Em breve, neste blog, um estudo comentado da obra de um dos maiores nomes do estudo da Mariologia. O único do gênero.
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Espiritualidade, Religião, Teologia, Missões, Apologética, Fé e outros temas para abençoar ricamente a sua vida
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
TRATADO DA VERDADEIRA DEVOÇÃO À SANTÍSSIMA VIRGEM - algumas considerações
Quem é Deus? Quem é Jesus Cristo? Quem
é o Espírito Santo? Todos os cristãos do mundo inteiro conhecem as respostas
que respondem a estas três perguntas. E sabem também que os três são apenas UM:
Jeová. Antes de dar início ao que pretendo escrever aqui, gostaria que o leitor
se recordasse do que sabe a respeito das três pessoas da Trindade nos seguintes
termos:
·
Seu poder em criar
e manter o mundo e tudo o que nele há.
·
A existência
humana pelas mãos do Deus criador, sua origem e seu destino após a morte.
·
Os Deus
imanente e transcendente.
·
A natureza de
Deus: Deus é Espírito e é pessoal, ele age e interage conosco.
·
O seu caráter
perfeitamente bom, repleto de amor e de justiça, mas também de juízo.
·
A sua relação
com o universo: governando-o e sustentando-o pelo seu poder.
·
Os atributos
naturais de Deus: Onipresença, Eternidade, Onisciência, Sabedoria, Onipotência,
Soberania, Constância.
·
Os seus
atributos morais: Bondade, Amor, Santidade, Justiça.
·
A pessoa de
Jesus Cristo: seu papel na criação do Universo e do homem, sua obra salvítica
(vida, morte, ressurreição, ascensão, glorificação, segunda vinda).
·
O caráter de
Cristo como Mestre, Amigo, Pastor.
·
Sua santidade,
sabedoria e servidão.
·
O poder de
Cristo para salvar o homem, libertá-lo e remi-lo pelo seu sangue precioso
derramado na cruz.
·
O papel único
de Cristo como Sumo sacerdote, Mediador entre Deus e os homens, fundamento e
noivo da Igreja.
·
A figura de
Jesus como Deus, Soberano Senhor, Salvador e Rei.
·
O Jesus que
responde nossas orações, que nos consola, que nos enche com seu poder, que nos
governa e nos conduz em vitória.
·
Toda autoridade
de Cristo e seu poder para operar segundo a vontade do Pai.
·
O Espírito
Santo que convence do pecado, da justiça e do juízo.
·
O arrependimento
e a fé para a salvação que o Espírito Santo produz na vida do pecador.
·
A Santificação
que Ele opera na vida do crente, sua consolação e capacitação para a obra de
Deus.
·
O seu selo que
nos identifica como filhos da promessa e de Deus, que nos separa do mundo e nos
consagra para servimos a Deus por meio de Cristo.
·
O poder da Trindade,
operando eficazmente na vida do ser humano, Autossuficiente, Toda-poderosa.
·
A incapacidade
do homem em ser bom e justo e em prover salvação a si mesmo.
·
A dependência
total do homem de Deus.
·
A inutilidade
das obras do homem em favor próprio, tanto para salvar-se, quanto para agradar
a Deus.
·
A necessidade
da graça salvadora e santificadora, que é a única capaz de produzir algo bom no
ser humano, de modo que ele produza o bem pretendido por Deus.
·
A necessidade
de Deus que o homem tem e que nada nem ninguém, a não ser o próprio Deus trino,
pode satisfazer.
Um breve estudo da epístola de Paulo aos romanos mostrará que nada somos
sem Deus e que sem Ele nada podemos realizar. Mostrará ainda que tudo o que
precisamos está nele e se quisermos algo devemos nos dirigir a Ele da maneira
que o Senhor Jesus nos ensinou: em seu Nome. Somente por meio de Cristo podemos
ir a Deus. Somente o Deus trino deve ser glorificado, servido, adorado,
cultuado. A Bíblia, em texto algum, mostra que existe um meio para chegar a
Cristo que não a fé o próprio Cristo, e esse nos conduz diretamente a Deus. As três
pessoas da Trindade nos bastam.
É por meio de Cristo, apenas de Cristo, que recebemos a graça de Deus,
tanto a graça salvadora quanto suas graças, isto é, suas ricas bênçãos que Ele
amorosamente derrama sobre nós. E isto está muito bem explicado na Bíblia. Nós nada
merecemos, nada podemos fazer para agradar a Deus de modo a receber dele tais
graças, por isso o nome é GRAÇA, um dom imerecido. Se Deus fosse nos abençoar
por nossos méritos, estaríamos irremediavelmente perdidos. Leia o capítulo 3 de
Romanos! É pela graça, somente por meio dela que nos achegamos a Deus. Nada precisamos
fazer para merecer algo de Deus e nada podemos fazer para retribuir o que Ele
fez por nós em Cristo e continua fazendo todos os dias. E não precisamos!
Assim escreveu o apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo: “Porque
dele e por meio dele e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória
eternamente. Amém” (Romanos11:36). Tudo começa nele, se desenvolve nele e volta
para Ele. Eis a razão porque enfatizei todas estas verdades que podem ser
comprovadas à luz da Bíblia Sagrada, da Palavra de Deus inspirada: dando
andamento aos meus estudos a cerca da doutrina católica-romana sobre Maria, mãe
de Jesus, deparei com um livro que pode ser considerado um dos mais importantes
dentro da Mariologia, por trazer a sistematização da verdadeira devoção
católica a Maria. O livro escrito pelo santo católico Luís Maria Grignion de
Montfort, chama-se “Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem” e traz
declarações impressionantes que colocam Maria no centro da adoração católica,
com a desculpa de ser este o meio escolhido por Deus para levar os homens até
Jesus.
Em sua obra, o referido santo (p. 241, 244, 245, 249 – grifo meu).
coloca as coisas da seguinte maneira:
É preciso fazer todas as ações por Maria, quer
dizer, em todas as coisas obedecer à Santíssima Virgem, e em tudo conduzir-se
por seu espírito, que é o santo espírito de Deus (...) É mister fazer todas as
ações com Maria, isto é, em todas as ações olhar Maria como um modelo
acabado de todas as virtudes e perfeições, que o Espírito Santo formou numa
pura criatura, e imitá-lo na medida de nossa capacidade (...) É precisa fazer
todas as ações em Maria (...) É preciso fazer finalmente todas as ações para
Maria.
O autor exorta seus leitores a entregarem toda a sua vida, suas ações e
suas obras à Maria, consagrando-se completamente a ela. Sobre essa necessidade
extremada da consagração a Maria para agradar a Deus, S. Luís cita a total
dependência que Jesus teve de Maria durante seus 30 anos em que esteve com ela.
Ele assevera que Jesus “deu mais glória a Deus seu Pai durante todo esse tempo
de submissão à Santíssima Virgem, como não lhe deu empregando os últimos três
anos de sua vida a fazer prodígios, a pregar por toda parte, a converter os
homens. Oh, que grande glória damos a Deus, submetendo-se a Maria, a exemplo de
Jesus”. Creio que o leitor deve ter sentido, assim como eu, uma pontada no
coração ao perceber que, para o santo católico, a dependência de Jesus por
Maria glorificou mais a Deus que a salvação que Ele trouxe aos homens! Isto é:
Maria está acima da própria obra salvítica de Jesus e é mais importante que a remissão
dos pecados.
O autor continua e mostra a estreita relação de dependência de Maria por
parte da Trindade. Aquela Trindade Onipotente, Onipresente e Onisciente que
relembramos acima, é totalmente submissa a necessidade de escravização do fiel
católico a Maria. Vejamos (p. 135, 136):
Deus Pai nos deu e dá seu Filho por ela somente, só
produz outros filhos por meio dela, e só por intermédio dela nos comunica suas
graças. Deus Filho foi formado para todo o mundo, por ela, e não é senão por
ela que é formado todos os dias, e gerado por ela em união com o Espírito
Santo, e ela é a única via pela qual nos comunica suas virtudes e seus méritos.
O Espírito Santo formou Jesus Cristo por meio dela, e por meio dela forma os
membros de seu corpo místico, e só por ela nos dispensa seus dons e favores.
Amado leitor ou leitora, católico(a)
ou não, releia o texto acima e responda: existe qualquer versículo em toda a
Bíblia – seja a versão católica, a protestante, a dos Testemunhas de Jeová, a
Torá ou qualquer uma outra – que confirme o que acabamos de ler? Um versículo
apenas, somente um, que manifeste claramente o que o santo católico afirmou em
seu livro? Eis o que Montfort “profetizou” a respeito de sua própria obra,
escrita no século XVIII (p. 122):
Vejo, no futuro, animais frementes que se precipitam
furiosos para dilacerar com seus dentes diabólicos este pequeno manuscrito e
aquele de quem o Espírito Santo se serviu para escrevê-lo, ou ao menos para
fazê-lo ficar envolto nas trevas e no silêncio de uma arca, a fim de que ele não
apareça.
Talvez eu seja um desses “animais
frementes”, mas creio não estar sendo movido por “dentes diabólicos”, mas pelo
Espírito Santo de Deus. Outras declarações contidas neste pequeno livro mostram
em que lado realmente o diabo estava operando:
Ou, ainda, pedi a Jesus, em união com Maria, que, por
meio dela venha à terra o seu reino, ou a divina sabedoria, ou o amor divino,
ou o perdão de vossos pecados, ou qualquer outra graça, mas sempre por Maria e
em Maria (p. 255).
Esta boa Mãe, depois de receber a oferenda perfeita
que lhe fizemos de nós mesmos e de nossos próprios méritos e satisfações, pela
devoção de que falei, depois de nos ter despojado de nossos antigos hábitos,
limpa-nos e nos torna dignos de aparecer diante de nosso Pai celeste (p. 195).
Deus, feito homem, encontrou sua liberdade em se ver
aprisionado no seio da Virgem Mãe; patenteou a sua força em se deixar levar por
esta Virgem santa; achou sua glória e a de seu Pai, escondendo seus esplendores
a todas as criaturas deste mundo, para revelá-las somente a Maria; glorificou
sua independência e majestade, dependendo desta Virgem amável, em sua
conceição, em seu nascimento, em sua apresentação no templo, em seus trinta
anos de vida oculta, até a morte, a que ela devia assistir, para fazerem ambos
um mesmo sacrifício e para que ele fosse imolado ao Pai eterno com o
consentimento de sua Mãe, como outrora Isaac, com o consentimento de Abraão à
vontade de Deus (p. 27).
Esses breves trechos exemplificam o
que o autor sente por Maria e nos dão apenas uma amostra do que trata seu
livro. E o que as autoridades da Igreja Católica Apostólica Romana dizem a
respeito disso? Embora o Concílio Vaticano II tenha procurado amenizar um pouco
o discurso triunfalista sobre Maria, colocando-a como figura histórica e humana
na sua teologia, sabemos que não é bem isso que acontece na prática. A devoção
escrava a Maria permanece firme e todos os escritos antigos, mesmo os mais
triunfalistas como o de Montfort, o de Ligório e o de Roschini, continuam
bastante atuais. A respeito do Tratado da verdadeira devoção à Santíssima
Virgem e do seu autor, o padre F. W. Faber, no prefácio dessa obra, escreve (p.
11): “A 12 de maio de 1853, foi promulgado, em Roma, o decreto que declara os
seus escritos isentos de todo erro que pudessem servir de obstáculo à sua
canonização”.
Como os Bispos de Roma são isentos
de erros teológicos, pois ocupam a cátedra de Pedro e falam em nome de Jesus,
como se Ele próprio falasse, o fiel católico é levado a crer que as seguintes
declarações de Montfort são dignas de fé, inspiradas e isentas de qualquer
equívoco (p. 20-23):
Os santos disseram coisas admiráveis desta cidade
santa de Deus... E, depois, proclamaram que é impossível perceber a altura dos
seus méritos, que ela elevou até ao trono da Divindade, que a largura de sua
caridade, mais extensa que a terra, não se pode medir; que está além de tôda compreensão
a grandeza do poder que ela exerce sobre o próprio Deus... Todos os dias, dum
extremo da terra a outro, no mais alto dos céus, no mais profundo dos abismos,
tudo prega, tudo exalta a incomparável Maria... os próprios demônios são obrigados,
de bom ou mau grado, pela força da verdade, a proclamá-la bem-aventurada. Vibra
nos céus, como diz São Boaventura, o clamor incessante dos anjos: Sancta, sancta, sancta Maria, Dei Genitrix
et Virgo; e milhões e milhões de vezes, todos os dias, eles lhe dirigem a
saudação angélica: Ave, Maria...
prostrando-se diante dela e pedindo-lhe a graça de honrá-los com suas ordens...
Toda a terra está cheia de sua glória, particularmente entre os cristãos, que a
tomam como padroeira e protetora em muitos países, províncias, dioceses e
cidades... Devemos, portanto, exclamar como o apóstolo: Nec oculus vidit, Nec audivit, Nec in cor hominis ascendit (1 Cor
2, 9) – os olhos não viram, o ouvido não ouviu, nem o coração do homem
compreendeu as belezas, as grandezas e as excelências de Maria, o milagre dos
milagres da graça, da natureza e da glória.
Essas palavras, o fiel precisa crer
porque São Luís não erra nunca em sua doutrina, são dignas de fé. Mas elas não são
nada para se comparar com o restante da obra e com a obra dos autores
supracitados. Para completar este breve relato, gostaria de incentivar o leitor
a ler neste mesmo blog as impressionantes semelhanças entre Maria e a Trindade.
Que o Senhor Deus coloque na boca de seus profetas a Palavra da verdade, para
que, pregando, possam fazer Jesus conhecido do mundo todo, em especial dos
católicos, que permanecem perdidos em suas doutrinas e escravos de alguém que
já morreu: Maria, quando deveriam exaltar e honrar o único Deus e Senhor Jesus Cristo.
Mizael Xavier.
18 de janeiro
de 2013.
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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
ORAÇÃO PELOS MORTOS - doutrina e refutação
O culto aos mortos
parece ser o centro de toda a fé do catolicismo romano. Cultuam os santos
(pessoas já mortas) e pedem a sua intercessão, rezam por eles e lhes prestam
homenagens. Mesmo afirmando que todo o fim deste culto é a glorificação do Nome
de Deus, o que vemos é que os defuntos ocupam maior espaço que a própria
Trindade na fé de seus fiéis. Rezar pelos que já morreram, pelas almas, é uma
prática que o fiel católico aprende desde a mais tenra idade. Conforme vai
crescendo, os fantasmas dos que já morreram o acompanham nos enterros, nas
missas de sétimo dia, nas promessas (feitas a santos mortos) e nos sacramentos,
principalmente na Eucaristia. Rezar pelos que já se foram é sinônimo de
caridade cristã, além de uma forma eficaz de aliviar a pena deles do purgatório
e dos que rezam, antes de irem para lá.
O texto áureo para a compreensão desta doutrina é o apócrifo
2 Macabeus, capítulo 12, versículos 43 a 45. Sobre este texto sustenta-se toda
a base da oração pelos mortos e dos sacrifícios em seu favor. A ele vêm-se
juntar outros textos igualmente insuficientes para asseverar tal doutrina
antibíblica. Para compreendermos o seu significado dentro do catolicismo
romano, precisamos rever tudo o que já vimos sobre o purgatório e as
indulgências. Conforme estudamos em capítulo anterior, o purgatório é um lugar
de purificação através do fogo, onde aqueles cristãos que cometeram pecados
leves (veniais) após o batismo e não tiveram a oportunidade de pagarem o mal
que causaram a Deus e às suas almas vão para repararem o mal causado,
dependendo, assim, das missas rezadas pelos vivos e das esmolas e sacrifícios
oferecidos em sua lembrança. Não vão para o purgatório aqueles que cometeram
pecados mortais; estes, nos parece, vão direto para o inferno, a não ser, é
claro, que Maria tenha piedade deles e os introduza diretamente no paraíso,
mesmo que, em vida, jamais tenham buscado a Deus e se arrependido dos seus
pecados, como os que pecam contra o Espírito Santo.
Nos documentos pesquisados, o texto de Macabeus parece ser o
único do Antigo Testamento (lembrando que é um apócrifo) apresentado pela
igreja romana para asseverar a doutrina da oração pelos mortos. Parece ser,
também, o único a falar diretamente sobre o assunto, delineando-o claramente.
Todavia, devemos analisá-lo em todo o seu contexto, levando em conta o que já
citamos sobre o purgatório e as indulgências. Se é para este lugar de
purificação que as almas vão, é certo que o livro de Macabeus faz aí alguma
referência a tal doutrina, ainda que os sacrifícios do Antigo Testamento e o
sacrifício de Cristo na cruz sejam totalmente diferentes no que diz respeito à
salvação e o perdão dos pecados, e embora os sacrifícios que os antigos faziam
sejam diferentes dos que são praticados hoje no catolicismo romano.
Contexto e refutação
2 Macabeus 12 é o relato de uma batalha travada entre o povo
judeu e Górgias, governador da Iduméia (v.32), que saiu para enfrentá-los
comandando três mil soldados de infantaria e quatrocentos cavaleiros (v. 33). Assim
que começou a batalha, alguns judeus caíram mortos (v.34). Porém, a vitória
veio após Judas ter invocado o nome do Senhor, expulsando os soldados de
Górgias (vs. 36, 37). Após a purificação e a celebração do Sábado, os homens de
Judas foram recolher os que haviam sido mortos em batalha à fim de sepultá-los.
Foi então que encontraram, por debaixo da roupa de cada um dos mortos, objetos
consagrados aos ídolos de Jamnia, coisa proibida pela Lei para os judeus (v.
40). Ficou manifestado, então, o motivo da morte daqueles homens, o que levou
os outros a louvarem a maneira de Deus agir com relação às coisas ocultas (vs.
40, 41). Até este ponto poderíamos concordar com todo o relato do texto, pois a
idolatria sempre foi um pecado condenado por Deus, muitas vezes culminando com
a pena de morte. Entretanto, a reação de Judas e do povo de Israel foi se
colocarem em oração para suplicar a Deus pelo pecado cometido por aqueles
homens (v. 42). Fazendo uma coleta, reuniram duas mil moedas de prata e
enviaram a Jerusalém a fim de que fosse oferecido um sacrifício pelo pecado (v.
43; aqui podemos fazer uma ponte até as indulgências). O texto afirma a
esperança de Judas e de todo o Israel na ressurreição dos que tinham morrido em
batalha (v. 44), considerando que existe uma recompensa guardada “para aqueles
que são fiéis até a morte”, por isso mandou Judas oferecer um sacrifício pelos
mortos para que fossem libertos do pecado (v. 45).
Sobre este texto, o comentário de rodapé da Bíblia Sagrada,
edição pastoral, da editora Paulus, declara:
Pela
primeira vez neste livro fala-se da morte dos judeus em pleno combate e da
oração pelos mortos. O texto discorre sobre a ressurreição no mesmo contexto de
7, 1-42<!--[if !supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]-->
(cf. nota). Esses que morreram na luta são considerados fiéis (v. 45) e,
portanto, dignos da ressurreição. Entretanto, o v. 40 coloca uma questão: a
morte deles teve outro motivo, além da luta pelo projeto do povo. Então, para
que o erro deles não seja empecilho na participação da vitória final, é
oferecido o sacrifício pelo pecado (cf. Lv 5), reintegrando esses irmãos mortos
à comunidade de vida. É possível que o mesmo sacrifício tenha sido oferecido
para a purificação da comunidade (cf. Js 7).
Como apócrifo que
é, este livro não nos oferece nenhuma credibilidade espiritual, nem mesmo
reivindica ser divinamente inspirado. O modo como Deus age em muitas situações
descritas pelo autor difere de maneira acentuada dos escritos canônicos aceitos
pelo protestantismo e mesmo pelo judaísmo. Voltando nossos olhos para as
Sagradas Escrituras e todos os seus textos divinamente inspirados e aceitos
também pela igreja católica romana, veremos que este ensinamento que acabamos
de transcrever em nada confere com o que Deus disse e fez no meio do seu povo.
De fato não encontramos em nenhuma outra parte da Bíblia alguma alusão à oração
pelas pessoas que já morreram, santas ou não, principalmente para que sejam
purificadas dos erros cometidos em vida. O que a Palavra de Deus nos mostra é
que nossos pecados, se não expiados por Cristo através da fé, nos acompanham na
eternidade, o que pode nos custar o inferno como morada derradeira.
É necessária uma
rápida análise de 2 Macabeus 12:43-45 para que possamos entender o que de fato
a Palavra de Deus diz sobre o assunto. Se for possível e necessária a
intercessão pelos mortos, em algum lugar da Bíblia deveremos encontrar.
1 – O v. 45 afirma que há uma
bela recompensa para aqueles que são fiéis até a morte. Mas aqueles homens que
morreram foram fiéis a quê ou a quem? Eles partiram para a batalha pelo ideal
do povo como todos os outros e aí pode estar a sua fidelidade. Fiéis à sua
causa, à causa de seus companheiros, de seu líder, mas não fiéis a Deus. O v.
40 deixa claro que a morte daqueles homens foi pelo pecado da idolatria. Ora, a
Palavra de Deus trata o pecado da idolatria como um pecado de infidelidade e
desobediência contra Deus (Levítico 26:30). Como, portanto aqueles homens foram
fiéis até a morte? Eles carregavam debaixo de suas vestes ídolos; talvez os
tivessem furtado ou o estivessem utilizando como talismãs para lhes proteger
naquele momento de luta. Seja como for, o caso é que estavam de posse daqueles
objetos proibidos pela Lei de Deus aos judeus. Como poderiam, então, participar
da ressurreição?
2 – O v. 45 também nos mostra
a tolerância de Judas para com o pecado da idolatria. Em outros textos do
Antigo Testamento a forma como Deus trata este pecado é bastante diferente. Por
exemplo:
a) O livro de Gênesis em seu
capítulo 32 mostra a impaciência do povo de Israel ante a demora de Moisés no
Monte Sinai (v. 1). Eles não sabiam o que havia acontecido com seu líder e
decidiram agir por conta própria, fabricando o seu próprio deus, dizendo: “São
estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito” (vs. 2-4),
colocando-o sobre um altar (v. 5). O dia seguinte foi de festas e holocaustos,
assentando-se o povo para comer e beber e levantando-se para se divertir (v.
6). Mas Deus viu que seu povo estava trilhando caminhos errados e disse a
Moisés que descesse do Monte e fosse ver, pois Ele acenderia contra eles o seu
furor e os consumiria, fazendo de Moisés uma grande nação (vs. 7-10). Neste
momento “houve intercessão pelos que cometeram o pecado da idolatria por parte
de Moisés” (vs. 11-13). “Então, se arrependeu o Senhor do mal que dissera havia
de fazer ao povo” (v. 14). Todavia, ao descer do Monte com as tábuas da Lei,
foi a ira de Moisés que se acendeu contra o povo em sua festa idólatra (vs.
15-19). Arão, interpelado por Moisés, reconheceu que aquele povo era propenso
para o mal e havia arquitetado tudo aquilo (vs. 21-24). O final desta história
foi trágico, mesmo depois de suplicar Moisés pelo povo. Ele mesmo ordenou que
aqueles que haviam se contaminado com a idolatria fossem mortos, irmãos, amigos
e vizinhos (vs. 25-28), caindo do povo, naquele dia, uns rês mil homens.
Este texto nos mostra claramente a intolerância de Deus para
com aqueles que o trocam por ídolos mortos. Embora tenha “se arrependido” do
mal que disse que iria fazer contra o povo, ouvindo a intercessão de Moisés, a
sua palavra se cumpriu através do próprio Moisés, que mandou matar os
idólatras. Aqui existem muitas diferenças da forma como o líder Moisés conduz o
povo e a forma como Judas Macabeu conduzia o seu. O primeiro zelava pelo Nome
de Deus, o segundo era tolerante com os idólatras. Outro fato que devemos
observar é que Moisés intercedeu pelo povo de Israel enquanto ainda estavam
vivos e tinham condições de se arrepender, como mostra o v. 26. No caso do
livro de Macabeus, Judas oferece sacrifício pelos que já haviam morrido, sem
condições de se arrependerem do mal que causaram.
Mais
adiante no livro de Gênesis, capítulo 32, os vs. 30-35 mostram nova intercessão
de Moisés pelo povo: “Vós cometestes grande pecado; agora, porém, subirei ao
Senhor e, por ventura, farei propiciação pelo vosso pecado” (v. 30). Esta nova
intercessão, todavia, recebeu de Deus uma reprimenda, pois Deus riscaria a
todos os que pecaram contra Ele do seu livro (v. 33): “Feriu, pois, o Senhor ao
povo, porque fizeram o bezerro que Arão fabricara” (v. 35). Não houve por parte
de Moisés nenhum sacrifico pelo povo que havia morrido para que seus pecados
fossem perdoados após a sua “passagem”; também não houve sacrifico pelos
pecados daqueles que ficaram vivos, porque Deus já decretara a sua sentença. O
que o catolicismo romano pretende com a oração pelos mortos é tentar mudar a
sentença de Deus, isto é, tentar introduzir à força no céu aquelas pessoas que,
para Deus, devem ir para o inferno. Para isso contam com os santos já mortos e
com Maria, mãe de Jesus. Talvez eles que estão tão próximos de Deus podem
conseguir tal “milagre”.
b) O livro de Deuteronômio
mostra a preocupação de Deus com o seu povo quando este invadia as cidades e as
tomava pelo Seu poder. Ele sabia, assim como Arão no texto anterior, que o seu
povo era propenso ao mal, principalmente à idolatria. Por isso exorta que, caso
haja alguém no meio do povo que praticou abominação, procedendo mal aos olhos
do Senhor, transgredindo a sua aliança, servindo a outros deuses, adorando o
sol, a lua ou a todo o exército do céu<!--[if !supportFootnotes]-->[2]<!--[endif]-->,
seja levado às portas da cidade e apedrejado (17:1-7). Não foi instituído aqui
nenhum sacrifício por este pecado, mas este levaria ao perigo de uma morte
judicial, onde testemunhas deporiam contra o que praticara a idolatria<!--[if !supportFootnotes]-->[3]<!--[endif]-->.
c) A idolatria jamais trouxe
boas conseqüências para o povo de Israel. Em Jeremias 8:2,3 e, principalmente,
16:1-11 vemos que terríveis conseqüências ela lhes causou, de modo que nem
mesmo pranto deveria haver pelos que morriam por este pecado. Em outros textos
ela é punida com o banimento<!--[if !supportFootnotes]-->[4]<!--[endif]-->
(Oséias 8:5-8; Amós 5:26,27).
d) É no Novo Testamento,
porém, que a punição ao pecado da idolatria se mostra mais severa, pois os
idólatras são excluídos do céu (1 Coríntios 6:9,10; Apocalipse 22:15) e,
finalmente, partem para o seu destino final, os tormentos eternos do inferno
(Apocalipse 14:9-11; 21:8). Entretanto deve-se salientar que não estamos mais
debaixo da Lei e sim da Graça, de modo que o idólatra que se arrepender e se
converter ao Deus vivo e Verdadeiro pela fé em Cristo Jesus, abandonando a
idolatria, tem o seu ingresso no céu garantido pela Palavra de Deus. E esta é
uma decisão a ser tomada ainda em vida, pois depois que a morte chega, iremos
para o destino que escolhemos: céu ou inferno, sem chance de oração pelos
mortos e purgatório para pagar pelo que não pôde ser pago a tempo.
3 – Se compararmos estes
textos com o de Macabeus, veremos que em momento algum eles se equiparam. Pelo
contrário, o apócrifo utilizado pelo catolicismo romano contradiz as verdades
bíblicas e anula a Palavra de Deus. Nos textos inspirados os idólatras pagam
pelo seu pecado; já no texto apócrifo, apesar do aparente castigo sofrido pela
ocultação das coisas proibidas na Lei, existe uma chance para o perdão após a morte,
através de sacrifícios pelos pecados, mesmo sem arrependimento por parte dos
pecadores que trocaram o Deus vivo e verdadeiro por ídolos mudos.
4 – O texto de Levítico 5
citado pelo comentarista da bíblia católica diz respeito aos sacrifícios pelos pecados
ocultos (vs. 1-13), pelo sacrilégio (vs. 14-16) e pelos pecados de ignorância
(vs. 17-19). Os três sacrifícios estão relacionados àqueles pecados cometidos
pelo povo de Israel, mas nada nos leva a crer que eles adiantariam para os que
já morreram. Pelo menos não há relatos bíblicos de Deus entregando a Moisés
mandamentos referentes aos sacrifícios pelos pecados dos defuntos. Aqui,
inclusive, necessita-se da confissão dos pecados (v. 5). Após o sacrifício, o
pecado era imediatamente perdoado (vs. 10,16 e 18). Estando já mortas, como
poderiam as pessoas se arrepender do pecado que haviam cometido? Mesmo que se
arrependam (e isto provavelmente pode acontecer assim que enxergam a Glória de
Deus e pensam em quanto tempo perderam podendo se emendar e não o fizeram,
estando agora destinados à tortura eterna), o seu tempo já passou, a sua chance
já foi dada e desperdiçada.
5 – Outro texto citado (Josué
7) mostra que a ira do Senhor se acendeu contra o povo de Israel, porque Acã,
da tribo de Judá, havia tomado coisas condenadas (v.1). O relato aqui possui
algumas semelhanças com os fatos ocorridos em 2 Macabeus. Josué enviara alguns
homens até Ai para espiar aquela terra (v. 2). Ao voltarem aqueles homens,
disseram a Josué que não enviasse todo o povo, mas apenas uns dois ou três mil
homens (v. 3). Estes foram e fugiram diante dos homens de Ai (v. 4). Foram
feridos uns 36 e o restante foi perseguido até que foram derrotados (v. 5).
Então Josué rasgou suas vestes e pranteou junto com os anciãos de Israel, murmurando
pelo que acontecera, chegando a dizer que deveriam ter permanecido além do
Jordão (vs. 7-9). Deus, então, o repreendeu, dizendo que Israel havia violado a
sua aliança, roubando as coisas proibidas e chegando a ocultá-las debaixo da
sua bagagem, por isso Deus já não era por eles e permitiu que fossem derrotados
(vs. 10-12). Disse, também, o Senhor a Josué que deveriam se santificar, pois
não estaria com eles até que eliminassem do seu meio as coisas proibidas que
estavam escondidas (v. 13). Disse-lhes ainda que lançassem a sorte sobre as
tribos e, sobre quem a sorte caísse, deveria ser eliminado, ele e tudo quanto
tiver, porque violou a aliança do Senhor e fez loucura em Israel (vs. 14,15). A
sorte caiu sobre aquele que havia cometido tal pecado. Disse, então, Josué:
“Filho meu, dá glória ao Senhor, Deus de Israel, e a ele rende louvores; e
declara-me, agora, o que fizeste; não mo ocultes” (vs. 18,19). Acã reconheceu o
seu erro (vs. 20,21), mas ainda assim pagou pelo que fez diante de Deus (vs.
22-26). O desfecho desta triste história mostra a intolerância de Deus para com
o povo idólatra. Não houve aqui, como houve em Gênesis 32, intercessão pelo
pecador, muito menos oração pela sua alma após a morte, como em Macabeus. Ao
contrário, o povo saiu para guerrear e voltou vencedor (cf. capítulo 8).
Esta breve explanação nos mostra que a idolatria é um pecado
condenado por Deus e que no Antigo Testamento Deus se mostrava muitas vezes
radical contra aqueles que a praticavam, como forma de zelar pelo seu Nome e pela
santidade do povo que Ele escolhera. Ainda hoje a idolatria é condenada e os
seus praticantes são chamados ao arrependimento. Deus não pede mais que sejam
exterminados, queimados, apedrejados, mas seu destino, se não se converterem ao
Deus vivo e verdadeiro, será muito pior do que isso: o lago a arder eternamente
com fogo e enxofre. Para estes não cabem orações, indulgências ou mortificações
e esmolas, pois em vida escolheram o seu destino pós-morte. A oração de
intercessão cabe aos vivos pelos vivos que ainda tem a chance de se emendarem
de seus pecados e voltarem-se para Deus, aceitando pela fé a Cristo Jesus e
buscando cumprir a sua Palavra.
Um outro texto nos revela a insistência romanista em
apregoar a oração a favor dos mortos, como uma tentativa última e extremada de
ver seus entes queridos gozando da paz do Paraíso, mesmo sem haver, em vida,
crido em Deus e na sua Palavra. Mas não é somente isto. Como já vimos
anteriormente, a relação dos fiéis católicos romanos com os mortos é bastante
conveniente do ponto de vista do Vaticano, pois através desta relação é que
surgem as Missas e indulgências pagas em favor dos defuntos, rendendo verbas
para a Santa Sé. O texto abaixo mostra que a oração também tem poder
“retroativo”, isto é, pode-se orar hoje por coisas que aconteceram ontem,
podendo, portanto, um vivo orar pelo pecado que o morto cometeu antes de
falecer.
E
sabemos que a oração tem efeito retroativo, isto é, vale também para o passado.
Podemos rezar hoje para que uma pessoa falecida à dez anos tenha encontrado o
perdão junto de Deus na hora de sua morte. A oração não está presa no tempo.
Ela vale para o passado, para o futuro e para o presente (...) Sem dúvida,
rezar pelos defuntos é certo e bom. Mas tem uma coisa: o mais importante é a
nossa vida (...) Creio firmemente no poder da oração, mas não sei se alguém que
viveu como pagão, desprezando a graça de Deus, será salvo com missa de sétimo
dia e aquela cruz sobre a sepultura.<!--[if !supportFootnotes]-->[5]<!--[endif]-->
A incerteza do autor expressa a certeza bíblica da salvação
pela fé em Cristo Jesus, nosso Senhor e Salvador. Mas como o catolicismo romano
não permite a seus fiéis terem certeza do perdão de Deus e da sua salvação, a
oração pelos mortos aparece como uma forma de abrandar o sofrimento deles no
purgatório e abreviar suas dores, além de reparar os “estragos” causados pelos
pecados cometidos em vida, como afirma Pe. Artur Betti:
Além
das orações a Deus pelos falecidos, cujos pecados não são “... para a morte” (1
Jo 5,16-17), existe outra dimensão da oração pelos mortos, esquecida ou
ignorada por muitos. É a oração pelos
falecidos em razão do pecado perdoado, ou melhor, em razão das marcas, dos
estragos que, por acaso, o pecado tenha deixado na pessoa.<!--[if !supportFootnotes]-->[6]<!--[endif]-->
O que podemos extrair deste texto? Simplesmente que, mesmo
depois que Deus perdoa o pecador, ainda resta a restauração pelo estrago que o
pecado lhe causou, isto é, o perdão de Deus não tem poder regenerador e
purificador, mas apenas judicial: a dívida é perdoada, mas as conseqüências
acompanham a alma no além-túmulo. Mas que estragos são esses? Se formos pensar
em termos de pecado original, as marcas que carregamos são do próprio pecado em
si, que macula a nossa alma e a deixa suja diante de Deus. Assim exclamou o
profeta Isaías ao contemplar a Deus: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou
homem de lábios impuros, habito no meio dum povo de impuros lábios, e os meus
olhos vira mo Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Isaías 6:5). Todavia, o profeta
teve os seus lábios purificados pela brasa viva do altar e os seus pecados
perdoados (vs. 6,7). Da mesma forma temos o nosso coração purificado pelo
sangue de Cristo de todo pecado (1 João 1:7), obtendo através dele remissão e
redenção (Efésios 1:7). Conforme já tivemos a oportunidade de aprender no breve
estudo sobre o perdão de Deus, as nossas faltas são perdoadas, esquecidas e não
mais levadas em conta.
Se pensarmos em termos de pecados praticados após a
conversão do pecador ao Evangelho da Salvação, devemos levar em conta a
natureza humana pecaminosa. Não é o ato pecaminoso que macula a alma do
cristão, como se ele se tornasse impuro somente depois de cometer adultério,
por exemplo. O pecado já está dentro dele, esperando o momento de aflorar, a
oportunidade de se pôr em prática. Não é necessário que ele peque para sujar
seu coração, pois este já é naturalmente sujo (cf. Mateus 15:17-20). Dentro
dele há uma (ou algumas) cobiça específica que o tenta a fazer o que é errado.
No entanto, Deus se compadece do pecador que se arrepende e se aproxima dEle
com coração humilde em busca de perdão; mesmo que este esteja tendencioso a
cair novamente, o ato praticado é perdoado e esquecido, não deixando marca
alguma na alma. O perdão de Deus alivia nossa alma e a deixa preparada para
fazer a sua vontade. A misericórdia de Deus – como já vimos várias vezes aqui –
é eterna e perfeita. O pecador pode morrer em paz, sabendo que suas vestes já
foram alvejadas e que seu Advogado, Jesus Cristo, pleiteia a sua causa. Como
argumento ao nosso favor Ele usa a sua própria morte vicária, que pagou nossa
conta com o Pai Celeste.
No dia do juízo cada um dará conta de si a Deus. Mas quando
estiverem diante do seu tribunal, já estarão julgados: os que creram em Jesus
irão para a vida eterna e os que se mantiveram rebeldes à salvação gratuita de
Deus, irão para o inferno. São duas ressurreições: a ressurreição da morte e a
ressurreição da vida (cf. Apocalipse 20:1-6,14; 21:8; 1 Tessalonicenses 4:16;
João 6:40; Judas 7; etc.) Os que morreram com Cristo morreram resgatados
(Gálatas 3:13; 4:5; 1 Pedro 1:18; 2 Pedro 2:1; Mateus 20:28; 1 Timóteo 2:6;
Efésios 1:14), regenerados (1 Pedro 1:23), santificados (Atos 26:18; 1
Coríntios 6:11; 1 Tessalonicenses 5:23; Hebreus 2:11; 10:10,14; 13:12),
purificados (2 Coríntios 7:1; Efésios 5:26; Hebreus 9:14; Tiago 4:8; 1 Pedro
1:22; 1 João 3:3) e salvos (Romanos 1:16; 5:9; 10:9; 1 Tessalonicenses 5:9;
Hebreus 9:27; 1 Coríntios 15:2; 2 Timóteo 1:9;
2:4; Tito 3:5). Das trevas passaram para a luz e da vontade da carne
para a verdade de Deus.
Pois
nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de
toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e
odiando-nos uns aos outros. Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus,
nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas
por nós, mas segundo sua misericórdia, ele
nos salvou mediante o lavar regenerador do Espírito Santo, que ele derramou
sobre nós ricamente, por meio de Jesus, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus
herdeiros, segundo a esperança da vida eterna (Tito 3:3-7; grifo nosso).
Não há mais o que reparar,
pois toda reparação foi efetuada por Cristo na cruz do Calvário através da fé,
pelo Santo Espírito de Deus. Dizer que, mesmo depois de perdoado, já falecido,
o cristão necessite de obras de purificação (feitas por outros, deve-se
salientar), é negar o perdão de Deus, o sangue de Cristo e o poder do Espírito
Santo (Gálatas 4:6). No purgatório o defunto está em estado “passivo”, isto é,
nada mais pode fazer por si mesmo ou pelos vivos. Se nossas orações, esmolas,
missas e sacrifícios pelos mortos surtissem algum efeito, estaríamos fazendo a
obra do Espírito Santo!
<!--[endif]-->
<!--[if !supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]-->
A
citação deste texto pelo comentarista é equivocada. No texto em questão, vemos
a história de uma mãe que perdeu todos os seus filhos, vindo ela mesma a morrer
depois, porque não quiseram comer carne de porco que lhes era obrigada. Ao
invés de comê-la e ferir a Lei de Deus, preferiram ser fiéis até a morte, após
muitas torturas. Neste texto, sim, podemos ver a fidelidade até o último
instante de vida.
<!--[if !supportFootnotes]-->[2]<!--[endif]--> Podemos
aqui pensar sobre o prática romanista do “culto aos anjos”.
<!--[if !supportFootnotes]-->[3]<!--[endif]-->
Esta prática de obterem-se
testemunhas contra os hereges foi amplamente utilizada pelo catolicismo romano
durante a “Santa” Inquisição.
<!--[if !supportFootnotes]-->[4]<!--[endif]-->
Também aqui a Inquisição
aparece, trazendo um novo nome ao banimento: a excomunhão. Esta foi praticada
não somente na Inquisição, mas durante toda a história do catolicismo romano,
como uma forma de manter o poder, obter lucros financeiros e favores políticos
ou mesmo manipular reis e imperadores, incucando-lhes o medo de estarem
desprovidos dos santos sacramentos e da salvação eterna (esta também facilmente
comprada a preços exorbitantes).
<!--[if !supportFootnotes]-->[5]<!--[endif]-->
PE. LUIZ Cechinato, A Missa parte por parte, p. 138 (Aqui
se deve levar em conta duas coisas: 1) normalmente a igreja católica romana
considera como pagãos aquelas pessoas que não se batizam quando crianças e
insistem em não receber o batismo de seus sacerdotes; 2) podemos crer que
desprezar a graça de Deus aqui esteja ligado à participação efetiva nos
sacramentos e a uma permanência constante na igreja católica romana que,
segundo consta em suas doutrinas, é a despenseira de todas as graças de Deus e
fonte segura de salvação).
<!--[if !supportFootnotes]-->[6]<!--[endif]-->
Op. cit., p. 166.
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TRADIÇÃO E LEGALISMO NA IGREJA EVANGÉLICA
Algo que tem atrapalhado o mover de
Deus na sua igreja e paralisado o crescimento de muitos cristãos é aquilo que
chamamos de tradição e legalismo. Conforme vimos no estudo sobre a graça de
Deus, esses dois problemas surgem nas igrejas e tendem a enquadrar os crentes
dentro de um sistema de práticas exteriores de usos e costumes, que não
encontram respaldo bíblico nem acrescentam nada à nossa espiritualidade.
Para o tradicionalista e legalista, a
espiritualidade é algo meramente externo, como vestimentas, práticas religiosas
e tantos outros atos infrutíferos que veremos a seguir. Mas sabemos que a
espiritualidade é uma obra do Espírito Santo no coração do crente, e não algo
que possamos obter por nós mesmos, pois somos de natureza carnal, pecaminosa.
Somente a graça de Deus em nós pode nos tornar espirituais. É algo que vem de
dentro para fora, e não o contrário.
Usar um terno alinhado, orar de mãos
levantadas, dizer Aleluia o tempo todo, não torna ninguém mais ou
menos crente, a não ser que tudo isso seja fruto de um coração transformado,
que arda de amor por Jesus, um coração que entende que o motivo da sua
existência e a essência do seu chamado é a glorificação de Deus. Um crente
sincero e piedoso, um verdadeiro adorador, é alguém que vive o ideal de João
Batista: “Convém que ele [Cristo] cresça e que eu diminua.” (João 3:30). A
tradição e o legalismo, ao contrário, exaltam o homem por suas prática exteriores
e condicionam a vontade de Deus às suas doutrinas antibíblicas, inflando o ego
do crente e apagando do seu coração a imagem de Jesus.
Vejamos alguns pontos cruciais da
tradição e do legalismo disseminados em muitas congregações.
Roupas
·
Muitas
denominações criam um padrão de vestimenta para os crentes (paletó e gravata,
saia até o tornozelo, não usar bermuda, etc.), acusando os que se vestem de
forma diferente de não serem espirituais ou crentes verdadeiros.
·
Isso
faz parte da natureza do homem, que vê o exterior, mas Deus vê o coração (1
Samuel 16:7).
·
Deus
deseja que nos despojemos do velho homem e nos revistamos do novo (Romanos 6:6;
Efésios 4:20-24; Colossenses 3:9). Deus está preocupado com a transformação do
nosso caráter e não do nosso guarda-roupa. Basta apenas que tenhamos bom sendo
e observemos a decência no vestir.
·
A
vida é muito mais do que vestes (Mateus 6:25).
·
Os
fariseus foram criticados por Jesus por sua religiosidade hipócrita, que
envolvia também as vestes (Marcos 12:38-40).
Casa
de Deus
·
Para
afirmar que a igreja é a casa de Deus, as pessoas citam erradamente o Salmo
122:1 (cf. 2 Crônicas 29:16; Isaías 56:7; Mateus 21:13). A casa de Deus como um
prédio é algo do Antigo Testamento, pois Deus “habitava” no santo dos santos
(Êxodo 26:33; Levítico 16:12). Mas Jesus rasgou o véu que nos separava, como
sacerdote perfeito, e agora temos livre acesso à presença de Deus (Hebreus
9:3-25; 10:19; 13:11)
·
O
correto é que a casa do Senhor somos nós (Hebreus 3:1-6; 1 Pedro 2:5),
edificados para a habitação de Deus no Espírito (Efésios 2:22), do qual nós
somos santuário (1 Coríntios 3:16-17; 6:19).
·
A
igreja não é um prédio, mas os crentes, o verdadeiro corpo de Cristo (1
Coríntios 12:27; Efésios 4:12). Jesus está onde os crentes estiverem reunidos,
num prédio, nas catacumbas, nos lares, em qualquer lugar (Mateus 18:20).
Oração
·
Dependendo
da denominação, existe um jeito certo de orar, uma tonalidade de voz mais
perfeita, uma vestimenta mais decente, uma posição mais correta. Embora a
Bíblia não nos apresente uma doutrina formulada sobre o assunto, a tradição e o
legalismo sempre encontram um meio para dizer o que é certo e o que é errado.
·
Mas
na Bíblia não existe uma fórmula pré-fabricada para a oração. Não existe uma
posição correta de orar, mas várias: de pé (1 Reis 8:22; Marcos 11:25; Lucas
18:11); prostrado (Salmo 95:6); ajoelhado (2 Crônicas 6:13; Salmo 95:6; Lucas
22:41; Atos 20:36); de bruços (Números 16:22; Josué 5:14; 1 Crônicas 21:16;
Mateus 26:39); de mãos espalmadas (Isaías 1:15); de mãos levantadas (Salmo
28:2; Lamentações 2:19; 1 Timóteo 2:8); elevando os olhos na direção de Deus
(Salmo 123); inclinando-se (Gênesis 24:26; Êxodo 4:31; 12:27; 34:8);
ajoelhando-se (1 Reis 8:54; 2 Crônicas 6:13; Esdras 9:5; Isaías 45:23; Daniel
6:10; Lucas 22:41; Atos 7:60; 9:40; 21:5; Efésios 3:14); de rosto em terra
perante o Senhor (Números 20:6; Isaías 5:14; 1 Reis 18:42; 2 Crônicas 20:18;
Mateus 26:39).
Ordem
e decência
·
Cita-se
erradamente o texto de 1 Coríntios 14:40 para falar da reverência no culto,
envolvendo ler a Palavra de Deus de pé, não usar certas roupas, (como bermuda,
p. ex.), louvar em pé, não bater palmas ou dançar, etc. Mas aqui o texto faz
referência a manifestação dos dons espirituais. É certo que precisa haver
limites, mas jamais legalismos.
·
O
que Deus busca é adoradores que o adorem em espírito e em verdade (João 4:23).
Como já dissemos, os tradicionalistas e legalistas reduzem a espiritualidade
humana a práticas meramente exteriores e aparentes.
Batismo
e ceia
·
Não
é somente no catolicismo romano, onde se batizam crianças, que existe
controvérsia com relação ao batismo. Também não é somente no catolicismo que há
erros referentes à ceia do Senhor. Na igreja evangélica também existem alguns
pontos conflitantes.
·
Quem
deve batizar? Todos nós fomos chamados a batizar, e não somente os pastores
(Mateus 28:19).
·
Quem
pode ministrar a ceia? Não há nenhum mandamento afirmando que somente o pastor
da igreja pode celebrar a ceia (Atos 2:42).
·
Não
existe nenhuma referência que impeça as crianças de serem batizadas, caso
tenham aceitado sinceramente a Jesus como Senhor e Salvador, e de receberem a
ceia do Senhor.
·
Não
há nem mesmo na tradição apostólica a prática de dar a ceia somente a quem foi
batizado. Batismo não é condição para tomar a ceia, mas sim uma vida reta
diante de Deus (1 Coríntios 11:26-34).
·
Também
não há nada que impeça as crianças de cearem, a partir do momento em que
consigam compreender o significado da ceia do Senhor e a necessidade do autoexame.
Estilo
musical
·
Há
muita discussão entre as denominações sobre qual a verdadeira forma de adorar a
Deus e quais são as músicas verdadeiramente espirituais. Cantor cristão? Harpa
Cristã? Rock? Rap? Forró? Axé music?
·
Em
primeiro lugar, como avaliar se certo estilo de música (louvor) é ou não espiritual?
O que são os cânticos espirituais citados em Efésios 5:19 e Colossenses 3:16?
·
Cânticos
espirituais têm haver com a glorificação de Deus e com o Espírito Santo. Somos
seres carnais e somente pela manifestação da graça de Deus pelo seu Santo
Espírito nos tornamos espirituais. Logo, espiritualidade não é aquilo que
fazemos, mas aquilo que o Espírito Santo faz em nós. Desse modo, cânticos
espirituais dizem respeito a nossa resposta ao mover do Espírito Santo em nós,
através da transformação do nosso caráter (santidade) que nos leva a sermos
verdadeiros adoradores (João 4:23,24).
·
O
Salmo 150 ainda nos dá uma resposta àqueles que criticam o louvor com vários
tipos de instrumentos e com danças.
Dízimos
e ofertas
·
Está
claro que os crentes devem manter financeiramente o local onde a igreja se
reúne, pois ela não dispõe de outros meios para prover recursos para si, como
ONGs e instituições públicas. Desde os primórdios são os crentes que sustentam
seu local de culto e pagam o salário do pastor. Mas os dízimos e as ofertas não
podem ser vistos como uma doutrina legalista.
·
O
dízimo como pregado em algumas denominações não faz parte da doutrina dos
apóstolos. O texto muito utilizado de Malaquias 3:10 diz respeito a uma
realidade do povo judeu que estava debaixo da lei, e não da graça, e que
deveria manter a casa de Deus (cf. Neemias 10:38; Daniel 1:2). Mas se a casa de
Deus não é mais um templo, mas nós mesmos, deveríamos dar os dízimos a quem?
·
O
nosso mantimento, enquanto casa de Deus, é a Palavra de Deus, a oração e o
enchimento do Espírito.
·
A
palavra “dízimo” só aparece cinco vezes no Novo Testamento, em Mateus 23:23,
Lucas 11:42, Lucas 18:12, Hebreus 7:2 e Hebreus 7:4. Em nenhum desses textos
aparece uma doutrina formulada que obrigue os cristãos, herdeiros da Nova
Aliança, a pagarem o dízimo de 10% de tudo o que adquirir.
·
O
exemplo dos primeiros cristãos em Atos 2:42-45 pode ser imitado, mas não tomado
por doutrina, pois ali aparece um relato histórico de como eles viviam, e não
um mandamento formulado para dízimos e ofertas.
·
A
responsabilidade de contribuir pertence aos membros do corpo de Cristo (Mateus
25:34-46), e a igreja de Corinto entendeu bem isso (2 Coríntios 9:6-15). Mas
essa contribuição deve ser segundo o desejo do coração de cada um (v. 7).
Gíria evangélica
·
Não
é errado que, ao aceitarmos a Jesus e passarmos a frequentar uma congregação e
a ler a Bíblia, o nosso vocabulário sofra alguma mudança, pois acabamos nos
impregnado com a novidade de vida que o Evangelho nos dá. Nosso linguajar muda,
principalmente no que diz respeito às palavras torpes (Efésios 4:29) e a
linguagem obscena (Colossenses 3:8).
·
Mas
alguns crentes querem impor sobre os outros uma “gíria evangélica”, afirmando
que o crente deve falar assim para ser verdadeiramente crente. Logo, não se
contentam com um simples bom dia e se iram se o irmão não lhe disser A paz do Senhor, ou Graça e paz, ou A paz, ou
Deus te abençoe.
·
Nos
cultos públicos, a espiritualidade dos irmãos é medida pela quantidade de “Ô glória! Aleluia! Glória a Deus!”, que falam,
mesmo que mecanicamente, sem verdade e vida.
·
Diante
do inimigo, da doença e da tribulação o crente grita: Está amarrado, em nome de Jesus! Está repreendido! O sangue de Cristo
tem poder!
·
Ao
orar o crente declara: Eu profetizo! (mesmo
sem ter o dom de profecia), Eu declaro! (mesmo
sem ter obtido revelação se Deus já declarou aquilo no céu), Eu não aceito! (sem antes se questionar
dos propósitos de Deus para aquela situação).
·
Estas
gírias denunciam um cristianismo meramente exterior. As pessoas acabam vivendo
uma espiritualidade de aparência, achando que falar essas coisas e agir dessa
forma as torna mais espirituais que as outras.
Culto público
·
Muitos
crentes valorizam mais o culto e o local do culto do que o Deus que deve ser cultuado.
O culto de muitas congregações é algo meramente litúrgico, com palavras e ações
já determinadas, como uma missa: oração, leitura da Bíblia (todos ficam de pé),
louvor (todos “devem” louvar), ofertas, pregação, mais louvor, recados e avisos,
despedida.
·
O
modelo que temos de culto é importado dos Estados Unidos da América e veio com
os primeiros missionários que aqui chegaram, sendo adequado aos nossos próprios
costumes. Ao olharmos para as Escrituras, principalmente para o livro dos Atos
dos apóstolos, não encontraremos modelo algum de culto, senão algumas passagens
falando sobre a ordem e a decência no uso dos dons espirituais (1 Coríntios
14:26-40), a questão dos usos e costumes, como o dever da mulher orar com a
cabeça coberta e não perguntar nada (1 Coríntios 11:1-16), a ceia do Senhor (1
Coríntios 11:17-34).
·
O
culto não pode ser entendido de uma forma meramente litúrgica, apesar de que
uma forma litúrgica possa expressar culto. A forma do culto não é o principal,
mas a sua essência (cf. Isaías 1:1-17).
·
A
legitimidade do culto se dá pela vida das pessoas que cultuam a Deus, pois
culto tem haver com o coração, com a glória de Deus.
·
Se
o nosso caráter não estiver dentro da perspectiva de Deus, o pastor e os
ministros de louvor não passarão de “animadores de auditório”. No culto
precisamos exteriorizar o caráter de Deus. A alegria de servir a Deus e viver
para a sua glória deve se refletir no nosso culto litúrgico. Se o culto não
acontecer primeiramente dentro de nós, estamos apenas perdendo o nosso tempo
nas reuniões dominicais.
Dom de variedade de
línguas
·
Para
muitas denominações, o dom de línguas é superior a todos os outros dons, ao
contrário do que afirma a Palavra de Deus através do apóstolo Paulo (1
Coríntios 14:1-19).
·
Essas
denominações acreditam que somente quem fala em línguas está cheio do Espírito
Santo, que um crente que fala em línguas é mais espiritual que os outros, que
para o crente exercer um ministério na igreja precisa falar em línguas, que
falar em línguas significa “revestimento de poder”, que falar em línguas
significa que o crente foi batizado no Espírito.
·
A
igreja de Corinto se gabava por ter todos os dons, principalmente o dom de
línguas, e Paulo os chamou de carnais (1 Coríntios 3:1-3). E esses crentes de
Corinto, “revestidos de poder”, praticavam toda sorte de pecados na igreja (cf.
1 Coríntios, capítulos 5 e 6).
·
Não
somente o dom de línguas, mas nenhum dom nos torna mais espirituais, pois ele
não é dado por merecimento, mas conforme a vontade do Espírito (1 Coríntios
12:1-11). Dons espirituais são “coisas controladas ou caracterizadas pelo
Espírito” (do grego ton pneumatikon).
·
Os
dons não são dados em proporção à santidade ou qualquer outra coisa, por isso
não podemos afirmar que alguém que possui o dom de línguas ou outros dons é
mais espiritual que os outros. São dons da graça (carismáticos), não há mérito.
Esses
são apenas alguns pontos principais de muitas tradições e legalismos que
emperram a igreja do Senhor, que aprisionam os crentes a crenças inúteis que em
nada contribuem para o crescimento do Reino de Deus e a glorificação do seu
Santo Nome em toda a Terra. Poderíamos ainda falar de outras coisas. Muitas
denominações chegam ao absurdo de impedir que os seus membros pratiquem
esportes, principalmente o futebol, e frequentem praias. Outras apregoam que
não se deve doar sangue; outras não comem carne de porco, não violam o sábado
como se fossem judeus.
Há
dois mil anos atrás Jesus já combatia esse tipo de religião feita de práticas
exteriores, usadas para esconder um interior sujo e fétido, como sepulcros
caiados. Os fariseus talvez sejam a fonte de inspiração dos que criam tradições
e legalismos nas igrejas (cf. Mateus 23 e Lucas 6 e 11). Deus não está
preocupado com essas coisas, Ele está mais preocupado com o nosso interior, com
a nossa santidade. Ele quer ver os seus filhos se santificando, amando uns aos
outros fraternalmente, cumprindo os seus mandamentos, pregando a sua Palavra,
glorificando o seu Nome Santo.
Existe
um único culpado por detrás disso tudo, além do diabo: a falta de conhecimento
da Palavra de Deus. Os crentes não leem e Bíblia, não a estudam. É mais fácil
aceitar as coisas como são, crer que o que o seu líder fala é o correto e não
há mais o que ver. É tudo muito superficial e acaba-se engolindo qualquer
coisa, como os crentes da Galácia (Gálatas 1:16-9; 3:1-5). Ao contrário disso,
deveríamos ser todos crentes bereianos, recebendo a doutrina que nos é pregada
e examinando as Escrituras para ver se de fato as coisas são realmente assim ou
se estamos dando ouvidos a heresias (Atos 17:10,11).
Mizael de Souza Xavier
14 de junho de 2008
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