM


6. "Os protestantes não têm unidade porque não têm o papa."

Refutação Bíblica: A verdadeira unidade está em Cristo, não em um líder humano. Jesus orou pela unidade dos crentes: "A fim de que todos sejam um, como Tu, ó Pai, o és em mim, e eu em Ti." (João 17:21). Os membros da Igreja (não denominação, mas a igreja espiritual ou o "Corpo místico de Cristo) estão unidos em um só Coroo em Cristo. Paulo escreveu aos coríntios: "Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito" (1 Coríntios 12:12,13). Aos efésios, ele disse: "esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos" (4:3-6).

Veja um estudo neste blog sobre as divisões na igreja católica. Acesse:

Veja um estudo que mostra as razões pelas quais a igreja católica não é a verdadeira igreja de Cristo. Acesse: A IGREJA CATÓLICA NÃO É IGREJA


7. "Os protestantes inventaram a doutrina da salvação pela fé."

Refutação Bíblica: Podemos afirmar que a maior discrepância entre a fé católica romana e a fé reformada é na sua soteriologia. Ao citar a "justificação pela fé", os católicos o fazem com desprezo, sarcasmo e ironia, como se não tivesse, na Bíblia Sagrada, textos como:

"pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus" (Romanos 3:23,24).

"Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus" (Romanos 5:1,2).

"sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado" (Gálatas 2:16).

Além de pregarem uma salvação meritória, os católicos ainda tornam o sacrifício e a redenção operada por Cristo desnecessários, insuficientes a ineficazes, uma vez que a obra vicária de Cristo, para a doutrina católica, não perdoa nem salva totalmente e nem eternamente o pecador, carecendo este, mesmo após receber todos os sacramentos, amargar uma estadia no purgatório para se purificar de pecados cometidos após o batismo. Isto contradiz textos como, Romanos 8:1,2, onde Paulo garante: "Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte". E o que escreveu o autor de Hebreus: "Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles" (7:25). As obras não salvam, mas são resultado de uma alma salva por Deus e comprometida com o seu Reino.

Acesse este estudo sobre a falácia que nem tudo precisa estar na Bíblia: NEM TUDO PRECISA ESTAR NA BÍBLIA


8. "Os protestantes desobedecem ao mandamento de guardar o domingo."

Refutação Bíblica: Este pode ser uma falácia dirigida aos adventistas, porque, via de regra, as igrejas protestantes também guardam o domingo. O sábado foi cumprido em Cristo. O domingo é observado como o Dia do Senhor, em memória da ressurreição: "No primeiro dia da semana, estando as portas fechadas, onde os discípulos se achavam reunidos..." (João 20:19). Na verdade, a guarda de um dia da semana nada mais é que uma tradição religiosa, uma vez que não existe nenhum mandamento dado por Jesus ou pelos seus apóstolos a respeito disso. Como não existe uma orientação bíblica específica, ouso dar a minha opinião pessoal (que pode ser descartada, uma vez que não é uma doutrina bíblica, mas apenas a minha opinião): todos os dias devem ser santos, dedicados integralmente ao Senhor, que deve ser adorado em espírito e em verdade, com a vida, independente de tempo ou de espaço (João 4:24). Não importa se no sábado, domingo ou qualquer outro dia da semana, porque o que vele é: "Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus" (1 Coríntios 10:31).

O catolicismo romano é uma igreja ou seita? Acesse o estudo neste blog: IGREJA OU SEITA?


9. "Os protestantes rejeitam a confissão porque não acreditam no perdão dos pecados."

Refutação Bíblica: A confissão auricular provém de uma interpretação tendenciosa e equivocada de João 20:22,23 e Mateus 18:18. Um dos grandes equívocos dessa doutrina é a presença do sacerdote como mediador entre os homens e Deus, algo que já foi abolido pelo Senhor Jesus Cristo. Novamente, poderíamos citar todo o livro de Hebreus, que fala claramente sobre o fim do sacerdócio levítico e a supremacia do sacerdócio eterno de Cristo. Leiamos apenas Hebreus 4:14-16:

"Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna."

A fé reformada ensina que somente Deus tem poder e autoridade para perdoar pecados e que, em certo sentido, todos somos sacerdotes, porque podemos ir diretamente a Deus e nos oferecer em sacrifício vivo, santo e agradável a Ele (Romanos 12:1,2). Pedro escreveu, em 1 Pedro 2:9,10: "Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia". Nós somos ordenados a perdoar uns aos outros, mas não a aplicar na vida de alguém o perdão de Deus (cf. Marcos 11:25,26; Colossenses 3:13; Efésios 4:32). Ao pregar e ensinar somente o que a Bíblia revelar os protestantes acreditam no perdão direto por meio de Jesus, sem necessidade de sacerdotes: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1 João 1:9).

Veja dez razões pelas quais não sou mais católico: NÃO SOU MAIS CATÓLICO


10. "A Reforma foi uma rebelião contra a verdadeira igreja."

Refutação Bíblica: Uma das grandes características da Bíblia que a confirmam como um Livro Sagrado, divinamente inspirado, é que ela conta toda a história, sem nada ocultar. Ela fala sobre o grande rei Davi e, depois dele, Salomão, sem ocultar seus pecados. Até mesmo Pedro, primeiro pregador da Igreja e que é considerado o primeiro papa pelo catolicismo romano, possui vários episódios negativos registrados por Deus na sua Palavra. A Igreja Católica Apostólica Romana, no entanto, nada aprendeu com isso. Os seus fiéis só conhecem um lado da história: a cisão, a divisão provocada pelo "herege", Martinho Lutero e a sua "famigerada" Reforma Protestante. O que não é contado no catecismo e nos estudos bíblicos para os leigos é o que motivou a revolta do monge católico, que amava a sua igreja e queria vê-la de volta ao Evangelho. As atrocidades cometidas pelos papas, a corrupção generalizada no centro do império católico, Roma; a vergonhosa venda de indulgências, a imoralidade do clero; nada disso é mostrado. Todavia, a verdade prevalece: a Reforma buscou restaurar a verdade bíblica e combater abusos. Aprouve a Deus que Lutero não obtivesse êxito na sua tentativa de purificar a Igreja Católica Apostólica Romana, sendo excomungado e, assim, dando início ao movimento que optou ficar com a Bíblia e o Evangelho da graça de Deus. E aqui estamos nós. Glória a Deus!

Veja um estudo neste blog sobre o impossível regresso do protestante ao catolicismo. Acesse: O IMPOSSÍVEL REGRESSO

sábado, 9 de novembro de 2024

UMA CONVERSA SOBRE A VALIDADE DOS DÍZIMOS E A IMPORTÂNCIA DAS OFERTAS

UMA CONVERSA SOBRE A VALIDADE DOS DÍZIMOS E A IMPORTÂNCIA DAS OFERTAS

Diálogo entre o escritor Mizael Xavier e um padre sobre os dízimos e as ofertas.

(ATENÇÃO: Diálogo desenvolvido com base no ensino do livro: A GRAÇA DE OFERTAR: OFERTANDO A DEUS COM AMOR E COM A VIDA, de Mizael Xavier. À venda em e-book na Amazon).

Padre: Caro Mizael, você certamente concorda que o dízimo é uma prática que tem suas raízes na Bíblia e é claramente instruída nas Escrituras. Desde o Antigo Testamento, vemos o povo de Deus sendo chamado a trazer o dízimo para sustentar a obra divina. Essa tradição é mantida pela Igreja, pois acreditamos que, assim como foi para os israelitas, o dízimo é uma forma de adoração e gratidão a Deus.

Mizael Xavier: Concordo, padre, que o dízimo tem uma longa tradição no Antigo Testamento. Ele foi instituído para o povo de Israel, servindo como provisão para os levitas, que eram encarregados do serviço no templo. Porém, é importante ressaltar que o dízimo estava diretamente ligado à lei mosaica e a uma estrutura religiosa que foi substituída por uma nova aliança, estabelecida em Cristo. Na nova aliança, vemos que os apóstolos ensinam a prática de ofertas voluntárias e não mais um dízimo obrigatório.

Padre: Mas, Mizael, os princípios do Antigo Testamento não foram abolidos por Cristo; Ele mesmo disse que não veio para abolir a Lei, mas para cumpri-la. Se a prática do dízimo foi boa para Israel e serviu para sustentar a casa de Deus, por que deveríamos descartá-la? Muitos cristãos também têm uma necessidade de um sistema concreto para contribuir com a igreja.

Mizael Xavier: Jesus cumpriu a Lei, padre, mas com isso Ele também trouxe uma nova maneira de nos relacionarmos com Deus. O sistema levítico foi encerrado, e nós agora somos chamados a um sacerdócio universal, onde cada um dá conforme propôs em seu coração, com amor e liberalidade. Paulo fala claramente em 2 Coríntios 9:7: “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.” A nova aliança nos desafia a dar não por obrigação, mas como expressão voluntária de nosso amor a Deus e ao próximo.

Padre: Eu entendo seu ponto sobre o sacerdócio universal e a liberalidade, Mizael, mas temo que, sem o dízimo, a Igreja não conseguiria manter suas atividades. Muitas igrejas dependem dessas contribuições fixas para ajudar os necessitados, manter a liturgia, o clero e as obras sociais.

Mizael Xavier: Concordo que o apoio financeiro é fundamental para manter a obra, e a generosidade é parte importante da fé cristã. No entanto, o dízimo não deve ser imposto como uma obrigação da nova aliança. Quando a Igreja incentiva os fiéis a darem por amor, a contribuição vem com mais alegria e mais significado. O próprio Paulo ensina que devemos dar com generosidade, mas sem coação ou imposição, confiando que Deus proverá.

Padre: É uma visão interessante, Mizael, e não discordo da importância do coração generoso. Talvez possamos ver o dízimo como uma sugestão, um guia para aqueles que desejam contribuir de maneira consistente, mas sem o peso de uma obrigação legalista.

Mizael Xavier: Exatamente, padre. Que os membros contribuam de forma que sintam alegria em participar e apoiar a obra, e que o foco esteja em ajudar de maneira generosa e voluntária. Essa, creio, é a verdadeira essência da contribuição na nova aliança: uma expressão de amor e fé, sem imposições.

Padre: Mizael, compreendo seu ponto sobre a voluntariedade, mas a prática do dízimo também é uma maneira de lembrar aos fiéis sobre a importância de colocar Deus em primeiro lugar. O dízimo, sendo 10% de tudo o que recebemos, é um lembrete de que tudo pertence a Deus e que Ele deve ser honrado com as primícias dos nossos recursos.

Mizael Xavier: Concordo que devemos colocar Deus em primeiro lugar, padre, mas será que um valor fixo consegue refletir a verdadeira entrega do coração? Na nova aliança, a generosidade vai além de porcentagens ou números exatos. Lembre-se do exemplo da viúva pobre, em Marcos 12:41-44, que deu tudo o que tinha, mesmo que fosse pouco em valor. Jesus não destacou o valor monetário, mas a disposição do coração dela. Ele nos mostra que o ato de dar deve partir da gratidão e não de uma quantia estabelecida.

Padre: É verdade que Jesus valorizou a intenção da viúva, mas também não podemos esquecer que o dízimo traz um senso de disciplina financeira e fidelidade. Muitos fiéis se sentem motivados a contribuir regularmente quando têm uma meta clara, e o dízimo ajuda a estruturar esse compromisso. Como manter esse senso de disciplina sem uma diretriz prática como os 10%?

Mizael Xavier: O compromisso e a disciplina são importantes, sim, mas devem vir do coração, não de uma obrigação percentual. Em 1 Coríntios 16:2, Paulo aconselha os cristãos a reservarem algo “conforme a sua prosperidade”. Ou seja, ele deixa claro que cada um deve contribuir de acordo com o que possui, e não por uma porcentagem fixa. Isso é ainda mais verdadeiro na nova aliança, em que a liberdade no Espírito nos permite dar de acordo com o quanto Deus tem nos abençoado.

Padre: Mizael, admiro sua base bíblica, mas temo que, sem uma prática padronizada, como a do dízimo, a igreja possa enfrentar dificuldades financeiras. Muitas igrejas locais dependem dessas contribuições para obras de caridade e evangelismo, e temo que a liberalidade não seja suficiente para suprir essas necessidades.

Mizael Xavier: Entendo essa preocupação, padre, mas a questão é que, na nova aliança, a confiança não está em um sistema financeiro específico, mas na fidelidade de Deus e na generosidade do povo. Em Atos 4:34-35, vemos que os cristãos contribuíam de acordo com a necessidade, e não faltava nada. Não havia dízimos, mas ofertas voluntárias. Quando damos com amor e sem imposição, o povo de Deus sente o desejo de contribuir ainda mais. Essa confiança gera uma igreja sustentada pela generosidade genuína, e não por uma regra.

Padre: Então, você acredita que o verdadeiro sentido do dar deve ser completamente voluntário, sem nenhum tipo de orientação percentual?

Mizael Xavier: Exatamente, padre. Quando o Espírito Santo age no coração do cristão, ele sente naturalmente o desejo de contribuir conforme as necessidades e conforme Deus o abençoou. Uma doação pode ser de 5%, 10%, 20% ou até mais, mas isso vem do amor e do entendimento de cada um. Paulo reafirma isso em Romanos 12:8, quando nos incentiva a “contribuir com generosidade”. Não se trata de números, mas de amor e de confiança em Deus.

Padre: Mizael, você me fez refletir profundamente sobre isso. Talvez, de fato, o dízimo como regra fixa não se encaixe na liberdade e na generosidade que Cristo ensinou. Vejo que a verdadeira entrega é aquela que vem do coração, sem imposições. Talvez seja mais valioso ensinar os fiéis sobre a importância da generosidade e deixar que o Espírito Santo os conduza a contribuir.

Mizael Xavier: Isso mesmo, padre! Ao permitir que o Espírito Santo direcione os corações, estamos praticando a verdadeira nova aliança, onde não estamos presos a um sistema de obrigações, mas livres para amar e doar com alegria. Assim, a obra de Deus é sustentada pelo amor e pela gratidão, o que torna cada oferta uma verdadeira expressão de adoração.

Padre: Concordo, Mizael. Vou começar a ensinar aos meus paroquianos sobre essa liberdade em Cristo, incentivando-os a dar com amor, sem imposição. É um caminho de fé e generosidade que, com certeza, vai tocar os corações. Muito obrigado pela conversa e por me ajudar a ver essa perspectiva.

Mizael Xavier: Fico muito feliz em poder compartilhar essa visão, padre. Que Deus continue abençoando sua missão, e que a igreja seja fortalecida pela generosidade de seus membros, para a glória de Deus.

ATENÇÃO: DIÁLOGO FICTÍCIO, MAS COM CONTEÚDO VERDADEIRO, PARA FINS DIDÁTICOS.

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