quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

QUE TIPO DE PESSOA BUSCAR OU ATRAIR PARA A SUA VIDA?

 



Anteriormente, vimos como fazer para não entrar numa fria ainda maior. Uma das formas de fazermos isso é utilizando parâmetros que nos ajudarão a definir que tipo de pessoa queremos para estar na nossa vida, para ser o nosso amor. E também para definir quem temos condições de amar e fazer feliz. Neste capítulo apresentarei uma lista de parâmetros justos como uma boa margem de segurança que podem lhe ajudar a se permitir amar e ser amado. Como “parâmetros justos” quero dizer que você não deve aceitar qualquer pessoa ou situação que possa lhe prejudicar, mas também que não deve exigir grau máximo de perfeição de ninguém. Além disso, você nunca poderá exigir aquilo que também não estiver disposto a dar. Como margem de segurança, refiro-me a buscar o melhor das pessoas, mas entendendo que elas, assim como você e eu, são falhas. Também significa, por exemplo, não se envolver com alguém agressivo, que possua um histórico de abusos em outros relacionamentos, caso você já tenha vivido essa situação – ou mesmo que não tenha vivido, claro.

  

Priorize os valores

             A pessoa ideal para uma relação amorosa sadia é aquela que possui valores morais e espirituais elevados. Esses valores refletirão o seu caráter e o seu pensamento com relação ao amor e ao relacionamento a dois. Esse pensamento definirá o comportamento da pessoa com relação a você e ao relacionamento amoroso (objetivos, papéis, responsabilidades, etc.). Os valores elevados e verdadeiramente sólidos estão na Bíblia. Eu costumo dizer: escolha para amar alguém que se tivesse que escolher entre você e Deus, escolheria Deus. O temor do Senhor é o princípio da sabedoria (Pv 9:10), inclusive a sabedoria necessária para conduzir corretamente uma relação afetiva. Aquele que está em Cristo é nova criatura e produz os frutos do Espírito Santo, que tem o amor como fundamento, trazendo segurança ao casal. Alguém sem esses valores, não transmite segurança.

             Se você deseja ter ao seu lado alguém que queira viver uma linda história de amor com você, não busque uma pessoa que não tema a Deus e que se envolva com coisas erradas. Desenvolva em si mesmo os valores corretos e busque-os: justiça, honestidade, respeito, retidão, verdade, amor próprio, humildade, solidariedade, amor à família. Relacionar-se amorosamente com pessoas já comprometidas fere muitos desses valores. Alguém que não valoriza a família, que faz uso de substâncias que prejudicam a si mesmo e quem está à sua volta, que não respeita as leis de trânsito, que não se importa em fazer gato na energia ou na TV a cabo, que não honra os seus pais, que não gosta de trabalhar, que é desleal com os colegas e amigos, que não gosta de servir, que não se envolve em nada que beneficie a outros, também já indica que tipo de valores cultiva. Alguém assim será um bom marido ou esposa? Uma pessoa preocupada apenas em consumir e manter-se belo terá valor pelas coisas espirituais e emocionais? Se alguém não ama a si mesmo nem aos seus, o que fará por você?

  

Busque um parceiro

             Muitas pessoas se aproximam de nós com o desejo de se relacionar conosco, mas são poucas que desejam se tornar verdadeiras parceiras na relação. Amar implica em doação e partilha, em entrega e companheirismo, em dedicação e cuidado, em estar presente e fazer a diferença. Nós nos damos e também recebemos. Uma relação a dois é feita pelos dois, não apenas por um dos dois. Devemos desejar e buscar para a nossa vida alguém que seja parceiro em todas as horas: nas alegrias e nas tristezas, na responsabilidade pelo sucesso da relação, na solução dos problemas, nas atividades cotidianas, mesmo as mais chatas. Precisamos de alguém que seja positivo, que nos anime e nos impulsione, que nos incentive e aplauda as nossas conquistas ou nos console nas nossas derrotas. Mas também alguém sincero, capaz de nos corrigir quando errarmos e nos ajudar a acertar. Precisamos de alguém disposto a crescer ao nosso lado, a dar tudo de si, assim como daremos tudo de nós. Precisamos ser parceiros também.

 

Cuidado com os opostos

             Em se tratando de uma relação amorosa, a única verdade por detrás da falácia “os opostos de atraem” é a questão do gênero sexual: o homem é atraído pela mulher e vive-versa. Ainda assim, é totalmente errado falar em “sexo oposto”. O homem não é o oposto da mulher e nem a mulher é o oposto do homem. Aqueles que se opõem entre si jamais poderão caminhar juntos. Não somos o oposto um do outro, apenas carregamos um gênero sexual diferente. O oposto seria algo contrário a nós: nossa essência, nossa fé, nossa filosofia de vida, nossos sonhos, nossos gostos e preferências. Quanto mais uma pessoa é oposta a nós, maiores serão os problemas que enfrentaremos numa relação amorosa com ela. Se jamais encontraremos alguém que seja 100% parecido conosco, viver ao lado de quem é 100% diferente não fará bem para nenhum dos dois.

            Existem alguns opostos que podem ser relevados e que não influenciam negativamente no relacionamento, embora apresentem alguns desconfortos. Por exemplo: torcer por times de futebol diferentes e ainda por cima rivais. Muitos casais convivem bem com isso, mas como a esposa santista irá com o marido ao estádio numa final de campeonato contra o Corinthians? Ter uma filosofia político-partidária diferente e divergente também gera situações incômodas: um é de extrema-esquerda, outro de extrema-direita. Sempre haverá muitos atritos e discussões. A questão é: até que ponto o casal é capaz de conviver bem com os opostos e manter uma relação amigável? Um bebe e o outro odeia bebida; um fuma e o outro odeia cigarro; um só se realiza saindo todo final de semana para uma festa diferente, o outro é muito caseiro; um diz que o forró é a sua alma, o outro não consegue nem escutar o som de uma sanfona; um quer estudar e se formar, o outro não sai do baile funk; um é advogado de defesa, o outro é promotor; um não vive sem barulho, o outro é fã do silêncio.

            Não estamos falando de gostos diferentes, mas de gostos opostos. Nem sempre dará certo buscar algum tipo de equilíbrio ou concessão. Sustento a opinião – e você tem todo o direito de discordar – que devemos procurar para nos relacionar pessoas que compartilhem o máximo de pontos comuns conosco. Isso evita muitos atritos e transtornos desnecessários. Eu, por exemplo, abomino cigarro. Como poderei me casar com alguém que fuma e ter que conviver com o cheiro de cigarro pelo resto da minha vida? Se não sou uma pessoa da noite, como me darei bem com uma mulher que quer estar a cada final de semana num bar diferente curtindo forró? Se prezo pela moral e pelos bons costumes, como aceitarei do meu lado alguém que vive totalmente o contrário? Sentir-se atraído por alguém que detesta tudo o que gostamos e gosta de tudo o que detestamos é uma opção de cada um.

            Uma questão delicada é a religiosa. Desde o antigo povo hebreu, Deus proíbe que o seu povo se envolva maritalmente com pessoas de outras religiões, como vemos em Deuteronômio 7:3,4. Embora não pertençamos mais ao povo hebreu nem estejamos mais sujeitos à lei de Moisés, o princípio permanece: envolver-se amorosamente com alguém que não obedece à lei de Deus, aos seus princípios e, em alguns casos, é contrário a elas e ao próprio Deus. Este, claro, é um parágrafo para o leitor que professa uma fé em Deus, acima de tudo o cristão evangélico. Namorar pessoas de outras crenças é incoerente. Isso não significa intolerância religiosa, mas justamente de coerência. Como alguém crente em Cristo Jesus poderá se casar com uma pessoa praticante do candomblé? Ele quer ir ao culto, ela quer ir ao terreiro; ele serve a Jesus, ela serve a diversas entidades; ele invoca o Senhor nas suas orações, ela, bem ao lado, invoca algum exu; ele serve ao Deus único, ela mantém na sala imagens de diversos santos e entidades da sua religião. Quais as chances dessa relação dar certo? Como um cristão estará casado com um ateu?

            Além da questão religiosa, as diferenças sociais, culturais e intelectuais também podem atrapalhar bastante se forem opostas. Não estou afirmando que não devemos jamais dar oportunidade a alguém que é diferente de nós, mas que precisamos estar certos de que essas diferenças não nos trarão problemas, não envolverão o casal em conflitos diversos durante toda a sua vida juntos. Se estivermos dispostos a suportar tudo o que virá, a escolha é nossa. Questões de caráter e temperamento também são muito delicadas. Não podemos buscar para nos relacionar apenas pessoas que tenham o mesmo temperamento que nós, assim provavelmente morreríamos sós. Como já afirmei, nós nos completamos um no outro. Entretanto, se sou um indivíduo melancólico e aceito me relacionar com uma mulher de temperamento colérico, ou vice-versa, em alguns momentos a nossa relação não será fácil. Ou eu a desanimo, ou ela me enlouquece. Repetindo: não estamos falando de pessoas diferentes de nós, porque todas são, mas de pessoas em tudo – ou quase tudo – divergentes de quem somos e do que fazemos.

 

Mantenha a vigilância

             Infelizmente, vivemos em um mundo em que parece haver mais pessoas dispostas a nos fazer o mal ao invés do bem, a errar mais do que acertar, a enganar mais do que viver a verdade. Muito longe de ser uma visão pessimista da vida, essa constatação deve nos servir de alerta de que nem sempre o que reluz é ouro. Como já afirmei, se não podemos nos permitir cometer os mesmos erros que atrapalharam o nosso relacionamento passado, não é justo permitir que os outros cometam certos erros conosco. Não encontraremos pessoas perfeitas pelo caminho: se o novo amor não é insensível e irascível como o anterior, mas carinhoso e racional, pode ser que, por outro lado, ele seja ciumento e controlador. Ou não! A questão é que não devemos nos dar ao luxo de sofrer passivamente as mesmas dores, de aceitarmos abrir mão de novo do nosso amor próprio para sustentar uma pessoa egoísta e, assim, continuarmos mais uma vez infelizes. Isto serve, acima de tudo, para quem viveu uma relação abusiva. Abuso nunca mais!

            Já relatei sobre minha ex-noiva que morria de ciúmes da minha filha e não suportava bem a ideia de que eu passasse alguns finais de semana com meus filhos. Todo o meu tempo livre deveria ser devotado a ela. Esta é uma situação que não aceito mais viver. Precisamos saber o que estamos dispostos a aceitar e até onde temos condições de ir em um relacionamento amoroso. Assim, evitaremos a declaração descabida: “Quando você me conheceu, já sabia que eu era assim”. Ou seja, a pessoa reconhece que o que ela é está interferindo negativamente na relação, mas deixa bastante claro que não está disposta a mudar. Quem quiser, que aguente! Muitas vezes nos sujeitamos a certos desvios de caráter, temperamentos complicados, vícios e manias indesejáveis porque estamos apaixonados, porque temos esperança de que o tempo mude todas as coisas. Quando uma pessoa crente se casa com um descrente, acostumado aos bailes e bebedeiras da vida, tem esperança de que o seu amor e o amor de Deus farão a obra no devido tempo, e virá uma conversão, o que, creio eu, não acontece na maioria das vezes. O marido agressor segue agressor até o fim. A mulher adúltera prossegue adulterando.

            Não podemos negar as grandes conversões. Se Deus tem um plano na vida desta ou daquela pessoa, não importam o seu caráter, temperamento ou vícios, porque ela irá se converter. Deus pode operar milagres na vida de qualquer um que Ele queira, trazendo-o das trevas para a luz. A grande questão é que, apesar da nossa fé e da nossa confiança inabalável em Deus, não sabemos se a pessoa que escolhemos para amar foi escolhida por Deus para a salvação, se está em seus planos transformar a vida daquele pecador. Muitos morrem na incredulidade. Muitas mulheres sofrem violência doméstica até serem mortas a espera desse milagre. Mais uma vez: não se trata de buscar alguém perfeito, mas de fazer a leitura correta da situação, de saber com quem iremos nos relacionar para avaliar se teremos condições de suportar o que está por vir. Reconheço que não é uma tarefa fácil, acima de tudo porque muitos se revelam somente após o casamento. Mas nunca é tarde.

            O melhor que podemos fazer é orar, ter paciência e manter uma constante vigilância, mas sem nos tornar neuróticos. Alguns sinais visíveis podem nos ajudar a determinar o caráter e o comportamento de alguém. A presença ou a ausência de diálogo, de atenção, de carinho e de respeito falam bastante sobre uma pessoa. A sua maneira de lidar com as pessoas mais simples, se ríspido ou educado, pode nos dar um vislumbre de como lidará conosco.  O uso que ele faz do seu tempo livre, a forma como lida com as suas finanças, a maneira como trata os animais e o valor que dá à família também revelam muito do seu caráter. Acima de tudo, devemos observar como é o seu relacionamento com Deus, suas práticas espirituais, seu compromisso com o Evangelho e os valores da Palavra de Deus. Quem não se importa em desobedecer a Deus e desonrá-lo, provavelmente não dará atenção aos princípios éticos, morais e espirituais elevados de que um relacionamento saudável e duradouro necessita.

OBSERVAÇÃO: Este é um trecho do livro “Ninguém morre de amor”, de Mizael Xavier, à venda em formato e-book pela Amazon. Você pode adquiri-lo e ler todos os capítulos:

 

PARTE 1: SOBRE O AMOR E O AMAR
Verdades e mentiras sobre o amor
PARTE 2: ANTES QUE CHEGUE AO FIM
A arte de prevenir incêndios
PARTE 3: DO FIM À SUPERAÇÃO
Tudo acabou. E agora?
Encarando a realidade
Primeiro passo: reprograme-se
O caminho da cura
Atitudes que transformam
Aprendendo a lidar com os sentimentos
Revendo a nossa relação com o ex
Possibilidades
Superando uma relação abusiva
Da superação à continuidade
PARTE 4: DA SUPERAÇÃO AO NOVO AMOR
Os problemas de transição
É possível viver um novo amor
Empoderando-se para o amor
A quem se entregar?

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