quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O SEGREDO DE MARIA, de São Luís Maria de Montfort - COMENTÁRIOS APOLOGÉTICOS

Em breve, neste blog, um estudo comentado da obra de um dos maiores nomes do estudo da Mariologia. O único do gênero.



Não perca!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

TRATADO DA VERDADEIRA DEVOÇÃO À SANTÍSSIMA VIRGEM - algumas considerações






            Quem é Deus? Quem é Jesus Cristo? Quem é o Espírito Santo? Todos os cristãos do mundo inteiro conhecem as respostas que respondem a estas três perguntas. E sabem também que os três são apenas UM: Jeová. Antes de dar início ao que pretendo escrever aqui, gostaria que o leitor se recordasse do que sabe a respeito das três pessoas da Trindade nos seguintes termos:


·         Seu poder em criar e manter o mundo e tudo o que nele há.
·         A existência humana pelas mãos do Deus criador, sua origem e seu destino após a morte.
·         Os Deus imanente e transcendente.
·         A natureza de Deus: Deus é Espírito e é pessoal, ele age e interage conosco.
·         O seu caráter perfeitamente bom, repleto de amor e de justiça, mas também de juízo.
·         A sua relação com o universo: governando-o e sustentando-o pelo seu poder.
·         Os atributos naturais de Deus: Onipresença, Eternidade, Onisciência, Sabedoria, Onipotência, Soberania, Constância.
·         Os seus atributos morais: Bondade, Amor, Santidade, Justiça.
·         A pessoa de Jesus Cristo: seu papel na criação do Universo e do homem, sua obra salvítica (vida, morte, ressurreição, ascensão, glorificação, segunda vinda).
·         O caráter de Cristo como Mestre, Amigo, Pastor.
·         Sua santidade, sabedoria e servidão.
·         O poder de Cristo para salvar o homem, libertá-lo e remi-lo pelo seu sangue precioso derramado na cruz.
·         O papel único de Cristo como Sumo sacerdote, Mediador entre Deus e os homens, fundamento e noivo da Igreja.
·         A figura de Jesus como Deus, Soberano Senhor, Salvador e Rei.
·         O Jesus que responde nossas orações, que nos consola, que nos enche com seu poder, que nos governa e nos conduz em vitória.
·         Toda autoridade de Cristo e seu poder para operar segundo a vontade do Pai.
·         O Espírito Santo que convence do pecado, da justiça e do juízo.
·         O arrependimento e a fé para a salvação que o Espírito Santo produz na vida do pecador.
·         A Santificação que Ele opera na vida do crente, sua consolação e capacitação para a obra de Deus.
·         O seu selo que nos identifica como filhos da promessa e de Deus, que nos separa do mundo e nos consagra para servimos a Deus por meio de Cristo.
·         O poder da Trindade, operando eficazmente na vida do ser humano, Autossuficiente, Toda-poderosa.
·         A incapacidade do homem em ser bom e justo e em prover salvação a si mesmo.
·         A dependência total do homem de Deus.
·         A inutilidade das obras do homem em favor próprio, tanto para salvar-se, quanto para agradar a Deus.
·         A necessidade da graça salvadora e santificadora, que é a única capaz de produzir algo bom no ser humano, de modo que ele produza o bem pretendido por Deus.
·         A necessidade de Deus que o homem tem e que nada nem ninguém, a não ser o próprio Deus trino, pode satisfazer.

Um breve estudo da epístola de Paulo aos romanos mostrará que nada somos sem Deus e que sem Ele nada podemos realizar. Mostrará ainda que tudo o que precisamos está nele e se quisermos algo devemos nos dirigir a Ele da maneira que o Senhor Jesus nos ensinou: em seu Nome. Somente por meio de Cristo podemos ir a Deus. Somente o Deus trino deve ser glorificado, servido, adorado, cultuado. A Bíblia, em texto algum, mostra que existe um meio para chegar a Cristo que não a fé o próprio Cristo, e esse nos conduz diretamente a Deus. As três pessoas da Trindade nos bastam.
É por meio de Cristo, apenas de Cristo, que recebemos a graça de Deus, tanto a graça salvadora quanto suas graças, isto é, suas ricas bênçãos que Ele amorosamente derrama sobre nós. E isto está muito bem explicado na Bíblia. Nós nada merecemos, nada podemos fazer para agradar a Deus de modo a receber dele tais graças, por isso o nome é GRAÇA, um dom imerecido. Se Deus fosse nos abençoar por nossos méritos, estaríamos irremediavelmente perdidos. Leia o capítulo 3 de Romanos! É pela graça, somente por meio dela que nos achegamos a Deus. Nada precisamos fazer para merecer algo de Deus e nada podemos fazer para retribuir o que Ele fez por nós em Cristo e continua fazendo todos os dias. E não precisamos!
Assim escreveu o apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo: “Porque dele e por meio dele e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém” (Romanos11:36). Tudo começa nele, se desenvolve nele e volta para Ele. Eis a razão porque enfatizei todas estas verdades que podem ser comprovadas à luz da Bíblia Sagrada, da Palavra de Deus inspirada: dando andamento aos meus estudos a cerca da doutrina católica-romana sobre Maria, mãe de Jesus, deparei com um livro que pode ser considerado um dos mais importantes dentro da Mariologia, por trazer a sistematização da verdadeira devoção católica a Maria. O livro escrito pelo santo católico Luís Maria Grignion de Montfort, chama-se “Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem” e traz declarações impressionantes que colocam Maria no centro da adoração católica, com a desculpa de ser este o meio escolhido por Deus para levar os homens até Jesus.
Em sua obra, o referido santo (p. 241, 244, 245, 249 – grifo meu). coloca as coisas da seguinte maneira:

É preciso fazer todas as ações por Maria, quer dizer, em todas as coisas obedecer à Santíssima Virgem, e em tudo conduzir-se por seu espírito, que é o santo espírito de Deus (...) É mister fazer todas as ações com Maria, isto é, em todas as ações olhar Maria como um modelo acabado de todas as virtudes e perfeições, que o Espírito Santo formou numa pura criatura, e imitá-lo na medida de nossa capacidade (...) É precisa fazer todas as ações em Maria (...) É preciso fazer finalmente todas as ações para Maria.

O autor exorta seus leitores a entregarem toda a sua vida, suas ações e suas obras à Maria, consagrando-se completamente a ela. Sobre essa necessidade extremada da consagração a Maria para agradar a Deus, S. Luís cita a total dependência que Jesus teve de Maria durante seus 30 anos em que esteve com ela. Ele assevera que Jesus “deu mais glória a Deus seu Pai durante todo esse tempo de submissão à Santíssima Virgem, como não lhe deu empregando os últimos três anos de sua vida a fazer prodígios, a pregar por toda parte, a converter os homens. Oh, que grande glória damos a Deus, submetendo-se a Maria, a exemplo de Jesus”. Creio que o leitor deve ter sentido, assim como eu, uma pontada no coração ao perceber que, para o santo católico, a dependência de Jesus por Maria glorificou mais a Deus que a salvação que Ele trouxe aos homens! Isto é: Maria está acima da própria obra salvítica de Jesus e é mais importante que a remissão dos pecados.
O autor continua e mostra a estreita relação de dependência de Maria por parte da Trindade. Aquela Trindade Onipotente, Onipresente e Onisciente que relembramos acima, é totalmente submissa a necessidade de escravização do fiel católico a Maria. Vejamos (p. 135, 136):

Deus Pai nos deu e dá seu Filho por ela somente, só produz outros filhos por meio dela, e só por intermédio dela nos comunica suas graças. Deus Filho foi formado para todo o mundo, por ela, e não é senão por ela que é formado todos os dias, e gerado por ela em união com o Espírito Santo, e ela é a única via pela qual nos comunica suas virtudes e seus méritos. O Espírito Santo formou Jesus Cristo por meio dela, e por meio dela forma os membros de seu corpo místico, e só por ela nos dispensa seus dons e favores.

            Amado leitor ou leitora, católico(a) ou não, releia o texto acima e responda: existe qualquer versículo em toda a Bíblia – seja a versão católica, a protestante, a dos Testemunhas de Jeová, a Torá ou qualquer uma outra – que confirme o que acabamos de ler? Um versículo apenas, somente um, que manifeste claramente o que o santo católico afirmou em seu livro? Eis o que Montfort “profetizou” a respeito de sua própria obra, escrita no século XVIII (p. 122):

Vejo, no futuro, animais frementes que se precipitam furiosos para dilacerar com seus dentes diabólicos este pequeno manuscrito e aquele de quem o Espírito Santo se serviu para escrevê-lo, ou ao menos para fazê-lo ficar envolto nas trevas e no silêncio de uma arca, a fim de que ele não apareça.

            Talvez eu seja um desses “animais frementes”, mas creio não estar sendo movido por “dentes diabólicos”, mas pelo Espírito Santo de Deus. Outras declarações contidas neste pequeno livro mostram em que lado realmente o diabo estava operando:

Ou, ainda, pedi a Jesus, em união com Maria, que, por meio dela venha à terra o seu reino, ou a divina sabedoria, ou o amor divino, ou o perdão de vossos pecados, ou qualquer outra graça, mas sempre por Maria e em Maria (p. 255).

Esta boa Mãe, depois de receber a oferenda perfeita que lhe fizemos de nós mesmos e de nossos próprios méritos e satisfações, pela devoção de que falei, depois de nos ter despojado de nossos antigos hábitos, limpa-nos e nos torna dignos de aparecer diante de nosso Pai celeste (p. 195).

Deus, feito homem, encontrou sua liberdade em se ver aprisionado no seio da Virgem Mãe; patenteou a sua força em se deixar levar por esta Virgem santa; achou sua glória e a de seu Pai, escondendo seus esplendores a todas as criaturas deste mundo, para revelá-las somente a Maria; glorificou sua independência e majestade, dependendo desta Virgem amável, em sua conceição, em seu nascimento, em sua apresentação no templo, em seus trinta anos de vida oculta, até a morte, a que ela devia assistir, para fazerem ambos um mesmo sacrifício e para que ele fosse imolado ao Pai eterno com o consentimento de sua Mãe, como outrora Isaac, com o consentimento de Abraão à vontade de Deus (p. 27).

            Esses breves trechos exemplificam o que o autor sente por Maria e nos dão apenas uma amostra do que trata seu livro. E o que as autoridades da Igreja Católica Apostólica Romana dizem a respeito disso? Embora o Concílio Vaticano II tenha procurado amenizar um pouco o discurso triunfalista sobre Maria, colocando-a como figura histórica e humana na sua teologia, sabemos que não é bem isso que acontece na prática. A devoção escrava a Maria permanece firme e todos os escritos antigos, mesmo os mais triunfalistas como o de Montfort, o de Ligório e o de Roschini, continuam bastante atuais. A respeito do Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem e do seu autor, o padre F. W. Faber, no prefácio dessa obra, escreve (p. 11): “A 12 de maio de 1853, foi promulgado, em Roma, o decreto que declara os seus escritos isentos de todo erro que pudessem servir de obstáculo à sua canonização”.
            Como os Bispos de Roma são isentos de erros teológicos, pois ocupam a cátedra de Pedro e falam em nome de Jesus, como se Ele próprio falasse, o fiel católico é levado a crer que as seguintes declarações de Montfort são dignas de fé, inspiradas e isentas de qualquer equívoco (p. 20-23):

Os santos disseram coisas admiráveis desta cidade santa de Deus... E, depois, proclamaram que é impossível perceber a altura dos seus méritos, que ela elevou até ao trono da Divindade, que a largura de sua caridade, mais extensa que a terra, não se pode medir; que está além de tôda compreensão a grandeza do poder que ela exerce sobre o próprio Deus... Todos os dias, dum extremo da terra a outro, no mais alto dos céus, no mais profundo dos abismos, tudo prega, tudo exalta a incomparável Maria... os próprios demônios são obrigados, de bom ou mau grado, pela força da verdade, a proclamá-la bem-aventurada. Vibra nos céus, como diz São Boaventura, o clamor incessante dos anjos: Sancta, sancta, sancta Maria, Dei Genitrix et Virgo; e milhões e milhões de vezes, todos os dias, eles lhe dirigem a saudação angélica: Ave, Maria... prostrando-se diante dela e pedindo-lhe a graça de honrá-los com suas ordens... Toda a terra está cheia de sua glória, particularmente entre os cristãos, que a tomam como padroeira e protetora em muitos países, províncias, dioceses e cidades... Devemos, portanto, exclamar como o apóstolo: Nec oculus vidit, Nec audivit, Nec in cor hominis ascendit (1 Cor 2, 9) – os olhos não viram, o ouvido não ouviu, nem o coração do homem compreendeu as belezas, as grandezas e as excelências de Maria, o milagre dos milagres da graça, da natureza e da glória.

            Essas palavras, o fiel precisa crer porque São Luís não erra nunca em sua doutrina, são dignas de fé. Mas elas não são nada para se comparar com o restante da obra e com a obra dos autores supracitados. Para completar este breve relato, gostaria de incentivar o leitor a ler neste mesmo blog as impressionantes semelhanças entre Maria e a Trindade. Que o Senhor Deus coloque na boca de seus profetas a Palavra da verdade, para que, pregando, possam fazer Jesus conhecido do mundo todo, em especial dos católicos, que permanecem perdidos em suas doutrinas e escravos de alguém que já morreu: Maria, quando deveriam exaltar e honrar o único Deus e Senhor Jesus Cristo.

Mizael Xavier.
18 de janeiro de 2013. 

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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

ORAÇÃO PELOS MORTOS - doutrina e refutação





            O culto aos mortos parece ser o centro de toda a fé do catolicismo romano. Cultuam os santos (pessoas já mortas) e pedem a sua intercessão, rezam por eles e lhes prestam homenagens. Mesmo afirmando que todo o fim deste culto é a glorificação do Nome de Deus, o que vemos é que os defuntos ocupam maior espaço que a própria Trindade na fé de seus fiéis. Rezar pelos que já morreram, pelas almas, é uma prática que o fiel católico aprende desde a mais tenra idade. Conforme vai crescendo, os fantasmas dos que já morreram o acompanham nos enterros, nas missas de sétimo dia, nas promessas (feitas a santos mortos) e nos sacramentos, principalmente na Eucaristia. Rezar pelos que já se foram é sinônimo de caridade cristã, além de uma forma eficaz de aliviar a pena deles do purgatório e dos que rezam, antes de irem para lá.
         O texto áureo para a compreensão desta doutrina é o apócrifo 2 Macabeus, capítulo 12, versículos 43 a 45. Sobre este texto sustenta-se toda a base da oração pelos mortos e dos sacrifícios em seu favor. A ele vêm-se juntar outros textos igualmente insuficientes para asseverar tal doutrina antibíblica. Para compreendermos o seu significado dentro do catolicismo romano, precisamos rever tudo o que já vimos sobre o purgatório e as indulgências. Conforme estudamos em capítulo anterior, o purgatório é um lugar de purificação através do fogo, onde aqueles cristãos que cometeram pecados leves (veniais) após o batismo e não tiveram a oportunidade de pagarem o mal que causaram a Deus e às suas almas vão para repararem o mal causado, dependendo, assim, das missas rezadas pelos vivos e das esmolas e sacrifícios oferecidos em sua lembrança. Não vão para o purgatório aqueles que cometeram pecados mortais; estes, nos parece, vão direto para o inferno, a não ser, é claro, que Maria tenha piedade deles e os introduza diretamente no paraíso, mesmo que, em vida, jamais tenham buscado a Deus e se arrependido dos seus pecados, como os que pecam contra o Espírito Santo.

         Nos documentos pesquisados, o texto de Macabeus parece ser o único do Antigo Testamento (lembrando que é um apócrifo) apresentado pela igreja romana para asseverar a doutrina da oração pelos mortos. Parece ser, também, o único a falar diretamente sobre o assunto, delineando-o claramente. Todavia, devemos analisá-lo em todo o seu contexto, levando em conta o que já citamos sobre o purgatório e as indulgências. Se é para este lugar de purificação que as almas vão, é certo que o livro de Macabeus faz aí alguma referência a tal doutrina, ainda que os sacrifícios do Antigo Testamento e o sacrifício de Cristo na cruz sejam totalmente diferentes no que diz respeito à salvação e o perdão dos pecados, e embora os sacrifícios que os antigos faziam sejam diferentes dos que são praticados hoje no catolicismo romano.

Contexto e refutação

         2 Macabeus 12 é o relato de uma batalha travada entre o povo judeu e Górgias, governador da Iduméia (v.32), que saiu para enfrentá-los comandando três mil soldados de infantaria e quatrocentos cavaleiros (v. 33). Assim que começou a batalha, alguns judeus caíram mortos (v.34). Porém, a vitória veio após Judas ter invocado o nome do Senhor, expulsando os soldados de Górgias (vs. 36, 37). Após a purificação e a celebração do Sábado, os homens de Judas foram recolher os que haviam sido mortos em batalha à fim de sepultá-los. Foi então que encontraram, por debaixo da roupa de cada um dos mortos, objetos consagrados aos ídolos de Jamnia, coisa proibida pela Lei para os judeus (v. 40). Ficou manifestado, então, o motivo da morte daqueles homens, o que levou os outros a louvarem a maneira de Deus agir com relação às coisas ocultas (vs. 40, 41). Até este ponto poderíamos concordar com todo o relato do texto, pois a idolatria sempre foi um pecado condenado por Deus, muitas vezes culminando com a pena de morte. Entretanto, a reação de Judas e do povo de Israel foi se colocarem em oração para suplicar a Deus pelo pecado cometido por aqueles homens (v. 42). Fazendo uma coleta, reuniram duas mil moedas de prata e enviaram a Jerusalém a fim de que fosse oferecido um sacrifício pelo pecado (v. 43; aqui podemos fazer uma ponte até as indulgências). O texto afirma a esperança de Judas e de todo o Israel na ressurreição dos que tinham morrido em batalha (v. 44), considerando que existe uma recompensa guardada “para aqueles que são fiéis até a morte”, por isso mandou Judas oferecer um sacrifício pelos mortos para que fossem libertos do pecado (v. 45).
         Sobre este texto, o comentário de rodapé da Bíblia Sagrada, edição pastoral, da editora Paulus, declara:

Pela primeira vez neste livro fala-se da morte dos judeus em pleno combate e da oração pelos mortos. O texto discorre sobre a ressurreição no mesmo contexto de 7, 1-42<!--[if !supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]--> (cf. nota). Esses que morreram na luta são considerados fiéis (v. 45) e, portanto, dignos da ressurreição. Entretanto, o v. 40 coloca uma questão: a morte deles teve outro motivo, além da luta pelo projeto do povo. Então, para que o erro deles não seja empecilho na participação da vitória final, é oferecido o sacrifício pelo pecado (cf. Lv 5), reintegrando esses irmãos mortos à comunidade de vida. É possível que o mesmo sacrifício tenha sido oferecido para a purificação da comunidade (cf. Js 7).

            Como apócrifo que é, este livro não nos oferece nenhuma credibilidade espiritual, nem mesmo reivindica ser divinamente inspirado. O modo como Deus age em muitas situações descritas pelo autor difere de maneira acentuada dos escritos canônicos aceitos pelo protestantismo e mesmo pelo judaísmo. Voltando nossos olhos para as Sagradas Escrituras e todos os seus textos divinamente inspirados e aceitos também pela igreja católica romana, veremos que este ensinamento que acabamos de transcrever em nada confere com o que Deus disse e fez no meio do seu povo. De fato não encontramos em nenhuma outra parte da Bíblia alguma alusão à oração pelas pessoas que já morreram, santas ou não, principalmente para que sejam purificadas dos erros cometidos em vida. O que a Palavra de Deus nos mostra é que nossos pecados, se não expiados por Cristo através da fé, nos acompanham na eternidade, o que pode nos custar o inferno como morada derradeira.
            É necessária uma rápida análise de 2 Macabeus 12:43-45 para que possamos entender o que de fato a Palavra de Deus diz sobre o assunto. Se for possível e necessária a intercessão pelos mortos, em algum lugar da Bíblia deveremos encontrar.

1 – O v. 45 afirma que há uma bela recompensa para aqueles que são fiéis até a morte. Mas aqueles homens que morreram foram fiéis a quê ou a quem? Eles partiram para a batalha pelo ideal do povo como todos os outros e aí pode estar a sua fidelidade. Fiéis à sua causa, à causa de seus companheiros, de seu líder, mas não fiéis a Deus. O v. 40 deixa claro que a morte daqueles homens foi pelo pecado da idolatria. Ora, a Palavra de Deus trata o pecado da idolatria como um pecado de infidelidade e desobediência contra Deus (Levítico 26:30). Como, portanto aqueles homens foram fiéis até a morte? Eles carregavam debaixo de suas vestes ídolos; talvez os tivessem furtado ou o estivessem utilizando como talismãs para lhes proteger naquele momento de luta. Seja como for, o caso é que estavam de posse daqueles objetos proibidos pela Lei de Deus aos judeus. Como poderiam, então, participar da ressurreição?

2 – O v. 45 também nos mostra a tolerância de Judas para com o pecado da idolatria. Em outros textos do Antigo Testamento a forma como Deus trata este pecado é bastante diferente. Por exemplo:

a) O livro de Gênesis em seu capítulo 32 mostra a impaciência do povo de Israel ante a demora de Moisés no Monte Sinai (v. 1). Eles não sabiam o que havia acontecido com seu líder e decidiram agir por conta própria, fabricando o seu próprio deus, dizendo: “São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito” (vs. 2-4), colocando-o sobre um altar (v. 5). O dia seguinte foi de festas e holocaustos, assentando-se o povo para comer e beber e levantando-se para se divertir (v. 6). Mas Deus viu que seu povo estava trilhando caminhos errados e disse a Moisés que descesse do Monte e fosse ver, pois Ele acenderia contra eles o seu furor e os consumiria, fazendo de Moisés uma grande nação (vs. 7-10). Neste momento “houve intercessão pelos que cometeram o pecado da idolatria por parte de Moisés” (vs. 11-13). “Então, se arrependeu o Senhor do mal que dissera havia de fazer ao povo” (v. 14). Todavia, ao descer do Monte com as tábuas da Lei, foi a ira de Moisés que se acendeu contra o povo em sua festa idólatra (vs. 15-19). Arão, interpelado por Moisés, reconheceu que aquele povo era propenso para o mal e havia arquitetado tudo aquilo (vs. 21-24). O final desta história foi trágico, mesmo depois de suplicar Moisés pelo povo. Ele mesmo ordenou que aqueles que haviam se contaminado com a idolatria fossem mortos, irmãos, amigos e vizinhos (vs. 25-28), caindo do povo, naquele dia, uns rês mil homens.
         Este texto nos mostra claramente a intolerância de Deus para com aqueles que o trocam por ídolos mortos. Embora tenha “se arrependido” do mal que disse que iria fazer contra o povo, ouvindo a intercessão de Moisés, a sua palavra se cumpriu através do próprio Moisés, que mandou matar os idólatras. Aqui existem muitas diferenças da forma como o líder Moisés conduz o povo e a forma como Judas Macabeu conduzia o seu. O primeiro zelava pelo Nome de Deus, o segundo era tolerante com os idólatras. Outro fato que devemos observar é que Moisés intercedeu pelo povo de Israel enquanto ainda estavam vivos e tinham condições de se arrepender, como mostra o v. 26. No caso do livro de Macabeus, Judas oferece sacrifício pelos que já haviam morrido, sem condições de se arrependerem do mal que causaram.
Mais adiante no livro de Gênesis, capítulo 32, os vs. 30-35 mostram nova intercessão de Moisés pelo povo: “Vós cometestes grande pecado; agora, porém, subirei ao Senhor e, por ventura, farei propiciação pelo vosso pecado” (v. 30). Esta nova intercessão, todavia, recebeu de Deus uma reprimenda, pois Deus riscaria a todos os que pecaram contra Ele do seu livro (v. 33): “Feriu, pois, o Senhor ao povo, porque fizeram o bezerro que Arão fabricara” (v. 35). Não houve por parte de Moisés nenhum sacrifico pelo povo que havia morrido para que seus pecados fossem perdoados após a sua “passagem”; também não houve sacrifico pelos pecados daqueles que ficaram vivos, porque Deus já decretara a sua sentença. O que o catolicismo romano pretende com a oração pelos mortos é tentar mudar a sentença de Deus, isto é, tentar introduzir à força no céu aquelas pessoas que, para Deus, devem ir para o inferno. Para isso contam com os santos já mortos e com Maria, mãe de Jesus. Talvez eles que estão tão próximos de Deus podem conseguir tal “milagre”.

b) O livro de Deuteronômio mostra a preocupação de Deus com o seu povo quando este invadia as cidades e as tomava pelo Seu poder. Ele sabia, assim como Arão no texto anterior, que o seu povo era propenso ao mal, principalmente à idolatria. Por isso exorta que, caso haja alguém no meio do povo que praticou abominação, procedendo mal aos olhos do Senhor, transgredindo a sua aliança, servindo a outros deuses, adorando o sol, a lua ou a todo o exército do céu<!--[if !supportFootnotes]-->[2]<!--[endif]-->, seja levado às portas da cidade e apedrejado (17:1-7). Não foi instituído aqui nenhum sacrifício por este pecado, mas este levaria ao perigo de uma morte judicial, onde testemunhas deporiam contra o que praticara a idolatria<!--[if !supportFootnotes]-->[3]<!--[endif]-->.

c) A idolatria jamais trouxe boas conseqüências para o povo de Israel. Em Jeremias 8:2,3 e, principalmente, 16:1-11 vemos que terríveis conseqüências ela lhes causou, de modo que nem mesmo pranto deveria haver pelos que morriam por este pecado. Em outros textos ela é punida com o banimento<!--[if !supportFootnotes]-->[4]<!--[endif]--> (Oséias 8:5-8; Amós 5:26,27).

d) É no Novo Testamento, porém, que a punição ao pecado da idolatria se mostra mais severa, pois os idólatras são excluídos do céu (1 Coríntios 6:9,10; Apocalipse 22:15) e, finalmente, partem para o seu destino final, os tormentos eternos do inferno (Apocalipse 14:9-11; 21:8). Entretanto deve-se salientar que não estamos mais debaixo da Lei e sim da Graça, de modo que o idólatra que se arrepender e se converter ao Deus vivo e Verdadeiro pela fé em Cristo Jesus, abandonando a idolatria, tem o seu ingresso no céu garantido pela Palavra de Deus. E esta é uma decisão a ser tomada ainda em vida, pois depois que a morte chega, iremos para o destino que escolhemos: céu ou inferno, sem chance de oração pelos mortos e purgatório para pagar pelo que não pôde ser pago a tempo.

3 – Se compararmos estes textos com o de Macabeus, veremos que em momento algum eles se equiparam. Pelo contrário, o apócrifo utilizado pelo catolicismo romano contradiz as verdades bíblicas e anula a Palavra de Deus. Nos textos inspirados os idólatras pagam pelo seu pecado; já no texto apócrifo, apesar do aparente castigo sofrido pela ocultação das coisas proibidas na Lei, existe uma chance para o perdão após a morte, através de sacrifícios pelos pecados, mesmo sem arrependimento por parte dos pecadores que trocaram o Deus vivo e verdadeiro por ídolos mudos.

4 – O texto de Levítico 5 citado pelo comentarista da bíblia católica diz respeito aos sacrifícios pelos pecados ocultos (vs. 1-13), pelo sacrilégio (vs. 14-16) e pelos pecados de ignorância (vs. 17-19). Os três sacrifícios estão relacionados àqueles pecados cometidos pelo povo de Israel, mas nada nos leva a crer que eles adiantariam para os que já morreram. Pelo menos não há relatos bíblicos de Deus entregando a Moisés mandamentos referentes aos sacrifícios pelos pecados dos defuntos. Aqui, inclusive, necessita-se da confissão dos pecados (v. 5). Após o sacrifício, o pecado era imediatamente perdoado (vs. 10,16 e 18). Estando já mortas, como poderiam as pessoas se arrepender do pecado que haviam cometido? Mesmo que se arrependam (e isto provavelmente pode acontecer assim que enxergam a Glória de Deus e pensam em quanto tempo perderam podendo se emendar e não o fizeram, estando agora destinados à tortura eterna), o seu tempo já passou, a sua chance já foi dada e desperdiçada.

5 – Outro texto citado (Josué 7) mostra que a ira do Senhor se acendeu contra o povo de Israel, porque Acã, da tribo de Judá, havia tomado coisas condenadas (v.1). O relato aqui possui algumas semelhanças com os fatos ocorridos em 2 Macabeus. Josué enviara alguns homens até Ai para espiar aquela terra (v. 2). Ao voltarem aqueles homens, disseram a Josué que não enviasse todo o povo, mas apenas uns dois ou três mil homens (v. 3). Estes foram e fugiram diante dos homens de Ai (v. 4). Foram feridos uns 36 e o restante foi perseguido até que foram derrotados (v. 5). Então Josué rasgou suas vestes e pranteou junto com os anciãos de Israel, murmurando pelo que acontecera, chegando a dizer que deveriam ter permanecido além do Jordão (vs. 7-9). Deus, então, o repreendeu, dizendo que Israel havia violado a sua aliança, roubando as coisas proibidas e chegando a ocultá-las debaixo da sua bagagem, por isso Deus já não era por eles e permitiu que fossem derrotados (vs. 10-12). Disse, também, o Senhor a Josué que deveriam se santificar, pois não estaria com eles até que eliminassem do seu meio as coisas proibidas que estavam escondidas (v. 13). Disse-lhes ainda que lançassem a sorte sobre as tribos e, sobre quem a sorte caísse, deveria ser eliminado, ele e tudo quanto tiver, porque violou a aliança do Senhor e fez loucura em Israel (vs. 14,15). A sorte caiu sobre aquele que havia cometido tal pecado. Disse, então, Josué: “Filho meu, dá glória ao Senhor, Deus de Israel, e a ele rende louvores; e declara-me, agora, o que fizeste; não mo ocultes” (vs. 18,19). Acã reconheceu o seu erro (vs. 20,21), mas ainda assim pagou pelo que fez diante de Deus (vs. 22-26). O desfecho desta triste história mostra a intolerância de Deus para com o povo idólatra. Não houve aqui, como houve em Gênesis 32, intercessão pelo pecador, muito menos oração pela sua alma após a morte, como em Macabeus. Ao contrário, o povo saiu para guerrear e voltou vencedor (cf. capítulo 8).

         Esta breve explanação nos mostra que a idolatria é um pecado condenado por Deus e que no Antigo Testamento Deus se mostrava muitas vezes radical contra aqueles que a praticavam, como forma de zelar pelo seu Nome e pela santidade do povo que Ele escolhera. Ainda hoje a idolatria é condenada e os seus praticantes são chamados ao arrependimento. Deus não pede mais que sejam exterminados, queimados, apedrejados, mas seu destino, se não se converterem ao Deus vivo e verdadeiro, será muito pior do que isso: o lago a arder eternamente com fogo e enxofre. Para estes não cabem orações, indulgências ou mortificações e esmolas, pois em vida escolheram o seu destino pós-morte. A oração de intercessão cabe aos vivos pelos vivos que ainda tem a chance de se emendarem de seus pecados e voltarem-se para Deus, aceitando pela fé a Cristo Jesus e buscando cumprir a sua Palavra.
         Um outro texto nos revela a insistência romanista em apregoar a oração a favor dos mortos, como uma tentativa última e extremada de ver seus entes queridos gozando da paz do Paraíso, mesmo sem haver, em vida, crido em Deus e na sua Palavra. Mas não é somente isto. Como já vimos anteriormente, a relação dos fiéis católicos romanos com os mortos é bastante conveniente do ponto de vista do Vaticano, pois através desta relação é que surgem as Missas e indulgências pagas em favor dos defuntos, rendendo verbas para a Santa Sé. O texto abaixo mostra que a oração também tem poder “retroativo”, isto é, pode-se orar hoje por coisas que aconteceram ontem, podendo, portanto, um vivo orar pelo pecado que o morto cometeu antes de falecer.

E sabemos que a oração tem efeito retroativo, isto é, vale também para o passado. Podemos rezar hoje para que uma pessoa falecida à dez anos tenha encontrado o perdão junto de Deus na hora de sua morte. A oração não está presa no tempo. Ela vale para o passado, para o futuro e para o presente (...) Sem dúvida, rezar pelos defuntos é certo e bom. Mas tem uma coisa: o mais importante é a nossa vida (...) Creio firmemente no poder da oração, mas não sei se alguém que viveu como pagão, desprezando a graça de Deus, será salvo com missa de sétimo dia e aquela cruz sobre a sepultura.<!--[if !supportFootnotes]-->[5]<!--[endif]-->

         A incerteza do autor expressa a certeza bíblica da salvação pela fé em Cristo Jesus, nosso Senhor e Salvador. Mas como o catolicismo romano não permite a seus fiéis terem certeza do perdão de Deus e da sua salvação, a oração pelos mortos aparece como uma forma de abrandar o sofrimento deles no purgatório e abreviar suas dores, além de reparar os “estragos” causados pelos pecados cometidos em vida, como afirma Pe. Artur Betti:

Além das orações a Deus pelos falecidos, cujos pecados não são “... para a morte” (1 Jo 5,16-17), existe outra dimensão da oração pelos mortos, esquecida ou ignorada por muitos. É a oração pelos falecidos em razão do pecado perdoado, ou melhor, em razão das marcas, dos estragos que, por acaso, o pecado tenha deixado na pessoa.<!--[if !supportFootnotes]-->[6]<!--[endif]-->

         O que podemos extrair deste texto? Simplesmente que, mesmo depois que Deus perdoa o pecador, ainda resta a restauração pelo estrago que o pecado lhe causou, isto é, o perdão de Deus não tem poder regenerador e purificador, mas apenas judicial: a dívida é perdoada, mas as conseqüências acompanham a alma no além-túmulo. Mas que estragos são esses? Se formos pensar em termos de pecado original, as marcas que carregamos são do próprio pecado em si, que macula a nossa alma e a deixa suja diante de Deus. Assim exclamou o profeta Isaías ao contemplar a Deus: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio dum povo de impuros lábios, e os meus olhos vira mo Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Isaías 6:5). Todavia, o profeta teve os seus lábios purificados pela brasa viva do altar e os seus pecados perdoados (vs. 6,7). Da mesma forma temos o nosso coração purificado pelo sangue de Cristo de todo pecado (1 João 1:7), obtendo através dele remissão e redenção (Efésios 1:7). Conforme já tivemos a oportunidade de aprender no breve estudo sobre o perdão de Deus, as nossas faltas são perdoadas, esquecidas e não mais levadas em conta.
         Se pensarmos em termos de pecados praticados após a conversão do pecador ao Evangelho da Salvação, devemos levar em conta a natureza humana pecaminosa. Não é o ato pecaminoso que macula a alma do cristão, como se ele se tornasse impuro somente depois de cometer adultério, por exemplo. O pecado já está dentro dele, esperando o momento de aflorar, a oportunidade de se pôr em prática. Não é necessário que ele peque para sujar seu coração, pois este já é naturalmente sujo (cf. Mateus 15:17-20). Dentro dele há uma (ou algumas) cobiça específica que o tenta a fazer o que é errado. No entanto, Deus se compadece do pecador que se arrepende e se aproxima dEle com coração humilde em busca de perdão; mesmo que este esteja tendencioso a cair novamente, o ato praticado é perdoado e esquecido, não deixando marca alguma na alma. O perdão de Deus alivia nossa alma e a deixa preparada para fazer a sua vontade. A misericórdia de Deus – como já vimos várias vezes aqui – é eterna e perfeita. O pecador pode morrer em paz, sabendo que suas vestes já foram alvejadas e que seu Advogado, Jesus Cristo, pleiteia a sua causa. Como argumento ao nosso favor Ele usa a sua própria morte vicária, que pagou nossa conta com o Pai Celeste.
         No dia do juízo cada um dará conta de si a Deus. Mas quando estiverem diante do seu tribunal, já estarão julgados: os que creram em Jesus irão para a vida eterna e os que se mantiveram rebeldes à salvação gratuita de Deus, irão para o inferno. São duas ressurreições: a ressurreição da morte e a ressurreição da vida (cf. Apocalipse 20:1-6,14; 21:8; 1 Tessalonicenses 4:16; João 6:40; Judas 7; etc.) Os que morreram com Cristo morreram resgatados (Gálatas 3:13; 4:5; 1 Pedro 1:18; 2 Pedro 2:1; Mateus 20:28; 1 Timóteo 2:6; Efésios 1:14), regenerados (1 Pedro 1:23), santificados (Atos 26:18; 1 Coríntios 6:11; 1 Tessalonicenses 5:23; Hebreus 2:11; 10:10,14; 13:12), purificados (2 Coríntios 7:1; Efésios 5:26; Hebreus 9:14; Tiago 4:8; 1 Pedro 1:22; 1 João 3:3) e salvos (Romanos 1:16; 5:9; 10:9; 1 Tessalonicenses 5:9; Hebreus 9:27; 1 Coríntios 15:2; 2 Timóteo 1:9;  2:4; Tito 3:5). Das trevas passaram para a luz e da vontade da carne para a verdade de Deus.

Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros. Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna (Tito 3:3-7; grifo nosso).

            Não há mais o que reparar, pois toda reparação foi efetuada por Cristo na cruz do Calvário através da fé, pelo Santo Espírito de Deus. Dizer que, mesmo depois de perdoado, já falecido, o cristão necessite de obras de purificação (feitas por outros, deve-se salientar), é negar o perdão de Deus, o sangue de Cristo e o poder do Espírito Santo (Gálatas 4:6). No purgatório o defunto está em estado “passivo”, isto é, nada mais pode fazer por si mesmo ou pelos vivos. Se nossas orações, esmolas, missas e sacrifícios pelos mortos surtissem algum efeito, estaríamos fazendo a obra do Espírito Santo!


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<!--[if !supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]--> A citação deste texto pelo comentarista é equivocada. No texto em questão, vemos a história de uma mãe que perdeu todos os seus filhos, vindo ela mesma a morrer depois, porque não quiseram comer carne de porco que lhes era obrigada. Ao invés de comê-la e ferir a Lei de Deus, preferiram ser fiéis até a morte, após muitas torturas. Neste texto, sim, podemos ver a fidelidade até o último instante de vida.
<!--[if !supportFootnotes]-->[2]<!--[endif]--> Podemos aqui pensar sobre o prática romanista do “culto aos anjos”.
<!--[if !supportFootnotes]-->[3]<!--[endif]--> Esta prática de obterem-se testemunhas contra os hereges foi amplamente utilizada pelo catolicismo romano durante a “Santa” Inquisição.
<!--[if !supportFootnotes]-->[4]<!--[endif]--> Também aqui a Inquisição aparece, trazendo um novo nome ao banimento: a excomunhão. Esta foi praticada não somente na Inquisição, mas durante toda a história do catolicismo romano, como uma forma de manter o poder, obter lucros financeiros e favores políticos ou mesmo manipular reis e imperadores, incucando-lhes o medo de estarem desprovidos dos santos sacramentos e da salvação eterna (esta também facilmente comprada a preços exorbitantes).
<!--[if !supportFootnotes]-->[5]<!--[endif]--> PE. LUIZ Cechinato, A Missa parte por parte, p. 138 (Aqui se deve levar em conta duas coisas: 1) normalmente a igreja católica romana considera como pagãos aquelas pessoas que não se batizam quando crianças e insistem em não receber o batismo de seus sacerdotes; 2) podemos crer que desprezar a graça de Deus aqui esteja ligado à participação efetiva nos sacramentos e a uma permanência constante na igreja católica romana que, segundo consta em suas doutrinas, é a despenseira de todas as graças de Deus e fonte segura de salvação).
<!--[if !supportFootnotes]-->[6]<!--[endif]--> Op. cit., p. 166.

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TRADIÇÃO E LEGALISMO NA IGREJA EVANGÉLICA



         Algo que tem atrapalhado o mover de Deus na sua igreja e paralisado o crescimento de muitos cristãos é aquilo que chamamos de tradição e legalismo. Conforme vimos no estudo sobre a graça de Deus, esses dois problemas surgem nas igrejas e tendem a enquadrar os crentes dentro de um sistema de práticas exteriores de usos e costumes, que não encontram respaldo bíblico nem acrescentam nada à nossa espiritualidade.
         Para o tradicionalista e legalista, a espiritualidade é algo meramente externo, como vestimentas, práticas religiosas e tantos outros atos infrutíferos que veremos a seguir. Mas sabemos que a espiritualidade é uma obra do Espírito Santo no coração do crente, e não algo que possamos obter por nós mesmos, pois somos de natureza carnal, pecaminosa. Somente a graça de Deus em nós pode nos tornar espirituais. É algo que vem de dentro para fora, e não o contrário.
         Usar um terno alinhado, orar de mãos levantadas, dizer Aleluia o tempo todo, não torna ninguém mais ou menos crente, a não ser que tudo isso seja fruto de um coração transformado, que arda de amor por Jesus, um coração que entende que o motivo da sua existência e a essência do seu chamado é a glorificação de Deus. Um crente sincero e piedoso, um verdadeiro adorador, é alguém que vive o ideal de João Batista: “Convém que ele [Cristo] cresça e que eu diminua.” (João 3:30). A tradição e o legalismo, ao contrário, exaltam o homem por suas prática exteriores e condicionam a vontade de Deus às suas doutrinas antibíblicas, inflando o ego do crente e apagando do seu coração a imagem de Jesus.
         Vejamos alguns pontos cruciais da tradição e do legalismo disseminados em muitas congregações.

          

Roupas

·         Muitas denominações criam um padrão de vestimenta para os crentes (paletó e gravata, saia até o tornozelo, não usar bermuda, etc.), acusando os que se vestem de forma diferente de não serem espirituais ou crentes verdadeiros.
·         Isso faz parte da natureza do homem, que vê o exterior, mas Deus vê o coração (1 Samuel 16:7).
·         Deus deseja que nos despojemos do velho homem e nos revistamos do novo (Romanos 6:6; Efésios 4:20-24; Colossenses 3:9). Deus está preocupado com a transformação do nosso caráter e não do nosso guarda-roupa. Basta apenas que tenhamos bom sendo e observemos a decência no vestir.
·         A vida é muito mais do que vestes (Mateus 6:25).
·         Os fariseus foram criticados por Jesus por sua religiosidade hipócrita, que envolvia também as vestes (Marcos 12:38-40).


Casa de Deus

·         Para afirmar que a igreja é a casa de Deus, as pessoas citam erradamente o Salmo 122:1 (cf. 2 Crônicas 29:16; Isaías 56:7; Mateus 21:13). A casa de Deus como um prédio é algo do Antigo Testamento, pois Deus “habitava” no santo dos santos (Êxodo 26:33; Levítico 16:12). Mas Jesus rasgou o véu que nos separava, como sacerdote perfeito, e agora temos livre acesso à presença de Deus (Hebreus 9:3-25; 10:19; 13:11)
·         O correto é que a casa do Senhor somos nós (Hebreus 3:1-6; 1 Pedro 2:5), edificados para a habitação de Deus no Espírito (Efésios 2:22), do qual nós somos santuário (1 Coríntios 3:16-17; 6:19).
·         A igreja não é um prédio, mas os crentes, o verdadeiro corpo de Cristo (1 Coríntios 12:27; Efésios 4:12). Jesus está onde os crentes estiverem reunidos, num prédio, nas catacumbas, nos lares, em qualquer lugar (Mateus 18:20).


Oração

·         Dependendo da denominação, existe um jeito certo de orar, uma tonalidade de voz mais perfeita, uma vestimenta mais decente, uma posição mais correta. Embora a Bíblia não nos apresente uma doutrina formulada sobre o assunto, a tradição e o legalismo sempre encontram um meio para dizer o que é certo e o que é errado.
·         Mas na Bíblia não existe uma fórmula pré-fabricada para a oração. Não existe uma posição correta de orar, mas várias: de pé (1 Reis 8:22; Marcos 11:25; Lucas 18:11); prostrado (Salmo 95:6); ajoelhado (2 Crônicas 6:13; Salmo 95:6; Lucas 22:41; Atos 20:36); de bruços (Números 16:22; Josué 5:14; 1 Crônicas 21:16; Mateus 26:39); de mãos espalmadas (Isaías 1:15); de mãos levantadas (Salmo 28:2; Lamentações 2:19; 1 Timóteo 2:8); elevando os olhos na direção de Deus (Salmo 123); inclinando-se (Gênesis 24:26; Êxodo 4:31; 12:27; 34:8); ajoelhando-se (1 Reis 8:54; 2 Crônicas 6:13; Esdras 9:5; Isaías 45:23; Daniel 6:10; Lucas 22:41; Atos 7:60; 9:40; 21:5; Efésios 3:14); de rosto em terra perante o Senhor (Números 20:6; Isaías 5:14; 1 Reis 18:42; 2 Crônicas 20:18; Mateus 26:39).


Ordem e decência

·         Cita-se erradamente o texto de 1 Coríntios 14:40 para falar da reverência no culto, envolvendo ler a Palavra de Deus de pé, não usar certas roupas, (como bermuda, p. ex.), louvar em pé, não bater palmas ou dançar, etc. Mas aqui o texto faz referência a manifestação dos dons espirituais. É certo que precisa haver limites, mas jamais legalismos.
·         O que Deus busca é adoradores que o adorem em espírito e em verdade (João 4:23). Como já dissemos, os tradicionalistas e legalistas reduzem a espiritualidade humana a práticas meramente exteriores e aparentes.


Batismo e ceia

·         Não é somente no catolicismo romano, onde se batizam crianças, que existe controvérsia com relação ao batismo. Também não é somente no catolicismo que há erros referentes à ceia do Senhor. Na igreja evangélica também existem alguns pontos conflitantes.
·         Quem deve batizar? Todos nós fomos chamados a batizar, e não somente os pastores (Mateus 28:19).
·         Quem pode ministrar a ceia? Não há nenhum mandamento afirmando que somente o pastor da igreja pode celebrar a ceia (Atos 2:42).
·         Não existe nenhuma referência que impeça as crianças de serem batizadas, caso tenham aceitado sinceramente a Jesus como Senhor e Salvador, e de receberem a ceia do Senhor.
·         Não há nem mesmo na tradição apostólica a prática de dar a ceia somente a quem foi batizado. Batismo não é condição para tomar a ceia, mas sim uma vida reta diante de Deus (1 Coríntios 11:26-34).
·         Também não há nada que impeça as crianças de cearem, a partir do momento em que consigam compreender o significado da ceia do Senhor e a necessidade do autoexame.


Estilo musical

·         Há muita discussão entre as denominações sobre qual a verdadeira forma de adorar a Deus e quais são as músicas verdadeiramente espirituais. Cantor cristão? Harpa Cristã? Rock? Rap? Forró? Axé music?
·         Em primeiro lugar, como avaliar se certo estilo de música (louvor) é ou não espiritual? O que são os cânticos espirituais citados em Efésios 5:19 e Colossenses 3:16?
·         Cânticos espirituais têm haver com a glorificação de Deus e com o Espírito Santo. Somos seres carnais e somente pela manifestação da graça de Deus pelo seu Santo Espírito nos tornamos espirituais. Logo, espiritualidade não é aquilo que fazemos, mas aquilo que o Espírito Santo faz em nós. Desse modo, cânticos espirituais dizem respeito a nossa resposta ao mover do Espírito Santo em nós, através da transformação do nosso caráter (santidade) que nos leva a sermos verdadeiros adoradores (João 4:23,24).
·         O Salmo 150 ainda nos dá uma resposta àqueles que criticam o louvor com vários tipos de instrumentos e com danças.


Dízimos e ofertas

·         Está claro que os crentes devem manter financeiramente o local onde a igreja se reúne, pois ela não dispõe de outros meios para prover recursos para si, como ONGs e instituições públicas. Desde os primórdios são os crentes que sustentam seu local de culto e pagam o salário do pastor. Mas os dízimos e as ofertas não podem ser vistos como uma doutrina legalista.
·         O dízimo como pregado em algumas denominações não faz parte da doutrina dos apóstolos. O texto muito utilizado de Malaquias 3:10 diz respeito a uma realidade do povo judeu que estava debaixo da lei, e não da graça, e que deveria manter a casa de Deus (cf. Neemias 10:38; Daniel 1:2). Mas se a casa de Deus não é mais um templo, mas nós mesmos, deveríamos dar os dízimos a quem?
·         O nosso mantimento, enquanto casa de Deus, é a Palavra de Deus, a oração e o enchimento do Espírito.
·         A palavra “dízimo” só aparece cinco vezes no Novo Testamento, em Mateus 23:23, Lucas 11:42, Lucas 18:12, Hebreus 7:2 e Hebreus 7:4. Em nenhum desses textos aparece uma doutrina formulada que obrigue os cristãos, herdeiros da Nova Aliança, a pagarem o dízimo de 10% de tudo o que adquirir.
·         O exemplo dos primeiros cristãos em Atos 2:42-45 pode ser imitado, mas não tomado por doutrina, pois ali aparece um relato histórico de como eles viviam, e não um mandamento formulado para dízimos e ofertas.
·         A responsabilidade de contribuir pertence aos membros do corpo de Cristo (Mateus 25:34-46), e a igreja de Corinto entendeu bem isso (2 Coríntios 9:6-15). Mas essa contribuição deve ser segundo o desejo do coração de cada um (v. 7).


Gíria evangélica

·         Não é errado que, ao aceitarmos a Jesus e passarmos a frequentar uma congregação e a ler a Bíblia, o nosso vocabulário sofra alguma mudança, pois acabamos nos impregnado com a novidade de vida que o Evangelho nos dá. Nosso linguajar muda, principalmente no que diz respeito às palavras torpes (Efésios 4:29) e a linguagem obscena (Colossenses 3:8).
·         Mas alguns crentes querem impor sobre os outros uma “gíria evangélica”, afirmando que o crente deve falar assim para ser verdadeiramente crente. Logo, não se contentam com um simples bom dia e se iram se o irmão não lhe disser A paz do Senhor, ou Graça e paz, ou A paz, ou Deus te abençoe.
·         Nos cultos públicos, a espiritualidade dos irmãos é medida pela quantidade de “Ô glória! Aleluia! Glória a Deus!”, que falam, mesmo que mecanicamente, sem verdade e vida.
·         Diante do inimigo, da doença e da tribulação o crente grita: Está amarrado, em nome de Jesus! Está repreendido! O sangue de Cristo tem poder!
·         Ao orar o crente declara: Eu profetizo! (mesmo sem ter o dom de profecia), Eu declaro! (mesmo sem ter obtido revelação se Deus já declarou aquilo no céu), Eu não aceito! (sem antes se questionar dos propósitos de Deus para aquela situação).
·         Estas gírias denunciam um cristianismo meramente exterior. As pessoas acabam vivendo uma espiritualidade de aparência, achando que falar essas coisas e agir dessa forma as torna mais espirituais que as outras.


Culto público

·         Muitos crentes valorizam mais o culto e o local do culto do que o Deus que deve ser cultuado. O culto de muitas congregações é algo meramente litúrgico, com palavras e ações já determinadas, como uma missa: oração, leitura da Bíblia (todos ficam de pé), louvor (todos “devem” louvar), ofertas, pregação, mais louvor, recados e avisos, despedida.
·         O modelo que temos de culto é importado dos Estados Unidos da América e veio com os primeiros missionários que aqui chegaram, sendo adequado aos nossos próprios costumes. Ao olharmos para as Escrituras, principalmente para o livro dos Atos dos apóstolos, não encontraremos modelo algum de culto, senão algumas passagens falando sobre a ordem e a decência no uso dos dons espirituais (1 Coríntios 14:26-40), a questão dos usos e costumes, como o dever da mulher orar com a cabeça coberta e não perguntar nada (1 Coríntios 11:1-16), a ceia do Senhor (1 Coríntios 11:17-34).
·         O culto não pode ser entendido de uma forma meramente litúrgica, apesar de que uma forma litúrgica possa expressar culto. A forma do culto não é o principal, mas a sua essência (cf. Isaías 1:1-17).
·         A legitimidade do culto se dá pela vida das pessoas que cultuam a Deus, pois culto tem haver com o coração, com a glória de Deus.
·         Se o nosso caráter não estiver dentro da perspectiva de Deus, o pastor e os ministros de louvor não passarão de “animadores de auditório”. No culto precisamos exteriorizar o caráter de Deus. A alegria de servir a Deus e viver para a sua glória deve se refletir no nosso culto litúrgico. Se o culto não acontecer primeiramente dentro de nós, estamos apenas perdendo o nosso tempo nas reuniões dominicais.


Dom de variedade de línguas

·         Para muitas denominações, o dom de línguas é superior a todos os outros dons, ao contrário do que afirma a Palavra de Deus através do apóstolo Paulo (1 Coríntios 14:1-19).
·         Essas denominações acreditam que somente quem fala em línguas está cheio do Espírito Santo, que um crente que fala em línguas é mais espiritual que os outros, que para o crente exercer um ministério na igreja precisa falar em línguas, que falar em línguas significa “revestimento de poder”, que falar em línguas significa que o crente foi batizado no Espírito.
·         A igreja de Corinto se gabava por ter todos os dons, principalmente o dom de línguas, e Paulo os chamou de carnais (1 Coríntios 3:1-3). E esses crentes de Corinto, “revestidos de poder”, praticavam toda sorte de pecados na igreja (cf. 1 Coríntios, capítulos 5 e 6).
·         Não somente o dom de línguas, mas nenhum dom nos torna mais espirituais, pois ele não é dado por merecimento, mas conforme a vontade do Espírito (1 Coríntios 12:1-11). Dons espirituais são “coisas controladas ou caracterizadas pelo Espírito” (do grego ton pneumatikon).
·         Os dons não são dados em proporção à santidade ou qualquer outra coisa, por isso não podemos afirmar que alguém que possui o dom de línguas ou outros dons é mais espiritual que os outros. São dons da graça (carismáticos), não há mérito.

Esses são apenas alguns pontos principais de muitas tradições e legalismos que emperram a igreja do Senhor, que aprisionam os crentes a crenças inúteis que em nada contribuem para o crescimento do Reino de Deus e a glorificação do seu Santo Nome em toda a Terra. Poderíamos ainda falar de outras coisas. Muitas denominações chegam ao absurdo de impedir que os seus membros pratiquem esportes, principalmente o futebol, e frequentem praias. Outras apregoam que não se deve doar sangue; outras não comem carne de porco, não violam o sábado como se fossem judeus.
Há dois mil anos atrás Jesus já combatia esse tipo de religião feita de práticas exteriores, usadas para esconder um interior sujo e fétido, como sepulcros caiados. Os fariseus talvez sejam a fonte de inspiração dos que criam tradições e legalismos nas igrejas (cf. Mateus 23 e Lucas 6 e 11). Deus não está preocupado com essas coisas, Ele está mais preocupado com o nosso interior, com a nossa santidade. Ele quer ver os seus filhos se santificando, amando uns aos outros fraternalmente, cumprindo os seus mandamentos, pregando a sua Palavra, glorificando o seu Nome Santo.
Existe um único culpado por detrás disso tudo, além do diabo: a falta de conhecimento da Palavra de Deus. Os crentes não leem e Bíblia, não a estudam. É mais fácil aceitar as coisas como são, crer que o que o seu líder fala é o correto e não há mais o que ver. É tudo muito superficial e acaba-se engolindo qualquer coisa, como os crentes da Galácia (Gálatas 1:16-9; 3:1-5). Ao contrário disso, deveríamos ser todos crentes bereianos, recebendo a doutrina que nos é pregada e examinando as Escrituras para ver se de fato as coisas são realmente assim ou se estamos dando ouvidos a heresias (Atos 17:10,11).


Mizael de Souza Xavier
14 de junho de 2008

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